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Influência do desempenho físico na mortalidade, funcionalidade e satisfação com a vida de idosos: dados do estudo FIBRA

Influência do desempenho físico na mortalidade, funcionalidade e satisfação com a vida de idosos: dados do estudo FIBRA

Autores:

Vinícius Nagy Soares,
André Fattori,
Anita Liberalesso Neri,
Paula Teixeira Fernandes

ARTIGO ORIGINAL

Ciência & Saúde Coletiva

versão impressa ISSN 1413-8123versão On-line ISSN 1678-4561

Ciênc. saúde coletiva vol.24 no.11 Rio de Janeiro nov. 2019 Epub 28-Out-2019

http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320182411.07592018

Introdução

Em pacientes idosos, estimativas de desempenho físico representam importantes parâmetros para a avaliação da saúde. As variáveis de desempenho físico mais utilizadas são a força de preensão manual e a velocidade de marcha. A primeira consiste em um indicador de força muscular isométrica, que se relaciona com mobilidade, nível de atividade física diária e sarcopenia1,2. A velocidade de marcha, por sua vez, possui relação com a força de membros inferiores3 e incapacidade física4. Ou seja, são medidas que permitem inferir outras capacidades físicas e que necessitam de baixo dispêndio econômico, tornando-se ferramentas valiosas nas práticas clínica e científica.

Essas variáveis de desempenho físico podem também ser utilizadas para a previsão de eventos futuros. Estudos já demonstraram que os déficits de força de preensão manual5,6 e de mobilidade7-11 estão associados ao aumento do risco de mortalidade. Apesar disso, poucos estudos investigaram a influência dessas duas variáveis simultaneamente e em idosos não hospitalizados12.

Levando em consideração que os baixos níveis de força de preensão manual associam-se ao aumento do risco de limitação motora13, e que o processo de fragilidade acomete os sistemas orgânicos de maneira simultânea14, então talvez o uso dessas variáveis em associação garanta maior confiabilidade preditiva.

Além disso, diretrizes sobre envelhecimento saudável superaram o paradigma da longevidade, ressaltando a importância da manutenção da funcionalidade e da autonomia na velhice15. Assim, não devemos refletir somente sobre quantidade de vida, mas também considerar como esses anos adicionais estão sendo vividos. Por isso, o objetivo deste estudo foi verificar a influência do desempenho físico na mortalidade, na funcionalidade e na satisfação com a vida de idosos.

Materiais e métodos

Estudo de coorte

Este é um estudo de coorte no qual foi realizado o seguimento de uma amostra de 900 idosos para a investigação da influência do desempenho físico no risco de mortalidade. A amostra foi formada a partir do banco de dados do Estudo Fragilidade em Idosos Brasileiros (FIBRA), do qual foram selecionadas as informações dos participantes do município de Campinas-SP. O FIBRA foi desenvolvido para o rastreamento de condições de fragilidade de idosos residentes em áreas urbanas. Iniciado em 2008, os participantes tinham idade igual ou superior a 65 anos e não apresentavam distúrbios de memória, atenção, orientação espacial, fala, audição, visão, mobilidade, sequelas de acidente vascular encefálico ou doença neurodegenerativa em estágio avançado. Para mais informações, consultar a metodologia completa do estudo FIBRA16.

Dados de mortalidade

A data do óbito foi identificada através do Sistema de Informação de Mortalidade do Município de Campinas-SP. A causa da morte foi obtida através do Código Internacional de Doenças (CID-10). Foi adotado 31 de dezembro de 2016 como data limite para o seguimento da amostra. O tempo total de seguimento foi de 8,4 anos e foram censurados os idosos que faleceram por causas não naturais ou que não faleceram durante o período de seguimento. Dentre as causas de morte não naturais, foram registrados acidentes de trânsito e acidentes com armas de fogo. O tempo de sobrevivência foi calculado através da diferença da data de entrada no estudo para a data do óbito (ou para a data limite). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas.

Desempenho físico

Consistiu na força de preensão manual e na velocidade usual de marcha. A primeira foi avaliada três vezes consecutivas, através de dinamômetro hidráulico, posicionado na mão dominante do idoso. Os desempenhos foram categorizados de maneira dicotômica de acordo com a mediana, com pontos de corte ajustados para o sexo (fraco: ≤ 34 kg homens; ≤ 20,6 kg mulheres). A velocidade de marcha correspondeu ao tempo de percurso, em ritmo habitual, de 4,6 metros, três vezes consecutivas. Foi usada a média simples do tempo de percurso para calcular a velocidade média (Vm = Δs/Δt). De acordo com a mediana, foi adotada classificação dicotômica ajustada para o sexo (lento: ≤ 1,00 m/s homens; ≤ 0,91 m/s mulheres).

Variáveis de confusão

As variáveis de confusão foram definidas por critério teórico e foram agrupadas em: idade, aspectos psicológicos, composição corporal e doenças crônicas.

Aspectos psicológicos

Para o rastreamento da função cognitiva foi aplicado o Mini Exame do Estado Mental (MEEM)17. A definição dos pontos de corte seguiu as recomendações da Academia Brasileira de Neurologia, a qual se baseia em Brucki et al.18 e em um desvio padrão. A definição de pontos de corte é importante pois, segundo Neri et al.16, o déficit cognitivo poderia comprometer a validade das respostas autorrelatadas. Por isso, foram adotados pontos de corte ajustados pelo tempo de escolaridade: analfabetos = 17; 1-4 anos = 22; 5-8 anos = 24; ≥ 9 anos = 26.

Os participantes que pontuaram acima da nota de corte no MEEM, responderam a Escala de Depressão Geriátrica Abreviada (GDS-15). O GDS-15 foi categorizado da seguinte maneira: < 6 = sem sintomas depressivos; ≥ 6 = com sintomas depressivos19.

Composição corporal

Consistiu nas classificações de obesidade pelo Índice de Massa Corporal (IMC)20 e de risco pela Relação Cintura Quadril (RCQ)21. IMC: < 23 baixo peso; ≥ 23 e < 28 peso normal; ≥ 28 e < 30 sobrepeso; ≥ 30 obesidade. A classificação de risco pela RCQ foi ajustada para o sexo: Homens: < 0,91 baixo; 0,91-0,98 moderado; > 0,98 alto. Mulheres: < 0,76 baixo; 0,76-0,83 moderado; > 0,83: alto.

Doenças crônicas

Foi aplicado um questionário que perguntava ao idoso, ou familiar (caso a pontuação fosse abaixo da nota de corte no MEEM), se o médico havia diagnosticado doença do coração, hipertensão, diabetes, câncer, doença pulmonar, artrite e osteoporose22.

Atividades da vida diária e satisfação com a vida

Os idosos que pontuaram acima da nota de corte no MEEM foram questionados sobre a realização de atividades da vida diária (AVDs) e sobre a satisfação com a vida.

As Atividades Básicas da Vida Diária (ABVDs) corresponderam a 6 itens relacionados ao autocuidado, no qual o idoso era classificado em “independente” ou “dependente”23. Foi atribuído “1” ponto para cada tarefa “independente” e “0” para cada tarefa que o idoso não conseguia realizar sozinho. O escore máximo foi de 6 pontos.

As Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVDs) corresponderam a 7 itens de tarefas relacionadas ao lar, no qual o idoso era classificado em “independente”, “parcialmente independente” ou “dependente”24. Foram atribuídos “3” pontos para a cada item “independente”, “2” para as tarefas “parcialmente dependentes” e “1” para os itens “dependentes”. O escore máximo foi de 21 pontos.

As Atividades Avançadas da Vida Diária (AAVDs) corresponderam a 16 itens sobre atividades mais complexas que as ABVDs e AIVDs, no qual o idoso era classificado em “faz”, “parou de fazer” ou “nunca fez”25. Para a pontuação desse instrumento foram consideradas as atividades que o idoso faz e parou de fazer, e desconsideradas as atividades nunca realizadas. Em seguida, foi calculado o valor percentual representando a proporção de atividades que o idoso ainda realizava na linha de base, através da seguinte fórmula:

FazFaz+Paroudefazer*100

A pontuação variou de 0 a 100, sendo a funcionalidade diretamente proporcional ao escore.

A satisfação com a vida consistiu em 8 itens de avaliação de aspectos como satisfação global, comparação com outros da mesma idade, capacidade de lidar com as tarefas do cotidiano, relações sociais, ambiente, acesso aos serviços de saúde e transporte, os quais foram classificados em “muito satisfeito”, “mais ou menos” ou “pouco satisfeito”26. Foram atribuídos “3” pontos para cada item “muito satisfeito”, “2” para “mais ou menos” e “1” para os itens que o idoso se mostrava “pouco satisfeito”. O escore máximo foi de 24 pontos.

Análise estatística

A estatística descritiva foi usada para caracterizar o banco de dados. Comparações de proporções foram feitas através do teste Qui-Quadrado. Para as variáveis que não tinham distribuição normal foi aplicado o teste de Mann Whitney. Curvas de Kaplan-Meier foram realizadas para a verificação do ritmo de mortalidade de acordo com as categorias de força e de velocidade. O teste de Log-Rank foi usado para comparar as funções de sobrevivência. A associação da força de preensão manual e da velocidade usual de marcha com a mortalidade foi verificada por meio da regressão de Cox. Os índices de risco relativo (R.R.) em relação à mortalidade inicialmente foram calculados sem nenhum ajuste (modelo 1). Os modelos seguintes foram ajustados para a idade (modelo 2), aspectos psicológicos (modelo 3), composição corporal (modelo 4) e doenças crônicas (modelo 5).

Para verificar a influência do desempenho físico nas AVDs e na satisfação com a vida, foi realizado um Modelo Linear Geral Multivariado. As variáveis que não apresentaram distribuição normal (ou homogeneidade) foram transformadas em Z-Escore. O tamanho do efeito foi estimado por Eta Squared2). Todas as análises estatísticas foram feitas no Software Statistical Package for the Social Sciences, versão 24, e foi adotada significância estatística de p < 0,05.

Resultados

Desempenho físico e mortalidade

Durante o seguimento foram registrados 160 (17,8%) óbitos, sendo 154 (17,1%) por causas naturais. Considerando apenas os óbitos provenientes de causas naturais, a média de sobrevivência foi de 4,4 anos (±1,9), sendo 4,6 anos (±1,8) para os homens e 4,3 anos (±1,9) para as mulheres. Em média, os idosos faleceram com 79,7 anos (±7,2), sendo 78,7 anos (±7,2) para os homens e 80,4 anos (±7,2) para as mulheres. A Figura 1 mostra a comparação dos níveis de força de preensão manual (A) e velocidade usual de marcha (B) entre sobreviventes e falecidos por causas naturais, de acordo com o sexo. O teste de Mann Whitney demonstrou que, na linha de base, os indivíduos sobreviventes eram mais fortes (homens: p = 0,013; mulheres: p < 0,001) e mais rápidos (homens: p = 0,003; mulheres: p < 0,001) em relação aos indivíduos que faleceram durante o período de seguimento.

Figura 1 Comparação dos níveis de força de preensão manual (A) e velocidade usual de marcha (B) entre idosos sobreviventes e falecidos de acordo com o sexo.* Diferença estatisticamente significativa (p<0,05) obtida através do Teste de Mann Whitney. 

No que se refere aos falecidos, na linha de base, 90 (58,4%) participantes tinham baixos níveis de força palmar, enquanto que o déficit de mobilidade foi encontrado em 92 (59,7%) idosos.

A Tabela 1 mostra as características dos idosos sobreviventes e falecidos por causas naturais. Em relação aos falecidos, 2 (1,3%) preferiram não responder sobre a situação conjugal. Trinta e oito (24,7%) possuíam baixo peso, 65 (42,2%) peso normal e 23 (14,9%) sobrepeso. Sobre a RCQ, 59 (38,3%) idosos foram classificados em baixo risco e 42 (27,3%) tinham risco moderado. No geral, 689 (76,5%) idosos não foram diagnosticados com déficit cognitivo. Dentre eles, 673 (97,7%) responderam o GDS-15, dentre os quais 541 (80,4%) não apresentaram sintomas depressivos.

Tabela 1 Características na linha de base de idosos de Campinas-SP de acordo com o status de mortalidade. 

Sobreviventes Falecidos
N = 740 N = 154 P valor
Mulheres (n, %) 530 (71,6) 88 (57,1) <0,001
Idade (média, DP) 72,2 (5,3) 75,2 (7,0) <0,001
Estado conjugal (n, %) 0,450
Casado 386 (52,2) 76 (49,4)
Solteiro 44 (5,9) 9 (5,8)
Divorciado 55 (7,4) 10 (6,5)
Viúvo 252 (34,0) 57 (37,1)
Aspectos psicológicos (n, %)
Déficit cognitivo (MEEM) 163 (22,0) 44 (28,6) 0,081
GDS ≥ 6 (NS = 566; NF = 107) 117 (20,7) 15 (14,0) 0,107
Composição corporal (n, %)
Obesidade (IMC) 211 (28,5) 27 (17,5) <0,001
Alto risco (RCQ) 268 (36,2) 52 (33,8) 0,848
Doenças crônicas (n, %)
Cardiovascular 138 (18,6) 43 (27,9) 0,006
Hipertensão 371 (50,1) 71 (46,1) 0,934
Diabetes 120 (16,2) 29 (18,8) 0,401
Câncer 54 (7,3) 10 (6,5) 0,921
Doença pulmonar 53 (7,2) 13 (8,4) 0,641
Artrite 259 (35,0) 33 (21,4) 0,015
Osteoporose 151 (20,4) 26 (16,9) 0,792
Força de preensão manual (média, DP) 25,5 (9,2) 25,2 (9,4) 0,777
Velocidade de marcha (média, DP) 0,96 (0,2) 0,87 (0,2) <0,001

DP = Desvio Padrão; IMC = Índice de Massa Corporal; RCQ = Relação Cintura Quadril; MEEM = Mini Exame do Estado Mental; GDS = Escala de Depressão Geriátrica; NS = número de participantes sobreviventes; NF = número de participantes falecidos; P valor = significância estatística (P<0,05) obtida através dos testes Qui-Quadrado ou Mann Whitney.

A Figura 2 mostra as curvas de sobrevivência de Kaplan-Meier e o número de idosos em situação de risco de mortalidade de acordo com o tempo de seguimento. Ao comparar as funções de sobrevivência, houve diferença estatisticamente significativa entre as funções de força palmar (Log Rank: X2 = 12,18, p < 0,001) e de velocidade de marcha (Log Rank: X2 = 16,64, p < 0,001), demonstrando que o ritmo de mortalidade foi mais acentuado para os individuos com déficit de força e de mobilidade.

Figura 2 Curvas de sobrevivência de Kaplan-Meier de acordo com os níveis de força de preensão manual e velocidade usual de marcha de idosos de Campinas-SP. 

Como mostra a Tabela 2, o risco de mortalidade foi 1,6 vezes maior para idosos com déficit de força de preensão manual. O efeito foi mantido nos ajustes dos modelos 3, 4 e 5, porém a idade (modelo 2) foi um fator de confusão estatisticamente significativo (R.R. = 1,06; IC 95% = 1,03-1,09; p < 0,001). Idosos com lentidão de marcha apresentaram risco de mortalidade 1,82 vezes maior em relação aos idosos sem comprometimento de mobilidade. O efeito foi mantido nos ajustes dos modelos 2, 3 e 4, porém a presença de artrite reumatoide (modelo 5) foi um fator de confusão estatisticamente significativo (R.R. = 2,02; IC 95% = 1,36-3,01; p < 0,001).

Tabela 2 Risco de mortalidade estimado pela regressão de riscos proporcionais de Cox de acordo com níveis de força de preensão manual e de velocidade usual de marcha de idosos de Campinas-SP. 

Força de preensão manual (Kg) Velocidade usual de marcha (m/s)
Fraco Forte Lento Rápido
R.R. (IC 95%) R.R. (IC 95%) P valor R.R. (IC 95%) R.R. (IC 95%) P valor
Modelo 1 1,60 (1,15-2,23) 1 (ref) 0,005 1,82 (1,30-2,55) 1 (ref) <0,001
Modelo 2 1,30 (0,92-1,84) 1 (ref) 0,133 1,62 (1,15-2,28) 1 (ref) 0,006
Modelo 3 1,63 (1,10-2,40) 1 (ref) 0,014 1,55 (1,05-2,27) 1 (ref) 0,026
Modelo 4 1,48 (1,06-2,07) 1 (ref) 0,020 1,97 (1,40-2,77) 1 (ref) <0,001
Modelo 5 1,50 (1,02-2,22) 1 (ref) 0,039 1,39 (0,95-2,05) 1 (ref) 0,093

IC = Intervalo de Confiança; R.R. = Risco Relativo obtido por meio da regressão dos riscos proporcionais de Cox; P valor = significância estatística (p<0,05). Pontos de corte da força de preensão manual: Fraco = ≤ 34 kg homens; ≤ 20,6 kg mulheres; Pontos de corte da velocidade usual de marcha: Lento = ≤ 1,00 m/s homens; ≤ 0,91 m/s mulheres. Modelo 1 = sem ajuste; Modelo 2 = ajustado para a idade; Modelo 3 = ajustado para déficit cognitivo e sintomas depressivos; Modelo 4 = ajustado para classificação de risco com base no Índice de Massa Corporal e na Relação Cintura Quadril; Modelo 5 = ajustado para doença cardiovascular, hipertensão, diabetes, câncer, doença pulmonar, artrite e osteoporose.

Desempenho físico, AVDs e satisfação com a vida

A população sem déficit cognitivo e que realizou os testes físicos foi de 655 idosos. Dentre eles, 306 (46,7%) foram classificados como fracos, enquanto que o déficit de marcha foi observado em 283 (43,2%) idosos. Os resultados referentes ao modelo multivariado estão na Tabela 3. Houve efeito estatisticamente significativo da força de preensão manual nas AIVDs (F = 4,72; η2 = 0,01) e AAVDs (F = 7,03; η2 = 0,01). A velocidade de marcha apresentou efeito estatisticamente significativo na satisfação com a vida (F = 6,87; η2 = 0,01), AIVDs (F = 19,85; η2 = 0,04) e AAVDs (F = 6,02; η2 = 0,01). De acordo com as médias, os idosos mais fortes faziam mais AIVDs e AAVDs, enquanto que os idosos mais rápidos estavam mais satisfeitos com a vida, e faziam mais AIVDs e AAVDs.

Tabela 3 Influência da força de preensão manual e da velocidade usual de marcha na satisfação com a vida e nas atividades da vida diária de idosos de Campinas-SP. 

Média (DP) IC 95% diferença Valor p
Força de preensão manual (n = 655) Satisfação com a vida
Fraco 20,60 (2,8) -0,16-0,71 0,222
Forte 20,94 (2,7)
ABVDs
Fraco 5,87 (0,3) -0,29-0,74 0,387
Forte 5,90 (0,3)
AIVDs
Fraco 20,3 (1,4) 0,02-0,40 0,030
Forte 20,6 (1,0)
AAVDs
Fraco 63,7 (20,3) 1,17-7,82 0,008
Forte 68,6 (22,0)
Velocidade usual de marcha (n = 655) Satisfação com a vida
Lento 20,4 (2,9) 0,15-1,03 0,009
Rápido 21,1 (2,6)
ABVDs
Lento 5,86 (0,4) -0,01-0,09 0,090
Rápido 5,91 (0,3)
AIVDs
Lento 20,1 (2,9) 0,24-0,61 < 0,001
Rápido 20,7 (2,6)
AAVDs
Lento 63,2 (22,1) 0,82-7,48 0,015
Rápido 68,3 (20,5)

DP = Desvio Padrão; IC = Intervalo de Confiança; ABVDs = Atividades Básicas da Vida Diária; AIVDs = Atividades Instrumentais da Vida Diária; AAVDs = Atividades Avançadas da Vida Diária; P valor = significância estatística (p < 0,05) referente ao Modelo Linear Geral Multivariado.

Discussão

Verificamos a influência de dois importantes componentes da aptidão física no risco de mortalidade, na funcionalidade e na satisfação com a vida de idosos. Os resultados sugerem que idosos com bons níveis de força de preensão manual e de velocidade usual de marcha possuem maior probabilidade de uma vida mais longeva. Além disso, o bom desempenho físico parece ser fundamental para a funcionalidade frente às demandas diárias e para uma boa percepção da vida.

Os achados no tocante às influências do desempenho físico na mortalidade corroboram outros estudos7,8,27,28. Identificamos que os baixos níveis de força palmar se associaram ao aumento do risco de mortalidade nos modelos ajustados para aspectos psicológicos, composição corporal e doenças crônicas. No entanto, a idade foi um fator de confusão estatisticamente significativo, o que se deve ao fato de que com o envelhecimento existe um declínio físico natural29, afetando, sobretudo, a força30 e a massa muscular31.

A lentidão de marcha associou-se ao aumento do risco de mortalidade nos modelos ajustados para idade, aspectos psicológicos e composição corporal. Em contrapartida, o autorrelato de artrite reumatoide foi um fator de confusão estatisticamente significativo. A artrite reumatoide é uma doença inflamatória, limitante e que pode evoluir para quadros de deformidade irreversíveis32. Weiss et al.33 demonstraram que pacientes com artrite reumatoide apresentaram redução substancial da velocidade de marcha. Como justificativa, a doença prejudica a mobilidade de diversas articulações como quadril, joelho e tornozelo, comprometendo a biomecânica da marcha.

Como possíveis mecanismos de ação do desempenho físico no risco de mortalidade, temos duas hipóteses: uma conjuntural e outra inflamatória. A hipótese conjuntural parte do pressuposto de que o baixo desempenho físico sinalizaria um processo de fragilização. Nesse sentido, já foi demonstrado que baixos níveis de força e de marcha fazem parte do fenótipo da fragilidade1. Indivíduos frágeis podem apresentar sarcopenia, desregulação neuroendócrina e imunológica, o que reduz as reservas energéticas e a resistência orgânica em resposta aos agentes estressores34. O conjunto desses fatores tornaria os indivíduos mais suscetíveis às doenças e infecções, culminando em um maior risco de mortalidade.

A hipótese inflamatória parte do pressuposto de que o baixo desempenho físico pode fazer com que os idosos sintam-se mais cansados ao executarem tarefas do cotidiano, aumentando as chances de imobilidade e sarcopenia35. A inatividade física pode levar a um estado inflamatório crônico, sinalizado por citocinas pró-inflamatórias como Interleucina 6 (IL-6), Fator de Necrose Tumoral Alfa (TNF-α) e proteína C-Reativa (PCR)36. Essas citocinas diminuem a síntese proteica, retroalimentam o processo de sarcopenia e aumentam o risco de doenças crônicas36, fatores estes que, em conjunto, acentuariam o risco de mortalidade.

Outro resultado observado é que o bom desempenho físico parece beneficiar atividades do cotidiano, sobretudo tarefas mais complexas. Esse é um resultado previsível, uma vez que as atividades do dia a dia demandam capacidades físicas como força, velocidade, flexibilidade, etc. À medida que aumenta a complexidade das tarefas, como nas AIVDs e AAVDs, aumenta também a demanda física. Assim, a manutenção das capacidades físicas é fundamental para que o idoso continue realizando suas tarefas habituais. Esse discurso vai ao encontro do relatório sobre ‘Envelhecimento e Saúde’ da Organização Mundial da Saúde (OMS)15, que enfatiza o envelhecimento saudável como aquele em que o idoso preserva sua funcionalidade e mantém sua independência e autonomia frente as demandas diárias.

Não houve efeito estatisticamente significativo do desempenho físico nas ABVDs, o que pode ser um viés amostral, já que os participantes recrutados para este estudo tinham um perfil robusto16, sem comprometimentos físicos e/ou cognitivos. Sendo assim, a detecção de eventuais déficits foi possível somente a partir da ampliação da complexidade das tarefas diárias, como nas AIVDs e AAVDs.

Identificamos também que idosos sem déficit de marcha mostraram-se mais satisfeitos com a vida. Embora este resultado tenha sido estatisticamente significativo, devemos ter parcimônia em sua análise. Afinal, do ponto de vista prático, houve pouca diferença na comparação dos grupos, além de um baixo tamanho de efeito. No entanto, do ponto de vista teórico, é possível que a velocidade de marcha influencie mecanismos de regulação, os quais podem contribuir para uma melhor percepção da vida.

A autoavaliação da vida é influenciada pela regulação individual frente aos efeitos deletérios do envelhecimento37. Fatores como papéis sociais, propósito na vida38, relações com os outros39 e até mesmo a comparação com idosos em pior situação40, representam alguns dos mecanismos regulatórios. Além disso, já foi demonstrado que indivíduos com restrição de mobilidade costumam apresentar baixo envolvimento social41. Ou seja, a boa mobilidade permite que os idosos se mantenham como agentes ativos em seus lares e comunidades, estimulando aspectos importantes como o senso de propósito, a autoestima e a autoconfiança. Acreditamos, portanto, que pessoas sem déficit de mobilidade tendem a vida mais ativa, estando mais expostas às interações sociais, emocionais e ambientais, o que pode refletir em uma melhor percepção da vida.

Levando em consideração que a mortalidade e a funcionalidade foram influenciadas pelo desempenho físico, então, inevitavelmente, ressaltamos a importância de se ter uma vida ativa na velhice, principalmente através da prática de exercícios físicos, pois, além de melhorar a funcionalidade42, o exercício físico atua em aspectos biológicos29 e psicossociais43, reduzindo os riscos de mortalidade e potencializando os mecanismos de regulação citados anteriormente.

Este estudo difere-se de outras investigações por adotar medidas de desempenho físico em associação, aplicadas em uma amostra de idosos não ambulatoriais. Os resultados aqui apresentados reforçam a importância da adoção de variáveis de desempenho físico nas práticas clínica e científica, uma vez que possuem confiabilidade na predição de eventos futuros, como o óbito, além de também estarem associadas a variáveis subjetivas. A partir do presente estudo, transcendemos reflexões pautadas unicamente no tempo de existência, admitindo o desempenho físico como a chave para uma vida extensa e intensa.

Como limitações do estudo, os resultados não devem ser generalizados para idosos ambulatoriais, uma vez que, como mencionado anteriormente, o perfil da população investigada foi de idosos robustos e pró ativos16. Além disso, os pontos de corte adotados para a classificação do desempenho físico foram diferentes de outros estudos, o que se deve a uma característica particular da amostra. Um exemplo é o ponto de corte da velocidade de marcha. Os resultados descritivos demonstraram que os homens, em geral, eram mais rápidos que as mulheres. Caso usássemos o mesmo ponto de corte adotado em outros estudos (0,8 m/s)44,45, teríamos um desequilíbrio na proporção de indivíduos com déficit e sem déficit de mobilidade (o mesmo vale para a força). Em contrapartida, sabendo que na população geral existem homens e mulheres com diferentes níveis de mobilidade, então optamos por equalizar as variáveis de acordo com o sexo, minimizando vieses de natureza amostral. Por fim, informações sobre doenças crônicas foram obtidas por autorrelato, o que pode ter superestimado a prevalência das doenças.

Futuros estudos podem adotar delineamentos com medidas repetidas a fim de investigar a magnitude dos declínios físicos ao longo do período de seguimento, os quais poderão ser, mais adiante, associados ao risco de mortalidade. Outra sugestão refere-se à avaliação da funcionalidade. Aqui a inferimos a partir do autorrelato de atividades do cotidiano. Uma alternativa seria a adoção de testes físicos específicos para a avaliação de capacidades como equilíbrio, coordenação e dupla-tarefa.

Conclusões

Demonstramos que idosos com bom desempenho físico vivem mais e melhor. Nesse sentido, o bom desempenho físico associou-se à redução do risco de mortalidade e à melhor funcionalidade em tarefas do cotidiano. O uso da força de preensão manual e da velocidade usual de marcha em associação, mostrou-se uma estratégia efetiva em razão de sua boa capacidade de predição do óbito. Por fim, demonstramos que a mobilidade pode atuar em mecanismos de proteção associados à satisfação com a vida.

REFERÊNCIAS

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