versão impressa ISSN 1809-2950versão On-line ISSN 2316-9117
Fisioter. Pesqui. vol.22 no.2 São Paulo abr./jun. 2015
http://dx.doi.org/10.590/1809-2950/13384622022015
En este artículo se buscó identificar y categorizar el perfil de las publicaciones brasileñas que investigaron la postura corporal de estudiantes entre los 6 hasta los 18 años de edad. Se hizo una búsqueda de los artículos en las bases de datos electrónicas SciELO, LILACS, PubMed y en revistas nacionales de fisioterapia, utilizándose las palabras con sus combinaciones y correspondencias en lengua inglesa, "postura", "evaluación postural", "escuela" y "niño", en el período de julio del 2012 hasta diciembre del 2013. Para eso tuvo en cuenta los siguientes criterios: estudios nacionales desarrollados en las escuelas, que evaluaron, al menos, dos segmentos corporales con estudiantes de 6 hasta los 18 años de edad. De los 68 estudios encontrados, se eligieron 28. La franja de edad más investigada fue de 10 años encontrándose 24 publicaciones. El total de estudiantes evaluados fue de 5.334. Se predominaron las evaluaciones objetivas con un 50%, siendo registradas a través de fotos 12 evaluaciones. Para el análisis de las asimetrías se utilizaron en ocho el software. Entre las regiones estudiadas, el Sureste alcanzó 16 investigaciones. Se obtuvieron las principales alteraciones: la hiperlordosis lumbar, la hipercifosis torácica, la rodilla en valgo y la protrusión y/o hombros desnivelados, prevaleciendo la hiperlordosis y la rodilla en valgo en los estudiantes de los 7 y 8 años de edad. Se concluyó que son recientes las publicaciones sobre las investigaciones de sus posturas. Sin embargo, la variedad de los métodos utilizados y la diversidad de las franjas etarias limitaron la caracterización de las alteraciones.
Palabras clave: Niño; Adolescente; Postura; Literatura de Revisión; Evaluación de Procesos y Resultados; Atención a la Salud
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)1considera criança a pessoa com idade até os 12 anos incompletos e adolescente aquela entre os 12 e 18 anos. Durante a infância e a adolescência, período de crescimento, muitas transformações de ordem psicológica, afetiva, social e física ocorrem, as quais são importantes para o desenvolvimento do indivíduo2.
No Brasil, a educação básica está organizada por faixa etária. A educação infantil abrange a idade de até cinco anos; o ensino fundamental, de 6 a 14 anos, e o ensino médio de 15 a 17 anos3 Nesse período escolar o sistema músculo-esquelético encontra-se em processo de maturação, e o uso de mobiliário inadequado, o transporte de cargas excessivas e a manutenção prolongada de posturas estáticas são fatores de risco para o desenvolvimento corporal que podem causar desconfortos, algias ou incapacidades funcionais com alterações físico-motoras4 5.
Dessa forma, os exames rotineiros são fundamentais para um diagnóstico precoce de deformidades durante o crescimento6. A avaliação postural utiliza tecnologias de baixo custo e de fácil aplicabilidade para diagnosticar e controlar as alterações na postura7 8. Nela, o indivíduo é visto em ortostatismo, no plano frontal e no sagital, de forma subjetiva ou objetiva. Na avaliação subjetiva, a inspeção da postura é feita pelo olhar do terapeuta, que verifica os desníveis e as assimetrias7 e depende, exclusivamente, da habilidade e da experiência do avaliador para a interpretação dos resultados, o que deixa margem para erros9. Nas avaliações objetivas, utilizam-se imagens fotográficas4 10 ou radiológicas11, em que a fotografia, além da praticidade, garante maior precisão dos resultados, principalmente quando associada a softwares para mensuração e análises de ângulos e distâncias12.
Nesse sentido, é imprescindível conhecer as metodologias utilizadas nos estudos que abordam a temática da avaliação da postura corporal, nessa fase de construção de hábitos posturais, para que se possa reunir e produzir discussões acerca dos tipos de avaliação comumente utilizados, dos protocolos existentes para avaliar a postura, e dos instrumentos que auxiliam o profissional para a realização dessa atividade. Desse modo, é possível observar a amplitude e a significância dessa temática, como também a forma que ela tem sido desenvolvida no Brasil. Diante disso, o objetivo deste estudo foi identificar e caracterizar o perfil das publicações brasileiras que investigaram a postura corporal de escolares, os métodos utilizados e os resultados obtidos.
Essa pesquisa bibliográfica descritiva investigou a temática da avaliação da postura corporal em crianças e adolescentes. A produção científica brasileira foi verificada nas bases de dados SciELO, LILACS, PubMed e em periódicos nacionais de fisioterapia, sem delimitação do ano de publicação. As buscas foram realizadas de forma independente por três investigadoras, entre julho de 2012 a dezembro de 2013, pelas seguintes palavras e suas combinações e correspondências na língua inglesa: postura, avaliação postural, escolar e criança.
Procurou-se identificar o tema nos títulos e/ou nos resumos dos artigos, considerando os seguintes critérios de inclusão: serem desenvolvidos no Brasil com escolares na idade dos 6 aos 18 anos, avaliarem mais de dois segmentos corporais e realizarem as avaliações posturais no ambiente escolar. Foram excluídas as validações de instrumentos, revisões, estudos de caso, teses, dissertações, análises da postura submetida à carga e estudos com populações especiais (obesos, atletas, respiradores orais e portadores de necessidades especiais) sem o grupo-controle. Nos estudos com populações especiais com o grupo-controle10 13 14 15 16 17 18 19 20, considerou-se apenas essa parcela da amostra.
Inicialmente foram encontrados 68 estudos, e destes, 17 estavam duplicados, oito foram excluídos e oito adicionados. Após a leitura dos artigos na íntegra, foram excluídos outros 23, obtendo-se 28 estudos para a análise (Figura 1).
O perfil da amostra foi delineado conforme ano e periódico de publicação, tipo de estudo, cidade e região das investigações, tamanho da amostra, faixa etária e sexo. Os métodos e recursos utilizados nas avaliações foram verificados, e os resultados obtidos foram compilados de acordo com a faixa etária e o sexo.
A investigação nacional sobre a postura corporal de crianças e adolescentes resultou em 28 estudos, em que o primeiro é de 1986. Dois artigos são dessa década e outros dois, da seguinte. Entre 2001 e 2006, foram encontradas seis publicações. Essas pesquisas evoluíram, com destaque para o ano de 2007, em que foram obtidos cinco artigos. No período de 2008 a 2013 outros 13 estudos foram publicados (Figura 2). Isso demonstra o aumento do interesse pelo tema, apesar de ainda ser pouco explorado.
Alguns periódicos qualificados têm divulgado esse tema, o que demonstra a sua importância. A revista Brazilian Journal of Physical Therapypublicou quatro desses estudos. A Revista Paulista de Pediatria possui três publicações e a revista Fisioterapia e Pesquisa e Revista Brasileira de Ciência e Movimento têm duas publicações (Tabela 1).
Tabela 1 Caracterização dos artigos conforme: identificação, ano e periódico de publicação, qualis Capes, amostra, sexo e local do estudo
ID | Ano | Periódico | Qualis Capes* | Amostra | Masc. | Fem. | Local do Estudo |
121 | 1986 | Rev Bras Ciênc Esporte | B1 | 201 | 91 | 110 | Rio Claro - SP |
213 | 1989 | Rev Bras Ciênc Mov | B2 | 60** | 27 | 33 | São Caetano do Sul - SP |
322 | 1991 | Rev Bras Ciênc Mov | B2 | 791 | Florianópolis - SC | ||
423 | 1995 | Rev Bras Ativ Fís Saúde | B2 | 229 | 118 | 111 | Florianópolis - SC |
52 | 2001 | Movimento | A2 | 154 | 0 | 154 | Novo Hamburgo - RS |
624 | 2003 | Fisioter Pesqui | B1 | 186 | 98 | 88 | Uberaba - MG |
725 | 2005 | Braz J Phys Ther | A2 | 72 | Barra Mansa - RJ | ||
84 | 2005 | Clinics | - | 132 | 0 | 132 | São Paulo - SP |
926 | 2006 | Rev Paul Pediatr | B1 | 13 | 6 | 7 | São José dos Campos - SP |
1027 | 2006 | Rev Bras Epidemiol | B1 | 344 | Tangará - SC | ||
115 | 2007 | Rev Panam Salud Pública | B1 | 495 | 0 | 495 | São Leopoldo - RS |
1214 | 2007 | Fisioter Mov | B1 | 40** | São Paulo - SP | ||
1315 | 2007 | Fisioter Pesqui | B1 | 42** | 17 | 25 | São Paulo e Guarulhos - SP |
1416 | 2007 | Braz J Phys Ther | A2 | 48** | 0 | 48 | São Paulo - SP |
1517 | 2007 | Cinergis | B4 | 40** | 14 | 26 | Araraquara - SP |
1628 | 2008 | Braz J Phys Ther | A2 | 191 | 77 | 114 | São Paulo - SP |
1729 | 2008 | Fit Perf J | B3 | 47 | 31 | 16 | Terezinha - PI |
188 | 2009 | Rev Paul Pediatr | B1 | 247 | 131 | 116 | Jaguariúna - SP |
1930 | 2009 | Conscientiae Saúde | B2 | 465 | 205 | 260 | Descalvado - SP |
2031 | 2009 | Braz J Phys Ther | A2 | 44 | 15 | 29 | Tubarão - SC |
2132 | 2009 | J Manipulative Physiol Ther | A2 | 230 | 100 | 130 | Amparo - SP |
2233 | 2010 | Interfaces | B4 | 31 | 0 | 31 | Alto do Tiete - SP |
2318 | 2010 | Pró-fono. | A2 | 58** | 24 | 34 | Santa Maria - RS |
2434 | 2010 | Ter Man | B2 | 186 | 93 | 93 | Florianópolis - SC |
2519 | 2011 | Braz J Otorhinolaryngol | A2 | 62** | 23 | 39 | Campinas - SP |
2610 | 2011 | Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum | B1 | 18** | 9 | 9 | Paraná - PR |
2720 | 2012 | Fisioter Mov | B1 | 44** | 22 | 22 | Caruaru - PE |
2835 | 2013 | Rev Paul Pediatr | B1 | 864 | 441 | 423 | Caxias do Sul - RS |
Total | 5.334 | 1.542 | 2.545 |
ID: Identificação. Ref.: Referência. * Considerou-se a maior classificação verificada nas áreas Interdisciplinar e Educação Física, do ano 2013.** Considerou-se apenas a amostra do grupo-controle. Ÿ O estudo não apresentou a amostra dividida por sexos
Os estudos, em sua maioria, tiveram delineamento transversal (92,9%), e apenas dois foram longitudinais. Grande parte (78,6%) foi do tipo descritivo e, em menor número, apareceram os analíticos (21,4%), ambos com abordagem observacional.
Quanto à regionalidade, as investigações concentraram-se no Sudeste (57,2%), com 14 estudos em São Paulo, um no Rio de Janeiro e outro em Minas Gerais. Na região Sul (35,7%), cinco foram em Santa Catarina, quatro no Rio Grande do Sul e um no Paraná. A região Nordeste (7,1%) possui um estudo no Piauí e outro em Pernambuco (Tabela 1).
Muitos estudos utilizaram o simetrógrafo nas avaliações para auxiliar os exames, com ou sem o fio de prumo, tanto em estudos subjetivos (10) como nos objetivos (5). Detsch e Candotti2consideram a sua utilização como um bom coadjuvante na investigação de desvios posturais e, ao confrontar-se com outros métodos, como a goniometria, o índice de confirmação foi elevado. Quanto aos planos observados, apenas dois estudos avaliaram a postura em único plano e os demais em dois.
Entre as avaliações objetivas (50,0%), a maioria foi realizada por meio de registro fotográfico (12), uma pela Técnica de Moiré23e outra pelo Teste New York18. Seis estudos utilizaram marcadores corporais utilizando a fotografia. Para a análise e interpretação das assimetrias, oito estudos usaram softwares - Corel Draw(r), Softwares de Avaliação Postural (SAPO)(r), ou Posturograma(r). Iunes et al.36 e Souza et al.37 verificaram maior resultado e confiabilidade nas avaliações objetivas ao compararem a concordância interobservador da inspeção postural e da fotogrametria36 e também ao analisarem a confiabilidade interexaminador da biofotogrametria37.
O Teste de Adams, realizado para verificar a presença de gibosidade e/ou torção da coluna12 como indicativo de escoliose, foi feito apenas em cinco estudos subjetivos. Karachalios et al.38 encontraram 84,4% de sensibilidade e 93,4% de especificidade para esse teste. Alguns autores2 12 39 40o consideram um procedimento simples e de confiabilidade para a investigação preventiva da escoliose.
As investigações da postura corporal dos 28 estudos envolveram 5.334 participantes. O menor tamanho amostral foi 13 e o maior 864. Quanto à idade, a mais investigada foi a dos 10 anos (24) e a amostra mais variada envolveu indivíduos dos 6 aos 17 anos. Alguns avaliaram somente crianças (9), outros apenas adolescentes (2) e a maioria ambos os grupos (17) (Figura 3). Quanto ao sexo, 19 estudos avaliaram os dois; cinco, estudaram somente meninas e quatro não estratificaram os resultados em masculino/feminino. Pode-se observar o maior envolvimento de meninas (2.545) do que de meninos (1.542) (Tabela 1), o que foi justificado pelos autores2 4 5 18 por serem as meninas as mais propensas a apresentarem alterações posturais.
Ao avaliar a postura dos escolares, alguns estudos não consideraram as peculiaridades e as especificidades do crescimento relativas ao sexo (4) e à faixa etária (12) (Tabela 1 e Figura 3). A análise dos dados de crianças e de adolescentes, conjuntamente, compromete a interpretação dos resultados, nos quais modificações naturais do corpo podem ser apontadas como problemas. A importância de se estratificar os estudos por idade e sexo deve-se ao fato de que os padrões posturais variam constantemente nas crianças, por causa da busca de novas maneiras de reagir à gravidade. Entretanto, no final da adolescência, os padrões são mais definidos e podem ou não serem considerados satisfatórios4 39.
É importante lembrar que o pico de crescimento na puberdade é mais precoce nas meninas e perdura dos 9 aos 13 anos, com ápice aos 11. Já nos meninos, ocorre dos 11 aos 15 anos, com ápice aos 13. Em ambos o crescimento poderá continuar de forma reduzida por mais alguns anos39 40.
Segundo Asher39, a postura varia conforme os estágios do crescimento e os segmentos corporais. O autor ainda considera que a hiperlordose lombar fisiológica nas crianças aos seis anos está associada à inclinação pélvica anterior, como forma de busca do equilíbrio corporal, devendo regredir com o desenvolvimento. O joelho valgo, que surge no 2º ou 3º ano de vida, tende a corrigir-se entre 5 e 7 anos e pode perdurar em torno do pico de crescimento por causa de interferências no desenvolvimento, com maior prevalência em meninas dos 10 aos 14 anos. A hiperextensão dos joelhos ocorre dos 6 aos 11 anos, em virtude do equilíbrio antigravitacional para manter a postura ereta. Assim, essas alterações se perpetuam na adolescência e variam de acordo com o sexo, em decorrência da puberdade.
Na amostra desta revisão, os segmentos da coluna, da cintura escapular e dos membros inferiores foram os mais apontados com alterações. Dos 18 artigos que investigaram a hiperlordose lombar, sete se detiveram na idade até os 10 anos e apontaram grande variabilidade de prevalência (de 15,3% a 78,0%). Detsch e Candotti2 encontraram altos índices de hiperlordose lombar na faixa etária dos 10 aos 11 anos, enquanto Martelli e Traebert27verificaram sua presença dos 10 aos 16. Ainda, Bach e Lima31 associaram a hiperlordose a retificação cervical e a protrusão da cabeça com problemas na respiração.
A hipercifose torácica foi verificada em 16 pesquisas, nas quais seis se detiveram até os 10 anos e encontraram prevalência de 9,0% a 53,8%. Nas meninas ela surge, geralmente, como forma de esconder o desenvolvimento das mamas2; já nos meninos, não existe um padrão definido41.
A presença de escoliose foi analisada em 14 estudos, abrangendo a faixa etária de 6 a 17 anos, com prevalência nas meninas de 12,0% a 52,0% e nos meninos de 13,9% a 48,0%. Karachalios et al.38 consideram que a grande diferença encontrada na prevalência da escoliose (1,0% a 21,0%) é devido à variabilidade dos critérios utilizados para esse diagnóstico. Entretanto, na amostra desta revisão, acredita-se que esse fato ocorreu pela falta de critérios para diferenciar atitude escoliótica, escoliose postural e escoliose estrutural. Ainda, Penha et al.32 referem que a identificação de escoliose por meio de registro fotográfico pode ser passível de erros, devido à localização dos pontos anatômicos definidos pelos softwares.
Na cintura escapular, a protrusão e/ou assimetrias dos ombros em crianças e adolescentes foram destacadas por 11 autores, com prevalência que variou de 19,4% a 74,8%, enquanto que a abdução das escápulas foi apontada por três, com prevalência de 40,3%4, 52,17%16 e 80,51%2 em amostras femininas. Alguns autores41 42 utilizaram o termo escápula alada para qualificar uma alteração nessa estrutura; entretanto, por ser esse um distúrbio característico de lesão do nervo torácico longo, com sinais patológicos específicos41 42, esses dados foram desconsiderados.
Nos membros inferiores, a articulação mais apontada com alterações foi o joelho. O valgismo foi verificado em 11 estudos, com prevalência de 4,5% a 81,2%. Alguns estratificaram os resultados por índice de massa corporal ou por idade, encontrando maior prevalência entre obesos10 15 e entre os 7 e 8 anos4 8 23. No entanto, os pesquisadores não definem os critérios utilizados para determinar o joelho valgo, o que pode justificar a grande variabilidade desses resultados. A prevalência de joelho valgo foi de 21% a 43%, verificada na faixa etária de 7 a 15 anos, em cinco estudos. Por fim, a hiperextensão do joelho foi a mais verificada em crianças, variando de 19% a 26%, entretanto, alguns autores8 23 31 constataram que entre os 7 e 8 anos havia maior prevalência.
As diferenças de prevalência de alterações posturais entre escolares da mesma idade, sexo, estatura e massa corporal são decorrentes do nível de crescimento e de desenvolvimento, assim como da ergonomia inadequada do ambiente escolar43. Em contrapartida, alguns autores5 27 consideram que a diferença na faixa etária das amostras e nas metodologias utilizadas nas avaliações posturais são as responsáveis pela grande variação encontrada nos resultados.
Asher39 salienta que as alterações decorrentes do crescimento devem ser respeitadas. Para Kendall et al.7, medidas corretivas em crianças, na maioria das vezes, são desnecessárias, pois a correção de padrões posturais fisiológicos pode acarretar no surgimento de problemas mais difíceis de tratar. Desse modo, considera-se necessário o uso de metodologias mais objetivas para analisar a postura corporal.
Contudo, há consenso de que a avaliação postural é a precursora da identificação de problemas posturais que tangenciam os padrões normais do crescimento. Assim, quanto mais cedo for a intervenção, maiores serão as possibilidades de sucesso, com grandes chances de prevenir progressões e evitar agravos da patologia na fase adulta27 33.
Os artigos analisados a partir desta revisão demonstraram que a publicação nacional sobre a investigação da postura corporal é recente. Observou-se também que muitos autores não distinguem, para a análise da postura, as fases de crescimento de crianças e de adolescentes e, tampouco, que as alterações posturais ocorrem de acordo com o sexo e a faixa etária.
A variabilidade de métodos utilizados nas investigações posturais, a falta de rigor metodológico e a diversidade das faixas etárias estudadas limitaram a caracterização dos estudos quanto à predominância de alterações na amostra selecionada. Assim, percebe-se a necessidade de um protocolo mais específico para esses exames, além de maior discussão acerca do assunto.