versão impressa ISSN 1679-4508versão On-line ISSN 2317-6385
Einstein (São Paulo) vol.9 no.2 São Paulo abr./jun. 2011
http://dx.doi.org/10.1590/s1679-45082011ai2023
Os megacariócitos, células que dão origem às plaquetas, apresentam características morfológicas únicas, destacandose por seu grande tamanho e por aspectos particulares do citoplasma e do núcleo(1,2). São, portanto, facilmente identificáveis à análise microscópica habitual. A análise citológica e/ou histológica da medula óssea nos permite, muitasvezes, diagnosticar ou sugerir fortemente uma doença hematológica que envolva o setor megacariocítico(3). Dentre essas afecções, destacam-se as síndromes mielodisplásicas e as neoplasias mieloproliferativas(4,5) (Figuras 1–8).
Figura 1 (A) Megacariócitos normais em aspirado de medula óssea (análise citológica, coloração Leishmann, × 1.000). (B) Megacariócitos normais em biópsia de medula óssea (análise histopatológica, coloração hematoxilina-eosina, × 1.000). Notar o aspecto do núcleo da célula, multilobulado, mas coeso, característico dos megacariócitos maduros normais. (C) Imunoistoquímica de medula óssea, identificando os megacariócitos pela coloração positiva para fator de von Willebrand, presente em sua superfície celular
Figura 2 Megacariócitos monolobados (coloração hematoxilina-eosina × 1.000), característicos da “síndrome do 5q-”. Esse subtipo de síndrome mielodisplásica é caracterizado por anemia macrocítica, plaquetas em número normal ou aumentado, presença de deleção do braço longo do cromossomo 5 como única anormalidade citogenética, bom prognóstico e boa resposta à lenalidomida
Figura 3 Cariótipo em medula óssea (Banda G), mostrando a anormalidade característica da síndrome do 5q- (deleção intersticial do cromossomo 5)
Figura 4 Micromegacariócitos em aspirado de medula óssea (Leismann × 1.000), que são células monolobadas de pequeno porte (tamanho inferior ao de 2 neutrófilos), achado comum nas síndromes mielodisplásicas, mas sem especificidade diagnóstica
Figura 5 Megacariócitos anômalos multinucleados e sem coesão nuclear, em aspirado de medula óssea (Leishmann × 1.000), frequentemente observados nas síndromes mielodisplásicas, também sem especificidade diagnóstica
Figura 6 Megacariócitos em neoplasia mieloproliferativa, caracterizados por se apresentarem agrupados, formando clusters. O aspecto morfológico pode não distinguir o subtipo de mieloproliferação, podendo ocorrer em leucemia mieloide crônica, mielofibrose (fase celular), policitemia vera ou trombocitemia essencial. Estudos moleculares para a identificação do rearranjo BCR-ABL (diagnóstico da leucemia mieloide crônica) ou de mutação no JAK-2 (policitemia vera, trombocitemia essencial ou mielofibrose) são necessários para o correto diagnóstico