Compartilhar

Metabolismo do plâncton e ciclo do carbono no rio Amazonas, seus tributários e águas de várzea, Peru-Brasil, maio-junho.

Metabolismo do plâncton e ciclo do carbono no rio Amazonas, seus tributários e águas de várzea, Peru-Brasil, maio-junho.

Autores:

R. C. Wissmar,
J. E. Richey,
R. F. Stallard,
J. M. Edmond

ARTIGO ORIGINAL

Acta Amazonica

Print version ISSN 0044-5967On-line version ISSN 1809-4392

Acta Amaz. vol.10 no.4 Manaus Dec. 1980

https://doi.org/10.1590/1809-43921980104823

Resumo

Estudos planctônicos e químicos efetuados durante um cruzeiro sinótico do Amazonas, em maio-junho de 1977, indicam que substâncias inorgânicas e orgânicas de origem terrestre podem influenciar a atividade microbiana no canal principal, tributários e lagos de várzea. Os principais fatores limitantes da produção primária planctoniana (PPR) foram a diluição da luz por altos níveis de matéria particulada em suspensão (SPM) no canal principal e tributários (média 69mg SPM litro-1), e baixos níveis de nutrientes nas desembocaduras de rios nos lagos de várzea (média 0,12 μmole PO4-P litro-1 e 1,6 μmole NO3-N litro-1). Em sistemas fluviais PPR tem em média 4,04mg C m-3 hr-1, e as medidas de respiração (Re) por sistema de transporte de eléctron têm em média 0,67 mg C m-3 hr-1; e nas desembocaduras e lagos de várzea mais produtivos, PPR teve em média 26,37 mg C m-3 hr-1, e a Re teve em média 2,30 mg C m-3 hr-1. As proporções PPR:Re de 8 para os sistemas fluviais e 17 para as desembocaduras e lagos de várzea indicaram que a Re não era tão limitante quanto o PPR nos rios. Densidades bacterianas, taxas constantes de 14C-acetado para assimilação, e partículas orgânicas C:N de 20, implicam que a microflora era influenciada pelo carbono terrestre. Trocas de componentes ΣCO2 devidas a mais CO2 livre e H2CO3 nas águas superficiais de alguns ambientes lacustres e de tributários foram sugeridos por altas pressões parciais de dióxido de carbono (~5.000 a ~15.000 x 10-6 atm). É sugerido que a supersaturação de dióxido de carbono de algumas das águas com relação à atmosfera era parcialmente devida à matéria alóctone em decomposição. Os cálculos concluem que a respiração equilibrada pela evasão é suficiente para explicar as altas pressões do vapor de dióxido de carbono.

ABSTRACT

Summary

Plankton and chemical studies conducted during a synoptic cruise of the Amazon in May-June 1977 indicate that inorganic and organic substances of terrestrial origin could influence the microbial activity in the mainstem, tributaries, and varzea (floodplain) lakes. The major limiting factors to plankton primary production (PPR) were light attenuation by high levels of suspended particulate matter (SPM) in the mainstem and tributaries (average 69 mg SPM liter-1), and low nutrient levels in river mouthbays and várzea lakes (average 0.12 μmole PO4-P liter-1 and 1.6 μmole NO3-N liter-1). In riverine systems, PPR averaged 4.04 mg C m-3 hr-1, and electron transport system measures of respiration (Re) averaged 0.67 mg C m-3 hr-1; and in the more productive mouthbays and várzea lakes, PPR averaged 26.37 mg C m-3 hr-1, and Re, averaged 2.30 mg C m-3 hr-1. :Re ratios of 8 for the riverine systems and 17 for the mouthbays and varzea lakes indicated that Re was not as limited as PPR in the rivers. Bacterial densities, 14C-acetate rate constants for uptake, and particulate organic C:N of 20, implied that microflora was influenced by terrestrial carbon. Shifts of ΣCO2 components due to more free CO2 and H2CO3 in surface waters of some lacustrine environments and tributaries were suggested by high partial pressures of carbon dioxide (~ 5,000 to ~ 15,000 x 10-6 atm). It is suggested that carbon dioxide oversaturation of some of the water with respect to the atmosphere was partly due to decomposing allochthonous matter. Calculations imply that respiration balanced by evasion is sufficient to explain the high carbon dioxide vapor pressures.