versão impressa ISSN 1808-8694versão On-line ISSN 1808-8686
Braz. j. otorhinolaryngol. vol.81 no.4 São Paulo jul./ago. 2015
http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2014.07.017
A PAIR (Perda Auditiva Induzida por Ruído) caracteriza-se pela diminuição gradual da acuidade auditiva, decorrente da exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora.
As principais características da PAIR são a perda auditiva sensorioneural, bilateral na maioria das vezes e a irreversibilidade da mesma. A sua história natural mostra, inicialmente, o acometimento dos limiares auditivos em uma ou mais frequências da faixa de 3.000 a 6.000 Hz, formando o característico entalhe. As frequências mais altas e mais baixas poderão levar mais tempo para serem afetadas. Há variabilidade na sua evolução, devido à suscetibilidade individual, sendo mais acentuada nos 10 a 15 anos iniciais de exposição, com diminuição após esse período, tendendo a uma estabilização.1
Estudos histológicos em humanos mostraram que as células sensoriais da cóclea mais lesadas na PAIR correspondem à faixa de frequência de 3.000 a 6.000 Hz, na espira basal da cóclea, a cerca de 8 a 14 mm da janela oval. As alterações provocadas pela exposição ao ruído vão desde pequenas alterações nas células ciliadas até a ausência completa do órgão espiral.1 , 2
Por se tratar de uma afecção predominantemente coclear, o portador de PAIR pode apresentar redução da audição, irritabilidade a sons intensos, zumbidos, além de comprometimento na inteligibilidade de fala, principalmente em situações com ruídos competidores. Vale atentar que doenças retrococleares mais comumente afetam a inteligibilidade da fala.3
Mas a exposição a ruído pode acarretar, também, ao trabalhador, alterações psicossociais importantes, que interferem na qualidade de vida, como estresse, ansiedade e comprometimento nas relações sociais e no desempenho das atividades de vida diária.2
O diagnóstico da PAIR só pode ser estabelecido por meio de um conjunto de procedimentos que envolvem a anamnese clínica, história ocupacional, exame físico, avaliação audiológica e, quando necessário, exames complementares.4
A avaliação audiológica é realizada basicamente por meio de audiometria tonal liminar, logoaudiometria e imitanciometria. Este último é um exame de grande importância clínica, que avalia o sistema tímpano-ossicular e o reflexo acústico, de forma rápida e objetiva.
Com a imitanciometria, é possível avaliar a mobilidade da membrana timpânica e as condições da orelha média, função tubária e a pesquisa do reflexo estapediano.
O reflexo estapediano indica que houve a contração do músculo do estapédio, quando o sistema é estimulado com som súbito e intenso. A análise deste reflexo permite verificar a ocorrência do recrutamento de Metz, nas cocleopatias e da adaptação patológica, nas afecções retrococleares.5 , 6
A medida do reflexo acústico é realizada habitualmente nas frequências de 500, 1.000; 2.000 e 4.000 Hz e a intensidade necessária para desencadeá-lo em indivíduos com audição normal, segundo vários autores, estaria na faixa entre 70 a 100 dB NA.7
Na rotina audiológica, o reflexo na frequência de 3.000 Hz não costuma ser avaliado e para isso não se tem uma explicação, dada à importância desta frequência na percepção da fala e nos exames audiométricos de pessoas expostas a ruído intenso. Uma aplicação importante da medição do reflexo acústico é a avaliação do fenômeno coclear de crescimento anormal da sensação de intensidade (recrutamento).5 - 8
O limiar do reflexo estapediano contralateral em níveis de sensação inferiores a 60 dB NS ocorre em orelhas com lesões cocleares e é sugestivo de recrutamento. A pesquisa do recrutamento objetivo de Metz se faz pela medida do nível de sensação (NS), ou seja, pela comparação entre o nível do limiar do reflexo acústico e o nível do limiar audiométrico, em cada frequência.5 - 8
A interpretação do reflexo do estapédio tem grande importância no diagnóstico clínico. Entretanto, a literatura não tem esclarecido o que seus valores representam em relação às queixas auditivas, tais como a perda auditiva, a irritabilidade a sons intensos, zumbidos e dificuldade de percepção de fala.
O presente estudo pretende avaliar os limiares dos reflexos estapedianos contralateral nas frequências de 500; 1.000; 2.000; 3.000 e 4.000 Hz, em sujeitos expostos a níveis elevados de pressão sonora, relacionando esses resultados com as queixas auditivas citadas por eles. As comparações serão feitas tanto com os valores absolutos dos limiares do reflexo, quanto com a ocorrência do recrutamento de Metz, aferido pelos respectivos níveis de sensação (diferença entre o limiar do reflexo e o limiar audiométrico), para cada frequência.
Foram examinados prontuários médicos de trabalhadores expostos a níveis elevados de pressão sonora e foram levantados seus dados sócio-demográficos, queixas auditivas, exames audiométricos e imitanciométricos. Foram, então, analisadas as relações entre as queixas auditivas, idades, tempos de exposição ao ruído e os resultados dos exames imitanciométricos convencionais.
Como a perda auditiva induzida pelo ruído tende a estabilizar os limiares auditivos depois dos 15 anos de exposição, para esta análise, os sujeitos foram categorizados em dois grupos: com menos de 16 anos de exposição a ruído e com 16 ou mais anos de exposição a ruído.1
Nas análises comparativas, os limiares dos reflexos estapedianos foram categorizados em três faixas: iguais ou menores que 100 dB, de 105 a 120 dB e ausência de reflexos. As diferenças entre os limiares dos reflexos e os tonais foram categorizadas duas faixas: ≤ 60 dB (sugerem recrutamento de Metz) e > 60 dB (sem recrutamento).
Foi ainda realizada uma busca em dados de base de pesquisa do PubMed/MedLinee Scopus com os Mesh Terms: "Perda Auditiva Provocada por Ruído; Ruído Ocupacional; Testes Auditivos; Testes de Impedância Acústica; Detecção de Recrutamento Audiológico; Hearing Loss; Noise-Induced; Noise Occupational; Hearing Tests; Acoustic Impedance Tests; Recruitment Detection, Audiologic", nas línguas inglesa e portuguesa, sem limite de tempo.
Foram analisados prontuários clínicos de 364 trabalhadores atendidos no Ambulatório de Otorrinolaringologia Ocupa cional de hospital universitário, entre 1998 e 2005, de 18 a 50 anos de idade, de ambos os sexos, de diversas categorias profissionais e variados tempos de exposição a ruído ocupacional, com exames audiométricos normais ou sugestivos de perda auditiva induzida pelo ruído, timpanogramas normais (tipo A) e presença de reflexos estapedianos contralaterais.
Foram excluídos da pesquisa os prontuários de trabalhadores com exposição ocupacional atual ou pregressa a produtos químicos, com antecedentes de distúrbios de orelha média, com uso atual ou pregresso de medicamentos ototóxicos, com antecedentes de trauma acústico, de face, de pescoço, de coluna cervical e traumatismo crânio-encefálico e portadores de diabetes, hipertensão arterial, insuficiência renal e tireopatias.
Foram consideradas, para esta análise, as seguintes queixas: a perda auditiva bilateral; a dificuldade de percepção de fala, em situações de escuta desfavorável; a irritação com sons intensos e a presença de acúfenos bilaterais.
Os resultados dos reflexos estapedianos contralaterais do exame imitanciométrico foram relacionados com as queixas auditivas e com as idades e tempos de exposição dos trabalhadores, tanto por seus valores absolutos (níveis de audição) quanto pelas diferenças entre seus limiares e os limiares audiométricos tonais (níveis de sensação). Foi considerada a ocorrência do recrutamento de Metz, quando o nível de sensação estivesse menor que 60 dB.5 - 8
Nas análises comparativas, os limiares dos reflexos estapedianos foram categorizados em três faixas: iguais ou menores que 100 dB, de 105 a 120 dB e ausência de reflexos. As diferenças entre os limiares dos reflexos e os tonais foram categorizadas duas faixas: menores que 60 dB (sugerem recrutamento de Metz) e maiores que 60 dB (sem recrutamento).
Optamos por descrever a tabela completa de análise apenas das situações em que houve relação estatisticamente significante nos dados analisados.
O perfil da amostra foi descrito através de tabelas de frequência das variáveis categóricas (categoria profissional e queixas auditivas) e estatísticas descritivas das variáveis contínuas (idade, tempo de exposição a ruído e limiares dos reflexos estapedianos).
Para analisar a relação entre as variáveis categóricas, foram utilizados os testes Qui-Quadrado ou o exato de Fisher (para valores esperados menores que cinco). Para analisar a relação entre as variáveis contínuas foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman.
O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 5% (p < 0,05).
Para análise estatística foi utilizado o programa computacional "The SAS System for Windows 8.02, SAS Institute Inc. 1999-2001, Cary, NC, USA".
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Pesquisa da instituição, sob o nº 794/2005.
Foram analisados os prontuários médicos de 364 trabalhadores de ambos os sexos. 316 pertenciam à categoria dos metalúrgicos (86,8%) e os demais (13,2%) a diversas outras (alimentícia, refinaria de petróleo, eletrônica, química, lavanderia, cosméticos e telefonia).
As idades dos trabalhadores variaram de 18 a 50 anos (mediana 40 anos, média 39,6 e desvio-padrão 7,25). Para esta análise os sujeitos foram categorizados em dois grupos: com menos de 40 anos e com 40 anos ou mais (tabela 1).
Tabela 1. Distribuição dos trabalhadores por faixa etária e tempo de exposição (n = 364
Anos | Frequência | Porcentagem | |
---|---|---|---|
Idade | < 40 | 163 | 44,8% |
≥ 40 | 201 | 55,2% | |
Tempo de exposição | < 16 | 136 | 37,4% |
≥ 16 | 228 | 62,6% |
Todos os trabalhadores estiveram expostos ao ruído ocupacional, no mínimo um ano e no máximo 38 anos (mediana 18 anos, média 17,3 e desvio-padrão 8,1) (tabela 1).
Verificou-se que apenas 15,1% dos trabalhadores (55) tinham queixa de perda auditiva bilateral. Para a presente análise, não foram consideradas as queixas de perda auditiva unilateral. Verificou-se, também, que 38,5% dos trabalhadores (140) apresentaram queixa de zumbidos bilaterais. Para a presente análise, não foram consideradas as queixas de zumbido unilateral. Mais da metade dos trabalhadores tinha irritação ao ouvir sons intensos (52,8%) e quase a metade deles acusava dificuldades para reconhecer a fala em situações do dia-a-dia (47,2% [AG1]) (tabela 2).
Tabela 2. Distribuição dos trabalhadores pelas queixas auditivas (n = 364)
Queixas auditivas | ||
---|---|---|
Perda auditiva | ||
Bilateral | 55 | 15,1% |
Direita | 44 | 12,1% |
Esquerda | 40 | 10,9% |
Ausente | 225 | 61,9% |
Zumbidos | ||
Bilateral | 140 | 38,5% |
Direita | 11 | 3% |
Esquerda | 18 | 4,9% |
Ausente | 195 | 53,6% |
Irritação com sons intensos | ||
Presente | 192 | 52,8% |
Ausente | 172 | 47,2% |
Dificuldades para entender a fala | ||
Presente | 172 | 47,2% |
Ausente | 192 | 52,8% |
Os limares dos reflexos estapedianos contralaterais variaram de 75 a 120 dB na aferência direita e de 65 a 120 dB, na aferência esquerda. As médias dos limiares dos reflexos estapedianos contralaterais variaram de 91,3 dB em 500 Hz a 97,0 dB, em 4.000 Hz, na aferência direita e de 91,2 dB em 500 Hz a 97,5 dB, em 4.000 Hz, na aferência esquerda. Verificou-se uma tendência de aumento de valores absolutos e da variabilidade, com o aumento do valor das frequências (tabela 3).
Tabela 3. Distribuição das médias dos limiares dos reflexos estapedianos contralaterais
Frequências | Aferência direita | Aferência esquerda | |||||
---|---|---|---|---|---|---|---|
n | Médias (dB) | DP | n | Médias (dB) | DP | ||
Limiares dos reflexos | 500 | 364 | 91,3 | 7,6 | 364 | 91,2 | 7,3 |
1000 | 364 | 91,7 | 6,5 | 364 | 91,9 | 7,0 | |
2000 | 363 | 92,0 | 7,0 | 364 | 92,2 | 7,4 | |
3000 | 355 | 94,0 | 8,9 | 352 | 93,9 | 8,6 | |
4000 | 312 | 97,0 | 9,9 | 319 | 97,5 | 10,1 | |
Diferenças dos reflexos | 500 | 364 | 81,2 | 8,9 | 364 | 81,4 | 9,1 |
1000 | 364 | 82,5 | 8,9 | 364 | 83,0 | 9,5 | |
2000 | 363 | 80,4 | 11,7 | 364 | 80,0 | 11,3 | |
3000 | 355 | 74,5 | 14,7 | 352 | 72,2 | 14,3 | |
4000 | 312 | 69,5 | 15,9 | 319 | 67,4 | 15,3 |
As diferenças entre os limiares dos reflexos e os limiares tonais variaram de 30 a 120 dB, à direita e de 30 a 115 dB, à esquerda. As médias das diferenças entre os limiares dos reflexos e os limiares tonais diminuíram de 81,2 dB em 500 Hz a 69,5 dB em 4.000 Hz, na aferência direita e de 81,4 dB em 500 Hz a 67,4 dB em 4.000 Hz, na aferência esquerda. Verificou-se uma tendência de diminuição das diferenças e de aumento da variabilidade, com o aumento do valor das frequências (tabela 3).
Só houve relação significativa entre a queixa de perda auditiva e limiares dos reflexos para as frequências de 4.000 Hz na orelha direita e 2.000 Hz na orelha esquerda (tabela 4).
Tabela 4. Comparação entre a queixa de perda auditiva bilateral e os limiares dos reflexos estapedianos contralaterais (n = 364)
Limiares dos Reflexos | < 100 dB | > 100 dB | Ausência de reflexo | ||||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Perda auditiva | Sem queixa | Com queixa | Sem queixa | Com queixa | Sem queixa | Com queixa | p-valor |
Direita | |||||||
500 Hz | 285 (92,2%) | 53 (96,4%) | 24 (7,8%) | 2 (3,6%) | - | - | 0,397a |
1.000 Hz | 294 (95,1%) | 53 (96,4%) | 15 (4,9%) | 2 (3,6%) | - | - | 1,000a |
2.000 Hz | 286 (92,6%) | 51 (92,7%) | 22 (7,1%) | 4 (7,3%) | 1 (0,3%) | - | 1,000a |
3.000 Hz | 254 (82,2%) | 41 (74,6%) | 48 (15,5%) | 12 (21,8%) | 7 (2,3%) | 2 (3,6%) | 0,404b |
4.000 Hz | 209 (67,6%) | 30 (54,5%) | 62 (20,1%) | 11 (20,0%) | 38 (12,3%) | 14 (25,5%) | 0,032b |
Esquerda | |||||||
500 Hz | 289 (93,5%) | 53 (96,3%) | 20 (6,5%) | 2 (3,7%) | - | - | 0,551a |
1.000 Hz | 292 (94,5%) | 52 (94,5%) | 17 (5,5%) | 3 (5,5%) | - | - | 1,000a |
2.000 Hz | 290 (93,8%) | 47 (85,4%) | 19 (6,2%) | 8 (14,6%) | - | - | 0,045a |
3.000 Hz | 255 (82,5%) | 42 (76,3%) | 46 (14,9%) | 9 (16,4%) | 8 (2,6%) | 4 (7,3%) | 0,184b |
4.000 Hz | 199 (64,4%) | 27 (49,1%) | 75 (24,3%) | 18 (32,7%) | 35 (11,3%) | 10 (18,2%) | 0,089b |
a Teste exato de Fisher. b Teste Qui-Quadrado. Os valores significativos estão destacados em negrito.
A relação entre a queixa de perda auditiva e a presença do recrutamento de Metz foi significante em todas as frequências, exceto em 500 Hz, na aferência esquerda (tabela 5).
Tabela 5. Comparação entre a queixa de perda auditiva e a presença do recrutamento de Metz
Diferenças dos limiares | < 60 dB | > 60 dB | ||||
---|---|---|---|---|---|---|
Perda auditiva |
n | Sem queixa | Com queixa | Sem queixa | Com queixa | p-valor |
Direita | ||||||
500 Hz | 364 | 5 (1,6%) | 6 (10,9%) | 304 (98,4%) | 49 (89,1%) | 0,002a |
1.000 Hz | 364 | 0 (0,0%) | 3 (5,5%) | 309 (100,0%) | 52 (94,5%) | 0,003a |
2.000 Hz | 363 | 13 (4,2%) | 11 (20,0%) | 295 (95,8%) | 44 (80,0%) | 0,001a |
3.000 Hz | 355 | 50 (16,6%) | 25 (47,2%) | 252 (83,4%) | 28 (52,8%) | < 0,001b |
4.000 Hz | 313 | 89 (32,7%) | 23 (56,1%) | 183 (67,3%) | 18 (43,9%) | 0,004b |
Esquerda | ||||||
500 Hz | 364 | 7 (2,3%) | 4 (7,3%) | 302 (97,7%) | 51 (92,7%) | 0,068a |
1.000 Hz | 364 | 1 (0,3%) | 5 (9,1%) | 308 (99,7%) | 50 (90,9%) | < 0,001a |
2.000 Hz | 364 | 14 (4,5%) | 13 (23,6%) | 295 (95,5%) | 42 (76,4%) | < 0,001a |
3.000 Hz | 352 | 60 (19,9%) | 25 (49,0%) | 241 (80,1%) | 26 (51,0%) | < 0,001b |
4.000 Hz | 319 | 103 (37,6%) | 26 (57,8%) | 171 (62,4%) | 19 (42,2%) | 0,011b |
a Teste exato de Fisher. b Teste Qui-Quadrado. Os valores significativos estão destacados em negrito.
Houve relação entre a dificuldade para reconhecimento da fala em locais de escuta desfavorável e a presença do recrutamento de Metz (tabela 6).
Tabela 6. Comparação entre dificuldade de reconhecer a fala e a presença do recrutamento de Metz
Diferenças dos reflexos | < 60 dB | > 60 dB | ||||
---|---|---|---|---|---|---|
Reconhec. de fala | n | Sem queixa | Com queixa | Sem queixa | Com queixa | p-valor |
Direita | ||||||
500 Hz | 364 | 2 (1,0%) | 9 (5,2%) | 190 (99,0%) | 163 (94,8%) | 0,020b |
1.000 Hz | 364 | 0 (0,0%) | 3 (1,7%) | 192 (100,0%) | 169 (98,3%) | 0,105a |
2.000 Hz | 363 | 2 (1,1%) | 22 (12,8%) | 189 (98,9%) | 150 (87,2%) | < 0,001b |
3.000 Hz | 355 | 23 (12,1%) | 52 (31,5%) | 167 (87,9%) | 113 (68,5%) | < 0,001b |
4.000 Hz | 313 | 44 (25,3%) | 68 (48,9%) | 130 (74,7%) | 71 (51,1%) | < 0,001b |
Esquerda | ||||||
500 Hz | 364 | 4 (2,1%) | 7 (4,1%) | 188 (97,9%) | 165 (95,9%) | 0,269b |
1.000 Hz | 364 | 1 (0,5%) | 5 (2,9%) | 191 (99,5%) | 167 (97,1%) | 0,105a |
2.000 Hz | 364 | 4 (2,1%) | 23 (13,4%) | 188 (97,9%) | 149 (86,6%) | < 0,001b |
3.000 Hz | 352 | 25 (13,2%) | 60 (36,8%) | 164 (86,8%) | 103 (63,2%) | < 0,001b |
4.000 Hz | 319 | 60 (34,3%) | 69 (47,9%) | 115 (65,7%) | 75 (52,1%) | 0,014b |
a Teste exato de Fisher. b Teste Qui-Quadrado. Os valores significativos estão destacados em negrito.
A comparação entre irritação com sons intensos e os valores absolutos dos limiares dos reflexos estapedianos contralaterais não demonstrou significância, em todas as apresentações, exceto em 1.000 Hz da aferência direita (p = 0,048) (tabela 7).
Tabela 7. Comparação entre irritação com sons intensos e os limiares dos reflexos estapedianos contralaterais (n = 364)
Limiares dos Reflexos | < 100 dB | > 100 dB | Ausência de reflexo | ||||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Irritação com sons intensos | Sem queixa | Com queixa | Sem queixa | Com queixa | Sem queixa | Com queixa | p-valor |
Direita | |||||||
500 Hz | 156 (90,7%) | 182 (94,8%) | 16 (9,3%) | 10 (5,2%) | - | - | 0,130b |
1.000 Hz | 160 (93,0%) | 187 (97,4%) | 12 (7,0%) | 5 (2,6%) | - | - | 0,048b |
2.000 Hz | 158 (91,8%) | 179 (93,2%) | 13 (7,6%) | 13 (6,8%) | 1 (0,6%) | 0 (0,0%) | 0,684a |
3.000 Hz | 137 (79,7%) | 158 (82,3%) | 31 (18,0%) | 29 (15,1%) | 4 (2,3%) | 5 (2,6%) | 0,766a |
4.000 Hz | 117 (68,0%) | 122 (63,5%) | 34 (19,8%) | 39 (20,3%) | 21 (12,2%) | 31 (16,2%) | 0,529b |
Esquerda | |||||||
500 Hz | 159 (92,4%) | 183 (95,3%) | 13 (7,6%) | 9 (4,7%) | - | - | 0,251b |
1.000 Hz | 161 (93,6%) | 183 (95,3%) | 11 (6,4%) | 9 (4,7%) | - | - | 0,475b |
2.000 Hz | 162 (94,2%) | 175 (91,2%) | 10 (5,8%) | 17 (8,8%) | - | - | 0,269b |
3.000 Hz | 145 (84,3%) | 152 (79,1%) | 22 (12,8%) | 33 (17,2%) | 5 (2,9%) | 7 (3,7%) | 0,448b |
4.000 Hz | 112 (65,1%) | 114 (59,4%) | 41 (23,8%) | 52 (27,1%) | 19 (11,1%) | 26 (13,5%) | 0,519b |
a Teste exato de Fisher. b Teste Qui-Quadrado. Os valores significativos estão destacados em negrito.
A comparação entre irritação com sons intensos e a ocorrência de recrutamento de Metz mostrou significância com os reflexos em 3.000 e 4.000 Hz, bilateralmente (tabela 8).
Tabela 8. Comparação entre irritação com sons intensos e a ocorrência de recrutamento de Metz
Diferenças dos reflexos | < 60 dB | > 60 dB | ||||
---|---|---|---|---|---|---|
Irritação com sons intensos | n | Sem queixa | Com queixa | Sem queixa | Com queixa | p-valor |
Direita | ||||||
500 Hz | 364 | 3 (1,7%) | 8 (4,2%) | 169 (98,3%) | 184 (95,8%) | 0,178b |
1.000 Hz | 364 | 0 (0,0%) | 3 (1,6%) | 172 (100,0%) | 189 (98,4%) | 0,250a |
2.000 Hz | 363 | 7 (4,1%) | 17 (8,8%) | 164 (95,9%) | 175 (91,2%) | 0,068b |
3.000 Hz | 355 | 27 (16,1%) | 48 (25,7%) | 141 (83,9%) | 139 (74,3%) | 0,027b |
4.000 Hz | 313 | 39 (25,8%) | 73 (45,1%) | 112 (74,2%) | 89 (54,9%) | < 0,001b |
Esquerda | ||||||
500 Hz | 364 | 4 (2,3%) | 7 (3,7%) | 168 (97,7%) | 185 (96,3%) | 0,463b |
1.000 Hz | 364 | 2 (1,2%) | 4 (2,1%) | 170 (98,8%) | 188 (97,9%) | 0,688a |
2.000 Hz | 364 | 11 (6,4%) | 16 (8,3%) | 161 (93,6%) | 176 (91,7%) | 0,481b |
3.000 Hz | 352 | 29 (17,4%) | 56 (30,3%) | 138 (82,6%) | 129 (69,7%) | 0,005b |
4.000 Hz | 319 | 51 (33,3%) | 78 (47,0%) | 102 (66,7%) | 88 (53,0%) | 0,013b |
a Teste exato de Fisher. b Teste Qui-Quadrado. Os valores significativos estão destacados em negrito.
A comparação entre a queixa de zumbidos bilaterais e os valores absolutos dos limiares dos reflexos estapedianos contralaterais não demonstrou relação significativa em todas as frequências, de ambos os lados.
A comparação entre a queixa de zumbidos e a presença de recrutamento de Metzdemonstrou relação significativa nas frequências de 3.000 e 4.000 Hz bilateralmente (tabela 9).
Tabela 9. Comparação entre zumbidos bilaterais e a ocorrência do recrutamento de Metz (n = 364)
Diferenças dos reflexos | < 60 dB | > 60 dB | ||||
---|---|---|---|---|---|---|
Zumbidos | N | Sem queixa | Com queixa | Sem queixa | Com queixa | p-valor |
Direita | ||||||
500 Hz | 364 | 4 (1,8%) | 7 (5,0%) | 220 (98,2%) | 133 (95,0%) | 0,114a |
1.000 Hz | 364 | 0 (0,0%) | 3 (2,1%) | 224 (100,0%) | 137 (97,9%) | 0,056a |
2.000 Hz | 363 | 5 (2,2%) | 19 (13,6%) | 218 (97,8%) | 121 (86,4%) | < 0,001b |
3.000 Hz | 355 | 31 (14,2%) | 44 (32,1%) | 187 (85,8%) | 193 (67,9%) | < 0,001b |
4.000 Hz | 313 | 51 (26,8%) | 61 (49,6%) | 139 (73,2%) | 62 (50,4%) | < 0,001b |
Esquerda | ||||||
500 Hz | 364 | 5 (2,2%) | 6 (4,3%) | 219 (97,8%) | 134 (95,7%) | 0,347a |
1.000 Hz | 364 | 2 (0,9%) | 4 (2,9%) | 222 (99,1%) | 136 (97,1%) | 0,210a |
2.000 Hz | 364 | 13 (5,8%) | 14 (10,0%) | 211 (94,2%) | 126 (90,0%) | 0,137b |
3.000 Hz | 352 | 41 (19,0%) | 44 (32,4%) | 175 (81,0%) | 92 (67,6%) | 0,004b |
4.000 Hz | 319 | 64 (32,7%) | 65 (52,9%) | 132 (67,3%) | 58 (47,2%) | < 0,001b |
a Teste exato de Fisher. b Teste Qui-Quadrado. Os valores significativos estão destacados em negrito.
Não houve relação significante entre a faixa etária e os limiares dos reflexos estapedianos contralaterais e entre a faixa etária e a ausência do reflexo estapediano.
Houve relação significativa entre a faixa etária e a presença do recrutamento de Metz, com os reflexos em 3.000 e 4.000 Hz bilateralmente (tabela 10).
Tabela 10. Comparação entre faixa etária dos trabalhadores e a ocorrência do recrutamento de Metz
Diferenças dos reflexos | < 60 dB | > 60 dB | ||||
---|---|---|---|---|---|---|
Faixa etária | n | < 40 anos | ≥ 40 anos | < 40 anos | ≥ 40 anos | p-valor |
Direita | ||||||
500 Hz | 364 | 4 (2,5%) | 7 (3,5%) | 159 (97,6%) | 194 (96,5%) | 0,761a |
1.000 Hz | 364 | 2 (1,2%) | 1 (0,5%) | 161 (98,8%) | 200 (99,5%) | 0,589a |
2.000 Hz | 363 | 6 (3,7%) | 18 (9,0%) | 156 (96,3%) | 183 (91,0%) | 0,043a |
3.000 Hz | 355 | 24 (15,0%) | 51 (26,1%) | 136 (85,0%) | 144 (73,9%) | 0,010b |
4.000 Hz | 313 | 32 (21,9%) | 80 (47,9%) | 114 (78,1%) | 871 (52,1%) | < 0,001b |
Esquerda | ||||||
500 Hz | 364 | 5 (3,1%) | 6 (3,0%) | 158 (96,9%) | 195 (97,0%) | 1,000a |
1.000 Hz | 364 | 3 (1,8%) | 3 (1,5%) | 160 (98,2%) | 198 (98,5%) | 1,000a |
2.000 Hz | 364 | 9 (5,5%) | 18 (9,0%) | 154 (94,5%) | 183 (91,0%) | 0,214b |
3.000 Hz | 352 | 23 (14,6%) | 62 (32,0%) | 135 (85,4%) | 132 (68,0%) | < 0,001b |
4.000 Hz | 319 | 44 (29,7%) | 85 (49,7%) | 104 (70,3%) | 86 (50,3%) | < 0,001b |
a Teste Exato de Fisher. b Teste Qui-Quadrado. Os valores significativos estão destacados em negrito.
Houve relação significativa entre reflexos estapediano em 4.000 Hz e tempo de exposição ao ruído, bilateralmente (tabela 11).
Tabela 11. Comparação entre tempo de exposição a ruído e os limiares dos reflexos estapedianos contralaterais (n = 364)
Limiares dos Reflexos | < 100 dB | > 100 dB | Ausência de reflexo | ||||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Tempo de exposição | < 15 anos | > 15 anos | < 15 anos | > 15 anos | < 15 anos | > 15 anos | p-valor |
Direita | |||||||
500 Hz | 123 (90,4%) | 215 (94,3%) | 13 (9,6%) | 13 (5,7%) | - | - | 0,167b |
1.000 Hz | 126 (92,7%) | 221 (96,9%) | 10 (7,3%) | 7 (3,1%) | - | - | 0,061b |
2.000 Hz | 127 (93,4%) | 210 (92,1%) | 8 (5,9%) | 18 (7,9%) | 1 (0,7%) | 0 (0,0%) | 0,330a |
3.000 Hz | 117 (86,0%) | 178 (78,1%) | 16 (11,8%) | 44 (19,3%) | 3 (2,2%) | 6 (2,6%) | 0,160b |
4.000 Hz | 99 (72,8%) | 140 (61,4%) | 27 (19,9%) | 46 (20,2%) | 10 (7,3%) | 42 (18,4%) | 0,011b |
Esquerda | |||||||
500 Hz | 125 (91,9%) | 217 (95,2%) | 11 (8,1%) | 11 (4,8%) | - | - | 0,206b |
1.000 Hz | 126 (92,7%) | 218 (95,6%) | 10 (7,3%) | 10 (4,4%) | - | - | 0,230b |
2.000 Hz | 129 (94,9%) | 208 (91,2%) | 7 (5,1%) | 20 (8,8%) | - | - | 0,202b |
3.000 Hz | 118 (86,8%) | 179 (78,5%) | 17 (12,5%) | 38 (16,7%) | 1 (0,7%) | 11 (4,8%) | 0,049b |
4.000 Hz | 93 (68,4%) | 133 (58,3%) | 35 (25,7%) | 58 (25,5%) | 8 (5,9%) | 37 (16,2%) | 0,013b |
a Teste exato de Fisher. b Teste Qui-Quadrado. Os valores significativos estão destacados em negrito.
Houve relação significativa entre o recrutamento de Metz e mais de 15 anos de exposição, assim como entre a ausência de recrutamento e 15 ou menos anos de exposição, em 3.000 e 4.000 Hz, de ambos os lados (tabela 12).
Tabela 12. Comparação entre o tempo de exposição dos trabalhadores a ruído e a ocorrência do recrutamento de Metz
Diferenças dos reflexos | < 60 dB | > 60 dB | ||||
---|---|---|---|---|---|---|
Tempo de exposição | n | < 15 anos | > 15 anos | < 15 anos | > 15 anos | p-valor |
Direita | ||||||
500 Hz | 364 | 4 (2,9%) | 7 (3,1%) | 132 (97,1%) | 221 (96,9%) | 1,000a |
1.000 Hz | 364 | 2 (1,5%) | 1 (0,4%) | 134 (98,5%) | 227 (99,6%) | 0,559a |
2.000 Hz | 363 | 7 (5,2%) | 17 (7,5%) | 128 (94,8%) | 211 (92,5%) | 0,400b |
3.000 Hz | 355 | 20 (15,0%) | 55 (24,8%) | 113 (85,0%) | 167 (75,2%) | 0,030b |
4.000 Hz | 313 | 26 (20,6%) | 86 (46,0%) | 100 (79,4%) | 101 (54,0%) | < 0,001b |
Esquerda | ||||||
500 Hz | 364 | 5 (3,7%) | 6 (2,6%) | 131 (96,3%) | 222 (97,4%) | 0,753a |
1.000 Hz | 364 | 2 (1,5%) | 4 (1,7%) | 134 (98,5%) | 224 (98,3%) | 1,000a |
2.000 Hz | 364 | 9 (6,6%) | 18 (7,9%) | 127 (93,4%) | 210 (92,1%) | 0,653b |
3.000 Hz | 352 | 22 (16,3%) | 63 (29,0%) | 113 (83,7%) | 154 (71,0%) | 0,009b |
4.000 Hz | 319 | 42 (32,8%) | 87 (45,6%) | 86 (67,2%) | 104 (54,4%) | 0,023b |
a Teste Exato de Fisher. b Teste Qui-Quadrado. Os valores significativos estão destacados em negrito.
Foi feita a análise das correlações entre faixas etárias e tempos de exposição e os resultados foram significativos em todas as frequências e médias (coeficiente de correlação de Spearman, p > 0,05; n = 188).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 10% da população mundial é expostas a níveis de pressão sonora que podem potencialmente levar a perda auditiva induzida pelo ruído e a considera um problema de saúde pública e há dados nos Estados Unidos da América de que a PAIR é a doença ocupacional mais comum.9
A revisão da literatura específica, tanto nas buscas pelo PubMed quanto pelo Scopus, não mostra trabalhos semelhantes, comparando queixas auditivas com reflexo estapediano e recrutamento de Metz em trabalhadores com perda auditiva induzida pelo ruído.10 - 12 A partir dessa fato atenta-se para a importância dos dados apresentados no trabalho, porém fica difícil o confronto dessas informações com a literatura médica de outros países do mundo.
A análise comparativa entre a queixa de dificuldade para reconhecer a fala e as diferenças entre os limiares dos reflexos estapedianos e dos audiométricos tonais mostrou que a presença do recrutamento de Metz (diferença menor que 65 dB) foi significante entre os queixosos em 2.000 Hz, 3.000 Hz e 4.000 Hz, bilateralmente e em 500 Hz da aferência direita (tabela 6). Segundo Costa et al., a dificuldade de reconhecimento de fala nos pacientes com perda auditiva induzida pelo ruído é mais consistente e pronunciada quando a audiometria de fala para monossílabos é testada com mascaramento por fala competitiva.10
A relação entre a queixa de perda auditiva e os limiares dos reflexos estapedianos só foi significativa para a ausência de queixa e os reflexos iguais ou menores que 100 dB em 4.000 Hz, à direita e em 2.000 Hz, à esquerda.
Só houve relação significativa entre a ausência de queixa de perda auditiva e limiares dos reflexos iguais ou menores que 100 dB em 4.000 Hz, à direita (p = 0,032) e em 2.000 Hz, à esquerda (p = 0,045).
Só houve relação significativa entre a presença de queixa de perda auditiva e limiares dos reflexos acima de 100 dB em 2.000 Hz, à esquerda e entre presença da queixa e ausência do reflexo estapediano em 4.000 Hz, à direita (p = 0,032).
Em ambas as situações, houve uma tendência levemente significante (p = 0,045 e 0,032; respectivamente). Em todas as demais situações, não houve relação significativa entre a queixa de perda auditiva e os limiares dos reflexos estapedianos contralaterais (tabela 4).
A relação entre a queixa de perda auditiva e a presença do recrutamento de Metz foi significante em todas as apresentações, exceto em 500 Hz, na aferência esquerda, mesmo assim, com uma tendência levemente significante (p = 0,068) (tabela 5). O recrutamento de Metz teve relação ainda com idade acima de 40 anos e tempo de exposição acima de 16 anos.
Pela análise dos resultados pode-se destacar que houve relação significativa entre as queixas de perda auditiva, dificuldades para reconhecer a fala, irritação com sons intensos, zumbidos, faixa etária, tempo de exposição e a ocorrência de recrutamento de Metz, em 3.000 e 4.000 Hz, bilateralmente. Apesar da relação estatística não se pode concluir sobre alguma relação de causa efeito dessas variáveis.
A comparação entre irritação com sons intensos e os valores absolutos dos limiares dos reflexos estapedianos contralaterais não demonstrou significância, em todas as apresentações, exceto em 1.000 Hz da aferência direita (p = 0,048) (tabela 7).
A comparação entre irritação com sons intensos e a ocorrência de recrutamento de Metz mostrou significância com os reflexos em 3.000 e 4.000 Hz, bilateralmente (tabela 8).
A comparação entre a queixa de zumbidos bilaterais e os valores absolutos dos limiares dos reflexos estapedianos contralaterais não demonstrou relação significativa em todas as frequências, de ambos os lados. Não houve, também, relação significativa entre a queixa de zumbidos e a ausência de reflexos estapedianos.
A comparação entre a queixa de zumbidos e a presença de recrutamento de Metzdemonstrou relação significativa nas frequências de 3.000 e 4.000 Hz, bilateralmente e em 2.000 Hz, na aferência direita (tabela 9).
Não houve relação significante entre o fato dos sujeitos estarem abaixo ou acima dos 40 anos de idade e os limiares dos reflexos estapedianos contralaterais, em todas as frequências e de ambos os lados. Não houve, também, relação significante entre a faixa etária dos sujeitos e a ausência do reflexo estapediano.
Houve relação significativa entre a faixa etária e a presença do recrutamento de Metz, com os reflexos em 2.000, 3.000 e 4.000 Hz da aferência direita e em 3.000 e 4.000 Hz da aferência esquerda (tabela 10).
Houve relação significativa entre reflexos iguais ou abaixo de 100 dB e sujeitos com 15 anos ou menos de exposição, em 4.000 Hz, bilateralmente. Houve, também, relação significativa entre ausência de reflexo estapediano e mais de 15 anos de exposição, em 4.000 Hz, bilateralmente (tabela 11).
Houve relação significativa entre o recrutamento de Metz e mais de 15 anos de exposição, assim como entre a ausência de recrutamento e 15 ou menos anos de exposição, em 3.000 e 4.000 Hz, de ambos os lados (tabela 12).
A evolução tem programado os seres humanos para estar ciente de sons como possíveis fontes de perigo.13 O ruído pode ser considerado como um som indesejável que se em níveis elevados e após uma exposição prolongada pode levar a problemas de saúde auditivos e não auditivos.
A perda auditiva induzida pelo ruído continua a ser altamente prevalente no ambiente de trabalho, mas é cada vez mais causada por exposição aos ruídos sociais presentes na nossa vida cotidiana, por exemplo, uso de aparelhos sonoros digitais.9 , 14
A exposição aos ruídos ocupacionais ou não está cada vez mais relacionada a problemas de saúde auditivos (perda auditiva, zumbido, dificuldade de entendimento de fala e hiperacusia) e não auditivos (irritação, distúrbios do sono doenças cardiovasculares, e diminuição da capacidade cognitiva em crianças).15 - 19
Nos últimos cinco anos, vários estudos e avanços melhoraram a compreensão das causas e fatores da susceptibilidade à perda auditiva induzida por ruído. Um conceito amplamente aceito é que a PAIR resulta da interação de fatores genéticos e ambientais.20 , 21
O entendimento dos mecanismos fisiopatológicos envolvendo células ciliadas e danos no nervo auditivo tem aumentado substancialmente e várias orientações terapêuticas têm sido recentemente exploradas. Medicamentos orais para proteger contra a perda auditiva induzida por ruído deverão tornar-se disponível nos próximos anos.9 , 22 - 24
Não houve relação significativa entre os valores absolutos dos limiares dos reflexos estapedianos e as queixas de perda auditiva, irritação com sons intensos, zumbidos e faixa etária.
Pode-se destacar a relação significativa entre as queixas de perda auditiva, dificuldades para reconhecer a fala, irritação com sons intensos, zumbidos, faixa etária (acima dos 40 anos), tempo de exposição (maior que 15 anos) e a ocorrência de recrutamento de Metz, em 3.000 e 4.000 Hz, bilateralmente. Não se pode concluir sobre a relação de causa e efeito dessas variáveis.