versão impressa ISSN 0066-782Xversão On-line ISSN 1678-4170
Arq. Bras. Cardiol. vol.113 no.6 São Paulo dez. 2019 Epub 02-Dez-2019
https://doi.org/10.36660/abc.20190685
Esta edição dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia traz um artigo intitulado “Utilidade do Nível de NT-Pro-BNP no Plasma à Internação em Predizer a Formação de Aneurisma do Ventrículo Esquerdo após Infarto Agudo do Miocárdio com Elevação do Segmento ST”.1 Os autores trazem uma coorte de 1.519 pacientes com infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST) que foram acompanhados por pelo menos seis meses.
Apesar de seu desenho observacional e retrógrado, os autores foram diretos na busca de variáveis preditivas que pudessem prever a ocorrência de aneurismas do ventrículo esquerdo (AVE). Entre outros aspectos clínicos importantes, como revascularização do miocárdio prévia, insuficiência cardíaca pós-IM, idade mais jovem, tabagismo e fenômeno de no-reflow, os autores destacaram a importância de níveis altos de NT-proBNP na hospitalização como preditor da formação de AVE após IAMCSST.
Eu gostaria de destacar um ponto fraco e um aspecto potencialmente positivo do trabalho deles.
O ponto fraco é que um AVE nunca será diagnosticado pelo nível de NT-Pro-BNP e sempre será encontrado, confirmado e /ou acompanhado por um teste de imagem (eco, RM cardíaca, etc.). O NT-ProBNP geralmente identifica de maneira confiável os pacientes mais doentes ou mais congestionados, seja na insuficiência cardíaca aguda2 ou crônica,3 ou mesmo na ausência da insuficiência cardíaca.4
O potencial positivo foi, curiosamente, o que os autores consideraram sua limitação: o fato de que os valores de NT-ProBNP foram coletados à hospitalização. Apresentar um alto nível de peptídeo natriurético na hospitalização de um paciente com IAMCSST pode ser uma variável preditiva de um evento clínico, como a formação de AVE, em seis meses. Estavam lá, na seção “Limitações”, as melhores e mais clinicamente relevantes informações.