Compartilhar

Nursing practice environment in intensive care units

Nursing practice environment in intensive care units

Autores:

Francino Machado de Azevedo Filho,
Maria Cristina Soares Rodrigues,
Jeannie P. Cimiotti

ARTIGO ORIGINAL

Acta Paulista de Enfermagem

Print version ISSN 0103-2100On-line version ISSN 1982-0194

Acta paul. enferm. vol.31 no.2 São Paulo Mar./Apr. 2018 Epub July 06, 2018

http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201800031

Resumen

Objetivo

Analizar el ambiente de la práctica de enfermería en unidades de terapia intensiva.

Métodos

Estudio descriptivo, de abordaje cuantitativo, realizado con 209 profesionales de enfermería de tres hospitales de enseñanza brasileños. El ambiente de la práctica de enfermería fue evaluado utilizándose la Practice Environment Scale. Datos analizados descriptivamente, asumiéndose nivel de significatividad de 5% (p<0,05). Se utilizó coeficiente Alfa de Cronbach para examinar la consistencia interna de los constructos.

Resultados

Los profesionales de enfermería consideran desfavorables cuatro de las cinco dimensiones del ambiente de la práctica profesional: participación de enfermeros en discusión de asuntos hospitalarios; fundamentos de enfermería orientados a calidad del cuidado; habilidad, liderazgo y soporte de coordinadores/supervisores de enfermería a los enfermeros/equipo de enfermería; y adecuación del equipo y de recursos. Solamente la dimensión relaciones entre profesionales de enfermería y médicos mostró evaluación positiva. Los enfermeros reconocieron más sólidamente atributos desfavorables en el ambiente de práctica que los auxiliares de enfermería.

Conclusión

El ambiente se mostró desfavorable para la práctica de los profesionales de enfermería. Son necesarios esfuerzos para que el ambiente de práctica sea más atractivo para los profesionales de enfermería, estimulando así mejoras en calidad y seguridad de la atención brindada.

Palabras-clave: Enfermería de cuidados críticos; Ambiente de trabajo; Unidades de cuidados intensivos

Introdução

Constantemente, os sistemas de saúde em todo o mundo são desafiados a responder as necessidades de saúde das comunidades frente as restrições orçamentárias que limitam o potencial das estruturas e afetam as condições de prática dos professionais.1,2Porém, é cada vez mais evidente que tais condições influenciam a capacidade dos profissionais em fornecer cuidados com qualidade e segurança, especialmente da equipe de enfermagem, pois permanece maior tempo nos ambientes assistenciais e interage mais fortemente com a estrutura e a cultura das organizações.3

O ambiente da prática de enfermagem tem sido entendido como as características organizacionais de um contexto de trabalho que facilitam ou dificultam a atuação dos profissionais. Em síntese, é a soma de recursos materiais, de pessoal, clima organizacional e todos os demais elementos que afetam direta e/ou indiretamente o cuidado prestado ao paciente.4

No Brasil, a avaliação do ambiente da prática de enfermagem foi impulsionada nos últimos anos utilizando predominantemente o Nursing Work Index (NWI).5 Este instrumento foi desenvolvido na década de 1980, com o objetivo de descrever as características organizacionais dos hospitais atrativos para a enfermagem. Em 2002, o instrumento foi reformulado dando origem a Practice Environment Scale (PES), sendo este um construto robusto, fundamentado em teorias sociológicas das organizações e do trabalho, capaz de captar informações sobre o ambiente da prática de enfermagem.4

Dada a robustez, validade interna e evidência agregada ao corpo de conhecimentos da enfermagem, o uso da PES tem sido recomendada e difundida com medida preferencial do ambiente da prática de enfermagem pelo Fórum de Qualidade Nacional (NQF) dos Estados Unidos da América (EUA) e como indicador de efetividade do cuidado de enfermagem nos protocolos de acreditação da Joint Commission.6 Entretanto, no Brasil, seu uso ainda é limitado, pois, em revisão à literatura foi encontrado apenas um estudo brasileiro com uso da escala PES.7

Estudos internacionais têm mostrado forte impacto do ambiente da prática de enfermagem sobre os indicadores do cuidado de enfermagem.8,9 Nesta perspectiva, considerando a UTI um cenário de alta complexidade, dinâmico e com múltiplas intervenções voltadas à recuperação de pacientes com limitada capacidade fisiológica,10 o papel da equipe de enfermagem é fundamental para o sucesso da hospitalização e recuperação do paciente. Em vista disso, questiona-se: quais são as características do ambiente da prática de enfermagem em UTIs a partir da Practice Environment Scale?

Esse estudo se justifica pela relevância de se reconhecer características de ambientes da prática da enfermagem em UTI a partir de um instrumento válido, reconhecido e difundido mundialmente. A escala PES tem se mostrado como uma ferramenta fundamental no processo de gestão de tomadores de decisão em saúde, no planejamento estratégico com foco na força de trabalho da enfermagem, para o subsídio de ações de melhorias do desempenho profissional e organizacional.

O objetivo deste estudo foi analisar o ambiente da prática de enfermagem em unidades de terapia intensiva.

Métodos

Estudo descritivo, de abordagem quantitativa, realizado em quatro UTIs de hospitais de ensino do Distrito Federal, Brasil.

A amostra foi composta por enfermeiros e técnicos de enfermagem que atuavam na assistência direta a pacientes. Foram excluídos profissionais em gozo de férias e/ou afastamentos e gestores, pois estes não fornecem assistência direta ao paciente.

A coleta de dados ocorreu no período de setembro de 2016 a março de 2017, por meio da aplicação de questionários semiestruturados e análise documental. Foram entregues 245 questionários, e a taxa de respondentes foi de 85% (209 participantes). Os questionários eram compostos por duas partes, a primeira continha informações sociodemográficas e a segunda itens da escala PES-NWI.

As variáreis sociodemográficas questionadas foram: idade, sexo, estado civil, categoria profissional, tempo de formado, tempo de trabalho na instituição, tempo de experiência em UTI, quantidade de vínculos empregatícios, realização de horas extras, média mensal de horas extras, carga horária de trabalho semanal e modalidade da UTI de trabalho. A segunda parte era composta pela avaliação do ambiente da prática de enfermagem por meio da escala PES. A PES é uma escala do tipo Likert, criada por enfermeiras norte americanas, a partir do Nursing Work Index, com o objetivo de medir características do ambiente de trabalho, é composta por trinta e um itens e as respostas podem variar de 1 a 4 (1=discordo plenamente, 2=discordo, 3=concordo e 4=concordo plenamente).4

A PES está organizada em cinco dimensões; 1) participação dos enfermeiros na discussão dos assuntos hospitalares (nove itens), que revela o papel participativo e a valorização dos profissionais de enfermagem; envolve a progressão na carreira e a oportunidade de participar de instâncias decisórias; 2) fundamentos de enfermagem voltados para a qualidade do cuidado (dez itens), o qual enfatiza os fundamentos de enfermagem para um alto padrão de cuidado ao paciente, sustentado por modelo assistencial próprio da enfermagem; 3) habilidade, liderança e suporte dos coordenadores/supervisores de enfermagem aos enfermeiros/equipe de enfermagem (cinco itens), com foco no papel do gestor de enfermagem e suas habilidades para gestão, liderança e suporte a equipe; 4) adequação da equipe e de recursos (quatro itens), que se refere à disponibilidade de recursos materiais e humanos para prover cuidados de qualidade ao paciente; 5) relações colegiais entre profissionais de enfermagem e médicos (três itens), descreve a relação entre os profissionais de enfermagem e médicos.

Cada uma das cinco dimensões é calculada a partir da média aritmética dos itens correspondentes. O ambiente da prática de enfermagem por sua vez, é a média aritmética de todos os 31 itens. Escores superiores a 2,5 são definidos como favoráveis à prática de enfermagem.11

O instrumento PES foi validado à realidade brasileira tendo apresentado os seguintes valores de consistência interna: participação dos enfermeiros na discussão dos assuntos hospitalares (0,87), fundamentos de enfermagem voltados para qualidade do cuidado (0,83), habilidade, liderança e suporte dos coordenadores/supervisores de enfermagem aos enfermeiros/equipe de enfermagem (0,87), adequação da equipe e de recursos (0,83), e relações colegiais entre enfermeiros e médicos (0,76).7

A análise documental ocorreu diariamente (45 dias por unidade) e concomitante a aplicação dos questionários, através da verificação dos registros de presença, escalas de trabalho e dimensionamento, com a finalidade de estabelecer a taxa de pacientes por profissional de enfermagem. Os valores diários deram origem a taxa média de pacientes por enfermeiros e técnicos.

Foi utilizado o coeficiente Alpha de Cronbach para examinar a consistência interna da escala PES. Os valores do teste podem variar entre 0 e 1, sendo que, valores entre 0,61 e 0,80 refletem confiabilidade substancial e escores superiores a 0,80 consistência muito boa.12

Os dados coletados foram analisados descritivamente através do Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), version 24. A normalidade dos dados foi testada através do teste de Kolmogorov-Smirnov. Para as variáveis contínuas calculou-se média e desvio-padrão, e quando indicado mediana. Para as variáveis categóricas utilizou-se frequências absoluta e relativa. Para testar as diferenças na avaliação do ambiente da prática de enfermagem e a categoria profissional foram utilizados os testes de Mann-Whitney (comparar medianas entre os grupos) e Qui-quadrado (comparar as proporções entre os grupos). Adotou-se o nível de significância de 5% (p-value < 0,05).

O estudo foi aprovado pela Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (FEPECS) CAAE: 52389415.0.0000.5553. As informações foram coletadas após a leitura e anuência dos participantes com assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido sendo garantida desistência aos participantes a qualquer momento

Resultados

Participaram do estudo 209 profissionais de enfermagem das quatro UTIs envolvidas na pesquisa, sendo 51(24,4%) enfermeiros e 158(75,6%) técnicos de enfermagem. A idade média foi de 36,2 (DP=8,54) anos, 73,2% eram do sexo feminino e 60,3% trabalhavam em UTIs especializadas. Na tabela 1, são detalhadas as características dos participantes.

Tabela 1 Caracterização dos participantes 

Variáveis n(%) Média (DP)
Idade 36,20(±8,54)
Feminino 153(73,20)
Anos de formado 11,90(±7,13)
Tempo de trabalho na instituição (em anos) 5,80(±6,40)
Anos de experiência profissional em UTI 4,90(±5,84)
Carga horária de trabalho semanal 42,90(±15,13)
Estado Civil
Solteiro 118(56,50)
Casado 91(43,50)
Categoria Profissional
Enfermeiro 51(24,40)
Técnico de Enfermagem 158(75,60)
Média paciente por profissional
Enfermeiro 7(±2,21)
Técnico de Enfermagem 2(0)
Vínculos Empregatícios
1 (um) 137(65,60)
2 (dois) ou mais 72(34,40)
Modalidade da UTI em que trabalha
Especializada 126(60,30)
Geral 83(39,70)
Horas extras 76(36,40)
Média de horas extras realizadas 39,8(±25,89)

Na tabela 2 são apresentadas os escores médios e medianas das dimensões e a composição ambiente da prática de enfermagem. Técnicos de enfermagem apresentaram medianas estatisticamente maiores do que enfermeiros para as variáveis; fundamentos de enfermagem voltados para qualidade do cuidado, relações colegiais entre profissionais de enfermagem e médicos e composição ambiente da prática de enfermagem.

Tabela 2 O ambiente da prática de enfermagem de acordo com a categoria profissional 

Dimensões Geral Enfermeiro Técnico de Enfermagem p-value*
Mediana Média (DP) Mediana Média (DP) Mediana Média (DP)
Participação dos enfermeiros na discussão dos assuntos hospitalares 2,00 2,06 (±0,57) 2,11 2,06 (±0,47) 2,00 2,06 (±0,59) 0,93
Fundamentos de enfermagem voltados para qualidade do cuidado 2,40 2,38 (±0,53) 2,10 2,13 (±0,36) 2,47 2,47 (±0,56) ≤0,01
Habilidade, liderança e suporte dos coordenadores/supervisores de enfermagem aos enfermeiros e equipe de enfermagem 2,40 2,42 (±0,62) 2,40 2,32 (±0,58) 2,40 2,46 (±0,63) 0,28
Adequação da equipe e de recursos 1,75 1,86 (±0,65) 1,75 1,76 (±0,58) 1,75 1,89 (±0,66) 0,31
Relações colegiais entre profissionais de enfermagem e médicos 3,00 2,88 (±0,59) 2,67 2,68 (±0,53) 3,00 2,94 (±0,60) ≤0,01
Composição: Ambiente da prática de enfermagem 2,25 2,27 (± 0,47) 2,10 2,15 (±0,36) 2,29 2,32 (±0,49) 0,05

* Teste de Mann-Whitney / Nivel de significancia estatistica p ≤ 0,05

Os dados revelam que 76,1% de todos os profissionais de enfermagem percebem seu ambiente de prática profissional como desfavorável, sendo esta percepção mais acentuada entre enfermeiros. A variável adequação da equipe e recursos foi percebida como desfavorável para mais de 85% dos participantes, ao passo que mais de 55% dos profissionais reconhecem que as relações entre médicos e enfermeiros são favoráveis. A avalição da consistência interna das medidas, através do Alfa de Cronbach, mostrou escores substanciais para todas as dimensões e valores robustos para a composição global (Tabela 3).

Tabela 3 Classificação do ambiente de trabalho entre as categorias profissionais 

Dimensões Alfa de Cronbach Enfermeiro n(%) Técnico de Enfermagem n(%) p-value*
Participação dos enfermeiros na discussão dos assuntos hospitalares 0,78
Favorável 6(11,80) 30(19,00) 0,23
Desfavorável 45(88,20) 128(81,00)
Fundamentos de enfermagem voltados para qualidade do cuidado 0,76
Favorável 3(5,90) 61(38,60) ≤0,01
Desfavorável 48(94,10) 97(61,40)
Habilidade, liderança e suporte dos coordenadores/supervisores de enfermagem aos enfermeiros e equipe de enfermagem 0,70
Favorável 13(25,50) 59(37,30) 0,12
Desfavorável 38(74,50) 99(62,70)
Adequação da equipe e de recursos 0,75
Favorável 5(9,80) 23(14,60) 0,39
Desfavorável 46(90,20) 135(85,40)
Relações colegiais entre profissionais de enfermagem e médicos 0,70
Favorável 29(56,90) 122(77,20) ≤0,01
Desfavorável 22(43,10) 36(22,80)
Composição: Ambiente da prática de enfermagem 0,90
Favorável 8(15,70) 42(26,60) 0,11
Desfavorável 43(84,30) 116(73,40)

* Teste Qui-Quadrado / Nivel de significancia estatistica p ≤ 0,05

Discussão

O ambiente da prática de enfermagem envolve múltiplas dimensões e mantê-las favoráveis é importante para o trabalho dos profissionais de enfermagem. Nos últimos anos, a avaliação do ambiente da prática de enfermagem tornou-se mandatória por agências reguladoras e certificadoras de qualidade em diversas partes do mundo. No Brasil, as informações sobre esta temática ainda são limitadas, portanto, analisá-la pode subsidiar a gestão de pessoas e os processos assistenciais de enfermagem.

Nós analisamos as características do ambiente da prática de enfermagem a partir da avaliação de profissionais de enfermagem que provém cuidado aos pacientes em UTIs. Nossos achados revelaram que o ambiente da prática de enfermagem nas UTIs era desfavorável. Estudo brasileiro prévio, que utilizou o mesmo instrumento para analisar as características do ambiente de prática, realizado em dois hospitais (um público e um privado), revelou que enfermeiros reconhecem no seu ambiente de trabalho os atributos necessários para sua prática profissional.7 Semelhantemente, outra investigação a partir do instrumento Nursing Work Index (NWI) encontrou resultados positivos para o ambiente da prática de enfermagem.10 Nas pesquisas citadas anteriormente, as diferenças relacionados à modalidade dos hospitais e contrato de trabalho dos profissionais podem explicar as variações entre os achados.

O ambiente da prática de enfermagem exerce grande influência sobre a capacidade, desempenho e o engajamento dos profissionais de enfermagem para com a prestação dos cuidados.13,14 Ambientes desfavoráveis para a prática de enfermagem têm sido associados a piores resultados assistenciais, tais como, aumento da mortalidade, elevação das taxas de infecção e diminuição da satisfação entre pacientes e familiares.15-17 Estudos anteriores também mostram relação entre ambientes desfavoráveis e a exaustão emocional e o menor desejo de permanecer no emprego.18,19

Considerando a UTI como unidade especializada, que provê cuidado a pacientes graves e instáveis, e que exige profissionais de enfermagem com alto preparo técnico permanentemente, a baixa retenção destes profissionais além de comprometer os resultados institucionais tende a elevar os custos operacionais.20,21

A análise comparativa do ambiente da prática de enfermagem entre as categorias profissionais mostrou que a percepção desfavorável foi proporcionalmente maior entre enfermeiros. Considerando que no contexto atual tem-se demandado mais responsabilidade aos enfermeiros, cabendo-lhes exclusivamente desde os procedimentos técnicos mais complexos até a liderança e a tomada de decisão no processo de cuidar em UTI, tal achado é preocupado e pode comprometer a assistência de enfermagem prestada, ao mesmo tempo que reforça a necessidade de reorganização dos processos de trabalho.22,23

Nossos achados mostram ainda que o dimensionamento de enfermagem praticado nas unidades investigadas está adequado aos regulamentos governamentais. Sendo assim, considerando os baixos resultados da variável adequação da equipe e de recursos, tal normatização parece insuficiente às demandas de trabalho da enfermagem.24 Embora não tenha sido diretamente testado neste estudo a relação entre o dimensionamento de pessoal com a percepção sobre as condições do ambiente da prática de enfermagem, nossos resultados sugerem tal associação, conforme já foi demonstrado em outros estudos.25,26

Ademais, a variável relações colegiais entre profissionais de enfermagem e médicos, que historicamente tem sido descrita como conflituosa e competitiva, foi a única variável do ambiente de trabalho com avaliação positiva, sugerindo que os profissionais atuam em colaboração. Estudo prévio mostra que equipes assistenciais colaborativas (enfermagem-medicina) aumentam a segurança do paciente, qualidade do cuidado, além de melhorar o vigor e a dedicação dos profissionais de enfermagem.27

Conjuntamente, nossos achados precisam ser interpretados com cautela, visto que nossa amostra está limitada a quatro unidades, restrita a UTIs públicas e os dados foram colhidos durante a jornada de trabalho, o que pode influenciar no padrão de respostas dos participantes. Além disso, esse é o primeiro estudo publicado no Brasil com uso da Practice Environment Scale, e fornece um cenário das condições sem abordar as inter-relações causais e fatores determinantes à condição investigada. Apesar disso, os índices de consistência interna são relevantes e a alta taxa de participação dos profissionais trazem robustez aos resultados.

Recomendamos considerar esses achados para unidades de cuidados críticos de países em desenvolvimento e com sistemas universais de saúde implantado ou em implantação. Adicionalmente, sugerimos maiores investimentos no ambiente da prática de enfermagem em UTI e a realização de estudos que examinem a associação entre o ambiente de trabalho e indicadores assistenciais e profissionais, bem como pesquisas que aprofundem o entendimento sobre o papel do dimensionamento de pessoal de enfermagem sobre a percepção do ambiente da prática profissional.

Conclusão

O ambiente da prática de enfermagem nas UTIs investigadas foi desfavorável, embora consensual entre a equipe de enfermagem, tal avaliação é mais acentuada entre enfermeiros. A dimensão relações colegiais entre profissionais de enfermagem e médicos mostrou-se favorável, enquanto adequação da equipe e recursos foi altamente desfavorável. Administradores, gestores, tomadores de decisão em saúde devem considerar investimentos no ambiente da prática de enfermagem de forma a garantir adequadas condições para a prática profissional, qualidade e segurança na assistência.

REFERÊNCIAS

1. Basu S, Andrews J, Kishore S, Panjabi R, Stuckler D. Comparative performance of private and public healthcare systems in low- and middle-income countries: a systematic review. PLOS Med. 2012;9(6):e1001244.
2. Stuckler D, Basu S, Wang SW, McKee M. Does recession reduce global health aid? Evidence from 15 high-income countries, 1975–2007. Bull World Health Org. 2011;89(4):252-7.
3. Vermeeren B, Steijn B, Tummers L, Lankhaar M, Poerstamper R-J, van Beek S. HRM and its effect on employee, organizational and financial outcomes in health care organizations. Hum Res Health. 2014;12:35-44.
4. Lake ET. Development of the practice environment scale of the Nursing Work Index. Res Nurs Health. 2002;25(3):176-88.
5. Marcelino CF, Alves DF, Gasparino RC, Guirardello EB. Validation of the Nursing Work Index-Revised among nursing aides and technicians. Acta Paul Enferm. 2014;27(4):305-10.
6. Warshawsky NE, Havens DS. Global use of the Practice Environment Scale of the Nursing Work Index. Nursing Research. 2011;60(1):17-31.
7. Gasparino RC, Guirardello EB. Validation of the Practice Environment Scale to the Brazilian culture. J Nurs Manag. 2017;25(5):375-83.
8. Aiken LH, Sloane DM, Ball J, Bruyneel L, Rafferty AM, Griffiths P. Patient satisfaction with hospital care and nurses in England: an observational study. BMJ Open. 2018;8(1):e019189.
9. Aiken LH, Sloane D, Griffiths P, Rafferty AM, Bruyneel L, McHugh M, et al. Nursing skill mix in European hospitals: cross-sectional study of the association with mortality, patient ratings, and quality of care. BMJ Qual Saf. 2017;26(7):559-68.
10. Backes MT, Erdmann AL, Büscher A. The living, dynamic and complex environment care in intensive care unit. Rev Lat Am Enfermagem. 2015;23(3):411-8.
11. Friese CR, Lake ET, Aiken LH, Silber JH, Sochalski J. Hospital nurse environment and outcomes for surgical oncology patients. Health Serv Res. 2008;46(4):1145-63.
12. Landis JR, Koch GG. The measurement of observer agreement for categorical data. Biometrics. 1977;33(1):159-74.
13. Mauricio LF, Okuno MF, Campanharo CR, Lopes MC, Belasco AG, Batista RE. Professional nursing practice in critical units: assessment of work environment characteristics. Rev Lat Am Enfermagem. 2017;25:e2854.
14. Bargagliotti LA. Work engagement in nursing: a concept analysis. J Adv Nurs. 2012;68(6):1414-28.
15. Kelly D, Kutney-Lee A, Lake ET, Aiken LH. The critical care work environment and nurse-reported health care-associated infections. Am J Crit Care. 2013;22(6):482-8.
16. Kelly DM, Kutney-Lee A, McHugh MD, Sloane DM, Aiken LH. Impact of critical care nursing on 30-day mortality of mechanically ventilated older adults. Crit Care Med. 2014; 42(5):1089-95.
17. Costa DK, Yang JJ, Manojlovich M. The critical care nurse work environment, physician staffing, and risk for ventilator-associated pneumonia. Am J Infect Control. 2017;44(10):1181-3.
18. Panunto MR, Guirardello EB. Professional nursing practice: environment and emotional exhaustion among intensive care nurses. Rev Lat Am Enfermagem. 2013;21(3):765-72.
19. Nantsupawat A, Kunaviktikul W, Nantsupawat R, Wichaikhum OA, Thienthong H, Poghosyan L. Effects of nurse work environment on job dissatisfaction, burnout, intention to leave. Int Nurs Rev. 2017;64(1):91-8.
20. Li Y, Jones CB. A literature review of nursing turnover costs. J Nurs Manag. 2013;21(3):405-418.
21. Araujo TR, Menegueti MG, Auxiliadora-Martins M, Castilho V, Chaves LD, Laus AM. Financial impact of nursing professionals staff required in an intensive care unit. Rev Lat Am Enfermagem. 2016;24:e2818.
22. Martin B, Koesel N. Nurses’ role in clarifying goals in the intensive care unit. Crit Care Nurse. 2010;30(3):64-73.
23. Lorenzetti J, Oro J, Matos E, Gelbcke FL. Work organization in hospital nursing: literature review approach. Texto Contexto Enferm. 2014;23:1104-12.
24. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). RDC No. 7 of February 24, 2010. Provides for the Minimum Requirements for the Operation of Intensive Care Units and other measures. National Agency of Sanitary Surveillance [Internet]. Brasília (DF): ANVISA: 2010 [citado 2018 Fev 15]; Disponível em: .
25. McHugh MD, Rochman MF, Sloane DM, Berg RA, Mancini ME, Nadkarni VM, et al. Better nurse staffing and nurse work environments associated with increased survival of in-hospital cardiac arrest patients. Med Care. 2016;54(1):74-80.
26. Cho E, Chin DL, Kim S, Hong O. The relationships of nurse staffing level and work environment with patient adverse events. J Nurs Scholarsh. 2016;48(1):74-82.
27. Van Bogaert P, van Heusden D, Timmermans O, Franck E. Nurse work engagement impacts job outcome and nurse-assessed quality of care: model testing with nurse practice environment and nurse work characteristics as predictors. Front Psychol. 2014;5:1261. doi: 10.3389/fpsyg.2014.01261