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O campo de observação em pesquisa sobre a experiência familiar de cuidado

O campo de observação em pesquisa sobre a experiência familiar de cuidado

Autores:

Paula Renata Miranda dos Santos,
Laura Filomena Santos de Araujo,
Roseney Bellato

ARTIGO ORIGINAL

Escola Anna Nery

versão impressa ISSN 1414-8145versão On-line ISSN 2177-9465

Esc. Anna Nery vol.20 no.3 Rio de Janeiro 2016 Epub 14-Jun-2016

http://dx.doi.org/10.5935/1414-8145.20160055

RESUMEN

Introducción:

Este estudio tematiza el buceo del pesquisidor en "campo de observación", refletando su cobertura y pertinencia.

Objetivo:

Comprehender las potencialidades del campo de observación en pesquisa comprehensiva que abordó experiencia familiar de vida y cuidado.

Métodos:

Abarcó composición del corpus de análisis de Disertación de Master y analizó registros de pesquisidoras sobre el campo de observación, compilado en Diario de Pesquisa.

Resultados:

Se evidenció la importancia de abertura del pesquisidor a las descubiertas del cotidiano familiar, siendo afectado y dando sentido aquello que él vivencia. El observable prescinde ser notado por medio de sentidos apurados al longo del tiempo en campo; concomitante a entrevista, la complementa para además del dicho.

Conclusión:

La singularidad de percepciones, vivenciadas en campo de observación por cada pesquisidor, amplia las posibilidades de comprehender el contexto y matizar de significados de experiencia familiar, dando forma al corpus del estudio.

Palabras clave: Observación; Investigación Cualitativa; Investigación en Enfermería

INTRODUÇÃO

Este estudo tematiza a observação como estratégia importante de recolher informações em pesquisa, tendo como ponto de partida algumas orientações gerais e formais sobre a mesma, na perspectiva qualitativa. Tem ainda como base o percurso metodológico do "campo de observação" em estudo que buscou compreender a experiência familiar de vida e cuidado, trazendo algumas reflexões sobre a abrangência e pertinência do tema da observação para compreensão desta experiência.

Inicialmente, é interessante situar a observação como técnica já usualmente empregada em pesquisas sociais, que tem permitido descrições minuciosas de lugares, objetos, situações, interações, aproximando o pesquisador dos contextos e das pessoas, sendo considerada cada vez mais importante no trabalho de campo. Também por permitir a descrição minuciosa de culturas e situações sociais vivenciadas no cotidiano das pessoas1. Dessa forma, estudos que buscam compreender tal dimensão do vivido passam a empregar a observação mais constantemente na recolha de informações.

Via de regra, preceitua-se certo distanciamento calculado entre o observador e os participantes do estudo. E, conforme tal distância faz-se mais ou menos envolvente a presença tanto do observador quanto do observado, designando uma relação face a face ou, em seu polo oposto, a de observador total2. Destarte, parece haver preocupação em guiar o olhar do pesquisador para a informação desejada com base em roteiros que orientam, em certa medida, o que observar.

A observação é, também, usualmente considerada técnica auxiliar em pesquisa que triangula com a entrevista1, sendo, em geral, subsidiária a esta. Assim, a coleta de informações se faz, frequentemente, pela entrevista em suas inúmeras vertentes, dada a primazia da fala como registro fidedigno da realidade, ou, ao menos, daquilo que pode ser "dito" sobre a mesma.

Neste estudo se assume que a observação se dá pelos diversos meios da percepção humana, extrapolando, pois, aquilo que o olhar apreende. Ela se faz no bojo da interação do entrevistador com a pessoa entrevistada, ambos mergulhados no contexto do momento vivido, profundamente afetado por aquilo que está sendo narrado. Entende-se, portanto, a observação como uma experiência primordialmente sensorial e situacional.

É de relevância salientar que a observação pode ser tematizada tanto de uma perspectiva da objetividade - ao oferecer 'provas concretas da realidade' por meio do olhar 'quase que isento' ou 'neutro' - como de uma perspectiva mais impressionista - que a considera tributária de toda uma construção do olhar e demais sentidos humanos. Nesta segunda perspectiva, a observação se mostra em aberto e, não sendo diretiva, pressupõe que seu corpus seja construído ao longo do trabalho de campo. Isto se faz a partir de elementos que vão sendo ressaltados e aprofundados gradualmente pelo pesquisador conforme o que toma relevo na história das pessoas, bem como dos sentidos e significados apreendidos na recolha de informação pelo pesquisador3.

Toma-se o conceito de campo como um espaço social de relações entre pessoas que compartilham interesses em comum, mas que não dispõem, necessariamente, dos mesmos recursos e competências4. Porém, o seu sentido mais original, como "terreno de semeadura", também parece bastante profícuo. Assim, entende-se que, em situação de pesquisa, o campo de observação é um terreno "em aberto" que vai se conformando a partir de relações sociais pouco previsíveis, pois vivenciadas em contextos próprios e envoltas por situações de profundo cunho afetivo para a pessoa que narra a sua história e que, por conseguinte, também afeta o pesquisador.

Desse modo, na recolha de informações em pesquisa, considera-se que o pesquisador se lança num campo de observação. Melhor dizendo, coloca-se numa experiência aberta ao observável, num campo amplo de possibilidades e, assim entendida, a observação não se reduz a uma técnica que se projeta a priori.

Portanto, frente a esta primazia da escuta que orienta a pesquisa, explicitam-se as questões iniciais relativas à observação: se o desenho de estudo preceitua uma escuta aberta e interessada, como deve ser então, o olhar observador? Ou como o pesquisador pode se abrir a observação e esta àquele? Como e por que observar?

Desta forma, a pertinência deste estudo está em explorar, em situação de pesquisa, a relação estreita e imbricada do observador com o campo que ele observa. Nesta relação, a riqueza das informações obtidas deriva da potência dos sentidos e intuições do pesquisador; daquilo que também se mostra potente, neste campo, em suscitar variadas expectativas e imagens, além de elementos que atravessam a própria situação de pesquisa - dentre eles, seus pressupostos - e que posicionam o pesquisador no campo de observação.

Com base nessas prerrogativas, este artigo teve por objetivo compreender as potencialidades do campo de observação, partindo de pesquisa compreensiva que abordou experiência de vida e cuidado de uma família. Teve por base a situação de pesquisa por jovens pesquisadoras, sendo relatada por meio da perspectiva de uma delas, tendo um estudo original5 com ideias germinais que aqui foram desenvolvidas.

A finalidade foi ampliar o entendimento da observação em suas possibilidades de desdobrar e dar relevo a algumas das múltiplas dimensões da experiência humana, apreensíveis por meio dos diferentes sentidos do pesquisador e, enfim, ressaltar suas potencialidades como estratégia privilegiada na formação em pesquisa qualitativa.

Este estudo se mostra inovador por abarcar o campo de observação em simultaneidade com a entrevista em profundidade. Assim, apresenta-se o desenho da pesquisa conduzida e, nele, tal campo do observável, evidenciando alguns de seus elementos constituidores.

MÉTODOS

Trata-se de estudo qualitativo sobre o campo de observação na composição do corpus de análise de dissertação de mestrado, cujo objetivo foi abarcar a experiência de vida e cuidado de uma família que vivencia situação crônica de adoecimento.

Os caminhos escolhidos pelo pesquisador para "fazer ciência" são parte do seu empenho para compreender o cotidiano das pessoas/famílias. Neste esforço, o pesquisador constrói coletivamente um percurso que mais se aproxima da compreensão do vivido por elas e seus critérios já não são mais universais, mas, sim, relativos, contextuais e históricos6.

Assim, evidencia-se o preparo e percurso dos pesquisadores ao longo dessa pesquisa, ou seja, o antes, o durante e a posteriori ao campo de observação da dissertação. Este, por sua vez, envolveu uma célula de trabalho composta por uma mestranda e duas bolsistas de Iniciação Científica, alunas de Graduação em Enfermagem.

A família participante do estudo foi representada por D. L., sua filha J, seu genro G. e seus netos N1. E N2, sendo que todos residem na mesma casa, em Cuiabá - MT. A matriarca da família, D. L., é mãe de nove filhos, tem complicações decorrentes do Diabetes Mellitus e, no momento deste estudo, morava com J., que é quem cuida mais diretamente da mãe, além de se ocupar da casa e dos filhos pequenos.

Ao eleger a história de vida para a abordagem das experiências de vida e cuidado de D. L. e J., foi interessante perceber e dar relevo às diferentes temporalidades do vivido, haja vista que, ao rememorar suas histórias, os acontecimentos narrados por elas não se detinham numa cronologia. Ao mesmo tempo, foi importante dar certa conformação temporal ao que foi narrado em cada encontro, no esforço compreensivo de suas vivências, como referem os autores:

[...] para realizar a compreensão [da História de Vida] o pesquisador vai dando outra conformação a essas lembranças narradas, dentro de uma lógica que ele extrai do conjunto das narrativas, mas que segue outro caminhar, próprio do seu estudo e das escolhas que fez para "dar relevo" às experiências narradas3:59.

O direcionamento de cada estudo se evidencia, portanto, desde o trabalho de reordenamento das narrativas que compõem a experiência de adoecimento e cuidado de cada família participante do estudo. Tal reordenamento é feito seguindo a lógica de cada pessoa entrevistada presente no seu esforço de rememoração dos fatos ocorridos7.

Para a aproximação e apreensão do vivido pela família, considerou-se adequado o emprego simultâneo da entrevista em profundidade e da observação compondo sua história de vida. A entrevista em profundidade foi conduzida como uma "conversa com intencionalidade", na qual as pessoas narram abertamente suas experiências de vida e cuidado, em um esforço de rememoração do "contar-se"3. A opção por essa estratégia se deu por ser ela não diretiva, mas conduzida de um modo próprio, pois o entrevistador e o entrevistado perseguem "fios narrativos" que são tecidos por cada pessoa. Ao pesquisador preceitua-se a escuta atenta, aberta e interessada3, de modo que possa produzir formas de compreensão desses fios narrativos.

Da entrevista participaram J. e D. L. que foram convidadas a falar livremente sobre suas histórias, em um rememorar dos fatos que marcaram suas vidas. O aprofundamento paulatino de suas narrativas se fez em quatro encontros de entrevista, conduzidos ao longo de um ano, todos ocorridos na residência de J., por escolha da família. No primeiro encontro, a entrevista se deu junto a J. e D. L. e, nos demais, em separado, a fim de conhecer a individualidade e particularidade de suas experiências.

No trabalho de campo, a entrevista foi conduzida sempre por uma pesquisadora, valorizando a escuta atenta direcionada à(s) entrevistada(s). Toda a entrevista foi gravada para permitir sua transcrição na íntegra e valorizar a oralidade e expressões próprias das entrevistadas.

Já a observação permitiu "olhar com tento" os fatos do cotidiano das pessoas no seu espaço social e familiar, de modo a descrever e depreender lições dos seus modos de vida e cuidado5. Foi realizada, individualmente, por cada uma das três pesquisadoras, de forma que, no conjunto, acarretasse em um registro com diferentes percepções e perspectivas. Os registros de observação foram feitos durante e a posteriori de cada encontro de entrevista, preferencialmente no mesmo dia em que ocorria, aproveitando a memória recente do encontro. Tais registros foram ainda complementados no trabalho de transcrição da entrevista, à medida que emergiam, à lembrança, outras cenas e percepções do campo.

Também considerou-se importante o registro das dúvidas, insigths e inferências suscitadas em cada pesquisadora no percurso do estudo. As anotações minuciosas permitem explicitar como vai se construindo a intensa relação do pesquisador com seu tema e objeto de estudo, as reflexões empírico-teóricas iniciais e o modo como as estratégias de recolha vão sendo empregadas, mostrando que o pesquisador não assume posição de neutralidade na pesquisa. Tal conduta foi pertinente por ressaltar, inclusive, elementos da observação que motivaram as pesquisadoras a relatarem e refletirem sobre o campo de observação apresentados neste estudo.

Os registros de observação, que compõem o corpus deste estudo, contêm em seu conjunto tanto as percepções das pesquisadoras advindas do campo de observação, como suas reflexões em termos da própria pesquisa, com acento para o emprego das estratégias, especialmente a observação imbricada com a entrevista. Esse conjunto de informações, advindas da entrevista e da observação por cada pesquisadora, nomeadas de 1, 2 e 3, compôs o Diário de Pesquisa3 compilado de 50 páginas digitadas em arquivo Word, fonte Time New Roman, tamanho 12, espaço 1,5, correspondente ao período de dezembro de 2013, início do trabalho de campo, a outubro de 2014, data da realização do presente estudo.

Ao longo da transcrição de cada encontro de entrevista, retomava-se a leitura das observações para lembrar algo que pudesse ter sido esquecido. Como primeira estratégia para incluir tais acréscimos, empregou-se o recurso de montar "balõezinhos/lembretes" ao lado da transcrição para colocar as observações pertinentes àquela narrativa. Desse modo, a observação auxiliou na rememoração e compreensão das situações presenciadas durante a entrevista. Com o tempo, os "balõezinhos/lembretes" foram tomando corpo e ocupando os espaços entre as narrativas e já não cabiam mais como pequenas notas, mas, sim, faziam parte do contexto do campo e das próprias narrativas, tornando-se imprescindíveis à sua compressão.

Assim, no laborioso e demorado trabalho de transcrição da entrevista, percebeu-se fluir as próprias lembranças acionadas, em grande parte, pelas narrativas dos entrevistados; outras lembranças também emergiram do compartilhamento da leitura do Diário de Pesquisa pelas três pesquisadoras. Então, esse rememorar foi valorizado por complementar o registro de observação.

Este estudo teve aprovação ética da pesquisa matricial a qual se vincula, sob a égide dos preceitos éticos previstos na Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, ainda em vigor à época, posteriormente substituída pela Resolução nº 496, de 12 de dezembro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde. Houve consentimento informado de seus participantes por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo que, na divulgação de resultados, respeitou-se o anonimato com o emprego de pseudônimos às pessoas entrevistadas e àquelas por elas citadas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nos resultados deste estudo interessa explorar a construção do olhar pelo pesquisador, ou os "olhos de ver":

[...] Eu me dedico ao olhar, para que meus olhos sejam sábios. O olhar é uma música que os olhos tocam. Coisa de poeta... São os poetas que falam sobre os olhares. (Eu escrevi "São os poetas que sabem sobre os olhares", mas logo corrigi. Todo mundo sabe sobre os olhares. Todo mundo observa atentamente os olhares, porque são eles, e não os globos oculares, que sinalizam a vida e, especialmente, o amor. Mas só os poetas sabem falar sobre eles). Escrevo para mudar olhares. Isso não é ciência. É arte. [...] A capacidade de discriminar não pertence aos olhos. Pertence o olhar. Mas isso exige uma luz interior8:1.

Neste sentido, entende-se que, no trabalho de recolha de informações, o pesquisador relaciona-se intimamente com as coisas, as pessoas, os acontecimentos, os cenários, as cenas... Enfim, ele está em um campo que se abre à sua presença e, no qual, constrói e amplia suas possibilidades sensoriais de perceber e compor múltiplas imagens sensitivas para além do olho que vê.

Ora, tal entendimento preceitua discutir a relação do pesquisador com o campo de observação, a produção do olhar sensível, as percepções outras que desenvolvem, ampliando o que seja o próprio observável, alargando, enfim, o entendimento da observação como estratégia em pesquisa. Destaca-se que tal compreensão se dá numa estreita vinculação com a história de vida e, nela, a condução da entrevista em profundidade.

Certamente, o desafio enfrentado ao longo da recolha de informações era o de combinar a entrevista em profundidade com a observação, de maneira que as pesquisadoras adentrassem em campo plenas das próprias percepções, com os sentidos aguçados e em aberto, por meio dos quais abarcassem aquilo que fosse perceptível de modo amplo, para além de um antevisto que direcionasse suas atenções.

Antecedendo a entrada em campo, sentiu-se a necessidade de realizar uma oficina, na qual as três pesquisadoras, junto ao grupo da pesquisa matricial, melhor exercitassem essa experiência da observação em aberto e os elementos sutilmente implícitos nela. Desse modo, foi solicitado a duas das pesquisadoras que observassem cenas de seu cotidiano, descrevendo-as minuciosamente. A descrição de cada pesquisadora foi lida no grupo, suscitando muitas reflexões sobre o trabalho de campo, atentando para a diversidade de acontecimentos, cenas, gestos, emoções, olhares, tons e odores5 apreendidos por cada uma.

A partir desse exercício, o trabalho de campo privilegiou a entrevista em profundidade ancorada na observação. Desse processo da pesquisa reuniu-se algumas lições, particularmente sobre as observações, que serão apresentadas a seguir. Tais lições apuraram melhor o olhar das pesquisadoras, tendo em vista o rigor que a pesquisa exige.

O campo de observação: alguns elementos reflexivos

A observação pelas pesquisadoras resulta do conjunto de suas percepções daquilo que seja visível, como também do que se mostra implícito no campo do observável, apreensíveis por meio do olhar, dos gestos, do corpo, da situação, da intuição e dos demais sentidos humanos.

Assim, a observação sensível das cenas do cotidiano familiar deu relevo, simultaneamente, aos silêncios e ao contar-se paulatino de J., num esforço de compreender o que se passava consigo:

[...] em vários momentos J. demora a responder, como se recordasse algo [...] (Observação da Pesquisadora 1).

O pesquisador deve estar atento para interpretar as narrativas e os apontamentos que as vozes nos permitem ouvir e, de igual monta, sensível para compreender o silêncio dos participantes9.

O direcionamento do pesquisador ao perceptível em cada cena familiar requer dele atenção focada no mesmo momento dos acontecimentos que vivencia. Por isso, logo após cada encontro de entrevista registrou-se, minuciosamente, aquilo que marcou cada pesquisadora. Também durante a transcrição das entrevistas elementos da observação puderam ser adicionados às narrativas, de modo a contextualizar as cenas e os fios narrativos que as entrevistadas buscavam na memória, relacionando-os com a vida de D. L. e sua família. Um exemplo da importância dessa complementação da observação a posteriori é a que permitiu o relato sobre a presença das crianças no ambiente, destacando o modo como elas se comportaram durante o encontro de entrevista, o interesse em estar sempre por perto, fazendo parte da conversa, mesmo que só como espectadoras:

[...] o que me chamou atenção foi a presença das crianças, sempre por perto, inclusive querendo estar perto, ouvindo e auxiliando na busca dos documentos da família (Observação da Pesquisadora 1).

[...] As crianças curiosas pelo choro anterior (de J.) e pela conversa que julgavam interessantes nesse momento estão sentadas na cozinha, ouvindo tudo (Observação feita durante a transcrição).

Destarte, observar as crianças permitiu, neste estudo, envolvê-las como parte importante na compreensão do cotidiano de cuidado dessa família. Assim, o processo de transcrição e, nele, o rememorar das cenas pelas pesquisadoras contribuiu para a reconstituição das cenas familiares, cujo contexto narrativo se apresentava aos seus olhares atentos.

Na observação do cotidiano foi também perceptível a relação entre os membros familiares. Percebeu-se que J. não se incomodou com a presença dos sobrinhos que ali permaneciam o tempo todo atentos. Posteriormente, ela não escondeu suas lágrimas com a chegada do seu irmão, nem se inibiu com sua presença:

Nesse momento chega o irmão de J., os dois se cumprimentam. Ele chega para buscar os filhos que estão na casa dela. Eles conversam um pouco, pergunto a J. se ela quer parar a entrevista e ela disse que não. Nada a incomodava, nem ao menos a presença dos sobrinhos e agora a chegada do irmão (Observação feita durante a transcrição).

Esses elementos sutis da convivência familiar, não revelados na fala, permitiram a reflexão sobre a relação que J. mantém com sua família, não escondendo suas emoções, ou evitando falar de assuntos que remetiam à conflitos familiares.

Desse modo, salienta-se a importância do pesquisador estar aberto às descobertas do cotidiano familiar, que vão ocorrendo a cada encontro com a família, fruto da profícua imbricação entre observação e entrevista em profundidade.

Nesse cotidiano, o observado é tudo aquilo que pode ser notado ao longo do tempo por meio dos sentidos do observador. Assim, ao chegar à residência de J. para o primeiro encontro com a família, puderam ser observados e registrados vários detalhes da casa, como se tudo fosse saltando aos olhos, dada a novidade. Destarte, vários detalhes foram diferentemente notados por cada pesquisadora, conforme os registros da chegada, pela primeira vez, à casa de D. L.:

[...] seguimos para a casa da filha J. e, ao chegarmos lá, encontramos uma casa de alvenaria, com um portão branco, quintal com plantas e a D. L. deitada numa rede na varanda e um homem (o seu genro), juntamente com a esposa (J.) lavando a casa, que não tem piso. Estavam também as duas crianças, filhos do casal, uma menina aparentando ter por volta de 06 anos e um menino por volta dos 03 anos de idade (Observação da Pesquisadora 1).

[...] A rua de sua casa não tem asfalto, e esgoto corre a céu aberto, as casas são bem simples e sem qualquer luxo. Chegamos e a casa tinha o portão de metal pintado de branco e, ao entrarmos, notei que o quintal tinha materiais de construção nos cantos (telhas de argila, Eternit e madeiras), e que chão era coberto por pedras de "brita", o primeiro cômodo da casa, e o único que conhecemos, era um área de cerca de 4x3 metros nela encontramos o G., a N1. e o N2. (genro e netos da L.) e a L. estava lá também, deitada em uma rede azul quadriculada, usava um vestido de camisola verde clara e pendurada na rede estava a bolsa da sonda e ao lado da área se encontrava a cadeira de rodas utilizada por ela. L. é negra e tem cabelos escuros com bastantes fios grisalhos, encontra-se bem debilitada em decorrência das doenças, diabetes e hipertensão, que é acentuada na perda de peso que ela sofreu. G. e a J. Estavam e limpavam a casa (Observação da Pesquisadora 2).

[...] atravessamos um portão destrancado e que, quando novo, imagino que era da cor branca, mas hoje já está velho e perdeu bastante a pintura. Entramos através do portão menor, que é embutido no portão maior deslizante, e nos encontramos em uma grande área descoberta, de terra, com algumas plantas e que também serve de garagem. Nesse espaço, no dia, estavam dois carros brancos estacionados em lados opostos, de modo que o portão estava praticamente no meio deles, sendo um dos carros do modelo Fusca e o outro um Gol. O primeiro automóvel pareceu não estar em uso há muito tempo, pareceu não estar em condições de funcionamento, diferente do outro que parece ser realmente o meio de transporte da família (Observação da Pesquisadora 3).

É importante observar as coisas, os objetos, as pessoas e tudo o que remete ao cenário em que a família constrói o seu cotidiano, pois as imagens mentais, que vão se formando a partir de cada descrição, ajudam a compreender o modo de vida na qual D. L. e sua família estão mergulhadas. Além disso, tem-se uma composição de imagens pelo conjunto das observações, sob as diferentes percepções das pesquisadoras. Esse conjunto possibilita que outros pesquisadores, na leitura desse material empírico, possam compor imagens que os aproximem desse cotidiano. Esse fato foi evidenciado nos encontros com o grupo de pesquisa, em que se discutia a experiência dessa família, e aqueles que não participaram dos encontros puderam "se transportar" a esse momento através da descrição minuciosa composta do que foi visto e vivenciado em cada encontro com D. L. e J.

Para poder relevar os modos de ser particulares de cada pessoa e da família participante do estudo, buscou-se uma aproximação de sua realidade, sendo necessário observar os espaços, as estruturas, os objetos, as pessoas, sós ou em grupos, seus atos, os acontecimentos, as durações1, entre outros elementos que se apresentaram aos olhares atentos das pesquisadoras.

Tal mergulho no campo de observação desafia o pesquisador a lidar com as subjetividades individuais, o que abarca compreender as experiências, significados e sentidos tecidos aos acontecimentos vividos por cada um, que ao longo das entrevistas e observações de campo são percebidas, dentre outros, através das expressões verbais, dos diálogos e tons de voz10.

O trabalho paulatino e contínuo de exercitar a observação possibilitou que, de um encontro para outro, o olhar ficasse cada vez mais perspicaz e, ao mesmo tempo, apurado, atentando para elementos ainda não percebidos. O portão de entrada da casa já observado, por exemplo, não tem a mesma importância nos encontros subsequentes e seus detalhes já não saltam aos olhos; ao passo que a ânsia de observar o que ainda não fora percebido se dava a cada encontro.

Assim, foi surgindo a necessidade de observar tudo aquilo que eu não observei no primeiro dia e, com essa premissa de que teria que ter olhos de águia, fui logo observando o portão (ah, mas o portão eu já havia observado, então vou dar importância aos outros detalhes que passaram desapercebidos). O primeiro foi o do fusca que a outra pesquisadora anteriormente descreveu e, apesar do tamanho, eu não consegui enxergá-lo na visita anterior. O fusca branco estava lá, no meio do quintal, fazendo parte da casa e sendo cuidado com carinho (Observação da Pesquisadora 1).

Com o olhar atento e ampliado, a cada encontro os registros de observação eram compartilhados de modo a melhor perceber o que ia sendo notado e anotado individualmente; isto proporcionou notar elementos diferentemente observados, como o fusca.

Deste modo, apurar o olhar foi algo construído, ao longo dos encontros, sem que houvesse um roteiro preestabelecido, partindo das peculiaridades de percepção das próprias pesquisadoras e do modo como o que era visto era descrito. Ainda, o que foi notado anteriormente já não recebia minúcias descritivas no próximo encontro, como se o olhar fosse "filtrando" os elementos já conhecidos e se pautando apenas no que era novo no campo, ou o que havia se modificado.

Portanto, não há uma forma de observar que esteja pronta e acabada, mas, sim, com o decorrer dos encontros o olhar vai se apurando, a ponto de passar a perceber minúcias até então não notadas. Depreende-se que o olhar de cada observadora é diferente em essência8; e é partindo de tal diferença que os olhares se complementam, preenchendo os vazios de uma mesma cena, no registro daquilo que é notado por cada uma.

Também há elementos bastante discretos ao olhar de cada observadora, tal como o sorriso esboçado na recordação da infância por J. ao dizer de sua antiga casa; ou a gestualidade expressiva de D. L., em meio à economia de sua fala, para demonstrar sua disposição no encontro de entrevista:

Assim, a minha casa era de pau a pique, era de palha né, que era a casa de lá... É (pausa)... Assim, era divertido (falando isso sorrindo, como uma boa recordação da infância) (Narrativa de J. seguida a uma Observação durante a transição).

Ela (D. L.) utilizou muita comunicação gestual também, principalmente com as mãos e com a expressão facial, o que tornaram as palavras curtas ditas por ela durante as entrevistas e aqui transcritas, como os muitos "Uhum", mais empolgantes e com muito mais significados (Observação da Pesquisadora 3).

Estes elementos perceptíveis por outros modos não contidos nas falas e até mesmo o silêncio carreiam imagens e significados importantes para compreender a experiência familiar. Sua apreensão é dependente da sensibilidade de cada pesquisadora. Repara-se, também, a importância das percepções distintas, numa complementaridades de olhares, dado que cada pesquisadora notou aquilo que lhe foi marcante, produzindo registros bastante diferenciados, apesar de estarem num mesmo campo de observação.

Então, admite-se que o pesquisador seja afetado pelos elementos presentes no campo de observação, pois sua posição não é neutra, ao contrário, ele confere sentidos e significados àquilo que vivencia. De igual modo, estabelece, paulatinamente, uma relação afetiva com os participantes do estudo. Assim, ser afetado pelo campo envolve, também, as percepções do entrevistador na relação com os entrevistados, na tentativa de compreender, inclusive, como esta relação vai se estabelecendo ao longo dos encontros, o que marcou o registro abaixo:

[...] Notamos, em vários aspectos, maior disposição por parte de D. L., que estava mais sorridente e parecia mais à vontade do que na primeira vez que nos encontramos (Insights das Pesquisadoras 2 e 3).

Na situação de entrevista, para que a pessoa conte mais abertamente sobre suas histórias de vida, o pesquisador lança mão de elementos que permitam obter sua confiança. Tais elementos, facilitadores no estabelecimento de uma relação de familiaridade e cumplicidade, se fazem necessário tendo em vista que a situação de entrevista põe em contato pessoas que habitualmente não se conhecem e que nem sempre têm muitas coisas em comum1. Ao longo do tempo, tal relação de familiaridade e cumplicidade pode estreitar a relação entre o pesquisador e as pessoas.

Além disso, observar como estas relações são construídas ao longo dos encontros torna-se importante para a compreensão do contexto de cada narrativa, bem como para a possibilidade de estreitamento da própria relação entre as pessoas e o pesquisador. Assim, por exemplo, os sorrisos e a disposição dos entrevistados para narrar suas histórias são notados como sinais de estreitamento dessa relação.

Com o passar dos encontros, notou-se as minúcias que a observação suscitava e o modo como os registros foram feitos complementavam o que havia sido percebido nas narrativas. Deste modo, ficou evidente a complementaridade da observação em relação aos fios narrativos da história familiar.

Nesse sentido, observar se torna importante na medida em que situa as narrativas no contexto em que foram ditas e como foram ditas. Até mesmo quando os elementos observados são apresentados em gestos, sorrisos e silêncios, estes remetem a pesquisadora a melhor compreender o "não-dito", no contexto daquilo que foi contado:

[...] Neste momento J. olha para o chão e fica em silêncio, como se fizesse um esforço para rememorar as cenas da sua infância nos mínimos detalhes. E, pela demora, creio que tenha sido um tanto difícil transformar essas lembranças em palavras (Observação feita durante a transcrição).

Pensando na observação como uma costura que permeia e intercala os elementos dizíveis e indizíveis da narrativa, por diversos momentos ela constrói ligação entre as narrativas, ou seja, tece-as ao ponto de fazer compreender e imaginar o que ali ocorreu. Desse modo, a observação em aberto estimula o pesquisador na criação de imagens mentais, auxiliando na tessitura de significados5.

Ainda, a observação permite notar elementos e descrever fatos que vão ocorrendo em meio à entrevista, tal como J. gesticulando em meio à fala de D. L., sem interrompê-la, o que faz com que a pesquisadora se remeta a ela e redirecione a entrevista:

Neste momento, a filha J. gesticula como se não concordasse com a mãe (Observação feita durante a transcrição).

- Pode falar J., onde é que vocês moravam? Você é dessa época também? (Pesquisadora em diálogo com J.)

- Não, é assim.. Ela morou em Acorizal até os 17 anos, quando ela nasceu né... pra Mimoso ela veio com 17 (J.)

Vale ressaltar que a observação imbricada à entrevista em profundidade possibilita minúcias não apreensíveis por outros modos na pesquisa de abordagem compreensiva, tornando a construção de um corpus mais denso e dinâmico, pois, utilizando-se amplamente dos sentidos e intuição próprios, alargam a compreensão da vivência familiar de cuidado5.

Nesse sentido, a observação auxiliou as pesquisadoras na compreensão do cuidado e da vivência familiar de modo a tecer as narrativas junto aos acontecimentos que iam ocorrendo em concomitância à entrevista. Exemplo disso é a cena descrita abaixo, na qual foram observados os pequenos gestos cuidativos de N1., neta de D. L.:

[...] tinha pendurada em uma das beiradas laterais uma sonda vesical, que já estava totalmente cheia de urina, fato relatado em forma de aviso pela menina à mãe em um dado momento: "Mamãe, tem que tirar o xixi da vovó" (Observação da Pesquisadora 3).

Desse modo, as observações incorporam elementos significativos às narrativas, dando forma e corpo aos fios narrativos, auxiliando na compreensão destes e na conformação de cenas que ocorrem durante a entrevista. Neste estudo, apreendeu-se que ao observar não cabe julgamento, mas, sim, descrição e compreensão, preenchendo espaços não alcançados somente com narrativas.

Compreender o modo como as pessoas contam suas histórias e as contextualizam é um esforço laborioso do pesquisador. Conferir significado às falas é agregar o sentido do que lhe foi relatado pelas pessoas e o que o pesquisador foi capaz de observar no campo11.

Desse modo, observar todos os detalhes em meio aquilo que é dito e do "não dito", tais como os gestos, o olhar, os movimentos do corpo, o balançar das mãos, a face de quem fala ou deixa de falar, permite ao observador mergulhar em outros sentidos do contar-se, ultrapassando os limites da fala.

Compreendeu-se a observação como estratégia que permitiu atribuir significados ao campo de observação, além de tecer, junto à entrevista em profundidade, elementos que complementam o entendimento da história de vida narrada.

Ainda, em relação à complementaridade às narrativas, perceber os gestos de cuidado que não foi narrado pela família pôde ser notado pela observação atenta das pesquisadoras. Estar atentas permitiu-lhes perceber, também, a dependência que D. L. tem de J., de certo modo, ancorando nela sua narrativa e o rememorar dos fatos, provavelmente devido à debilidade de sua memória.

A história narrada é a elaboração interpretativa do vivido em meio à rememoração e a memória impulsiona os acontecimentos vividos num resgate ao passado. Porém, esta pode ser refém do esquecimento, exigindo, então, do pesquisador a utilização de outros modos acionadores da memória para que haja um desenrolar dos acontecimentos3.

Assim, ao perceber certo titubeio de D. L. em narrar os fatos de sua vida, passou-se a refletir sobre o melhor modo de condução da entrevista e a buscar estratégias para fazê-la falar mais abertamente sobre sua vida:

Outra dificuldade que eu precisava enfrentar era como fazer D. L. falar mais, pois, em vários momentos, ela demora responder, como se recordasse de algo. Vou tentar encadear o início das minhas falas com o final de suas respostas; vamos ver se assim ela se abre mais (Observação da Pesquisadora 1).

Desse modo, considerando os fios narrativos como a essência do contar-se de D. L. e sua família, decidiu-se pela condução da entrevista em separado, respeitando seu tempo narrativo, bem como lançando mão de recursos acionadores da memória, como o álbum de fotografia da família, o que enriqueceu as possibilidades da entrevista com ela.

Entende-se que a postura do observador deve ser aquela que permita emergir a empatia, a sensibilidade, estando permeável aos estranhamentos que podem acontecer, visto ser campo de observação aberto e imprevisível.

O pesquisador não está neutro no campo, ele se relaciona com as pessoas e, à medida que as conhece e se torna conhecido por elas, tanto a postura do pesquisador quanto dos participantes vai se modificando, ampliando a interação, sempre dependente da empatia e do envolvimento entre eles12.

É necessário não esquecer que cada observador carrega consigo suas próprias experiências de vida e estas, por sua vez, auxiliam na construção paulatina do olhar que deve ser compreensivo e não julgador. Assim, para depreender os elementos observáveis significativos e conduzir a entrevista em profundidade, as pesquisadoras entraram no campo abertas, tornando-o uma experiência pessoalizada, sendo permeadas por suas próprias experiências de vida.

CONCLUSÃO

As potencialidades do campo de observação, como uma experiência em aberto, foram evidenciadas paulatinamente, à medida que possibilitou perceber o matizar de sentidos e significados da experiência de vida e cuidado de D. L. e sua família. Essas foram passíveis de apreensão, tanto pela relação mais próxima com as entrevistadas, como pelo olhar atento e intuitivo das pesquisadoras. Importou, para tanto, a permanência em campo e o preparo para a realização de cada encontro, buscando a percepção mais apurada do cotidiano das pessoas.

Nessa compreensão, lançou-se mão dos demais sentidos humanos, o que permitiu perceber os silêncios, os sorrisos e gestos, não apreensíveis com as narrativas. Portanto, as observações possibilitaram compreender, também, o contexto do texto, ou seja, aquilo que permeava a história que era contada; e, também, o contexto em que viviam e o modo como suas relações se constituíam. Nisto, incluiu-se a própria relação pesquisadoras-entrevistadas.

Ainda, os relatos de observação foram bastante pessoalizados, dado que carreiam a singularidade do olhar de cada pesquisadora, todos diferentes entre si, pois cada uma foi moldada pelas experiências singulares.

Ressalta-se, ainda, que o pesquisador na posição de observador deve descrever atenta e minuciosamente suas observações, de modo que seu relato possa aproximá-lo do cotidiano vivido pelas pessoas e família, pois o notado por ele também é importante na compreensão desse vivido.

Os elementos observáveis no trabalho de campo desse estudo não foram previamente definidos por um roteiro do que observar, por considerar que estar em campo precisa ser uma experiência em aberto. O campo de observação mostrou-se pleno de elementos visíveis e invisíveis, ditos e não ditos, perceptíveis em meio ao encadeamento dos acontecimentos, na própria situação de pesquisa. Assim, cada pesquisadora se viu mergulhada nesse campo, em meio à diversidade de cenários, acontecimentos, pessoas, relações que foram notados diversamente por cada uma, conforme aquilo que as afetou.

A complementaridade destes olhares produziu registros de observação bastante ricos e, dada a simultaneidade da observação com a entrevista em profundidade, ampliou as possibilidades de compreensão dessa experiência familiar.

Enfim, o Campo de Observação trouxe elementos que também significaram e deram forma ao corpus do estudo e, assim sendo, este estudo buscou mostrar a importância do pesquisador nele mergulhar, exercitando suas percepções e notando elementos que lhes saltam aos olhos.

REFERÊNCIAS

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4 Bourdieu P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil; 2001.
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7 Bellato R, Araujo LFS, Faria APS, Santos EJF, Castro P, Souza SPS et al. A história de vida focal e suas potencialidades na pesquisa em saúde e em enfermagem. Rev. Eletr. Enf. [on line]. 2008; [citado 2014 abril 11]; 10(3):[aprox.8 telas]. Disponível em:
8 Sobre a ciência e sapiência. Folha de São Paulo [on line] (São Paulo). 2004 nov 28. Disponível em:
9 Li J. Ethical Challenges in Participant Observation: A Reflection on Ethnographic Fieldwork. The Qualitative Report. 2008 mar;13(1):100-115.
10 Aluwihare-Samaranayake D. Ethics in qualitative research: A view of the participants' and researchers' world from a critical standpoint. International Journal of Qualitative Methods. 2012;11(2):64-81.
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