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Os 600 transplantes renais do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HC da FMB) - UNESP: Mudanças ao longo do tempo

Os 600 transplantes renais do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HC da FMB) - UNESP: Mudanças ao longo do tempo

Autores:

Luis Gustavo Modelli de Andrade,
Paula Dalsoglio Garcia,
Mariana Moraes Contti,
Andre Lopes da Silva,
Vanessa Burgugi Banin,
Juliana da Cunha Duarte,
Maria Fernanda Cordeiro de Carvalho

ARTIGO ORIGINAL

Brazilian Journal of Nephrology

versão impressa ISSN 0101-2800

J. Bras. Nefrol. vol.36 no.2 São Paulo abr./un. 2014

http://dx.doi.org/10.5935/0101-2800.20140030

Introdução

Dada a sua importância como terapia renal substituva,1,2 a realização de transplantes renais vem aumentando e tem sido incentivada globalmente.3,4

O programa de transplantes de órgãos brasileiro é provavelmente o maior programa público de transplantes do mundo (95% SUS) e conta com uma logística de alocação de órgãos justa e transparente, sem privilégios sociais, raciais ou culturais. No entanto, apresenta grande disparidade geográfica. Em 2009, o Sudeste realizou 62% dos transplantes renais do país, seguido pelo Sul com 19%, Nordeste com 14%, Centro-Oeste com 4% e Norte com apenas 1%.5

Durante o ano de 2011, apenas 24 (16%) das 147 equipes transplantadoras de rim no Brasil realizaram pelo menos 50 transplantes ao ano (média de um transplante por semana).4 Sete dessas equipes (29,2%) pertencem ao Estado de São Paulo.

O serviço de transplante renal do HC da Faculdade de Medicina de Botucatu teve seu início em 1987, com aumento progressivo na última década, culminando em 600 transplantes (532 em adultos e 68 em crianças e adolescentes) no ano de 2011.

No decorrer dos últimos 24 anos, inúmeros fatores influenciaram os resultados dos transplantes de forma geral. Houve um aumento progressivo na sobrevida do enxerto e do paciente, enquanto a terapia imunossupressora utilizada apresentou importantes avanços e novos agentes imunossupressores foram introduzidos. Além disso, constantes mudanças nos perfis dos doadores e receptores, com aumento de idade e do número de comorbidades pré-transplante, foram observados.6-11

Objetivo

O objetivo do presente estudo foi avaliar os 600 transplantes renais realizados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP até dezembro de 2011, subdividindo os pacientes em três eras de acordo com a imunossupressão vigente em cada período, visando avaliar as diferenças existentes ao longo do tempo em relação à sobrevida do enxerto e do paciente.

Pacientes e métodos

Foram avaliados, retrospectivamente, todos os 600 transplantes renais realizados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP, de junho de 1987 a dezembro de 2011. Os pacientes foram divididos, de acordo com o esquema de imunossupressão utilizado no início do transplante, em três diferentes eras. Era 1: de 1987 a 2000 (n = 180), quando a azatioprina associada à ciclosporina e à prednisona era frequentemente utilizada no serviço. Era 2: de 2001 a 2006 (n = 120), quando a utilização do micofenolato associado à ciclosporina neoral e à prednisona era o esquema terapêutico usado no serviço. Era 3: de 2007 a 2011 (n = 300), quando o tacrolimo associado ao micofenolato e à prednisona eram os imunossupressores frequentemente utilizados no serviço.

A avaliação teve como base dados demográficos do receptor, tipo de diálise realizada pré-transplante (hemodiálise, peritoneal ou esquema conservador), tempo em diálise, doença de base, tipo de doador (vivo ou falecido), dados demográficos do doador, frequência de episódios de rejeição, imunossupressão utilizada no início do transplante, frequência e causas de perdas de enxerto, frequência e causas de óbito e curva de sobrevida do enxerto e dos pacientes. A ocorrência de retardo de função foi avaliada em doadores falecidos e considerada como a necessidade de hemodiálise na primeira semana.

Estatística

Foi realizado o teste da normalidade de Kolmogorov-Smirnov (KS), a fim de separar as variáveis contínuas em paramétricas e não paramétricas. A análise das médias das variáveis com distribuição normal nos três grupos em estudo foi feita por meio da análise de variância (ANOVA de uma via), assumindo-se variâncias iguais entre os grupos. A homogeneidade das variâncias foi avaliada pelo teste de homogeneidade de Levene. Para a subanálise dos grupos, utilizou-se o pós-teste de Bonferroni. Para as variáveis não paramétricas, foi utilizada a análise de variância de Kruskal-Wallis. Para a comparação entre subgrupos, utilizamos o pós-teste de Dunn. Para as análises das variáveis categóricas, foi utilizado o teste do qui-quadrado, ou o teste exato de Fisher, quando apropriados. As curvas de sobrevida foram construídas pelo método de Kaplan-Maier e comparadas pelo teste Log Rank.

Os resultados foram considerados estatisticamente significativos quando p < 0,05. Todas as análises foram realizadas com o programa estatístico SPSS® versão 13.0.

Resultados

Na Tabela 1, estão representadas as características dos receptores e doadores nas três eras estudadas.

Tabela 1 Características dos receptores e doadores dividido em três eras: era 1 (1987 a 2000), era 2 (2001 a 2006) e era 3 (2007 a 2011) 

Era 1 (n = 180) (1987 a 2000) Era 2 (n = 120) (2001 a 2006) Era 3 (n = 300) (2007 a 2011) p
Idade (anos) 33,3 ± 13,7 35,1 ± 14,2 45,5 ± 15,4 < 0,001
Sexo masculino 60,6% 55% 62% NS
Caucasianos 74,4% 68,3% 70% NS
Tipo diálise
Conservador 3,3% 10% 10,7%
Hemodiáise 68,3% 71,7% 79,7% 0,0001
Peritoneal 28,3% 18,3% 9,7%
Tempo em diálise (meses) 22,4 ± 21,1 26,4 ± 26,1 33,2 ± 30,6 0,001
Tabagismo 22,2% 8,3% 11,9% 0,001
Doença de Base
HAS 17,2% 15% 16%
DM 5,6% 5,8% 18,3%
GNC 45,6% 37,5% 20,3% 0,0001
Indeterminada 19,4% 25% 27,3%
Urológica 8,9% 9,2% 8,3%
Outros 3,3% 7,5% 9,7%
Tipo de Doador
Vivo 66,7% 74,2% 40,3% 0,0001
Falecido 33,3% 25,8% 59,7%
Idade do doador (anos) 33,0 ± 11,6 36,0 ± 11,1 40,3 ± 12,0 0,001
Doador masculino 56,7% 51,7% 54% NS
Doador caucasiano 78,4% 80,3% 79% NS

HAS: Hipertensão arterial sistêmica; DM: Diabetes melittus; GNC: Glomerulonefrite crônica.

Na era 1, a média de idade dos pacientes foi de 33,3 ± 13,7 anos; na era 2, de 35,1 ± 14,2; e na era 3, de 45,5 ± 15,4 anos (p = 0,001). Nas três eras, a maioria dos receptores era da raça caucasiana e do sexo masculino.

A modalidade dialítica mais frequente nas três eras foi a hemodiálise. Porém, no decorrer dos anos houve redução significativa no número de pacientes em diálise peritoneal e aumento na frequência de pacientes em esquema conservador pré-transplante nas últimas eras (p = 0,0001). O tempo em diálise pré-transplante também aumentou no decorrer dos anos (p = 0,001).

O hábito de fumar foi significantemente maior na primeira era (22,2%) comparado à era 2 (8,3%) e à era 3 (11,9%), p = 0,001.

A glomerulonefrite foi a doença de base mais prevalente nas eras 1 (45,6%) e 2 (37,5%). Já na era 3, a causa indeterminada (19,4%) foi a mais frequente. A frequência da hipertensão arterial como causa de insuficiência renal se manteve constante nas três eras, variando entre 15% a 17% dos casos. A frequência de diabetes mellitus como doença de base se manteve constante nas eras 1 (5,6%) e 2 (5,8%) e aumentou significativamente na era 3 (18,3%), p < 0,001.

O doador vivo relacionado foi o mais frequente nas eras 1 (66,7%) e 2 (74,2%), e o doador falecido foi o mais comum na era 3 (59,7%) (p = 0,0001).

A idade do doador aumentou progressivamente através das eras, sendo de 33 ± 11,6 anos na era 1, 36 ± 11,1 anos na era 2 e de 40,3 ± 12 anos na era 3 (p = 0,001). A frequência de doadores caucasianos e do sexo masculino foi similar nas três eras.

Os dados relativos à evolução pós-transplante estão representados na Tabela 2.

Tabela 2 Evolução pós-transplante dividido em três eras: era 1 (1987 a 2000), era 2 (2001 a 2006) e era 3 (2007 a 2011) 

Era 1 (n = 180) (1987 a 2000) Era 2 (n = 120) (2001 a 2006) Era 3 (n = 300) (2007 a 2011) p
Rejeição 37,2% 36,7% 22,3% 0,0001
Indução
Não 96,1% 53,3% 25%
Basiliximab 3,9% 45,8% 70% 0,0001
Timo 0% 0,8% 5%
Imunossupressão
Aza + Pred 24% 1,7% 0,3%
Aza + Pred + CSA 74,9% 8,3% 0
Aza + Pred + Tacro 0 4,2% 14,7% 0,0001
MF + Pred + Tacro 0 35,8% 79,3%
MF + Pred 0,6% 11,7% 5,7%
MF + Pred + CSA 0,6% 38,3% 0
Retardo do início da funçao do enxerto 75% 82,1% 58,3% 0,009
Tempo até alta (dias) 25,8 ± 12,4 17,8 ± 11,5 15,9 ± 13,9 0,001
Tempo de seguimento (meses) 97,3 ± 80 73 ± 44,2 28 ± 19 0,001
Perda do enxerto 44,2% 15,5% 10% 0,0001
Óbito 31,7% 22,5% 15% 0,0001

Timo: Timoglobulina; Aza: Azatioprina; Pred: Prednisona; CSA: Ciclosporina; Tacro: Tacrolimo; MF: Micofenolato.

A grande maioria dos pacientes (96,1%) não recebeu indução na era 1. Nas eras 2 e 3, a indução com baxilimab foi usada em 45,8% e em 70% dos casos, respectivamente (p = 0,0001).

Houve redução da ocorrência de retardo de função do enxerto com doadores falecidos na era atual (58,3%) contra 82,1% na segunda era e 75% na primeira era (p = 0,009).

A sobrevida geral dos 600 pacientes divididos quanto ao tipo de doador está expressa na Figura 1A. A sobrevida dos pacientes transplantados com doador vivo foi de 99,4% no 1º ano, 93,7% no 5º ano e 91,4% após 10 anos de transplante. A sobrevida dos pacientes transplantados com doador falecido, por sua vez, foi de 93,3% no 1º ano, 84,3% no 5º ano e de 78,7% após 10 anos de transplante (p = 0,0001).

Figura 1 A: Sobrevida do Paciente nas três eras (1987-2011) dividido por tipo de doador (vivo e falecido), p = 0,0001; B: Sobrevida do Enxerto nas três eras (1987-2011) dividido por tipo de doador (vivo e falecido), p = 0,0001. 

A sobrevida geral do enxerto dos 600 pacientes divididos quanto ao tipo de doador está expressa na Figura 1B. A sobrevida do enxerto dos transplantados com doador vivo foi de 97,6% no 1º ano, de 88,6% no 5º ano e de 83,6% após 10 anos de transplante; enquanto que a sobrevida dos pacientes transplantados com doador falecido foi de 91,9% no 1º ano, de 83,1% no 5º ano e de 72,1% após 10 anos de transplante (p = 0,0001).

As sobrevidas dos pacientes transplantados com doador vivo dividido pelas três eras estão expressas respectivamente na Figura 2A sendo que não houve diferença estatisticamente significativa entre as sobrevidas nas três eras avaliadas.

Figura 2 Sobrevida dividida por em três eras: era 1 (1987-2000), era 2 (2001-2006) e era 3 (2007-2011) somente com doadores vivos; A: Sobrevida do Paciente p = NS; B: Sobrevida do Enxerto, p = NS. 

As sobrevidas dos enxertos dos pacientes transplantados com doador vivo, divididos pelas três eras, estão expressas na Figura 2B. A sobrevida do enxerto foi de 90,8% na era 1 de 87,5% na era 2 e de 95,8% na era 3 após 1 ano do transplante; de 73% na era 1, de 73,6% na era 2 e de 92% na era 3 após 3 anos de transplante; de 52,3% na era 1 de 67,7% na era 2 e de 90,9% na era 3 após 5 anos de transplante (p = 0,16).

As sobrevidas do enxerto dos transplantados com doador falecido divididos pelas três eras estão expressas respectivamente na Figura 3A sendo que não houve diferença estatisticamente significativa entre as sobrevidas nas três eras avaliadas.

Figura 3 Sobrevida dividida por em três eras: era 1 (1987-2000), era 2 (2001-2006) e era 3 (2007-2011) somente com doadores falecidos; A: Sobrevida do Paciente p = NS; B: Sobrevida do Enxerto, p = 0,0001. 

As sobrevidas do enxerto dos pacientes transplantados com doador falecido, divididos pelas três eras, estão expressas na Figura 3B. A sobrevida do enxerto foi de 61,3% na era 1, de 75% na era 2 e de 93,9% após 1 ano de transplante; de 36,6% na era 1, de 41% na era 2 e de 86,2% na era 3 após 3 anos de transplante e de 13,7% na era 1, de 38% na era 2 e de 81,9% na era 3, 5 anos após o transplante (p = 0,0001).

Discussão

A avaliação dos 600 transplantes renais realizados em nosso serviço, desde seu início até dezembro de 2011, subdividindo os pacientes em três eras de acordo com a imunossupressão vigente em cada período, mostra que houve evolução quanto ao perfil do receptor e doador. Na terceira era, a idade média do receptor elevou-se significativamente, e houve maior aumento de comorbidades, como o diabetes e a hipertensão arterial, devido ao perfil atual do paciente em terapia renal substitutiva, que se mostra mais idoso e com uma maior prevalência de diabetes.10 Os transplantes com doador falecido, bem como a idade do doador aumentaram, em consonância com o perfil atual dos transplantes no país.4 De forma geral, esses resultados são semelhantes aos obtidos por Chakkera et al.,7 que avaliaram os dados de 51.500 transplantados renais do registro americano (United States Renal Data System database), estratificados em três períodos, de acordo com a imunossupressão vigente. Ao final do estudo, os autores observaram que, com o passar dos anos houve aumento da idade média dos pacientes, do número de comorbidades pré-transplante e do aumento no número de pacientes submetidos a transplantes sem diálise prévia. Além disso, também houve mudanças no perfil do doador, com elevação na idade média e na frequência de doadores falecidos apresentando como causa de óbito doença cérebro vascular. Chakkera et al.7 também observaram aumento da sobrevida do enxerto e do paciente no decorrer dos anos.

Nossos dados relativos à terapia imunossupressora mostram aumento da indução nas diferentes eras, culminando com 75% de indução na era atual (70% de basiliximab e 5% de timoglobulina), contra 46,6% de indução na segunda era e apenas 3,9% de indução na primeira era (p < 0,0001). A principal terapia de imunossupressão utilizada na era atual constituiu-se da combinação de tacrolimus com micofenolato12 (79,3%), ou tacrolimus com azatioprina (15%). Na segunda era, utilizou-se principalmente ciclosporina e micofenolato (38,3%), enquanto que na primeira era a imunossupressão teve como base principal a ciclosporina e a azatioprina (75%), sempre em combinação com a predinisona. Esses achados seguem a tendência atual de outros centros no país e no mundo da utilização mais frequente da combinação de tacrolimus com micofenolato e predinisona.3,13 Segundo Van den Hoogen et al.,14 a combinação de tacrolimus em baixas doses, micofenolato e predinisona somados à indução com inibidores do receptor da IL-2 é o melhor esquema de imunossupressão a longo prazo, com taxas de rejeição aguda inferiores a 15% e melhor sobrevida do enxerto quando comparado às combinações de ciclosporina e micofenolato, ciclosporina em baixas doses e micofenolato e sirolimus com micofenolato. Entre nossos pacientes, também observamos uma redução significativa das taxas de rejeição aguda (22,3% na era atual; 36,7% na segunda era; e 37,2% na primeira era; p < 0,0001). Esta redução provavelmente reflete a melhor terapia imunossupressora da era atual e o uso mais frequente das terapias de indução, culminando com menor taxa de rejeição.

O número de transplantes realizados ao longo das três diferentes períodos em nosso serviço também cresceu. Na primeira era, que abrange o início do serviço e cobre um período de 13 anos, 180 transplantes foram realizados, perfazendo uma média de 14 transplantes por ano. A segunda era engloba um período de 5 anos em que foram realizados 120 transplantes, em média 24 por ano. E na era mais recente, que inclui um período de apenas 4 anos, foram realizados 300 transplantes, média de 75 transplantes por ano. Este aumento progressivo fez-se predominantemente com transplantes renais de doador falecido (60%), seguindo tendência atual do país.4

Os dados referentes à sobrevida geral por tipo de doador mostram-se semelhantes à literatura: sobrevida em 1 ano de 99,4% para paciente e 97,6% para enxerto; e em 10 anos de 91,4% para paciente e 83,6% para enxerto com doadores vivos. Para doadores falecidos, a sobrevida no primeiro ano foi de 93,3% para o paciente e 83,6% para enxerto, e em 10 anos de 78,7 para o paciente e 72,1% para o enxerto. Essas sobrevidas são semelhantes às reportadas pelo Registro Brasileiro de Transplantes de 2011,4 aos dados americanos do OPTN & SRTR3 e também às reportadas por grandes serviços transplantadores do país.13,15

As curvas de sobrevida nos diferentes períodos do estudo não mostram diferenças entre doadores vivos. Os transplantes renais com doadores falecidos, entretanto, mostram significativas diferenças de sobrevida nas diferentes eras. Houve um progressivo aumento na sobrevida do enxerto com o progredir das eras, passando em 5 anos de 13,7% na primeira era, para 38% na segunda e atingindo 81,9% na terceira era (p = 0,0001). Os dados da atual era para sobrevida com doadores falecidos estão de acordo com os dados do UNOS e CTS da Europa.16 Acreditamos que o fato de o transplante com doador falecido apresentar maiores desafios quando comparado ao transplante com doador vivo possa explicar essa disparidade. Assim, os resultados inferiores dessa primeira era podem estar refletindo tanto os esquemas de imunossupressão baseados principalmente em ciclosporina e azatioprina e na baixa utilização de esquemas de indução quanto a pouca experiência do centro que apresentava um baixo volume de transplantes na ocasião (média de 14/ano). Em contraponto, a melhora da sobrevida do período atual com doadores falecidos é explicada pela melhor terapia imunossupressora, baseada principalmente na combinação de tacrolimus com micofenolato, maior uso da terapia de indução e maior experiência do serviço, que passou para uma média de 75 transplantes/ano.

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