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Perfil sociodemográfico e comorbidades psiquiátricas em dependentes químicos acompanhados em comunidades terapêuticas

Perfil sociodemográfico e comorbidades psiquiátricas em dependentes químicos acompanhados em comunidades terapêuticas

Autores:

Rafael Vinícius Danieli,
Mírian Brusadelli Macedo Ferreira,
Julia Melloni Nogueira,
Leonardo Nunes de Castro Oliveira,
Emirene Maria Trevisan Navarro da Cruz,
Gerardo Maria de Araújo Filho

ARTIGO ORIGINAL

Jornal Brasileiro de Psiquiatria

versão impressa ISSN 0047-2085versão On-line ISSN 1982-0208

J. bras. psiquiatr. vol.66 no.3 Rio de Janeiro jul./set. 2017

http://dx.doi.org/10.1590/0047-2085000000163

ABSTRACT

Objectives

Analyze the sociodemographic profile, personal/family antecedents and the prevalence of psychiatric comorbidities in a sample of alcohol and/or psychoactive substances (PAS) accompanied in two therapeutic communities.

Methods

This is a prevalence study, having gathered data from a sample with 90 interviewee through a form with sociodemographic/personal/family antecedents data and the Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI Plus). The interviewee were divided in three groups: alcohol dependent (group A), illicit PAS dependents (group B) and alcohol and illicit PAS (group C).

Results

A high prevalence of psychiatric comorbidities (88.8%) and, specifically, the major depressive disorder (MDD) in group A (36.7%) and antisocial personality disorder in groups B and C (46.7% and 30%, respectively) was found. It was possible to track characteristic profile for each group, having found a convergence of sociodemographic data for groups A and C, and between groups B and C, for psychiatric comorbidities.

Conclusion

The sociodemographic vulnerability and the high prevalence of psychiatric comorbidities denote the fragility of the population of chemical dependents. The characteristic profiles for each group demonstrate the importance of an individualized treatment.

Key words: Chemical dependence; mental disorders; psychiatric comorbidities; psychoactive substances; therapeutic communities

INTRODUÇÃO

A dependência do álcool e das substâncias psicoativas (SPAs) ilícitas representa um problema de saúde pública, dada sua prevalência elevada e os prejuízos socioeconômicos e pessoais1-3. No Brasil, as prevalências de dependência de álcool, maconha e estimulantes são de, respectivamente, 12,3%, 1,2% e 0,2%4. Considerando a população mundial em 2013, cerca de 27 milhões de pessoas tinham algum transtorno decorrente do uso de drogas ou dependência química5.

A dependência de álcool e SPAs acarreta redução da capacidade laboral, desemprego, marginalização/criminalidade, desestruturação familiar, aumento da demanda aos serviços de saúde e comorbidades psiquiátricas e clínicas1,6-11. Acredita-se que conhecer o perfil sociodemográfico e as demandas dos dependentes químicos seja fundamental para uma melhor assistência, prevenção de casos novos/recaídas e tratamento dos já existentes12-16. Além disso, dada à alta associação da dependência química com outras comorbidades psiquiátricas, abordar a dependência sem intervir também nas comorbidades denota tratamento incompleto, acarretando maior índice de recaídas, menor adesão terapêutica, maior necessidade de internações prolongadas e maior risco de suicídio17-24.

Segundo o Epidemiologic Catchment Area Study25, cerca de metade dos dependentes de álcool e outras substâncias possuía um diagnóstico psiquiátrico adicional, sendo 26% de transtornos de humor, 28% de ansiedade e 18% de personalidade antissocial. Os resultados do National Epidemiologic Survey on Alcohol and Related Conditions26,27 demonstram associação significativa entre transtornos de humor, ansiedade e personalidade com a dependência de álcool. Além disso, outros estudos observaram maior risco de suicídio nos grupos com histórico de consumo múltiplo de substâncias, sugerindo a importância da avaliação de transtornos associados à dependência26-30.

A vulnerabilidade da população de dependentes químicos demanda tratamento especializado, que deve ser adequado às particularidades de cada caso, a depender da gravidade da dependência, da aceitação do paciente, da presença de comorbidades e do perfil sociodemográfico31,32. As formas de tratamento disponíveis vão desde o tratamento ambulatorial na atenção básica, nos Centros de Reabilitação Psicossocial e nos grupos de ajuda mútua, até a internação, seja ela voluntária ou involuntária, em hospitais gerais, hospitais psiquiátricos, clínicas especializadas e em comunidades terapêuticas31,33.

As comunidades terapêuticas consistem em um ambiente livre de SPAs, em que os pacientes são os maiores responsáveis por sua reabilitação, com um sistema estruturado por meio de normas, horários e atividades, atribuindo funções, direitos e responsabilidades aos indivíduos em tratamento34. No entanto, dado o potencial risco de agravos à saúde associado aos pacientes com dependência química, esse modelo ainda carece de adequações, como a presença de profissionais da saúde em tempo integral, planejamento para reinserção no mercado de trabalho e melhores estratégias de psicoeducação35.

Dada a alta associação de comorbidades psiquiátricas com dependência química e visando detalhar o perfil dos pacientes com dependência de SPAs, este estudo tem como objetivo analisar os dados sociodemográficos, antecedentes pessoais/familiares e a prevalência de comorbidades psiquiátricas em uma amostra de dependentes de álcool e/ou SPAs ilícitas em comunidades terapêuticas.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo de prevalência realizado em duas comunidades terapêuticas do município de Jaci-SP, que se destinam ao tratamento de dependentes químicos do sexo masculino, maiores de 18 anos. A participação foi voluntária, sem remuneração e também sem ônus aos que não participassem. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (CEP/Famerp) e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Critérios de inclusão: preencher critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4ª edição (DSM-IV), explorados por meio do Mini International Neuropsychiatric Interview versão Plus (MINI Plus), assim como da Classificação Internacional das Doenças, 10ª edição (CID-10), para dependência química de uma ou mais das seguintes SPAs: álcool, maconha, cocaína ou crack; tempo mínimo de cinco anos de dependência para pelo menos uma das substâncias citadas; idade entre 18 e 59 anos; sexo masculino; estar entre o 6º e o 15º dia de internação.

Critérios de exclusão: preencher critérios da CID-10 para transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substância – intoxicação aguda, uso nocivo para a saúde, síndrome de abstinência ou síndrome amnésica; discordância do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; não conseguir completar a entrevista.

Foram realizadas entrevistas clínicas por quatro médicos treinados, com aplicação de dois instrumentos: uma ficha de dados sociodemográficos/antecedentes pessoais e familiares (Anexo 1), elaborada pelos autores deste estudo, e o MINI Plus, que consiste em um questionário validado para uso no Brasil, destinado à avaliação aprofundada dos transtornos mentais ao longo da vida, na clínica e na pesquisa em psiquiatria36. O MINI Plus explora sistematicamente todos os critérios de inclusão e de exclusão e a cronologia de 23 categorias diagnósticas do DSM-IV36. Os entrevistados foram divididos em três grupos, cada um com 30 integrantes: grupos A (dependência apenas de álcool), B (dependência apenas de SPAs ilícitas) e C (dependência de álcool e SPAs ilícitas).

Os participantes foram entrevistados entre o 6º e o 15º dia de internação, excluindo o período imediato pós-internação, no qual a intoxicação aguda e a abstinência são mais comuns, e eliminariam o paciente da entrevista por ser critério de exclusão. Como muitos pacientes acabam sendo medicados por seus médicos assistentes logo nos primeiros dias de internação, não foram realizadas entrevistas após a segunda semana, visando evitar a ação medicamentosa plena, que geralmente se estabelece entre a terceira e a quarta semana de uso contínuo, a qual poderia reduzir os sintomas de possíveis transtornos mentais, subestimando, assim, os resultados do MINI Plus37.

Foi realizada uma análise descritiva dos dados. A comparação das frequências em cada variável, entre os grupos, foi realizada a partir da aplicação do teste de qui-quadrado clássico. O nível de significância adotado foi de 5%. O programa utilizado para a análise foi o Prisma 6.0.

RESULTADOS

Dados sociodemográficos (Tabela 1)

A tabela 1 apresenta os dados sociodemográficos dos três grupos da pesquisa.

Tabela 1 Dados sociodemográficos 

Dados sociodemográficos Especificadores Grupo A (30 entrevistados) Grupo B (30 entrevistados) Grupo C (30 entrevistados) Total (90 entrevistados) Valor “p”

% % % % A x B A x C B x C
Idade ≥ 18 anos e ≤ 30 anos 1 3,3 20 66,7 6 20 27 30 <0,0001 0,0651 <0,0001
> 30 anos e ≤ 40 anos 9 30 10 33,3 10 33,3 29 32,2
> 40 anos e ≤ 50 anos 12 40 0 0 12 40 24 26,7
> 50 anos e < 60 anos 8 26,7 0 0 2 6,7 10 11,1

Estado civil Solteiro 11 36,7 24 80 16 53,3 51 56,7 0,0224 0,0526 0,0431
Casado 8 26,7 3 10 3 10 14 15,5
Divorciado 6 20 3 10 1 3,3 10 11,1
Separado 3 10 0 0 5 16,7 08 8,9
Viúvo 1 3,3 0 0 0 0 1 1,1
União consensual 1 3,3 0 0 5 16,7 6 6,7

Prole Sim 21 70 15 50 19 63,3 55 61,1 0,2444 0,8607 0,4906
Não 9 30 15 50 11 36,7 35 38,9
Média de filhos/entrevistado 2,23 Ø 1,46 Ø 2,0 Ø 1,89 Ø

Escolaridade Nunca estudou 0 0 0 0 0 0 0 0 0,3106 0,6721 0,3710
Fundamental incompleto 18 60 12 40 16 53,3 46 51,1
Fundamental completo 4 13,4 4 13,3 5 16,6 13 14,4
Médio incompleto 1 3,3 5 16,7 3 10 9 10
Médio completo 5 16,7 6 20 2 6,7 13 14,4
Superior incompleto 1 3,3 3 10 2 6,7 6 6,7
Superior completo 1 3,3 0 0 2 6,7 3 3,4
Curso técnico incompleto 0 0 0 0 0 0 0 0
Curso técnico completo 0 0 0 0 0 0 0 0

Profissão Empregado 17 56,7 12 40 21 70 50 55,5 0,4134 0,1808 0,3899
Desempregado 12 40 16 53,3 6 20 34 37,8
Outros 1 3,3 2 6,7 3 10 6 6,7

Renda pessoal (do emprego atual ou do último que teve) ≤ 1 salário mínimo 10 33,3 12 40 12 40 34 37,8 0,7907 0,8004 0,8188
> 1 e ≤ 2 salários mínimos 11 36,7 12 40 9 30 32 35,5
> 2 e ≤ 3 salários mínimos 7 23,3 4 13,3 4 13,3 15 16,7
> 3 salários mínimos 2 6,7 2 6,7 5 16,7 9 10

Maior responsável pelo sustento da família O próprio entrevistado 18 60 5 16,7 18 60 41 45,5 0,0040 0,7343 0,0165
Pai do entrevistado 1 3,3 7 23,3 2 6,7 10 11,2
Mãe do entrevistado 5 16,6 10 33,3 4 13,3 19 21,2
Cônjuge do entrevistado 2 6,7 1 3,3 4 13,3 7 7,8
Irmão(ã) do entrevistado 2 6,7 2 6,7 0 0 4 4,4
Filho(a) do entrevistado 2 6,7 0 0 1 3,3 3 3,3
Avô(ó) do entrevistado 0 0 2 6,7 0 0 2 2,2
Outros 0 0 3 10 1 3,4 4 4,4

Religião Católico 21 70 15 50 15 50 51 56,7 0,1721 0,1563 0,5467
Evangélico 7 23,3 7 23,3 8 26,7 22 24,4
Espírita 1 3,3 2 6,7 0 0 3 3,4
Ateu 0 0 0 0 1 3,3 1 1,1
Outras 1 3,3 6 20 6 20 13 14,4

Ø: não se aplica cálculo de percentual.

Houve tendência dos pacientes do grupo A de serem internados com idades mais avançadas, enquanto no grupo B observou-se o inverso. No grupo C, houve homogeneidade na distribuição das idades. Nos três grupos, o estado civil mais frequente foi o “solteiro”, no entanto a prevalência de solteiros foi significativamente maior no grupo B do que no grupo A.

O nível de escolaridade mais frequente foi o fundamental incompleto. Somente 10,1% dos participantes cursaram o ensino superior e apenas 3,4% completaram-no. A maioria dos entrevistados tinha emprego no momento da internação, exceto no grupo B. Verificou-se em todos os grupos baixa remuneração, com 70% ou mais com remuneração menor ou igual a dois salários mínimos; 37,8% ganhavam um salário ou menos; somente 10% tinham renda superior a três salários. Houve prevalência significativamente maior dos próprios entrevistados como maiores responsáveis pelo sustento familiar no grupo A em relação ao B.

Antecedentes pessoais e familiares (Tabela 2)

A tabela 2 apresenta os dados referentes aos antecedentes pessoais e familiares dos três grupos da pesquisa.

Tabela 2 Antecedentes pessoais e familiares 

Antecedentes pessoais e familiares Especificadores Grupo A (30 entrevistados) Grupo B (30 entrevistados) Grupo C (30 entrevistados) Total (90 entrevistados) Valor “p”

% % % % A x B A x C B x C
Número de internações por dependência química 1 vez (1ª internação) 10 33,3 15 50 12 40 37 41,1 0,6083 0,7598 0,4552
2 vezes 9 30 6 20 9 30 24 26,6
3 vezes 3 10 3 10 2 6,7 8 8,8
4-5 vezes 4 13,3 4 13,3 3 10 11 12,2
6-10 vezes 2 6,7 2 6,7 1 3,3 5 5,5
> 10 vezes 2 6,7 0 0 3 10 5 5,5

História familiar de dependência química Pai 13 Ø 8 Ø 8 Ø 29 Ø 0,0951 0,5102 0,4191
Mãe 0 3 0 3
Irmão(ã)/(ãos) 10 8 10 28
Avô(ó)/(ós) 0 1 2 3
Filho(a)/(os)/(as) 0 0 0 0
Tio(a)/(os)/(as) 4 4 4 12
Outros 1 7 3 11
Nega 11 36,6 7 23,3 9 30 27 30
Confirma 1 ou mais 19 63,4 23 76,7 21 70 63 70

Comorbidades clínicas principais Hipertensão arterial sistêmica 6 Ø 2 Ø 2 Ø 10 Ø 0,1045 0,1001 0,1671
Diabetes mellitus 1 0 3 4
Dislipidemia 0 1 0 1
Cirrose hepática 0 0 0 0
Doença pulmonar obstrutiva crônica 0 0 0 0
Asma 0 0 0 0
Anemia 1 0 0 0
HIV 0 0 0 0
Hepatites B ou C 0 0 0 0
Outras doenças sexualmente transmissíveis 0 0 0 0
Outras 7 2 1 10
Nenhuma 19 63,4 27 90 25 83,4 71 78,9
Confirma 1 ou mais 11 36,6 03 10 05 16,6 19 21,1

Ø: não se aplica cálculo de percentual.

Mais que 70% dos entrevistados já haviam sido internados por dependência química pelo menos três vezes. Dentre todos os pacientes, 70% tinham história familiar de dependência química. Em relação às comorbidades clínicas, 21,1% de todos os entrevistados apresentavam uma ou mais, e a mais citada foi a hipertensão arterial sistêmica.

Aspectos relativos à dependência química (Tabela 3)

A tabela 3 apresenta a prevalência de dependência química para cada substância investigada.

Tabela 3 Prevalência de dependência química 

Substâncias psicoativas – dependência química (atual ou prévia) Número de dependentes químicos entre os 90 entrevistados Percentual de dependentes químicos entre os 90 entrevistados
Tabaco 74 82,2%
Álcool 60 67,7%
Cocaína 43 47,7%
Crack 39 43,3%
Maconha 38 42,2%
Inalantes 6 6,6%
Alucinógenos 3 3,3%
Anfetaminas 2 2,2%
Benzodiazepínicos 1 1,1%
Opioides 0 Zero

Entre todos os entrevistados, 44 (48,8%) apresentavam mais de uma dependência química, excluindo o tabagismo. A combinação mais frequentemente encontrada foi a de maconha/cocaína, seguida por álcool/crack e álcool/maconha/cocaína.

Frequência e tipos de comorbidades psiquiátricas (Figura 1)

A figura 1 apresenta a frequência e os tipos de comorbidades psiquiátricas encontradas nos três grupos da pesquisa.

Figura 1 Gráfico de comorbidades psiquiátricas em dependentes químicos. 

Quanto aos transtornos de humor, para o episódio depressivo maior (EDM), observaram-se prevalências totais (episódios passados e atuais) de 36,7% no grupo A, 13,4% no B e 30% no C. A prevalência de transtorno depressivo maior (TDM) atual ou passado, com ou sem aspectos psicóticos (AP), nos 90 entrevistados, foi de 23,3%. Os dados referentes aos episódios depressivos maiores induzidos por substâncias evidenciam prevalências de 16,7%, 23,3% e 16,7% nos grupos A, B e C, respectivamente. Apenas no grupo C houve o diagnóstico de transtorno afetivo bipolar (TAB) tipo I e somente nos grupos B e C houve casos de episódio hipo(maníaco) induzido por substância.

Em relação aos transtornos psicóticos, apenas dois entrevistados do grupo C tiveram diagnóstico de esquizofrenia, ambos em episódio atual. Para o transtorno psicótico induzido por substância, houve prevalência de 30% no grupo A, 60% no B e 46,7% no C, com prevalência total de 45,5%.

Para os transtornos de ansiedade, dois entrevistados no grupo A (6,7%) e um no B (3,3%) preencheram critérios para transtorno de ansiedade generalizada (TAG) atual. Para o TAG induzido por substância atual, houve maior prevalência, com cinco no grupo A e B (16,7%) e um no C (3,3%). Tal prevalência foi significativamente maior no grupo A do que no C (p = 0,0452) e no B em relação ao C (p = 0,0452). Seis entrevistados no grupo B (20%) foram diagnosticados com transtorno de ansiedade com ataques de pânico induzidos por substância, enquanto apenas um no grupo C (3,3%). Dentre os 90 entrevistados, oito (8,9%) foram detectados com fobia social e 10 (11,1%) com fobia específica. Houve quatro casos de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), todos no grupo C (13,3%).

Diagnosticou-se o transtorno da personalidade antissocial na vida inteira em dois entrevistados no grupo A (6,7%), 14 no B (46,7%) e nove no C (30%), totalizando 25 entre todos os entrevistados (27,8%). Esse transtorno foi significativamente mais frequente no grupo B do que no A (p = 0,0005) e mais no C do que no A (p = 0,0195). Foi ainda mais frequente no B do que no C, no entanto essa última associação não teve validade estatística (p = 0,1843).

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) adulto atual foi detectado em quatro pacientes do grupo B (13,3%) e em um do C (3,3%). A frequência de TDAH foi significativamente superior no grupo B em relação ao A (p = 0,0384).

Somente seis entrevistados no grupo A (20%), dois no B (6,7%) e três no C (10%) não tiveram nenhum transtorno mental detectado pelo MINI Plus, excluindo a dependência química. Portanto, em 88,8% da amostra encontrou-se algum transtorno mental em comorbidade com a dependência química.

Perfis dos entrevistados por grupos (Tabela 4)

A tabela 4 apresenta uma síntese por grupos dos perfis dos entrevistados, levando em consideração os dados sociodemográficos, os antecedentes pessoais e familiares e as comorbidades psiquiátricas.

Tabela 4 Perfis dos entrevistados por grupos 

Grupos Perfil
Grupo A Idade avançada na internação Maior número de filhos Com emprego Maiores responsáveis pelo sustento da família Diagnosticados com transtorno depressivo maior
Grupo B Idade precoce na internação Solteiros Desempregados Pais como principais provedores da família Diagnosticados com transtorno psicótico induzido por substância, transtornos de ansiedade, transtorno de personalidade antissocial e TDAH
Grupo C Idade avançada na internação Maior número de filhos Com emprego Maiores responsáveis pelo sustento da família Diagnosticados com transtorno psicótico induzido por substância, transtornos de ansiedade e transtorno de personalidade antissocial

DISCUSSÃO

Dados sociodemográficos

No presente estudo, observou-se que o uso de SPAs ilícitas levou à internação mais precocemente do que o uso isolado de álcool. Borini et al.38 verificaram achado similar em 382 pacientes masculinos internados por uso de SPAs ilícitas, no qual cerca de metade tinha idade abaixo de 20 anos. Sabe-se que entre as SPAs ilícitas está o crack, cujos primeiros sintomas surgem de 10 a 15 segundos após sua utilização, sendo ainda de rápida eliminação, o que acarreta o uso compulsivo, podendo demandar internação precoce39.

O envolvimento com SPAs ilícitas e álcool pode dificultar a constituição de família. Ao analisarem 350 prontuários de dependentes químicos, Capistrano et al.6 verificaram alto percentual de solteiros (39,4%), como o encontrado neste estudo (56,7%). Silva et al.1 encontraram prevalência de separação conjugal de 80% e consideraram a adição um fator de risco para a desestruturação familiar. É plausível que o grupo B apresente maior prevalência de solteiros em relação ao A, por ser o grupo constituído por mais adultos jovens. A dependência isolada de álcool possibilita manter um padrão de vida mais organizado até idades mais avançadas, permitindo a constituição de família40,41. Já nos usuários de SPAs ilícitas apenas, as dificuldades sociais pronunciam-se mais precocemente, dificultando a constituição familiar40,41.

No presente estudo, a maioria dos entrevistados só cursou até o ensino fundamental. Dados da literatura sugerem que a baixa escolaridade não é apenas consequência do uso de SPAs, mas também causa, pois a menor escolaridade resulta em maior dificuldade para a inserção no mercado de trabalho, acarretando marginalização e envolvimento mais frequente com SPAs42,43. Bahls e Ingbermann44 encontraram um início precoce de dificuldades e abandono escolar podendo prenunciar o abuso de drogas.

Os resultados demonstram que mais da metade dos os entrevistados estava empregada no momento da internação. Todavia, muitos desses empregos não eram formais, e sim trabalhos intermitentes, pois o estreitamento de repertório imposto pelas SPAs dificulta a regularidade no trabalho45. Segundo o National Household Survey on Drug Abuse46, dos 11,8 milhões de adultos usuários de drogas no ano 2000, 9,1 milhões (77%) tinham algum emprego.

Verificou-se que 37,8% dos participantes tinham renda menor ou igual a um salário mínimo. Sadock e Sadock47 sustentam que a menor escolaridade e os níveis mais baixos de renda são fatores de risco para a dependência química.

A alta prevalência de catolicismo no Brasil, conforme elucidado no “Novo mapa das religiões”48, explica o fato de a maior parte dos entrevistados serem católicos. Além disso, o fato de o presente estudo ter sido realizado em duas comunidades católicas pode ter tornando mais confortável para alguns entrevistados assumir o catolicismo49.

Antecedentes pessoais e familiares

Os resultados corroboram a alta prevalência de recaída evidenciada na literatura50, já que para todos os grupos estudados pelo menos 50% dos entrevistados já tinham mais de uma internação por dependência química, denotando recaídas. Analogamente, Zenelatto51 encontrou alta incidência de recaída nos primeiros 90 dias e até mesmo após anos de abstinência.

Os dados apontam alta prevalência de história familiar de dependência química (70%), sendo o pai o familiar mais citado. Conforme discutido por Canavez et al.52, a predisposição genética e o convívio com pais e irmãos usuários de SPAs são fatores de risco para a dependência química. Figlie et al.53 encontraram prevalência paterna de 67% para o uso de SPAs.

Aspectos relativos à dependência química

O fato de o tabaco e o álcool serem substâncias lícitas, de baixo custo e bem aceitas socialmente pode justificar suas maiores prevalências54. Além disso, o álcool e o tabaco são mais prejudiciais em longo prazo, enquanto a cocaína e o crack trazem debilidade física e psíquica, envolvimento com violência e internação mais precoces55. Ribeiro et al.55 verificaram que, após cinco anos de seguimento de 124 usuários de cocaína/crack, 17,6% morreram, sendo homicídio a causa mais prevalente, seguida de infecção pelo vírus da imunodeficiência adquirida.

As prevalências de dependência de maconha, cocaína e crack foram próximas, o que pode ser explicado pela progressão comum do uso dessas substâncias: início com maconha, seguida pela cocaína e o crack56. Similarmente, Sanchez e Nappo57 constataram 31 usuários ou ex-usuários de crack seguindo essa mesma escalada típica da dependência química.

Comorbidades psiquiátricas

A prevalência de EDM e TDM foi semelhante nos grupos A e C e superior ao B. Pode-se inferir que o álcool é um importante fator para a similaridade entre A e C quanto ao TDM, conforme revisão de 2011, que avaliou a associação entre o uso de álcool e a depressão, evidenciando que, quando um deles está presente, se dobra o risco para o outro58. Já para o EDM induzido por substância, as prevalências de A e C foram iguais e inferiores à do B. A prevalência de EDM foi superior à de TDM, pois nem todos os episódios depressivos eram unipolares.

Foi diagnosticado TAB apenas nos grupos B e C, reforçando uma possível associação entre tal diagnóstico e o uso de SPAs ilícitas. Como prováveis causas, Ribeiro et al.59 apontam a cocaína como potencializadora dos estados maníacos e o consumo de maconha aumentando o risco, a intensidade e o tempo de duração de uma crise. Em contrapartida, Regier et al.25 encontraram prevalência de dependência de SPAs ilícitas associada ao TAB de 27%, enquanto nos etilistas foi de 31%.

A prevalência de esquizofrenia foi de 2,2%, mais que o triplo da população geral (0,3% a 0,7%)60. O transtorno psicótico induzido por substância acometeu mais de 40% dos entrevistados, principalmente no grupo C (> 50%). O grupo A teve a menor prevalência, sugerindo que as drogas ilícitas possam induzir sintomas psicóticos mais facilmente do que o álcool sozinho. As diretrizes da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas17 demonstram que a esquizofrenia associada ao abuso de substâncias tem prognóstico pior do que um desses transtornos isoladamente.

Quanto aos transtornos de ansiedade, observou-se certa homogeneidade entre os grupos B e C e menor prevalência no A. O perfil de maior delinquência encontrado nos usuários de drogas ilícitas os expõe a situações de pressão e perigo, favorecendo o advento de transtornos de ansiedade7,17,61.

A prevalência de transtorno da personalidade antissocial na vida inteira (26,7%), sobretudo considerando as prevalências dos grupos B (46,7%) e C (30%), foi muito superior à da população geral (0,2%-3,3%)60. Infere-se uma associação desse transtorno com o uso de SPAs, sobretudo ilícitas, visto que os grupos B e C tiveram prevalências similares e altas, enquanto o grupo A teve prevalência menor (6,7%). A personalidade antissocial favorece comportamentos desviantes, com maior envolvimento em criminalidade e uso de SPAs27. Chalub e Telles7 encontraram alta proporção de atos violentos quando álcool ou drogas ilícitas estavam presentes entre agressores ou vítimas.

Os resultados sugerem uma associação entre o uso de SPAs ilícitas e o TDAH: quatro pacientes do grupo B e um do C apresentaram diagnóstico de TDAH, enquanto nenhum do grupo A apresentou. Um estudo com 120 indivíduos com TDAH na infância versus 268 sem a doença evidenciou que a prevalência de uso de SPAs na vida adulta foi superior nos pacientes com TDAH (52% versus 27%)62. Entretanto, essa relação não existia quando se considerava o uso isolado de álcool, mas estava presente no uso isolado de drogas ilícitas ou de SPAs ilícitas e álcool62.

A elevada prevalência de comorbidades psiquiátricas encontrada nos participantes deste estudo (88,8%), superior à da população geral (56%)63, pode decorrer de todos os entrevistados estarem internados e preencherem critérios para dependência química, sendo, portanto, mais graves. Capistrano et al.6 verificaram prevalência de comorbidades psiquiátricas em dependentes químicos de 13%, significativamente inferior à encontrada neste estudo. Já outros trabalhos demonstraram taxas mais altas de comorbidades psiquiátricas, de aproximadamente 50% e 83,9%25,29.

É importante destacar ser o MINI Plus um instrumento desenhado para o screening de transtornos psiquiátricos na atenção primária36. Portanto, alguns resultados podem estar superestimados, uma vez que ele foi utilizado em um cenário de comunidades terapêuticas. Ademais, foram pesquisados diagnósticos de difícil realização, como o de TDAH no adulto e o de transtorno da personalidade antissocial, podendo haver falsos-positivos, o que pode levar à maior sobreposição de diagnósticos. Assim sendo, as discussões elaboradas merecem ponderação.

Perfis dos entrevistados por grupos

Houve semelhança em relação aos dados sociodemográficos/antecedentes pessoais e familiares entre os grupos A e C. Pressupõe-se que isso se deva ao fato de os integrantes do grupo C, na maioria das vezes, iniciarem a dependência pelo álcool e posteriormente evoluírem para dependência de SPAs ilícitas. Esse tempo seria suficiente para constituir família e estabelecer vínculo empregatício.

Por outro lado, quanto às comorbidades psiquiátricas, observa-se maior similaridade entre os grupos B e C: altas prevalências de transtorno de personalidade antissocial, transtorno psicótico induzido por substância, transtornos de ansiedade, além da presença de TDAH. Tal fato sugere que as SPAs ilícitas sejam as determinantes para o perfil de comorbidades psiquiátricas, com exceção do TDM, para o qual a dependência de álcool parece ser mais significativa.

CONCLUSÃO

A população estudada apresenta vulnerabilidades como baixa escolaridade, remuneração insuficiente, instabilidade conjugal, história familiar de dependência química e alta prevalência de comorbidades psiquiátricas. Foi possível traçar perfis particulares para cada grupo de dependentes químicos, observando-se diferenças significativas entre eles. Tal panorama evidencia a necessidade de atenção individualizada para o tratamento da dependência química e suas comorbidades, além de ações de prevenção.

Dada à fragilidade sociodemográfica e a alta prevalência de comorbidades verificada, sugere-se que os membros das equipes das comunidades terapêuticas poderiam aplicar escalas de risco de suicídio, depressão e ansiedade durante o período de tratamento, assim como buscar vulnerabilidades sociodemográficas peculiares a cada caso, adequando o tratamento às necesidades de cada paciente. É também fundamental direcionar esses indivíduos para tratamentos especializados pós-alta, para evitar recaídas e novas hospitalizações.

Faz-se necessária a replicação deste estudo em amostras maiores e em amostra do sexo feminino, assim como a comparação com dependentes químicos em tratamento ambulatorial e com a população geral. Por fim, seria importante realizar estudos prospectivos que levassem em consideração fatores sociodemográficos, com o intuito de compreender a dinâmica do surgimento das comorbidades psiquiátricas na dependência química.

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