versão impressa ISSN 0066-782Xversão On-line ISSN 1678-4170
Arq. Bras. Cardiol. vol.111 no.3 São Paulo set. 2018
https://doi.org/10.5935/abc.20180185
Muitos pacientes morrem imediatamente após sofrer um ferimento no coração; por outro lado, muitos outros morrem antes, durante ou depois da cirurgia, devido a complicações.1
Admitimos ao hospital um homem de 33 anos após uma tentativa de suicídio ocorrida uma hora antes, com onze ferimentos de faca localizados na parede torácica anterior esquerda (Figura 1-A). O exame físico mostrou hipotensão, dispneia, pressão venosa central elevada e sangramento externo leve. Monitoramento hemodinâmico, intubação traqueal, perfusão de vasopressor, terapia intravenosa de fluidos, ecocardiograma e tomografia de urgência foram realizados. A TCA mostrou derrame pericárdico grave e derrame pleural esquerdo moderado (Figura 1-B, setas brancas). Cirurgia cardíaca de emergência foi realizada através de esternotomia mediana. Rasgos pericárdicos múltiplos foram visualizadas. O coágulo pericárdico foi removido (Figura 1-C) e o ferimento no ventrículo direito foi fechado com sutura de monofilamento (Figura 1-D, seta preta). Na parede torácica interna, foi observada a transecção completa da artéria mamária esquerda com sangramento grave na cavidade pleural esquerda (Figura 1-E, seta branca). A artéria mamária foi reparada e o sangramento foi controlado. O curso pós-operatório transcorreu sem intercorrências.
Ferimentos cardíacos são problemas graves de saúde. As estatísticas dramáticas mostraram que muitos problemas relacionados com lesões cardíacas traumáticas não são resolvidos em última instância. Ferimentos a faca no ventrículo direito são talvez a lesão penetrante mais comum no coração, mas a transecção completa adicional da artéria mamária é muito incomum. O fator mais importante para a sobrevivência é o tratamento de urgência e o reparo cirúrgico imediato.