versão impressa ISSN 1414-8145versão On-line ISSN 2177-9465
Esc. Anna Nery vol.21 no.4 Rio de Janeiro 2017 Epub 04-Dez-2017
http://dx.doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2017-0004-0001
Entre as missões e funções da educação superior no artigo 1º, da Conferência Mundial sobre Educação Superior reafirma a geração de conhecimento através da pesquisa e incentiva a aprendizagem; bem como proporciona habilidades técnicas adequadas para contribuir com o desenvolvimento cultural, social e econômico das sociedades e com o desenvolvimento da pesquisa científica e tecnológica.1 Mas, para que uma pessoa tenha capacidade de produzir conhecimento e aprendizagem permanente, é necessário adquirir conhecimento, habilidades e atitudes para o pesquisar.
No âmbito da América Latina, especificamente na Colômbia, o Conselho Nacional de Acreditação (CNA) começou a falar sobre pesquisa formativa na segunda metade da década de 1990 como aquela pesquisa que é feita entre estudantes e professores no processo de desenvolvimento do currículo de um programa e que é próprio da dinâmica do relacionamento com o conhecimento que deve existir em todos os processos acadêmicos, tanto na aprendizagem, por parte dos alunos, como na renovação da prática pedagógica pelos professores.2
A pesquisa formativa é definida como uma ferramenta do processo ensino-aprendizagem; e seu objetivo é divulgar informações existentes e encorajar o aluno a incorporá-la como conhecimento (aprendizagem). Também pode ser definido como ensino através de pesquisa ou ensino usando o método de pesquisa,3 constituindo-se como uma estratégia pedagógica de ensino no desenvolvimento do projeto pedagógico.
De acordo com Elliot,4 com base na publicação de Cerda no ano de 2007, para o desenvolvimento da pesquisa formativa em sala de aula, é necessário que existam condições objetivas na instituição educacional, como um currículo flexível, aberto e dinâmico, que aceite uma diversidade de habilidades, ritmos, valores culturais, interesses e demandas que permitem a articulação entre as tarefas investigativas e educacionais e o desenvolvimento dos alunos.
Stenhouse5 propõe que o currículo seja o meio pelo qual o professor pode aprender sua arte; pode adquirir conhecimento e pode testar ideias e experiência na prática, que lhe permita melhorar a qualidade do ensino. Nesse sentido, o currículo é a ferramenta que condiciona o exercício de tal experimentação em que o professor se torna pesquisador na sala de aula de sua própria experiência de ensino; que tem poder elevado para influenciar na prática e para mudar modelos educacionais obsoletos. Isto se deve ao fato de ser construído sobre o conhecimento real dos professores, já que abordam preocupações reais sobre complexos processos ocultos da vida em sala de aula e porque constituem um processo natural de avaliação como ferramenta de pesquisa.
A Universidad Católica los Ángeles de Chimbote (ULADECH Católica) promove dentro do seu modelo didático o desenvolvimento de atividades de pesquisa formativa, o qual se baseia no Projeto Educacional Institucional, que concebe a pesquisa formativa como um eixo transversal ao currículo, uma vez que a educação é um processo de socialização por meio do qual a pesquisa é inerente à vida do ser humano. É expresso através da inserção de atividades pedagógicas relacionadas aos conteúdos da disciplina, que promovem o desenvolvimento das capacidades investigativas e dos resultados da linha de pesquisa nos planos de aprendizagem de cada matéria do currículo, as quais abrangem as áreas gerais de cada programa de estudo.
A monografia investigativa, testada pela ULADECH Católica e por professores universitários como uma política institucional, é a técnica que mostrou certa eficácia para o desenvolvimento da pesquisa formativa, constituindo um verdadeiro exercício de pesquisa e, nesse sentido, além de ser uma estratégia de ensino, é também um excelente meio de treinamento em pesquisa. O rigor metodológico, ao fazer uso do método científico, e a relevância temática são características das monografias universitárias.
Deve-se acrescentar que é essencial que a pesquisa formativa seja concebida como uma estratégia pedagógica que permita aos professores refletirem sobre suas práticas pedagógicas para uma melhor qualidade de ensino; e aos estudantes, serem arquitetos de sua própria aprendizagem, desenvolvendo capacidades de pesquisa, construindo conhecimento ou aprendizagem de conhecimentos, ainda que de conhecimento existente.5 Estas estratégias são destinadas a apropriação abrangente de conhecimento, sua relevância é dada pelos objetivos curriculares; o objetivo da pesquisa pertence a uma área de conhecimento estabelecido. A operacionalização da pesquisa formativa na ULADECH Católica é executada com métodos práticos de ensino de pesquisa, tais como: estudo de caso; seminário; aprendizagem baseada em problemas (ABP); portfólio; projetos de pesquisa, que se alinham ao seu propósito didático, em coerência com o objeto de estudo.
Em conclusão, a pesquisa formativa utiliza a pesquisa como uma ferramenta do processo ensino-aprendizagem, cujo objetivo é disseminar a informação existente e favorecer que o aluno a incorpore como conhecimento. Este tipo de pesquisa tem os seguintes objetivos: ensinar professores e alunos a pesquisarem; desenvolver habilidades cognitivas, como a analítica, o pensamento produtivo e a resolução de problemas; familiarizar os estudantes com os estágios da pesquisa e os problemas que se colocam e; construir nos professores a cultura da avaliação permanente de sua prática.