versão impressa ISSN 0066-782Xversão On-line ISSN 1678-4170
Arq. Bras. Cardiol. vol.111 no.5 São Paulo nov. 2018
https://doi.org/10.5935/abc.20180224
A busca por marcadores de resposta à Terapia de Ressincronização Cardíaca (TRC) permanece intensiva. Atualmente, os principais critérios para indicação de TRC são a morfologia do QRS e a ausência de fibrose miocárdica.1
O eletrocardiograma continua sendo uma ferramenta importante para a seleção de candidatos à TRC, e novos parâmetros, como o intervalo PR, são interessantes para discriminar o prognóstico nessa população. Sobre esta questão, temos um estudo de metanálise2 que concluiu que a presença de intervalo PR prolongado é um marcador de mau prognóstico em momento basal.
Na prática clínica, esses dados podem surpreender os médicos. O senso comum é que é muito mais fácil fazer ajustes do intervalo atrioventricular para obter a melhor resposta hemodinâmica,3 assim como garantir maior taxa de ressincronização atriobiventricular efetiva.4
As hipóteses fisiopatológicas que poderiam justificar esse pior prognóstico permanecem um desafio para a medicina.
No entanto, uma visão crítica desses dados é necessária. A questão do forte interesse clínico é: “O intervalo PR pode ser usado como um critério de seleção para indicação de TRC?”
Essa dúvida ainda não pode ser esclarecida, concentrando-se nos achados desta revisão sistemática e metanálise. A razão é muito clara: a análise não incluiu um grupo controle com intervalo PR prolongado em pacientes não submetidos à TRC para avaliar seu benefício real.
Portanto, esta metanálise acrescenta colaboração científica, mas há muito ainda o que estudar!