Compartilhar

Prevalência do consumo de medicamentos em adultos brasileiros: uma revisão sistemática

Prevalência do consumo de medicamentos em adultos brasileiros: uma revisão sistemática

Autores:

Vanessa Pereira Gomes,
Marcus Tolentino Silva,
Taís Freire Galvão

ARTIGO ORIGINAL

Ciência & Saúde Coletiva

versão impressa ISSN 1413-8123versão On-line ISSN 1678-4561

Ciênc. saúde coletiva vol.22 no.8 Rio de Janeiro ago. 2017

http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232017228.29412016

Introdução

Os medicamentos exercem uma função importante na prestação de cuidados e no impacto a saúde, em razão disso o acesso e a qualidade do consumo no Brasil foram alvos de diversas políticas públicas ao longo dos anos1-4. A melhoria da assistência farmacêutica também figurou um dos objetivos do milênio como um compromisso na garantia do direito à saúde5, apontando a relevância do acesso a essas tecnologias pela população.

A ampliação do acesso aos medicamentos é um benefício que tem riscos inerentes, como reações adversas e erros de medicação, gerando mais gastos públicos com saúde6,7. Estudos de utilização de medicamentos são ferramentas úteis na elaboração de estratégias que favoreçam o consumo e o acesso de maneira adequada e de forma contínua8.

Os dados referentes à disponibilidade e ao acesso, necessários para o estudo do uso de medicamento podem ser provenientes também de sistemas informatizados9. Estes oferecem uma forma prática de obtenção de dados de prescrição e padrões de consumo, mas que ainda não é tão frequente em países que não possuem esses sistemas consolidados ou acessíveis para análise, como o Brasil10,11.

Uma revisão de estudos de utilização de medicamentos realizados no Brasil observou que a análise do padrão de consumo dessas tecnologias e o perfil desse consumo é o objetivo mais comum entre os inquéritos verificados utilizando principalmente dados provenientes da população12,13.

O uso de medicamentos em adultos foi avaliado por alguns estudos de base populacional no Brasil, no entanto ainda não foram registradas sumarizações da prevalência do consumo obtidas nos mesmos.

O objetivo do presente estudo foi estimar a prevalência do uso de medicamentos em adultos no Brasil por meio de revisão sistemática de estudos transversais de base populacional.

Método

Delineamento e registro do protocolo

Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, cujo protocolo foi registrado no International Prospective Register of Systematic Reviews (PROSPERO).

Critérios de elegibilidade

Foram selecionados estudos transversais de base populacional que avaliaram prevalência do uso de medicamentos em adultos (≥ 18 anos) residentes no Brasil. Outros delineamentos não foram elegíveis devido à baixa validade externa de estudos sem representatividade populacional.

Estudos limitados ao consumo de medicamentos a uma classe medicamentosa, doenças específicas ou outras condições especiais foram excluídos, bem como aqueles que restringiram a pesquisa a idosos ou crianças, a fim de garantir a representatividade populacional do consumo.

Fontes de informação

Realizamos buscas nas fontes MEDLINE, Embase, Scopus, Centro América Latina e Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Banco de teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Os microdados de levantamentos nacionais também foram pesquisados por meio de contato com especialistas e pesquisas em sites de instituições. A última atualização ocorreu em 17/01/2017. Na busca não houve restrição de idioma ou data de publicação.

Estratégia de busca

A estratégia de busca no Medline (via PubMed) foi: (“Drug Utilization”[TIAB] OR “Drug Utilizations”[TIAB] OR “Drug Utilization”[Mesh] OR “Pharmacoepidemiology”[Mesh] OR “Pharmacoepidemiology”[TIAB] OR “Pharmaceutical Epidemiology”[TIAB]) OR ((“Health Surveys”[Mesh] OR “Surveys”[TIAB] OR “Survey”[TIAB] OR “Cross-Sectional Studies”[Mesh] OR “Prevalence”[TIAB] OR “Frequency”[TIAB]) AND (“Pharmacology”[TIAB] OR “Drug”[TIAB] OR “Drugs”[TIAB] OR “Medicine”[TIAB] OR “Remedy”[TIAB] OR “Medication”[TIAB])) AND (“Brazil”[Mesh] OR “Brazil”[TIAB] OR “Brasil”[TIAB]) AND (“Population”[Mesh] OR “Population” [TIAB] OR “Populations” [TIAB] OR “population-based study”[TIAB]). Essa estratégia foi adaptada para as demais fontes bibliográficas.

Seleção dos estudos

Dois pesquisadores realizaram a seleção (VPG, EBA) a partir da leitura dos títulos e resumos. Em casos de conflitos a decisão foi tomada por um terceiro revisor (TFG). Realizaram-se os mesmos procedimentos mediante leitura do texto completo. Os artigos selecionados foram analisados em texto completo para avaliação da qualidade e extração dos dados. Esta etapa foi realizada no sistema Covidence (www.covidence.org). Os revisores não foram cegos para a autoria dos manuscritos.

Extração dos dados

Os dados foram extraídos por um autor (VPG) e confirmado por outro (TFG). Foram extraídas as seguintes variáveis: ano da pesquisa, local, tipo de amostragem, faixa etária, tamanho da amostra, período recordatório, prevalência de consumo de medicamentos e tipo de avaliação, sendo que nos casos em que as informações não estavam disponíveis ou não estavam claras entramos em contato com os autores. Dos estudos que apresentaram modelo estatístico utilizado foram extraídos os fatores associados positivamente ao consumo e variáveis testadas.

As informações necessárias para mensurar o consumo de medicamentos foram extraídas de adultos entre 18 a 65 anos, quando possível, ou na faixa etária mais próxima.

Avaliação da qualidade

Para avaliação da qualidade adaptamos a ferramenta padronizada por Loney et al.14. Foram avaliados nove itens: (i) Amostragem adequada (amostragem probabilística ou universo), (ii) Fonte da lista de amostragem (censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE]), (iii) Tamanho da amostra adequada (calculada estatisticamente), (iv) Mensuração adequada do desfecho (confirmação na prescrição médica e/ou embalagem do medicamento), (v) Período recordatório (até 15 dias), (vi) Avaliadores sem viés (entrevistadores treinados), (vii) Taxa de resposta adequada (recusas e perdas até 70%), (viii) Apresentação dos resultados (prevalência com intervalos de confiança e por subgrupos relevantes ), (ix) Participantes similares ao estudo (somente adultos incluídos na amostra). Caso o estudo respondesse positivamente o quesito recebia um ponto.

Análise dos dados

Inicialmente foram obtidas as populações locais do período em que cada estudo foi realizado de acordo com o censo do IBGE15, a seguir foi calculada a meta-análise da prevalência do consumo de medicamentos por meio da transformação de duplo arcoseno de Freeman-Tukey para estabilizar as variâncias16.

A prevalência foi estratificada pelo período recordatório e a heterogeneidade foi estimada por meio do modelo do inverso da variância de efeito fixo para calcular o I2 e o qui-quadrado (p < 0,10).

Para verificar as possíveis causas de heterogeneidade realizamos metarregressão e análise de sensibilidade.

Na metarregressão pelo método de Knapp-Hartung modificado17 foi investigado o efeito das variáveis (período recordatório, proporção de mulheres, escore de qualidade, idade mínima e ano da pesquisa) na variabilidade observada entre os estudos da prevalência de consumo.

Na análise de subgrupo foram incluídos na meta-análise apenas os estudos com características semelhantes nas variáveis: período recordatório menor ou igual a 15 dias, pesquisa realizada a partir do ano 2000, escore de qualidade = 9 e região sudeste. Utilizou-se o software Stata versão 14.1 para todas as análises.

Resultados

Seleção dos estudos

Na revisão da literatura foram recuperadas 4.005 publicações, das quais 37 foram avaliadas em texto completo. No final, incluíram-se 14 estudos18-31 que avaliaram 57.700 adultos (Figura 1).

Figura 1 Processo de busca, seleção e inclusão de estudos. 

Características dos estudos

Dos 14 artigos incluídos, nove coletaram os dados a partir do ano 200023-31 e sete ocorreram na região sudeste18,19,22,24,27,28,30. Todos os estudos usaram amostragem probabilística baseada no censo do IBGE. O período recordatório variou de três a 90 dias anteriores à entrevista. A confirmação do nome do medicamento ocorreu em metade dos estudos por meio da embalagem ou prescrição médica (Tabela 1).

Tabela 1 Características dos estudos incluídos. 

Estudo Ano da pesquisa Cidade, Unidade Federativa Técnica de amostragema Idade (adulto), anos b Tamanho da amostra (adulto) b Período, dias Avaliação do tipo de medicamento Escore de qualidade
Barros 1983b 18 1978 Ribeirão Preto, SP Conglomerados Todas (≥ 20-69) 6.988 (3.836) 15 Entrevista 7 g,h
Simões e Farache Filho 198819 1985 Araraquara, SP Conglomerados Todas (≥ 20) 2.150 (1.343) 15 Entrevista 6 d,f, g
Simões 199120 1987 Humaitá, AM Sistemática Todas (≥ 20) 2.422 (881) 15 Entrevista 6 d,f,g
Vilarino et al. 199821 1994-1995 Santa Maria, RS Sistemática e conglomerados Todas (> 12) 413 (212) 30 Entrevista 6 e,f,i
Loyola Filho et al. 200222 1996-1997 Bambuí, MG Aleatória simples Adultos (≥ 18) 1.086 90 Entrevista 8e
Bertoldi et al. 200423 2002 Pelotas, RS Sistemática Adultos (≥ 18-65) 3.182 (2.790) 15 Entrevista, embalagem ou prescrição 9
Pelicioni 200524 2001-2002 São Paulo, SP Conglomerados e estratificada Todas (≥ 20) 3.646 (1.913) 3 Entrevista, embalagem 9
Arrais et al. 200525 2002-2003 Fortaleza, CE Estratificada, censo Todas (20-64) 1.366 (754) 15 Entrevista 8i
Carvalho et al. 200526 2003 Brasil Estratificada Adultos (18-59) 3.554 (2.930) 15 Embalagem 7d,g
Lima et al. 2008b 27 2001-2002 Botucatu, SP Conglomerados e estratificada Adultos (18-65) 1.023 (614) 3 Entrevista, embalagem 9
Costa et al. 201128 2001-2002 Campinas, SP Conglomerados e estratificada Todas (18-59) 941 (515) 3 Entrevista, embalagem 9
Galvão et al. 201429 2012 Brasília, DF Conglomerados e estratificada Adultos (18-65) 2.051 (1.820) 7 Entrevista, embalagem 9
Costa et al. 201630 2008 Campinas, São Paulo Conglomerados e estratificada Adultos (20-69) 2.476 (1.777) 3 Entrevista 9
PNAUM 201431 2013-2014 Brasil Conglomerados, estratificada Adultos (18-65) 32.652 (26.633) 15 Entrevista, embalagem, prescrição ou bula 7g,h

Notas: a, Todos os estudos usaram o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística como fonte da amostragemb, Alguns dados foram obtidos a partir de contato com o autor. c, O uso de medicamento apenas para os adultos na faixa etária considerada pelo estudo está informado entre parênteses. d, Cálculo do tamanho da amostra não relatado. e, Período recordatório maior que 15 dias. f, Avaliadores não treinados. g, Taxa de resposta da pesquisa não relatada. h, Prevalência por subgrupos não informada. i, População incluía crianças e/ou idosos.

Avaliação da qualidade

Seis estudos atenderam todos os critérios de qualidade metodológica23,24,27-30 conforme descrito na Tabela 1. Com exceção de um estudo que incluiu apenas adultos entre 18 a 65 anos29, os demais envolveram idosos18-28,30,31 e/ou crianças18-21,24,25,28 (Tabela 1). Foi possível obter dados de consumo de medicamentos de adultos com idade maior ou igual a 18 anos em 13 estudos18-20,22-31. Um inquérito não informou dados de adultos segregados de crianças; para efeito de cálculos, separamos os participantes maiores de 12 anos21.

Um estudo mensurou o consumo de medicamentos de uso contínuo para doenças crônicas, sem mencionar o período recordatório e para os medicamentos de uso eventual mensurou nos últimos 15 dias31. Na presente análise consideramos como período recordatório de 15 dias, interpretando que os de uso contínuo também foram utilizados no tempo.

Desfechos

A maior parte dos estudos (12) avaliou o consumo nos últimos 15 dias anteriores à entrevista, sendo relatado uso de medicamentos por 49,1%18-20,23-31 A maior prevalência de consumo de fármacos encontrada foi de 71,4% rememorando os 90 dias anteriores22, seguida da prevalência de 70,0% no mês21. A prevalência na semana anterior foi avaliada em um inquérito29, sendo de 35,7%; nos três dias precedentes foi 44,7%, avaliada por quatro investigações24,27,28,30. O sumário das prevalências e respectivo intervalo de confiança (IC 95%) está apresentado na meta-análise como proporção, não convertido em percentual (Figura 2).

Figura 2 Prevalência do consumo de medicamentos de acordo com o período recordatório. 

As estimativas foram de alta heterogeneidade, a análise de subgrupos não identificou as possíveis causas para as diferenças entre os resultados dos estudos, nem possibilitou chegar a resultados mais homogêneos (Tabela 2). O período recordatório explica 22,9% da variância encontrada (p = 0,048). Foi observado um ponto discrepante na metarregressão com o estudo de maior período recordatório (90 dias)22, para verificar a influência desse estudo, o mesmo foi excluído e a associação entre período recordatório e a variação entre os estudos perdeu a significância. As demais variáveis exploradas: ano de coleta dos dados, qualidade metodológica, proporção de mulheres e idade mínima para entrar no estudo não foram significantes (p > 0,05).

Tabela 2 Análise de sensibilidade para investigação de causas de heterogeneidade. 

Fatores analisados Número de estudos (referência) Total de participantes Prevalência, % (IC 95%) Heterogeneidade

I2 (%) p-valor do Qui2
Período recordatório ≤ 15 dias 1218-20, 23-31 56.201 47,6 (47,2-48,1) 99,8 < 0,001
Pesquisas realizadas a partir do ano 2000 923-31 44.641 54,0 (53,5-54,5) 99,4 < 0,001
Escore de qualidade = 9 623, 24, 27-30 13.088 48,2 (47,2-49,3) 99,7 < 0,001
Região sudeste 718, 19, 22, 24, 27, 28, 30 18.310 41,2 (40,1-42,2) 99,6 < 0,001

Nota: IC 95%, intervalo de confiança de 95%.

Dos artigos incluídos na revisão, cinco realizaram modelos de ajustes para o consumo de medicamentos22,23,25,28,29. Entre os fatores associados, o sexo feminino esteve positivamente associado em todos os estudos, enquanto que idade avançada em quatro desses e a presença de doença crônica em três (Quadro 1).

Quadro 1 Fatores associados ao consumo de medicamento. 

Estudo Modelo de ajuste estatístico Variáveis do modelo Fatores associados positivamente ao consumo
Loyola Filho et al. 200222 Regressão logística multinomial ajustada por variáveis de confusão. Sexo, idade, número de residentes no domicílio e os seguintes dados nos últimos 12 meses: número de consultas médicas, consulta ao farmacêutico e gastos monetários com medicamentos. Sexo feminino, idade de 18-39 anos, e consulta ao farmacêutico nos últimos 12 meses.
Bertoldi et al. 200423 Regressão de Poisson ajustada com variáveis que permaneceram significantes valor p entre 5 e 20% Idade, escolaridade, nível econômico, situação conjugal atual, tabagismo, baixa atividade física, IMC e autopercepção da saúde. Sexo feminino, idade avançada, maior nível econômico, tabagistas e ex-tabagistas, baixa atividade física e autopercepção da saúde ruim.
Arrais et al. 200525 Regressão de Poisson ajustada por modelo hierárquico Renda familiar mensal, escolaridade, ocupação, sexo, idade, estado conjugal, número de moradores no domicílio, doenças crônicas, plano de saúde, consulta nos últimos 3 meses, hospitalização nos últimos 12 meses e autopercepção da saúde. Sexo feminino, idade avançada, renda familiar mensal maior que 3 salários mínimos, escolaridade maior que 8 anos, doenças crônicas, plano de saúde, consultas nos últimos 3 meses.
Costa et al. 201128 Regressão de Poisson ajustada por sexo e por idade Sexo, idade, número de doenças crônicas e morbidade nos últimos 15 dias Sexo feminino, idade avançada, doença crônica, renda a partir de 4 salários mínimos e morbidade nos últimos 15 dias
Galvão et al. 201429 Regressão de Poisson com variância robusta ajustada por modelo hierárquico Nível econômico, escolaridade, ocupação, sexo, idade, situação conjugal, número de residentes por domicílio, doenças crônicas auto referidas, acesso a assistência médica, auto percepção do estado de saúde. Sexo feminino, idade avançada, doença crônica, desempregado ou aposentados, dor ou desconforto, problemas com autocuidado e consultas nos últimos 3 meses.

Notas: artigos que não apresentaram modelos de ajustes especificamente para consumo de medicamentos: Barros 198318, Simões e Farache Filho 198819, Simões 199120, Vilarino et al.199821, Pelicioni 200524, Costa et al. 201630, PNAUM31.

Dicussão

Cerca da metade da população brasileira está utilizando ou utilizou algum medicamento nas últimas semanas. As estimativas dos estudos apontam para a grande variabilidade nos resultados, porém permitem uma aproximação da dimensão do consumo de medicamentos entre os adultos brasileiros.

O período recordatório foi o único fator significativamente associado com a variabilidade encontrada. Grande heterogeneidade aponta diferenças entre os estudos primários que forneceram dados para calcular as meta-análises. Por serem estudos realizados em períodos e regiões distintas, diferenças entre as prevalências estimadas seriam esperadas, a despeito de se tratar da mesma população (adultos) de um mesmo país (Brasil).

A elevada heterogeneidade em estudos de prevalência são comuns16. Diferenças regionais (renda, acesso a serviços), aferição do desfecho, população, ano e/ou período do ano em que foi realizada a pesquisa e taxa de recusa são causas comuns de heterogeneidade em revisões de prevalência. A fim de diminuir e investigar resultados heterogêneos, utilizamos idades próximas, categorizamos por período recordatório semelhante, avaliamos a qualidade dos estudos e analisamos separadamente aqueles de maior qualidade, incluímos apenas estudos populacionais, e exploramos os resultados por análise de subgrupo e metarregressão44.

A falta de padronização metodológica e categorização da faixa etária dos estudos incluídos podem ter sido alguns dos fatores responsáveis pela alta heterogeneidade. Algumas recomendações como período recordatório de até 15 dias, categorização de grupos etários (crianças, adultos e idosos) são propostos na área de estudo da utilização de medicamentos29. Estes cuidados favorecem a mensuração do dado e auxiliam na monitorização do consumo de medicamento. Outros fatores importantes como proporção de pessoas com doenças crônicas e principais medicamentos envolvidos ajudariam na avaliação e explicação dos resultados, porém não estavam sistematicamente relatados nos estudos.

A despeito da heterogeneidade encontrada, a considerável proporção da população que utiliza fármacos ressalta a importância de que esse consumo de medicamentos seja acompanhado das informações necessárias para seu uso racional. Orientações realizadas pelo profissional farmacêutico podem minimizar problemas relacionados com o uso de medicamento e favorecer a qualidade, a segurança e a eficácia na utilização do mesmo por meio do cuidado farmacêutico45,46.

Além destes aspectos dos estudos incluídos, o presente estudo tem como limitação a não inclusão de dados primários diretamente de sistemas de saúde como o Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC) e outros do Sistema Único de Saúde (SUS), como o Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica (Hórus), sistemas SUS eletrônico (e-SUS) e Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA/SUS). Por outro lado, foi sensível e robusto para incluir os estudos publicados com representatividade populacional, trazendo uma estimativa nacional do consumo de medicamentos na população. Os resultados aqui apresentados trazem informação sobre o uso geral dessas tecnologias na população brasileira, permitindo conhecer essa dimensão e apropriadamente responde-la, além de compara-la com outros contextos.

Dos fatores associados ao consumo de medicamentos o sexo feminino foi o que mais esteve presente, apoiando os achados de outros países47-49. A busca por serviço de saúde é maior entre as mulheres, tendo efeito na maior prescrição e uso de medicamentos49,50. Um inquérito em cinco farmácias comunitárias selecionadas aleatoriamente no norte da Itália observou que o sexo feminino é o mais frequente na compra de medicamentos e suplementos após obter informações na internet (30% comparado a 20% de homens, p < 0,01)51.

Outros fatores que se mostraram associados foram idade e presença de doenças crônicas. Um inquérito populacional realizado na Espanha em 2013 com 2.700 pessoas observou que consumo de medicamentos aumenta com a idade e com a prevalência de doenças crônicas: pessoas acima de 65 anos chegam a consumir cerca de 5 medicamentos a mais que os adultos abaixo desta idade52. A associação entre idade avançada e o uso de polifarmácia são fatores que favorecem a ocorrência de reações adversas53.

No Brasil, um estudo descritivo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013 observou que a prevalência da utilização de medicamentos para tratar doenças crônicas foi de aproximadamente 80% no tratamento de hipertensão arterial, diabetes e asma54. A utilização variou em relação a região, sexo e idade. Nos hipertensos, por exemplo, a prevalência de consumo foi 82%, com maior utilização por mulheres e indivíduos maiores de 75 anos de idade54, resultado semelhante ao encontrado na presente revisão em que o consumo de medicamentos mostrou ser influenciado pelo sexo, idade avançada e presença de doenças crônicas.

Ainda que o uso de medicamentos faça parte do cuidado com a saúde, é importante ressaltar que essas tecnologias oferecem riscos à saúde, requerendo seu uso de forma racional55. O consumo de medicamentos deve estar acompanhado das orientações essenciais para seu uso adequado. Uma revisão sistemática de ensaios clínicos mostrou que a intervenção por meio do cuidado farmacêutico melhorou significativamente a qualidade de vida relacionada à saúde, apresentando-se como ferramenta auxiliar na promoção do bem estar56.

Os medicamentos são a principal causa de intoxicação registrada por Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) em diferentes contextos. Nos Estados Unidos, em 2015 foram atendidos cerca de 2 milhões de casos de exposição a agentes tóxicos, sendo 1.473.638 causados por produtos farmacêuticos57. Do total de intoxicações medicamentosas, 275.979 (20%) foram causadas por erros terapêuticos, ocasionados por: duplicação da dose (30%), produto errado (17%), dose errada (15%), intervalo entre as doses errado (11%) e medicamento de outra pessoa (8%). Além de causar a maior parte das intoxicações, os medicamentos foram os agentes mais responsáveis por óbitos resultantes de intoxicações (1.108 casos, 80% do total). Entre os mais envolvidos estavam os analgésicos, estimulantes e os que agem no sistema cardiovascular57.

No Brasil, apesar de não haver dados identificando a classe ou princípio ativo mais comuns, o uso de medicamento revela-se como a principal causa de intoxicação atendida pelos CIATox brasileiros nos últimos anos58. O motivo das intoxicações em geral (dado específico por medicamentos não disponível) é principalmente acidente individual (57%) e tentativa de suicídio (16%).

Uma análise da tendência temporal de 30 anos de atendimentos toxicológicos dos CIATox norte-americanos (1984- 2013) revelou aumento de óbitos e gravidade da intoxicação59. A gravidade e a letalidade aumentaram com a exposição a um maior número de substâncias. No período de 2006-2013 observou-se que a cada produto a mais envolvido em uma exposição levava a 221 mortes adicionais, este acréscimo representa um crescimento de 18% no aumento de fatalidades relacionadas com o consumo de três ou mais substâncias59.

O aumento do número de intoxicações por medicamento ao longo dos anos nos Estados Unidos foi acompanhado pelo crescimento do uso de fármacos por adultos. Uma análise dos inquéritos populacionais National Health and Nutrition Examination Survey realizados entre 1999 e 2012 observou que a prevalência do consumo de medicamentos nos últimos 30 dias foi 51% na primeira década, passando para 59% entre os anos 2011-201260. Esse crescimento foi estatisticamente significativo (p < 0,001), e a proporção de aumento (em torno de 10%) foi semelhante ao das intoxicações no período59. Os inquéritos incluíram 37.959 adultos no total.

Sistemas eletrônicos de saúde são ferramentas que podem fornecer informações úteis tanto para fins administrativos e gerenciais quanto para a assistência ao paciente. Algumas informações disponíveis nos registros ambulatoriais incluem resultados laboratoriais, procedimentos realizados, diagnósticos, registros de dispensação e a possibilidade de monitorar possíveis interações medicamentosas11.

No Brasil, a disponibilidade de informações eletrônicas ainda é limitada, mas permite estudar a utilização de medicamentos em populações específicas. O SIA/SUS61possibilita avaliar a dispensação de medicamentos do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica, liberados via Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade (APAC)62,63. A análise desses dados requer linkage de grandes bancos de dados, a fim de agrupar os dados dos pacientes que obtêm os medicamentos a cada três meses. O desenvolvimento desses estudos ainda é pouco frequente, mas fornece informações estratégicas: uma coorte de pacientes com doença de Alzheimer foi elaborada a partir do subsistema de APAC do SIA/SUS. Desdobramentos dessa coorte possibilitarão avaliar o perfil de utilização de medicamentos através de medidas de adesão validadas, assim como o acompanhamento do paciente em até seis meses após o reabastecimento da sua receita63.

Outra ferramenta disponível a partir de dados de venda de medicamentos é o SNGPC, que contém as movimentações diárias dos fármacos e substâncias sujeitas a controle especial que são enviadas à Agência Nacional de Vigilância Sanitária eletronicamente de todas as farmácias e drogarias habilitadas à venda64. A partir desses dados foi elaborado um estudo ecológico que correlacionou o consumo de ansiolíticos benzodiazepínicos e características demográficas das regiões65. Cidades com maior densidade demográfica e com maior concentração de médicos apresentaram maior consumo desses medicamentos65, que pode estar relacionado ao maior poder aquisitivo da população dessas cidades66, uma vez que os dados utilizados para essa pesquisa foram de origem comercial.

Os países nórdicos (Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia) possuem sistemas eletrônicos que registram todos os fármacos dispensados e uma base com potencial para linkage no acompanhamento de reações adversas, cuidados de rotina e a utilização de medicamentos, esses sistemas são abrangentes informando dados públicos e privados do consumo de todos os tipos de fármacos, não apenas os sujeitos a controle especial67.

No Brasil, os sistemas eletrônicos são fragmentados, não fornecendo informações completas e abrangentes: um mesmo paciente pode figurar em mais de um sistema e identificar que se trata da mesma pessoa nem sempre é possível63,65,68. Essas limitações tornam os estudos transversais de base populacional uma necessidade para avaliar apropriadamente os padrões de acesso e uso dessas tecnologias. Um exemplo concreto dessa demanda foi o financiamento pelo Ministério da Saúde da Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos (PNAUM), com 41 mil pessoas entrevistadas em todo Brasil entre 2013 e 201469.

Em conclusão, o uso de medicamentos é comum entre os adultos brasileiros e é mais frequente nas mulheres. Os resultados têm limitações devido a diferenças entre os estudos. Para a prática, os resultados revelam alta demanda de cuidado farmacêutico na sociedade para possibilitar o uso racional dessas tecnologias. Investimentos futuros devem priorizar o desenvolvimento e a análise de sistemas informatizados compreensivos, que tragam melhores informações sobre produtos e grupos de maior risco.

REFERÊNCIAS

1. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Política Nacional de Medicamentos. Brasília: MS; 2001.
2. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Resolução nº 8.338, de 06 de maio de 2004. Política Nacional de Assistência Farmacêutica e estabelecimento dos princípios gerais e eixos estratégicos. Diário Oficial da União 2004; 7 maio.
3. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999. Dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece o medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras providências. Diário Oficial da União 1999; 11 fev.
4. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria nº 1.214, de 13 de junho de 2012. Institui o Programa Nacional de Qualificação da Assistência Farmacêutica âmbito do Sistema Único de Saúde (QUALIFAR- SUS). Diário Oficial da União 2012; 14 jun.
5. United Nations. United Nations Millennium Declaration. Lisbon: United Nations Information; 2001.
6. Pfaffenbach G, Carvalho OM, Bergsten-Mendes G. Reações adversas a medicamentos como determinantes da admissão hospitalar. Rev Assoc Med Bras 2002; 48(3):237-241.
7. Souza TT, Godoy RR, Rotta I, Pontarolo R, Fernandez F. Morbidade e mortalidade relacionadas a medicamentos no Brasil: revisão sistemática de estudos observacionais. Rev de Cien Farm Básica e Apl. 2014; 35(4):519-532.
8. Wettermark B, Elseviers M, Almarsdóttir AB, Andersen M, Benko R, Bennie M, Eriksson I, Godman B, Krska J, Poluzzi E, Taxis K, Stichele RV, Vlahovic-Palcevski V. Introduction to drug utilization research. In: Poluzzi E, Eriksson I, Godman B, Bennie M, Krska J, Stichele RV, editors. Drug Utilization Research. New Jersey: John Wiley & Sons Ltd; 2016. p. 1-12.
9. Eriksson I, Ibáñez L. Secondary data sources for drug utilization research. In: Poluzzi E, Eriksson I, Godman B, Bennie M, Krska J, Stichele RV, editors. Drug Utilization Research. New Jersey: John Wiley & Sons, Ltd; 2016. p. 39-48.
10. Cameron A, Ewen M, Ross-Degnan D, Ball D, Laing R. Medicine prices, availability, and affordability in 36 developing and middle-income countries: a secondary analysis. Lancet 373(9659):240-249.
11. Wettermark B, Martino MD, Elseviers M. Study designs in drug utilization research. In: Poluzzi E, Eriksson I, Godman B, Bennie M, Krska J, Stichele RV, editors. Drug Utilization Research. New Jersey: John Wiley & Sons Ltd.; 2016. p. 13-28.
12. Baldoni AdO, Guidoni CM, Pereira LRL. A farmacoepidemiologia no Brasil: estado da arte da produção científica. Revista da Universidade Vale do Rio Verde 2011; 9(1).
13. Leite SN, Vieira M, Veber AP. Estudos de utilização de medicamentos: uma síntese de artigos publicados no Brasil e América Latina. Cien Saude Colet 2008; 13(Supl.):793-802.
14. Loney PL, Chambers LW, Bennett KJ, Roberts JG, Stratford PW. Critical appraisal of the health research literature: prevalence or incidence of a health problem. Chronic Dis Can 1998; 19(4):170-176.
15. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 2016. [cited 2017 jan 17]. Available from:
16. Barendregt JJ, Doi SA, Lee YY, Norman RE, Vos T. Meta-analysis of prevalence. J epidemiol Comm Health 2013; 67(11):974-978.
17. Knapp G, Hartung J. Improved tests for a random effects meta regression with a single covariate. Statistics in medicine 2003; 22(17):2693-2710.
18. Barros M. Saúde e calsse social: um estudo sobre morbidade e consumo de medicamentos. Ribeirão Preto: Universidade de são Paulo; 1983.
19. Simões MJ, Farache Filho A. Consumption of drugs in a region of the State of São Paulo (Brazil), 1985. Rev Saude Publica 1988; 22(6):494-949.
20. Simões MJ. Consumo de medicamentos e morbidade em humaitá estado do Amazonas (Brasil), 1987. Rev Ciên Farm 1991; 13:12.
21. Vilarino JF, Soares IC, da Silveira CM, Rödel AP, Bortoli R, Lemos RR. Self-medication profile in a city of south Brazil. Rev Saude Publica 1998; 32(1):43-49.
22. Loyola Filho AI, Uchoa E, Guerra HL, Firmo JO, Lima-Costa MF. Prevalence and factors associated with self-medication: the Bambuí health survey. Rev Saude Publica 2002; 36(1):55-62.
23. Bertoldi AD, Barros AJ, Hallal PC, Lima RC. Drug utilization in adults: prevalence and individuals determinants. Rev Saude Publica 2004; 38(2):228-238.
24. Pelicioni A. Padrão de consumo de medicamentos em duas áreas da região metropolitana de São Paulo. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2005
25. Arrais PS, Brito LL, Barreto ML, Coelho HL. Prevalence and determinants of medicines consumption in Fortaleza, Ceará, Brazil. Cad Saude Publica 2005; 21(6):1737-1746.
26. Carvalho MF, Pascom AR, Souza-Júnior PR, Damacena GN, Szwarcwald CL. Utilization of medicines by the Brazilian population, 2003. Cad Saude Publica 2005; 21(Supl.):100-108.
27. Lima MC, Menezes PR, Carandina L, Cesar CL, Barros MB, Goldbaum M. Common mental disorders and the use of psychoactive drugs: the impact of socioeconomic conditions. Rev Saude Publica 2008; 42(4):717-723.
28. Costa KS, Barros MB, Francisco PM, César CL, Goldbaum M, Carandina L. Use of medication and associated factors: a population-based study in Campinas, São Paulo State, Brazil. Cad Saude Publica 2011; 27(4):649-658.
29. Galvao TF, Silva MT, Gross R, Pereira MG. Medication use in adults living in Brasilia, Brazil: a cross-sectional, population-based study. Pharmacoepidemiol Drug Saf 2014; 23(5):507-514.
30. Costa KS, Francisco PMSB, Barros MBA. Utilização e fontes de obtenção de medicamentos: um estudo de base populacional no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica. 2016; 32(1).
31. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos no Brasil (PNAUM): resultados preliminares. Brasília: MS; 2014.
32. Vitor RS, Lopes CP, Menezes HS, Kerkhoff CE. Pattern of drug consumption without medical prescription in the city of Porto Alegre, RS. Cien Saude Colet 2008; 13(Supl.):737-743.
33. Fleith VD, Figueiredo MA, Figueiredo KF, Moura EC. Pattern of medicine consumption among users of the primary health care services in Lorena, SP. Cien Saude Colet 2008; 13(Supl.):755-762.
34. Franco R, Carvalho Neto J, Khouri M, Nunes M, Santos Júnior J, Marques Neto J, Santana VS, Almeida Filho N. Consumo de medicamentos em um grupo populacional da área urbana de Salvador - BA. Rev Bai Saúde Públ 1987; 13/14(4/1):113-121.
35. Vosgerau M, Soares D, Souza R. Automedicação entre adultos na área de abrangência de uma Unidade Saúde da Família. Latin American Journal of Pharmacy 2008; 27(6):8.
36. Bertoldi AD, de Barros AJ, Wagner A, Ross-Degnan D, Hallal PC. Medicine access and utilization in a population covered by primary health care in Brazil. Health Policy 2009; 89(3):295-302.
37. Schmid B, Bernal R, Silva NN. Self-medication in low-income adults in Southeastern Brazil. Rev Saude Publica 2010; 44(6):1039-1045.
38. Mastroianni PeC, Lucchetta RC, Sarra JoR, Galduróz JC. Household storage and use of medications in a population served by the family health strategy in Brazil. Rev Panam Salud Publica 2011; 29(5):358-364.
39. Boing AC, Bertoldi AD, Peres KG. Socioeconomic inequalities in expenditures and income committed to the purchase of medicines in Southern Brazil. Rev Saude Publica 2011; 45(5):897-905.
40. Silva Simões MJ, Farache Filho A, Alves Cardoso R. Evaluation of consumption of medications following a pharmacology class, Araraquara, S.P.-1985. Rev Fac Odontol Ribeiro Preto 1986; 23(2):219-223.
41. Rodrigues M. Utilização e armazenamento de medicamentos e produtos naturais para fins terapêuticos em Cuiabá, Mato Grosso, 1996 [tese]. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso; 1998.
42. Boing AC, Bertoldi AD, Boing AF, Bastos JL, Peres KG. Access to medicines in the public sector: analysis of users of the Brazilian Unified National Health System. Cad Saude Publica 2013; 29(4):691-701.
43. Pinto MCX, Ferré F, Pinheiro MLP. Potentially inappropriate medication use in a city of Southeast Brazil. Braz J Pharm Sci 2012; 48(1):79-86.
44. Higgins J, Green S. Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions. London: Cochrane; 2011.
45. Viswanathan M, Kahwati LC, Golin CE, Blalock SJ, Coker-Schwimmer E, Posey R, Lhor KN. Medication therapy management interventions in outpatient settings: a systematic review and meta-analysis. JAMA Intern Med 2015; 175(1):76-87.
46. Araujo ALA, Pereira LRL, Ueta JM, Freitas O. Perfil da assistência farmacêutica na atenção primária do Sistema Único de Saúde. Cien Saude Colet 2008; 13(Supl.):611-617.
47. Zhang F, Mamtani R, Scott FI, Goldberg DS, Haynes K, Lewis JD. Increasing use of prescription drugs in the United Kingdom. Pharmacoepidemiol Drug Saf 2016; 25(6):628-636.
48. Kaufman DW, Kelly JP, Rosenberg L, Anderson TE, Mitchell AA. Recent patterns of medication use in the ambulatory adult population of the United States: the Slone survey. JAMA 2002; 287(3):337-344.
49. Hovstadius B, Astrand B, Petersson G. Dispensed drugs and multiple medications in the Swedish population: an individual-based register study. BMC Clin Pharmacol 2009; 9:11.
50. Loikas D, Wettermark B, von Euler M, Bergman U, Schenck-Gustafsson K. Differences in drug utilisation between men and women: a cross-sectional analysis of all dispensed drugs in Sweden. BMJ Open 2013; 3(5).
51. Lombardo S, Cosentino M. Internet Use for Searching Information on Medicines and Disease: A Community Pharmacy-Based Survey Among Adult Pharmacy Customers. Interact J Med Res 2016; 5(3):e22.
52. Carrera-Lasfuentes P, Aguilar-Palacio I, Clemente Roldan E, Malo Fumanal S, Rabanaque Hernandez MJ. Medicine consumption in the adult population: Influence of self-medication. Aten Primaria 2013; 45(10):528-535.
53. Blasco Patiño F, Pérez Maestu R, Martínez López de Letona J, Jiménez AI, García Navarro MJ. Estudio del consumo de fármacos inadecuados o no indicados en el anciano que ingresa en un Servicio de Medicina Interna. Anales de Medicina Interna 2008; 25(6):269-274.
54. Tavares NUL, Costa KS, Mengue SS, Vieira MLFP, Malta DC, Silva Júnior JB. Uso de medicamentos para tratamento de doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2015; 24(2):315-323.
55. World Health Organization (WHO). The world medicines situation 2011: rational use of medicines. Geneva: WHO; 2011.
56. Mohammed MA, Moles RJ, Chen TF. The Impact of Pharmaceutical Care Interventions on Health-Related Quality-of-Life Outcomes: A Systematic Review and Meta-analysis. Ann Pharmacother 2016; 50(10):862-881.
57. Mowry JB, Spyker DA, Brooks DE, Zimmerman A, Schauben JL. Annual Report of the American Association of Poison Control Centers’ National Poison Data System (NPDS): 33rd Annual Report. Clinical Toxicology 2016; 54(10):924-1109.
58. Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Casos registrados de intoxicação e/ou envenenamento em 2013. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2013.
59. Greenwald PW, Farmer BM, O’Neill M, Essner RA, Flomenbaum NE. Increasing frequency and fatality of poison control center reported exposures involving medication and multiple substances: data from reports of the American Association of Poison Control Centers 1984-2013. Clin Toxicol (Phila) 2016:1-7.
60. Kantor ED, Rehm CD, Haas JS, Chan AT, Giovannucci EL. Trends in Prescription Drug Use Among Adults in the United States From 1999-2012. JAMA 2015; 314(17):1818-1831.
61. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Departamento de Regulação, Avaliação e Controle/Coordenação Geral de Sistemas de Informação: SIA – Sistema de Informação Ambulatorial do SUS: Manual de Operação do Sistema. Brasília: MS; 2016.
62. Nita ME, Secoli SR, Nobre MRC, Ono-Nita SK, Campino ACC, Sarti FM, Costa AMN, Carrilho FJ. Avaliação de tecnologias em saúde: Evidência Clínica, Análise Econômica e Análise de Decisão. São Paulo: Artmed Editora; 2009.
63. Soares C, Silva GA. Uso de registros de assistência farmacêutica do Sistema de Informações Ambulatorial para avaliação longitudinal de utilização e adesão a medicamentos. Cad Saude Colet 2013; 21(3):245-252.
64. Brasil. Ministério da Saúde (MS).Resolução da Diretoria Colegiada- RDC Nº 22, de 29 de abril de 2014.Dispõe sobre o Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados –SNGPC, revoga a Resolução de Diretoria Colegiada nº 27, de 30 de março de 2007, e dá outras providências. Diário Oficial da União 2014; 30 abr.
65. Azevedo ÂJPd, Araújo AAd, Ferreira MÂF. Consumo de ansiolíticos benzodiazepínicos: uma correlação entre dados do SNGPC e indicadores sociodemográficos nas capitais brasileiras. Cien Saude Colet 2016; 21(1):83-90.
66. Barata RB. Como e por que as desigualdades sociais fazem mal à saúde. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2009.
67. Wettermark B, Zoega H, Furu K, Korhonen M, Hallas J, Norgaard M, Almarsdottir A, Andersen M, Andersson Sundell K, Bergman U, Helin-Salmivaara A, Hoffmann M, Kieler H, Martikainen J, Mortensen M, Petzold M, Wallach-Kildemoes H, Wallin C, Sørensen H. The Nordic prescription databases as a resource for pharmacoepidemiological research-a literature review. Pharmacoepidemiol Drug Saf 2013; 22(7):691-699.
68. Martins ELM, Amaral MdPHd, Ferreira MBC, Mendonça AÉd, Pereira MCS, Pereira DC, Ribeiro PM, Brumano LP. Dispensações de psicotrópicos anorexígenos no município de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Cien Saude Colet 2012; 17(12):3331-3342.
69. Bermudez JAZ, Barros MBA. Profile of access and use of medicines in the Brazilian population contributions and challenges of PNAUM Household Survey. Rev Saude Publica 2016; 50(Supl. 2):2s.