versão impressa ISSN 1413-8123versão On-line ISSN 1678-4561
Ciênc. saúde coletiva vol.24 no.11 Rio de Janeiro nov. 2019 Epub 28-Out-2019
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320182411.27292019
A América Latina e o Caribe (ALC) enfrentam uma acelerada transição demográfica que combina-se com um cenário epidemiológico complexo, onde convivem doenças transmissíveis que persistem, emergem e reemergem, com doenças crônicas não transmissíveis de carga crescente, além da elevada morbimortalidade por acidentes de trânsito e violências.
A resposta apropriada para situação tão desafiante exige, além do fortalecimento e da transformação dos sistemas de saúde para alcançar o efetivo acesso universal, a construção de uma agenda multissetorial que implemente políticas capazes de atuar nos seus principais determinantes sociais, econômicos e ambientais, promovendo a saúde.
A promoção da saúde foi reconhecida como um componente essencial dos sistemas de saúde desde a Declaração de Alma-Ata (1978)1 em sua histórica defesa da saúde para todos e, a partir do movimento que desemboca na Carta de Ottawa (1986)2 produz-se um nítido fortalecimento desse campo de práticas, incluindo sua maior presença na agenda da saúde global.
Entretanto, quando observamos os principais problemas de saúde pública na ALC, é inevitável reconhecer a necessidade de uma ação mais incisiva para promover a saúde da nossa população em todas as dimensões do quadro sanitário. A urbanização acelerada e sem políticas adequadas criou cidades em que a falta de acesso à água e ao saneamento coloca milhões de pessoas sob risco de epidemias de dengue, zika e chikungunya. O tabaco ainda responde por dezenas de milhares de mortes que poderiam ser evitadas com a adoção de medidas legislativas e regulatórias, como o Brasil e outros países têm, exitosamente, implantado. O crescimento do sobrepeso e da obesidade exige que avancemos com mais rapidez na adoção de ações que favoreçam a opção pela alimentação saudável, como a etiquetagem frontal que alerte o consumidor sobre altos teores de sódio, açúcar ou gordura, já estabelecida no Chile e em discussão por outros países. Os números assustadores dos mortos e acidentados graves por acidentes de trânsito podem ser reduzidos com a adoção de medidas como a obrigatoriedade do cinto em todos os assentos, capacetes para motociclistas, proibição do uso de bebidas alcoólicas pelos condutores, redutores de velocidade e outras intervenções que salvam vidas.
A OPAS está adotando, este ano, uma nova estratégia e plano de ação sobre a promoção da saúde3, enfatizando a necessidade urgente da adoção dessas e de outras políticas, baseadas em evidências, e fundamentais para garantir o direito à saúde da população das Américas.