versão impressa ISSN 1806-3713versão On-line ISSN 1806-3756
J. bras. pneumol. vol.43 no.5 São Paulo set./out. 2017
http://dx.doi.org/10.1590/s1806-37562017000000179
É inegável que a TC desempenha um papel importante no diagnóstico e tratamento de diversas doenças clínicas que afetam a parede torácica, o mediastino, a pleura, as artérias pulmonares e o parênquima pulmonar. A necessidade de realce por intermédio de meios de contraste intravenosos depende da indicação clínica.1-3 Os agentes de contraste mais comumente usados na TC são os iodados. Os agentes de contraste iodados intravenosos são usados para a opacificação de estruturas vasculares. As principais famílias de agentes de contraste são a iônica e a não iônica. Os agentes de contraste podem ainda ser classificados em agentes de alta e baixa osmolalidade com base na concentração de iodo. A maioria dos centros usa agentes de contraste não iônicos (geralmente agentes de baixa osmolalidade) para estudos com contraste intravenoso.1 A taxa de reações maiores (anafilaxia e morte, por exemplo) a agentes de contraste intravenosos iônicos e não iônicos é a mesma - 1 em 170.000 administrações, segundo se estima - mas a taxa de reações menores a agentes de contraste não iônicos é menor.2 Aproximadamente 5-12% dos pacientes que recebem meios de contraste de alta osmolalidade apresentam reações adversas, a maioria das quais é leve ou moderada.3-5 Já se estabeleceu uma relação entre o uso de agentes de contraste de baixa osmolalidade e a redução dos efeitos adversos. As crianças apresentam menor incidência de reações a agentes de contraste intravenosos, e a maioria das reações é leve (0,18% para agentes de baixa osmolalidade).3,4 Os fatores de risco de reações a agentes de contraste incluem alergias a múltiplos medicamentos e asma.5 Embora muitos departamentos de radiologia investiguem a alergia a mariscos, não há reatividade cruzada entre mariscos e agentes de contraste iodados.
Na verdade, na grande maioria dos casos em que é necessário realizar a TC de tórax, não é necessário usar meios de contraste para estabelecer um diagnóstico preciso. Não é necessário usar meios de contraste nas indicações mais prevalentes de TC, como DPOC, doença pulmonar intersticial, nódulo pulmonar, doença das vias aéreas pequenas, doença das vias aéreas grandes, e investigação de câncer de pulmão. No entanto, para a avaliação de doenças vasculares, é necessário usar um agente de contraste intravenoso na TC para delinear o lúmen do vaso (aneurisma, dissecção e invasão tumoral vascular, por exemplo). A doença embólica pulmonar é a terceira causa mais comum de doença cardiovascular aguda.3,5 A angiotomografia de tórax é a maneira mais comum de investigar a presença de doença embólica pulmonar porque, além de ser precisa, rápida e amplamente disponível, pode avaliar patologias alternativas em casos de dor torácica indiferenciada. Tipicamente, o uso de TC para investigar doença vascular ou patologia pleural pode incluir imagens sem contraste para identificar hemorragia, realce e calcificações. Além disso, o realce pleural é usado para avaliar derrames exsudativos suspeitos ou conhecidos e empiema.2 Também ajuda a avaliar doença maligna metastática ou primária da pleura, particularmente em casos de doença oculta, já que realce e espessamento da pleura são de interesse diagnóstico.
O uso de agentes de contraste iodados em casos de câncer de pulmão é controverso. Quando se suspeita de invasão mediastinal, o uso de contraste é indicado; no entanto, outras avaliações podem ser realizadas sem contraste.
Em suma, o uso de meios de contraste na TC de tórax é indicado na investigação de doenças vasculares e pleurais, mas a maioria das imagens pode ser obtida sem realce. Além disso, o agente específico e a via de administração baseiam-se em indicações clínicas e fatores relacionados com o paciente. A comunicação clara entre o médico e o radiologista é essencial para a obtenção do estudo mais adequado com o menor custo e risco mínimo para o paciente.