versão impressa ISSN 1679-4974versão On-line ISSN 2237-9622
Epidemiol. Serv. Saúde vol.24 no.2 Brasília abr./jun. 2015
http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742015000200016
Concluídas as etapas anteriores da revisão,1-5 os pesquisadores estão prontos para comunicar seus achados e, desta forma, contribuir com o conhecimento existente no assunto.
A redação de uma revisão sistemática, semelhante à de outras pesquisas, requer que os autores primem pela clareza, de modo que transmitam com transparência e objetividade as etapas realizadas e os resultados encontrados.6 Para facilitar a tarefa, foi elaborado o PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis).7 Este guia de redação é de grande utilidade na elaboração do manuscrito. Pode também ser útil para os pesquisadores identificarem procedimentos que precisam ser incluídos na própria elaboração da revisão.
O relato dos resultados de qualquer investigação original, sob a forma de artigo científico, segue a lógica do raciocínio científico. Esta lógica é materializada na estrutura do texto em quatro seções, identificadas pelas iniciais IMRD, proveniente dos itens Introdução, Métodos, Resultados e Discussão. Cada uma destas subdivisões tem suas especificidades.6, 8 É prudente procurar saber o que se recomenda a respeito nas instruções para autores do periódico ao qual se submeterá o artigo.
Iniciar a redação é um passo importante, frequentemente difícil de ser dado. Deparar-se com uma folha em branco é intimidante. Nesse ponto, o PRISMA mostra-se útil, pois possibilita inserir no papel tópicos predefinidos para depois expandi-los. O PRISMA consiste de uma lista de verificação de 27 itens, que cobrem a estrutura do artigo, e ainda oferece um modelo de fluxograma.7
Geralmente se inicia a redação pelos resultados ou pelos métodos. No caso das revisões sistemáticas, recomendamos que se comece pela seção de métodos e que este passo se dê precocemente, quando do planejamento e da elaboração da revisão.1-5 Desta forma evita-se a perda de informações por falta de anotações sobre o assunto. A seção de métodos pode ser publicada sob a forma de protocolo. A base mais utilizada atualmente para registrar protocolos de revisões sistemáticas é o PROSPERO (International Prospective Register of Systematic Reviews).9 O registro nesta base de dados é cada vez mais recomendado e cobrado por editores de periódicos científicos.10 A publicação do protocolo deve ser pensada mesmo antes da elaboração da pesquisa e efetivada quando estiverem sendo realizadas as buscas ou a seleção dos estudos, etapas que ajudarão a melhor definir o escopo da revisão.
Concluída a redação dos métodos, o passo seguinte é escrever os resultados, apresentando-se neles os números da busca, as características dos estudos incluídos, os achados e a qualidade da evidência. Em seguida, elabora-se a discussão, primeiramente com uma síntese do que se encontrou e depois com as limitações do estudo e como elas foram mitigadas, a contextualização com a literatura vigente e, ao final, a conclusão. Recomenda-se também que sejam apresentadas implicações para a prática e para futuras pesquisas, uma vez que os autores da revisão sistemática entraram em contato com todo o conhecimento disponível no tópico. Por fim, escreve-se a introdução, justificando-se a realização da pesquisa e apresentando-se os objetivos e o resumo da pesquisa, geralmente estruturado no formato IMRD.
Enfatizamos anteriormente a diferença entre guias de redação e guias de avaliação crítica,3 mas é oportuno, neste último artigo da série, realçar a diferença nas finalidades dessas ferramentas. O PRISMA é um guia de redação. Orienta o que deve conter um bom relato de revisão sistemática sem julgar se sua forma de elaboração foi adequada. Quando estamos lendo uma revisão sistemática e queremos saber se foi bem elaborada, não seria o PRISMA o instrumento a ser empregado, mas sim a ferramenta AMSTAR (a Measurement Tool to Assess Systematic Reviews).11 Trata-se de um guia composto de onze questões que ajudam a julgar a adequação da busca, seleção, extração, análise dos dados e demais procedimentos da revisão.
Neste último artigo da série sobre elaboração de revisões sistemáticas na Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde, os autores se felicitam pela oportunidade de compartilhar duas paixões científicas em comum: revisão sistemática e redação científica. Esperamos que os leitores da série tenham tido satisfação igual à que tivemos na elaboração desses seis artigos.