versão impressa ISSN 1413-8123versão On-line ISSN 1678-4561
Ciênc. saúde coletiva vol.25 no.3 Rio de Janeiro mar. 2020 Epub 06-Mar-2020
http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232020253.33272019
Devido à alta demanda de serviços relacionados ao bem-estar físico e mental e ao seu vasto território, no Brasil, tem-se a necessidade de novos meios de obtenção e acesso à saúde. Um deles, a telessaúde, vem evoluindo de forma crescente, porém ainda não satisfatória.
O presente estudo evidenciou que a frequência de não utilização do serviço de teleconsultoria pelos médicos da ESF, no norte de Minas Gerais, foi de 55,8%1. Porém, com a execução correta da telesaúde, o Brasil pouparia uma grande parcela dos gastos públicos em saúde. Um exemplo disso é o serviço de telesaúde de Mato Grosso ter economizado o equivalente a 700 mil reais no ano de 2018, apenas no serviço de eletrocardiograma2. Em comparativo com a Inglaterra, que é um país desenvolvido, o Serviço Nacional da Saúde estima uma economia de R$ 35 bilhões3.
Ademais, segundo a Organização Mundial de Saúde, a teleconsultoria pode ser extremamente benéfica para o melhor prognóstico de doenças crônicas, além de reduzir demandas excessivas dos serviços de atenção primária4, uma vez que, de acordo com o Conselho Federal de Medicina, existem mais de 900 mil pessoas na fila de espera para realizar alguma cirurgia eletiva5.
O estudo ainda ressalta a utilização de aplicativos nos celulares que facilitam a realização da teleconsultoria1. Além de ser uma forma de intermediação e comunicação entre os profissionais de saúde que aumentam a resolutividade dos problemas do paciente. Segundo o governo do estado de Pernambuco, que utiliza essa ferramenta, implantada em 2015, de junho de 2017 a junho de 2018, em mais de 57% dos casos, essas teleconsultas tiraram o paciente da fila de espera. Em um ano, foram contabilizados mais de 1,1 mil atendimentos resolvidos, sem necessidade de agendamento com especialistas6.
Por fim, no Brasil ainda há uma adversidade muito difícil de ser combatida devido à sua imensa área territorial com múltiplas regiões interioranas e a má distribuição da APS nas áreas mais remotas. Além disso, a grande rotação de profissionais médicos nos postos faz com que se tenha um treinamento, muitas vezes, inadequado. Todavia, necessita-se maiores investimentos na infraestrutura de informática nos serviços.