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Revisão sistemática da literatura sobre intervenções antibullying em escolas

Revisão sistemática da literatura sobre intervenções antibullying em escolas

Autores:

Jorge Luiz da Silva,
Wanderlei Abadio de Oliveira,
Flávia Carvalho Malta de Mello,
Luciane Sá de Andrade,
Marina Rezende Bazon,
Marta Angélica Iossi Silva

ARTIGO ORIGINAL

Ciência & Saúde Coletiva

versão impressa ISSN 1413-8123versão On-line ISSN 1678-4561

Ciênc. saúde coletiva vol.22 no.7 Rio de Janeiro jul. 2017

http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232017227.16242015

Introdução

O bullying, um tipo de violência entre pares, considerado problema de saúde pública, afeta o desenvolvimento e o processo ensino-aprendizagem de crianças e adolescentes em idade escolar1. Suas principais características são: repetitividade das agressões ao longo do tempo, intencionalidade em causar sofrimento ao outro e desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas2. Esse tipo de violência é considerado fenômeno social e de grupo, no qual todos os comportamentos dos estudantes envolvidos (vítimas, agressores e testemunhas) exercem efeito sobre sua continuidade ou interrupção3.

Em termos de prevalência, o bullying é identificado em todo o mundo. Uma investigação realizada em 40 países da América do Norte e Europa, demonstrou que a taxa de sua ocorrência variou entre os países com estimativas entre 8,6% e 45,2% para os meninos, e entre 4,8% e 35,8% para as meninas4. No Brasil, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) realizada em 2012 revelou que 7,2% dos estudantes investigados eram vítimas de bullying, sendo que as maiores chances dessa ocorrência se encontravam entre os mais jovens, do sexo masculino, de raça/cor preta e indígena, cujas mães apresentavam menor escolaridade. Os agressores somaram 20,8% da amostra e com maior probabilidade entre os estudantes mais velhos, também do sexo masculino, de raça/cor preta e amarela, filhos de mães com maior escolaridade e que estudavam em escolas privadas5.

Independentemente das taxas de prevalência, as consequências do bullying para os estudantes, a comunidade escolar e a sociedade são preocupantes. Em relação aos impactos negativos que exerce na saúde física e mental dos estudantes, quadros de ansiedade, baixa autoestima, depressão, automutilação, solidão e suicídio são as situações mais referidas6,7. No tocante ao desenvolvimento social, o bullying afeta as relações interpessoais mediante a adoção de um estilo passivo de relacionamento ou pela utilização de comportamentos agressivos como alternativa de resolução de conflitos8. Comportamentos de risco como delinquência, uso de álcool e outras drogas, também estão associados ao fenômeno9,10. A PeNSE também identificou associação entre o bullying e o hábito de fumar. Ser vítima pode potencializar o consumo de álcool e outras drogas9, ao passo que ser agressor pode se relacionar à indisciplina, reprovação ou abandono dos estudos5.

Diante desse cenário, considerando a prevalência e os efeitos negativos do bullying, no Canadá, por exemplo, o tema tem sido explorado por políticas públicas que estimulam programas antibullying. Mesmo com limitações, essa abordagem oferece sugestões sobre como, no campo da democracia e dos direitos sociais, pensar alternativas para reduzir a ocorrência deste fenômeno nas escolas11. A literatura apresenta a realização de intervenções em muitos países, porém são poucas aquelas que obtêm efeitos positivos. Estatisticamente, a redução média do bullying em diferentes realidades socioculturais é de 20%4.

De modo geral, as intervenções com durações mais extensas, que ultrapassam a abordagem individual, que incluem as famílias dos estudantes e que são desenvolvidas por equipes intersetoriais ou multiprofissionais são mais efetivas. Além desses aspectos, também são indicados como fundamentais: formação docente, ações de conscientização sobre o fenômeno e suporte individual e/ou coletivo para os estudantes envolvidos nesse tipo de violência4. Em síntese, evidencia-se que intervenções mais eficazes se pautam em dimensões sociais, educacionais, familiares e individuais dos estudantes, principalmente porque se avalia que elas devem se diferenciar de acordo com os contextos e as culturas12.

Assim, identificar a produção científica referente às iniciativas exitosas ou mal sucedidas no tocante às estratégias antibullying, com vistas a delinear o que parece ser efetivo ou não, representa tarefa essencial para a construção de novos modelos de intervenção, contextualizados. Nesse sentido, no presente artigo, objetivou-se verificar a efetividade de intervenções rigorosamente planejadas e avaliadas na redução do bullying escolar.

Método

Tipo de estudo

Trata-se de uma revisão sistemática de literatura pautada na: 1) elaboração de uma questão de pesquisa orientadora da estratégia de busca; 2) variedade de fontes para a localização dos estudos; 3) definição de critérios de inclusão e exclusão; e 4) avaliação da qualidade metodológica das produções recuperadas13,14.

Bases de dados consultadas e estratégias de busca

O levantamento dos artigos foi realizado em quatro bases: Lilacs, PsycINFO, Web of Science e Scielo. Utilizou-se a estratégia PICO (Patient or Problem, Intervention, Control or Comparasion, Outcomes)15 para a elaboração da pergunta norteadora da busca: “Em relação ao bullying, quais são as intervenções empreendidas para a sua redução nas escolas?”. Procedeu-se o cruzamento das principais palavras-chave relacionadas aos temas investigados: “bullying AND school AND intervention”; “bullying AND school based intervention”; “antibullying program AND school”. As mesmas palavras-chaves foram utilizadas na Scielo, porém traduzidas para o português. Neste momento da busca empregou-se de forma intencional termos mais amplos, com vistas a abarcar uma maior quantidade de produções, evitando que algum estudo importante fosse excluído no levantamento.

Critérios de inclusão/exclusão dos artigos

Foram incluídos somente trabalhos com foco específico no bullying escolar e estudos com delineamento do tipo caso-controle, cujos dados tivessem sido avaliados e comparados antes e depois da intervenção, visando garantir o fato de as mudanças verificáveis no grupo experimental estarem associadas à intervenção e não a qualquer outra condição/variável não contemplada na investigação. Não houve restrição quanto à data de publicação, apenas em relação ao idioma de divulgação dos trabalhos, sendo incluídos apenas aqueles disponibilizados em português, inglês e espanhol.

Como critérios de exclusão, foram desconsiderados livros, capítulos de livros, editoriais, entre outros formatos de textos, por não passarem por processo rigoroso de avaliação por pares, como ocorre com os artigos científicos. Excluíram-se também os estudos com outros delineamentos que não o do tipo caso-controle, bem como aqueles que não abordaram especificamente o bullying.

Procedimentos da revisão

O levantamento dos dados bibliográficos ocorreu em fevereiro de 2015 por dois autores/pesquisadores, com base nos critérios de inclusão estabelecidos. A primeira etapa de seleção das produções foi realizada mediante a leitura e a análise dos títulos e resumos de todos os artigos identificados. Após essa triagem inicial, na segunda etapa, procedeu-se à leitura na íntegra dos estudos selecionados, a qual possibilitou que outros textos também fossem excluídos por não atenderem à proposta da revisão. Na terceira etapa, as principais informações dos artigos foram sintetizadas em uma planilha para que pudessem orientar as análises descritivas e críticas dos estudos selecionados.

Para a avaliação da qualidade metodológica das investigações foi utilizado o checklist SIGN (Scottish Intercollegiate Guidelines Network) para estudos caso-controle16. O instrumento é composto por 11 questões, algumas delas agrupadas em categorias. Para a avaliação da qualidade dos estudos, cada questão recebe o valor de um ponto, de modo a se obter o máximo de um ponto para a questão de pesquisa, seis pontos para seleção dos participantes, dois pontos para mensuração/avaliação dos resultados, um ponto para consideração/controle de variáveis de confusão e um ponto para a qualidade da análise estatística empregada. Considera-se que os estudos possuam alta qualidade se a maioria ou a totalidade dos critérios forem atendidos; qualidade aceitável se mais da metade dos critérios receber pontuação positiva; e baixa qualidade se pontuar em menos da metade das questões16.

Resultados

O levantamento bibliográfico localizou 901 resultados, dos quais 369 eram repetidos. Mediante a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão previamente elaborados, 449 foram excluídos e 65 após a leitura dos artigos na íntegra. Os 18 artigos restantes compuseram o corpus de análise da revisão. A Figura 1 apresenta o fluxograma com as etapas de identificação, seleção e inclusão dos textos. Na Tabela 1 estão sintetizadas as principais características dos estudos selecionados.

Figura 1 PRISMA fluxograma da seleção dos artigos revisados. 

Tabela 1 Características dos estudos selecionados. 

Características Frequência Porcentagem
Estudo
Ano de publicação
1996-2000 3 16,7
2001-2005 3 16,7
2006-2010 4 22,2
2011-2014 8 44,4
País
Estados Unidos 4 22,2
Finlândia 4 22,2
Japão 1 5,6
Inglaterra 2 11,1
Bélgica 2 11,1
Noruega 1 5,6
Alemanha 1 5,6
Romênia 1 5,6
Hong Kong 1 5,6
Canadá 1 5,6
Idioma
Inglês 18 100
Área do periódico
Psicologia 13 72,2
Educação 2 11,1
Saúde 3 16,7
Metodológicas
Tamanho da amostra
Menos de 50 1 5,6
50-149 5 27,8
150-500 2 11,1
500 a 1000 3 16,7
Acima de 1000 7 38,8
Tipo de grupo controle
Sem tratamento 18 100
Follow-up
Sim 6 33,3
Não 12 66,7
Tempo de follow-up
Sem follow-up 12 66,7
12 meses 6 33,3
Perda amostral
Menos de 5 3 16,7
5 a 10 1 5,6
11 a 20 3 16,7
Acima de 20 8 44,4
Não informado 3 16,7

Conforme apresentado na Tabela 1, observa-se uma distribuição temporal estável na divulgação dos artigos, com exceção dos últimos cinco anos que demonstraram uma alta expressiva, sinalizando um aumento do interesse na investigação de intervenções destinadas à prevenção ou enfrentamento do bullying nas escolas. Estados Unidos, Finlândia e Inglaterra foram os países com maior quantidade de produção. Todos os artigos foram publicados na língua inglesa, embora menos da metade das produções (38,8%) sejam oriundas de países em que o inglês é o idioma oficial (Estados Unidos e Inglaterra) ou um deles (Canadá).

A divulgação dos estudos ocorreu em 15 periódicos, distribuídos em três áreas do conhecimento: Psicologia, Educação e Saúde (Tabela 1). A concentração de revistas de psicologia e de autores psicólogos sugere que o interesse pelo desenvolvimento de intervenções em relação ao bullying é maior entre esses profissionais, apesar de se tratar de uma problemática recorrente nas escolas e que deveria, portanto, ter maior notoriedade em meio a outros investigadores, especialmente àqueles da área da educação, que possuem uma relação direta com esse campo. Além disso, numa visão intersetorial, a área da saúde também precisa ser incluída nesse debate, principalmente no que se refere à atenção primária e às ações de promoção de saúde do escolar.

Em relação às características metodológicas dos estudos (Tabela 1), o tamanho das amostras variou entre 28 e 297.728 sujeitos, sendo que 38,8% dos estudos foram realizados com mais de 1.000 sujeitos, somando os participantes dos grupos experimentais e controles. A perda amostral dos estudos pode ser considerada pequena em relação ao tamanho de suas amostras. Na maioria das investigações não se realizou follow up (66,7%) e naquelas que se incluiu um seguimento, esse foi de 12 meses.

A avaliação da qualidade metodológica das investigações é apresentada na Tabela 2 e demonstra que todos atenderam ao critério do checklist SIGN16 para serem classificados como tendo alta qualidade, isto é, atenderam à maioria dos critérios.

Tabela 2 Avaliação da qualidade metodológica dos estudos selecionados. 

Estudo Questão de pesquisa (máximo 1) Seleção dos Participantes (máximo 6) Avaliação (máximo 2) Variáveis de Confusão (máximo 1) Análise Estatística (máximo 1) Total (máximo 11)
24 1 6 2 1 0 10
25 1 6 2 1 0 10
17 1 6 2 1 0 10
26 1 6 2 1 0 10
18 1 6 2 1 1 11
19 1 6 2 1 0 10
27 1 6 2 1 0 10
20 1 6 2 1 1 11
28 1 6 2 0 0 9
29 1 6 2 1 1 11
21 1 6 2 1 0 10
30 1 6 2 1 0 10
31 1 6 2 1 0 10
32 1 6 2 1 0 10
33 1 6 2 1 0 10
22 1 6 2 0 0 9
34 1 6 2 1 1 11
23 1 6 2 0 0 9

Conforme demonstrado na Tabela 3, a idade dos participantes que variou entre 7 e 15 anos. A divisão entre os sexos ocorreu de forma equitativa para a maioria das investigações, não houve nenhum estudo realizado exclusivamente com participantes de um mesmo sexo, o que é positivo frente à possibilidade de se poder avaliar os resultados das intervenções em termos de diferença de gênero dos participantes. No tocante à estratégia de intervenção utilizada, prevaleceu o tipo universal (realizada com todos os estudantes), porém aproximadamente um quinto dos trabalhos tenha sido realizado com participantes específicos (vítimas). De igual modo, destacou-se o tipo de intervenção cognitivo-comportamental. A maioria das intervenções (63,1%) foi desenvolvida em 10 sessões ou menos, com prevalência do formato de grupo (89,9%), sendo que os professores foram os profissionais responsáveis pela condução de grande parte das atividades interventivas previstas nos estudos (72,2%).

Tabela 3 Características dos estudos selecionados. 

Características Frequência Porcentagem
Sujeitos
Idade
7 a 9 4 22,2
7 a 16 2 11,1
10 a 12 4 22,2
10 a 16 2 11,1
13 a 15 6 33,3
Sexo (% masculino)
0 a 49 1 5,6
50 a 59 17 94,4
Intervenção
Estratégia
Universal 14 77,8
Seletiva 4 22,2
Tipo
Cognitiva 4 22,2
Cognitiva-comportamental 14 77,8
Número de sessões
1 a 5 4 22,2
6 a 10 8 44,4
11 a 20 2 11,1
Mais de 20 1 5,6
Não especificado 3 16,7
Duração
Até um mês 3 16,7
1 a 2 meses 3 16,7
3 a 4 meses 2 11,1
7 a 12 meses 6 33,3
Mais de 12 meses 1 5,6
Não especificado 3 16,7
Formato
Individual 2 11,1
Grupo 16 89,9
Responsável pela aplicação
Professores 13 72,2
Pesquisadores 4 22,2
Psicólogos 1 5,6

A Tabela 4, inspirada no trabalho desenvolvido por Ttofi e Farrington3, apresenta as principais características das intervenções realizadas em cada estudo analisado nesta revisão.

Tabela 4 Características das intervenções. 

Estudos Componentes das intervenções
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
24 - - - - - - - - - - - - - - - -
25 - - - - - - - - - - - - - - - - - -
17 - - - - -
26 - - - - - - - - - - - - - - -
18 - - - -
19 - - - -
27 - - - - - - - - - - -
20 - - - -
28 - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
29 - - - - - - - - - - - - - - - - - -
21 - - - - - - - - -
30 - - - - - - - - - - - - - - - -
31 - - - - - - - - - - - - - - - -
32 - - - - - - - - - - - - - - - -
33 - - - - - - - - - - - - - - - - - -
22 - - - - -
34 - - - - - - - - - - - - - - - -
23 - - - - -

Nota. 1 = intervenção anti-bullying envolvendo toda a escola; 2 = regras de sala de aula; 3 = palestras informativas sobre bullying com os estudantes; 4 = intervenções curriculares/aulas; 5 = gerenciamento de sala de aula; 6 = intervenção realizada em cooperação entre profissionais [ex: entre professores, conselheiros escolares e estagiários]; 7 = intervenção com agressores; 8 = intervenção com vítimas; 9 = intervenção com pares; 10 = informação para professores; 11 = informação para pais; 12 = aumento de supervisão no pátio; 13 = métodos disciplinares; 14 = métodos não punitivos [ex: ‘Pikas’ ou ‘No Blame Approach’]; 15 = abordagens baseadas em justiça restaurativa; 16 = tribunais escolares/tribunais contra o bullying; 17 = formação de professores; 18 = formação de pais; 19 = vídeos; 20 = intervenções virtuais/jogos de computador.

Denota-se uma variedade de enfoques, sendo que na maioria das intervenções adotou-se uma abordagem multidimensional, com múltiplos componentes, e em pouco mais de um terço delas (38,9%) empregou-se uma perspectiva denominada “toda a escola”, cujo foco é mais abrangente e envolve atividades variadas direcionadas aos estudantes, à equipe escolar e às famílias. Prevaleceu também o estabelecimento de parcerias entre os pesquisadores e os profissionais das escolas (66,7%) para a realização das atividades interventivas. Outro aspecto de destaque foi que mais da metade das investigações incluiu um componente voltado às famílias, mediante o oferecimento de informações para pais (55,6%). Em alguns estudos (27,8%) houve a inclusão de tecnologia nas atividades desenvolvidas, ou essas foram totalmente realizadas mediante recursos de informática (jogos de computador).

As intervenções realizadas nos estudos analisados podem ser subdividas em quatro categorias: multidimensionais ou de toda a escola, treinamento de habilidades sociais, curriculares e informatizadas. Na sequência serão apresentados os principais resultados de cada estudo, sintetizados de acordo com o tipo de ação interventiva empreendida.

Intervenções multidimensionais ou de toda a escola

Os sete estudos desenvolvidos com uma abordagem multidimensional17-23 incluíram uma estratégia de combinação de regras de sala de aula, aulas sobre bullying, trabalhos com agressores/vítimas/pares, informação para pais, aumento de supervisão no pátio, métodos disciplinares, cooperação entre pesquisadores e profissionais da escola, formação de professores e utilização de recursos tecnológicos. Todos os estudos desta modalidade empregaram amostras com mais de 500 participantes.

Três pesquisas ocorreram na Finlândia e todas referem-se a um programa denominado Kiva (Kiusaamista Vastaan/Contra o Bullying) que considera o bullying como um fenômeno de grupo, no qual as testemunhas desempenham papel fundamental, incentivando o agressor ou defendendo o colega agredido. É desenvolvido mediante a implementação de atividades de escopo universal, visando alterar normas de grupo, bem como por meio de atividades individuais, voltadas a casos específicos, e outras intervenções envolvendo a participação de estudantes, pais e professores. O programa Kiva reduziu significativamente o bullying (p < 0,001) nas turmas de primeiro ao nono anos em um estudo realizado em 888 escolas18,20 e nas turmas de quarto ao sexto anos (p < 0,01) em outro estudo realizado com 78 escolas19.

As outras quatro investigações17,21-23 se basearam no programa antibullying Olweus Bullying Prevention Program, proposto por Dan Olweus, cujos objetivos consistem em promover um ambiente escolar positivo e melhorar as relações entre pares na escola, prevenindo e combatendo o bullying. Bauer et al.21 implementou e avaliou este programa em dez escolas da cidade de Seattle no Estados Unidos, com estudantes do sexto ao nono anos. O programa apresentou efeitos mistos, variando por gênero, etnia e nível socioeconômico dos sujeitos, porém não alcançou efeito positivo de um ponto de vista global. De modo similar, a pesquisa conduzida por Stevens et al.22, em 18 escolas da cidade de Gante na Bélgica, com estudantes de 10 a 16 anos, também encontrou efeitos mistos na redução do bullying em escolas primárias e nenhum efeito em escolas secundárias. Em sentido oposto, o mesmo programa apresentou efeitos significativos (p < 0,001) em um estudo realizado em 42 escolas de Bergen na Noruega, com estudantes do primeiro ao nono anos23, e em outra investigação (p < 0,001) realizada com estudantes do sétimo ano de quatro escolas de Hong Kong17.

Intervenções envolvendo treinamento de habilidades sociais

Cinco artigos relataram a realização de intervenções baseadas em treinamento de habilidades sociais – THS25,29,31-33. De modo geral, os encontros abordaram habilidades relacionadas à solução de problemas, pensamento positivo, relaxamento, linguagem corporal, estabelecimento de amizades, modo de lidar com o agressor, entre outras. DeRosier e Marcus31 e DeRosier32 desenvolveram um programa de THS com estudantes do terceiro ano considerados ansiosos, rejeitados por pares ou agressivos, de 11 escolas do condado de Wake na Carolina do Norte, Estados Unidos. A intervenção diminuiu os episódios de bullying (p < 0,05) somente para crianças identificadas previamente como sendo agressivas. Objetivando diminuir o status do agressor perante a rede de pares, o estudo de Wolfer e Scheithauer25, realizado em duas escolas alemãs, com estudantes do sétimo ao nono anos, demonstrou ser eficaz em diminuir a influência social dos agressores e assim as oportunidades para a prática de agressões (p < 0,001). Estas investigações foram as únicas baseadas no treinamento de habilidades sociais que demostraram reduções claras no bullying. Outras duas pesquisas não resultaram em mudanças significativas, sendo uma delas realizada com estudantes do sétimo ano (média de idade de 12 anos) de uma escola japonesa29e a outra desenvolvida junto a estudantes vítimas, com média de idade de 9 anos e 6 meses, de quatro escolas inglesas33.

Intervenções curriculares

Intervenções curriculares direcionadas à prevenção ou ao enfrentamento do bullying são aquelas que ocorrem com todos os alunos na sala de aula e que normalmente envolvem a exposição de conteúdos, discussão coletiva, dramatizações, aprendizagem cooperativa ou vídeos. Joronen et al.26 implantaram um programa de dramatização em uma escola finlandesa, no qual participaram 190 crianças do quarto e quinto anos. Os resultados indicaram melhoras significativas em relação à ocorrência de bullying (p < 0,05). Em contraposição, outra intervenção realizada em 24 escolas belgas com objetivo de melhorar as atitudes dos colegas em relação ao bullying e as tentativas de resolver conflitos entre agressores e vítimas, com estudantes de 10 a 16 anos, resultou em melhorias positivas, porém não significativas estatisticamente34. O terceiro estudo, que objetivou promover pontos fortes dos alunos, foi realizado em duas escolas de Ontário, no Canadá, com estudantes do quarto ao oitavo anos. Nesta, identificou-se uma diminuição na vitimização ao longo do tempo, porém houve um aumento nas agressões após a intervenção (p < 0,01), em comparação aos dados coletados na escola controle27.

Intervenções realizadas com recursos de informática

Duas intervenções foram baseadas em recursos de informática28,30 Em uma delas30, os estudantes do sexto ao décimo primeiro ano de 25 escolas dos Estados Unidos participaram de três sessões de computador de 30 minutos cada, que objetivaram diminuir a participação em situações de bullying. Identificou-se diminuição significativa para os estudantes do sexto ao oitavo ano (p < 0,01) e do nono ao décimo primeiro ano (p < 0,001). O segundo estudo28objetivou melhorar as estratégias de enfrentamento do bullying em estudantes alemães e ingleses com idades entre 7 e 11 anos. Esta também se desenvolveu mediante a implementação de três sessões de atividades em computador, com duração de 30 minutos cada, realizadas uma vez por semana. Os resultados indicaram que a intervenção não foi eficaz em aumentar os conhecimentos sobre estratégias de enfrentamento do bullying.

Discussão

As investigações selecionadas para esta revisão sistemática de literatura demonstraram alta qualidade metodológica, o que garante maior confiabilidade nos resultados obtidos, apesar do fato de alguns estudos não terem considerado variáveis de confusão que podem ter interferido em seus resultados, assim como o fato de a maioria não ter apresentado os intervalos de confiança para as análises estatísticas realizadas. De modo geral, evidenciou-se que a efetividade das diferentes intervenções empreendidas para a prevenção ou o enfrentamento do bullying variou de acordo com o tipo de intervenção, contexto sociocultural e idade dos estudantes. Houve situações em que a quantidade de bullying não diminuiu significativamente21,22,28,29,33,34, e até mesmo aumentou após a intervenção27. No tocante à idade, as intervenções apresentaram maior eficiência com os estudantes mais velhos. Destaca-se, entretanto, que a maioria dos estudos trabalhou com amostras formadas por participantes com idade acima de 10 anos, o que restringe a interpretação deste resultado, pois este pode estar enviesado pela grande quantidade de estudos focados em faixas etárias maiores. Apesar deste limite, uma possível explicação para o resultado pode se pautar no fato de os alunos mais velhos possuírem habilidades cognitivas mais desenvolvidas, o que garante maior probabilidade desses compreenderem a natureza prejudicial do bullying. Ou também pela probabilidade deles tomarem decisões mais racionais, o que talvez os tornem mais hábeis para se autodefenderem, lidando mais eficazmente com as agressões4.

Apesar de as intervenções multidimensionais ou toda a escola terem apresentado resultados mais positivos, em comparação às demais abordagens, é importante destacar que os maiores efeitos foram obtidos com a implementação do projeto Kiva, em contraposição ao programa antibullying OBPP, proposto por Dan Olweus, em relação ao qual se observou os menores efeitos. Esse dado talvez associe-se ao fato de o programa Kiva ter sido aplicado em apenas uma realidade sociocultural (Finlândia), o que remete a uma maior homogeneidade étnica, cultural e econômica, bem como ao fato dele ter se implementado com maior fidelidade em relação ao seu planejamento, aspecto avaliado mensalmente em cada escola participante do programa20. Na contramão disso, o programa OBPP foi implementado e avaliado em realidades distintas (Bélgica, Estados Unidos, Hong Kong e Noruega), sem o mesmo rigor na averiguação do grau de fidelidade entre o planejado e o realizado, tal qual observado no programa Kiva, de modo que os resultados mistos apresentados por esse programa podem dever-se, entre outros aspectos, às possíveis variações no modo como cada escola o executou. Geralmente as intervenções multidimensionais são conduzidas unicamente por profissionais da escola, sem formação específica para atenderem a todos os quesitos preconizados no modelo proposto, que por ser mais abrangente é, em geral, mais complexo. Assim, considera-se que programas desta natureza necessitam de acompanhamento e suporte, com vistas a garantir maior fidelidade na implementação das intervenções. Nesse sentido, existem indicações de que o trabalho cooperativo entre pesquisadores e profissionais da escola é identificado como significativamente relacionado à redução do bullying35.

Malgrado os problemas apresentados, a maior quantidade de componentes nas intervenções multidimensionais talvez explique a maior efetividade desta intervenção em relação ao bullying, em comparação às outras analisadas neste estudo. Provavelmente isso se deva ao fato de se contemplar nas atividades desenvolvidas a complexidade apresentada por esse fenômeno, em termos de sujeitos, contextos e circunstâncias envolvidas nas agressões2,20. Por exemplo, ao se considerar o bullying também associado a aspectos extraescolares, de modo a se implicar a família dos estudantes no seu enfrentamento e prevenção, representa um ponto forte da intervenção dessa modalidade, que se encontra significativamente relacionado à diminuição das agressões11. Outra característica importante deste tipo de intervenção é o aumento da supervisão pelos adultos em locais da escola que possam facilitar a ocorrência de agressões, especialmente em locais externos, tais como entrada, corredores, pátios e quadra, uma vez que uma supervisão mais frágil tem sido associada ao aumento na quantidade de ataques na escola35. A duração mais extensa deste tipo de intervenção se encontra igualmente associada à eficácia que em geral apresenta35.

Em termos de diferenças socioculturais, nota-se que os maiores efeitos dos programas que incluem intervenções em toda a escola ocorrem em países europeus, em contraste, por exemplo, ao que se observa nos Estados Unidos. Lá, não somente essa intervenção, mas a maioria das outras modalidades, alcança efeitos mínimos2. É provável que características específicas dos contextos escolares investigados ou da cultura estadunidense, de modo geral, interfiram na qualidade dos resultados das intervenções empreendidas nesse país. Evidencia-se, deste modo, a relevância de se desenvolver intervenções contextualizadas, específicas para cada realidade sociocultural, que considerem as particularidades de cada localidade e cultura, pois, como demonstram os estudos analisados nesta revisão, o sucesso obtido por alguma intervenção em determinado contexto ou escola não é garantia de sucesso em outro.

A análise das características de planejamento, execução e avaliação das intervenções envolvendo toda a escola, analisadas nesta revisão, permite a identificação de algumas limitações que podem influenciar nos resultados obtidos, para além dos aspectos já discutidos. A primeira limitação se refere ao fato da maioria das pesquisas basear o trabalho de coleta de dados unicamente em instrumentos de autorrelato, que podem não ser suficientes e precisos na detecção de mudanças de comportamento, especialmente porque podem implicar em viés de percepção e memória2. Outro aspecto que se destaca é a ausência de referenciais teóricos subsidiando o planejamento, desenvolvimento e avaliação das intervenções. Pode-se considerar também que muitas das intervenções envolvendo toda a escola desconsideraram as mudanças demográficas que podem ocorrer nas realidades investigadas, bem como, certas características de subgrupos de participantes, que podem interferir nos resultados, tais como cor da pele/etnia e orientação sexual3. O objetivo de envolver todos os estudantes, independentemente da participação que tenham no contexto do bullying (vítimas, agressores ou testemunhas), pode igualmente interferir nos resultados, uma vez que, normalmente, apenas uma pequena porcentagem de estudantes se encontra diretamente envolvida no problema30. Assim, o investimento em intervenções multidimensionais ajustadas aos perfis de participantes no bullying, de modo a se enfocar também os aspectos que se apresentem mais problemáticos para cada subgrupo em particular, pode resultar em resultados mais promissores.

Contrapondo-se à abordagem de toda a escola, outros programas concebem intervenções mais focalizadas. Alguns promoveram ações antibullying somente na sala aula ou objetivaram ajudar os estudantes a desenvolverem habilidades sociais e de resolução de conflitos. Em se tratando de intervenções direcionadas a melhorar as habilidades sociais, apenas dois programas obtiveram resultados positivos25,31,32 em níveis significativos. Isso talvez possa ser explicado a partir da apreensão do bullying enquanto fenômeno de grupo, envolvendo vítimas, agressores, colegas, professores, funcionários da escola e pais, sendo também influenciado por características dos contextos em que ocorre, tais como da sala de aula ou da escola em sua totalidade3.

Nesta perspectiva, intervenções abordando apenas um dos atores envolvidos (vítimas, agressores ou testemunhas) apresentam diminuídas chances de efetividade, como ocorreu com as intervenções em habilidades sociais analisadas nesta revisão. Intervenções baseadas em habilidades sociais talvez possam ser mais efetivas para aqueles alunos que são vitimizados, por estes em geral possuírem déficits no tocante à socialização e relacionamento social36. Ademais, há que se cogitar que, em termos de metodologia do treinamento de habilidades sociais, se preveja a dificuldade dos beneficiários do programa em generalizar as habilidades aprendidas para situações cotidianas reais. Assim, o sucesso deste tipo de intervenção se encontra igualmente atrelado a fatores mais amplos do contexto escolar e ao modo como a intervenção é operacionalizada. Técnicas de dramatização/roleplay podem auxiliar a superar esta dificuldade24.

Um dos estudos sobre intervenção baseada em recursos de informática demonstrou ausência de resultados significativos, embora avanços nas investigações sobre o bullying indiquem que determinadas respostas são adequadas e eficientes no sentido de interromper o ciclo de agressões. É possível que os resultados pouco significativos do programa baseado em recursos de informática se devam ao próprio método, ou ao fato de que, mesmo disponibilizando estratégias apropriadas, essas podem ser ineficazes quando utilizadas com crianças e adolescentes cronicamente vitimizados, em função das dificuldades que apresentam em suas interações interpessoais. Por exemplo, o modo como a vítima responde ao agressor pode tanto parar a agressão, quanto reforçá-la, isso dependerá em grande parte do quanto ela consegue convencer o agressor de que não é, mais, tão vulnerável quanto ele imagina2.

Os resultados mistos das intervenções curriculares seguem na mesma direção daqueles relacionado aos programas de treinamento de habilidades sociais, porque também parecem desconsiderar aspectos de outros atores e dos contextos onde o bullying ocorre. Estas propostas são, geralmente, mais atraentes aos administradores da educação, por envolverem menor quantidade de recursos financeiros e humanos para a sua realização. Contudo, os resultados indicam serem pouco eficazes em relação ao bullying que, considerado como um fenômeno sociocultural, é normativo em determinados grupos de pares. Essa pode representar outra razão pela qual muitos programas têm obtido resultados pouco encorajadores, uma vez que esse aspecto não tem sido enfocado. Uma abordagem possível, neste contexto, seria intervir com as testemunhas, com vistas a modificar a forma como respondem às agressões que presenciam, tal como desenvolvido pelo projeto Kiva, que considera o bullying no contexto de grupo, focalizando o trabalho com os pares dentro de uma abordagem multidimensional, envolvendo toda a escola. Os três estudos sobre o projeto Kiva analisados nesta revisão apresentaram resultados estatisticamente significativos.

Considerações Finais

As intervenções analisadas nesta revisão variaram em relação aos resultados apresentados, tendo algumas delas produzido efeitos positivos, ao passo que outras não, incluído uma na qual se verificou aumento na frequência de bullying após a implementação do programa. As intervenções multidimensionais envolvendo toda a escola foram aquelas que obtiveram os melhores resultados, indicando que intervenções mais abrangentes são mais eficazes em relação ao bullying, talvez pelo fato de partirem da consideração de que trata-se de um fenômeno complexo, que ultrapassa a relação diádica agressor/vítima.

Importante destacar acerca desta revisão que foram identificados e analisados apenas estudos internacionais, de acordo com a proposta e os critérios estabelecidos, o que impossibilitou reflexões concretas sobre o contexto brasileiro. Estudos de revisão de literatura futuros poderiam considerar as especificidades das produções nacionais sobre intervenção no bullying, especialmente no tocante à abordagem qualitativa aplicada à avaliação dos processos de intervenção e dos resultados obtidos. Em relação à produção nacional, seria importante que se envidasse esforços para a realização de intervenções nacionais baseadas em modelos experimentais ou quase-experimentais, com vistas à comparação de resultados com outras desenvolvidas em realidades socioculturais diferentes, de modo a se poder avaliar com maior objetividade dados da realidade brasileira, em comparação a outros internacionais.

Para finalizar, a identificação de modelos de intervenção associados à prevenção ou à redução do bullying escolar, promovida por esta revisão de literatura, resguardadas as devidas proporções, pode ter implicações práticas, na medida em que pode orientar o planejamento e a execução de programa interventivos. Por mais que se reconheça que as intervenções necessitem lograr maior eficácia, é importante destacar que mesmo os efeitos considerados pequenos, apresentados em algumas das investigações, precisam ser valorizados, pois a redução da violência escolar é sempre desejável, visto que impacta positivamente o desenvolvimento psicossocial dos estudantes.

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