Há cerca três anos, recebi em minha sala no Icict (Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde/Fiocruz) uma inesperada visita do Carlos Coimbra Jr. com a surpreendente notícia de que estava se preparando para deixar a Editoria de CSP, função que desempenhou por 20 anos. Veio conversar e solicitar minha colaboração nessa transição. Passei então a meditar sobre a difícil tarefa de se buscar um substituto para alguém que me parecia insubstituível. Em pouco tempo, ficou claro que o modelo precisava ser mudado. Conversamos sobre a ideia de ter-se três Editores-Chefe, o que se transformou na melhor alternativa. Dali a alguns dias, Coimbra Jr. já tinha feito suas escolhas – seríamos três Editoras-Chefe mulheres. Convidou-me para participar do trio, o que aceitei com muito interesse, mas em caráter transitório, já que àquela altura eu também tinha 20 anos de CSP. Inicialmente, no Conselho Editorial e em seguida como Editora Associada. Para compor o trio convidou Marilia Sá Carvalho e Cláudia Medina Coeli. Pesquisadoras com experiências bem distintas, atuando em diferentes áreas da Saúde Coletiva, o que trouxe um pouco da diversidade do campo para a Editoria de CSP. Em curto tempo, já formávamos um grupo coeso de Editoras-Chefe completamente absorvidas pela nova e desafiante tarefa. Ganhamos imediatamente de Evangelina de Oliveira o inspirado acrônimo “mc2”.

Com a troca de posição para Editora-Chefe finalmente pude conhecer o processo editorial por completo. Os primeiros meses foram realmente intensos. Muitas conversas, leituras e discussões que resultaram na construção da base de nossa política editorial, expressa nos vários editoriais que publicamos juntas neste período, coloridos de rosa ¹. Trabalhar com Marilia e Cláudia foi sempre instigante, um imenso prazer. Um trabalho criativo e denso intelectualmente, voltado para a disseminação de uma ciência de qualidade, relevante e eticamente comprometida, na produção de uma revista capaz de atrair o interesse de nossos leitores, engajada com temas conjunturais da Saúde Coletiva e da política de saúde brasileira. Essas reflexões foram compartilhadas com um grande e competente grupo de Editores Associados, sendo que alguns deles são companheiros de CSP de longa data. As demandas geradas pelas expressivas mudanças ocorridas na publicação científica contemporânea, com destaque para a crescente mercantilização e o intenso uso de novas tecnologias, nos levaram a ampliar nosso escopo de atuação. Buscamos novas parcerias. Nesses anos participamos ativamente do processo coletivo que culminou na criação do Fórum de Editores Científicos da Fiocruz e do Portal de Periódicos da Fiocruz (http://periodicos.fiocruz.br/pt-br), e também do Fórum de Editores da Saúde Coletiva da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva).

Durante todo esse tempo compartilhei meu trabalho com os Editores Assistentes e demais companheiros que cotidianamente fazem de CSP uma revista que se destaca pelo profissionalismo editorial e pela qualidade gráfica. Um convívio sempre agradável com pessoas comprometidas e que expressam orgulho pelo trabalho que realizam. Agora, minha atuação como Editora-Chefe está chegando ao fim. Nós, Editoras, programamos encerrá-la em setembro, exatamente quando completa três anos. Quisemos manter um trio feminino. Convidamos Kalu, a pesquisadora Luciana Dias de Lima do DAPS/Ensp (Departamento de Administração e Planejamento em Saúde, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/Fiocruz). Ser sucedida por Kalu é sentir a roda da vida em movimento. Em várias oportunidades trabalhamos juntas, Kalu mais jovem e ainda em formação. Os anos passaram, o “ tempo rodou num instante... ” (trecho da canção Roda Viva de Chico Buarque). Kalu chega com muita determinação, energia, domínio do seu campo de conhecimento e compromisso com a Saúde Coletiva. Assim, a roda mantém-se viva, girando. O trio de Editoras-Chefe de CSP ganha nova energia e segue o seu importante trabalho.