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Rumo a 2019: 25 anos de História, Ciências, Saúde - Manguinhos

Rumo a 2019: 25 anos de História, Ciências, Saúde - Manguinhos

Autores:

André Felipe Cândido da Silva,
Marcos Cueto

ARTIGO ORIGINAL

História, Ciências, Saúde-Manguinhos

versão impressa ISSN 0104-5970versão On-line ISSN 1678-4758

Hist. cienc. saude-Manguinhos vol.25 no.1 Rio de Janeiro jan./mar. 2018

http://dx.doi.org/10.1590/s0104-59702018000100001

Nosso periódico vai comemorar 25 anos de existência em 2019. Fato memorável para uma revista acadêmica brasileira e latino-americana, que precisou desenvolver-se nos últimos anos em contexto político difícil para a pesquisa científica. Jaime Benchimol, seu editor por dezoito anos, abriu um caminho que procuramos continuar desde março de 2015 como editores científicos. Nos primeiros dias de dezembro de 2017 tivemos uma reunião do comitê editorial da revista, quando refletimos sobre os avanços feitos e desafios que ainda persistem, os quais resumimos nesta carta.

A primeira conquista a destacar é o crescimento significativo de submissões (boa parte delas de autores afiliados a universidades de América Latina, Portugal e Espanha). Também cresceram as propostas de dossiês ou números especiais e o número dos artigos vertidos ao inglês, o que facilita sua potencial repercussão internacional. A segunda, o uso da plataforma de submissão on-line ScholarOne Manuscripts, tem contribuído significativamente para aproveitar melhor os conselhos dos avaliadores, tomar decisões bem fundamentadas e agilizar o processo editorial, cujos prazos de espera entre aprovação e publicação dos trabalhos têm reduzido de forma considerável. A terceira conquista diz respeito ao índice de impacto de Scientific Journal Rankings (SJR) produzido pelo portal Scimago Journal & Country Rank, a partir do banco de dados Scopus (pertencente à Elsevier), no qual nossa revista ocupa a primeira posição entre os periódicos latino-americanos na categoria "History and Philosophy of Science” no ano de 2016 (em relação a impacto, número de documentos citáveis, e número de citações recebidas). A quarta conquista revela-se no resultado da mais recente avaliação de periódicos (quadriénio 2013-2016) realizada pela Capes, na qual História, Ciências, Saúde - Manguinhos apresenta o melhor conceito (A1) nas áreas de história - a base de sua identidade editorial -, sociologia, interdisciplinar e educação, conforme comentamos na carta anterior.

Além dessas atividades e conquistas vinculadas a recebimento, processamento, aprovação, transparência e publicação de artigos, um dos assuntos mais importantes nos últimos anos é a participação nas mídias sociais. Após o ingresso de História, Ciências, Saúde - Manguinhos nas mídias sociais em 2013, a cada edição, artigos e eventos vinculados à revista são destacados nos blogs nacional e internacional (www.revistahcsm.coc.fiocruz.br e www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/english). Nos blogs aparecem entrevistas com os autores, análises breves de eventos acadêmicos importantes e notícias sobre as temáticas dos artigos. Tudo o que é postado no blog gera conteúdo no Twitter (twitter.com/revistahcsm) e nas duas versões do Facebook (www.facebook.com/RevistaHCSM e www.facebook.com/JournalHCSM).

Uma novidade importante foi a decisão recente de publicar artigos que façam uma ampla revisão historiográfica das subáreas de pesquisas no campo da história e áreas afins, capazes de promover debates cruciais entre os pesquisadores. Em 2017, iniciamos - depois de consulta aos editores adjuntos - uma nova seção da revista, "Revisão historiográfica". A seção foi inaugurada pelo excelente artigo de Nelson Sanjad (2017), "Exposições internacionais: uma abordagem historiográfica a partir da América Latina", que apareceu no número de setembro de 2017. Esperamos que no futuro os trabalhos dessa seção proporcionem uma perspectiva profunda e panorâmica do que já foi publicado e do que precisa de mais investigação. Esperamos também que esses artigos se tornem uma ferramenta educacional importante para estudantes de pós-graduação.

Em termos de planejamentos para o futuro, temos em perspectiva atividades de comemoração dos 25 anos da revista (2019) a fim de intensificar nosso processo de internacionalização, aprimoramento da equipe editorial e sustentabilidade financeira. Isso significa tornar a revista mais atraente no tocante à identidade visual e mais interativa, com recursos de áudio e vídeo. Esperamos também obter melhor dimensão de nosso verdadeiro impacto no Brasil e no estrangeiro. Como parte do processo de comemoração, organizaremos uma conferência internacional sobre os desafios da editoria científica de periódicos da área de humanas em que editores, pesquisadores e estudantes possam intercambiar informações e experiências, debater assuntos atuais, polêmicos e pertinentes à nossa região latinoamericana e sensibilizar as autoridades acadêmicas e a opinião pública para a importância das revistas na formação e consolidação de comunidades cientificas.

Pensando nos problemas, precisamos responder melhor a desafios como o paradoxo da internacionalização dos periódicos brasileiros: aumento expressivo de autores estrangeiros em nossas páginas, porém com pouco crescimento no número de citações em revistas acadêmicas estrangeiras. Precisamos também valorizar o trabalho voluntário dos avaliadores e autores de resenhas, tarefas muitas vezes evitadas pelos pesquisadores. Os avaliadores fazem uma contribuição essencial não somente para a revista, mas para o diálogo com a comunidade científica e para o aprimoramento dos artigos. Outro assunto palpitante é nossa participação no latim acadêmico de hoje: o inglês. Nosso objetivo é ser uma revista com muitos materiais bilíngues (português e inglês, ou espanhol e inglês) que sejam relevantes e tenham impacto no Brasil, nos outros países da América Latina e no resto do mundo, mas sabemos que nem todos os materiais da revista se prestam à tradução e também que tradução não é sinônimo de internacionalização.

O mais importante é que temos que contribuir, junto a pesquisadores, revistas, instituições e ativistas, para a defesa dos espaços acadêmicos conquistados no Brasil e na região latinoamericana nos últimos anos. Espaços incessantemente ameaçados por políticos imediatistas e perdidos em ideologias que não constroem ciência ou nação.

Tomara que os artigos deste primeiro número de 2018 demonstrem não apenas que a pesquisa histórica de qualidade é possível e necessária no Brasil, mas também que precisamos de mais pesquisa científica e sanitária para ser um país desenvolvido, verdadeiramente democrático e socialmente justo. Nessa direção, temos a esperança que na conferência de 2019 possamos dizer de História, Ciências, Saúde - Manguinhos: 25 anos mais!

REFERÊNCIAS

SANJAD, Nelson. Exposições internacionais: uma abordagem historiográfica a partir da América Latina. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v.24, n.3, p.785-826. 2017.