versão impressa ISSN 1413-8123versão On-line ISSN 1678-4561
Ciênc. saúde coletiva vol.24 no.9 Rio de Janeiro set. 2019 Epub 09-Set-2019
http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018249.15002019
Aos editores:
O estudo de Iglesias e Avellar1 faz-se uma excelente reflexão sobre o matriciamento em saúde mental desenvolvido no Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente no âmbito dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), onde ocorre o acolhimento multiprofissional de pacientes com transtornos mentais ou sofrimentos psíquicos. Nesse sentido, colaboramos com alguns pontos importantes. Nos últimos anos, o SUS teve diversos avanços pautados por políticas públicas de saúde, principalmente no cuidado à saúde mental. Porém, apesar dos avanços, esta situação nem sempre é desenvolvida da melhor maneira, considerando os custos e cortes no financiamento na saúde pública brasileira2.
A demanda do SUS aumentou consideravelmente, logo é necessário a prática mais efetiva das equipes multidisciplinares dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Estes profissionais precisam de estratégias que melhorem a prestação do serviço público3. Apesar dos avanços nas políticas farmacêuticas, ainda existe a necessidade de avançar na qualificação do cuidado ofertado aos usuários de medicamentos4, e isto é de extrema importância, considerando que os pacientes buscam o tratamento nas Unidades de Saúde, porém o financiamento do Ministério da Saúde é em grande parte para a promoção e prevenção de saúde, sendo este o maior desafio para atuantes na saúde pública: trabalhar com promoção e prevenção.
Uma perspectiva eficaz para o SUS seria um novo modelo de gestão: New Public Management5. Este modelo estimula que gestores busquem a utilização de indicadores quantitativos de mensuração no desempenho, no controle de resultados, na distribuição de recursos, na descentralização burocrática, no corte de custos diretos, além de outros determinantes de gestão pública5. A utilização destes indicadores associada ao trabalho multidisciplinar, sem hierarquia na tomada de decisões frente ao paciente acolhido nos serviços de saúde mental, fortaleceria a abordagem matricial das condições de saúde e a coordenação das ações de promoção e prevenção de saúde3.
O trabalho multidisciplinar é a melhor forma para atender qualquer demanda, em especial na saúde mental. O conhecimento de práticas de áreas distintas que compõem uma única equipe de saúde é vital para o cuidado ao paciente6. Novos transtornos mentais estão surgindo em diferentes idades, classes socioeconômicas e grau de escolaridade7, portanto, novos serviços são criados para fornecer suporte à população. As equipes multidisciplinares precisam desempenhar com eficácia o que é preconizado nas políticas públicas de saúde, e não é possível ter novos avanços, sem novos desafios que visem o acolhimento seguro e humanizado de cada paciente.