versão impressa ISSN 1809-2950versão On-line ISSN 2316-9117
Fisioter. Pesqui. vol.26 no.2 São Paulo abr./jun. 2019 Epub 18-Jul-2019
http://dx.doi.org/10.1590/1809-2950/18037026022019
El objetivo de este estudio fue identificar si existe una correlación entre la gravedad de la disfunción temporomandibular (DTM) y la postura corporal, así como mostrar las diferencias en la postura corporal en diferentes grados de gravedad. Se evaluó la la postura corporal de 71 mujeres de 18 a 35 años, divididas en dos grupos: sin DTM y con DTM. Se utilizó el cuestionario Mandibular Function Impairment Questionnaire y el software Digital Image-Based Postural Assessment de evaluación postural por fotogrametría. Se realizó análisis estadístico con Anova de un factor y prueba de correlación Tau B de Kendall (α<0,05). Los grupos con y sin DTM presentaron diferencias estadísticas, con tamaño de efecto grande (ŋ2>0,528) para: lordosis cervical, pulsión e inclinación de la pelvis. En cuanto a la correlación de la postura con la gravedad de la DTM, índices débiles pero significativos fueron encontrados: ángulo de la lordosis cervical (τ=0,250), ángulo de la cifosis dorsal (τ=0,192), ángulo de inclinación pélvica (τ=−0,222) y medida de pulsión de la pelvis (τ=0,283). Estos resultados indican que la lordosis cervical y la pulsión de la pelvis aumentan según la gravedad de la DTM, mientras que el ángulo de inclinación se presenta en menor grado, tendiendo a la retroversión. A pesar de las correlaciones débiles, los resultados evidencian cierta relación de la postura corporal con la DTM.
Palabras clave Trastorno de la Articulación Temporomandibular; Postura; Fotogrametría
A disfunção temporomandibular (DTM) é definida como um conjunto de distúrbios que afetam a articulação, os músculos mastigatórios e/ou as estruturas adjacentes do sistema estomatognático1), (2. Essa disfunção tem despertado interesse científico por sua alta prevalência (até 60% da população feminina brasileira) (3 e pelo grande impacto que gera nos indivíduos2. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisa Dental e Craniofacial dos Estados Unidos4, é a segunda maior condição musculoesquelética causadora de dor.
A DTM gera um conjunto de sinais e sintomas, como: ruídos articulares, déficits de amplitude de movimento, desvios na abertura bucal, dor pré-auricular, na articulação temporomandibular (ATM) ou nos músculos mastigatórios e cefaleia5. A partir desses sinais e sintomas é realizado o diagnóstico de DTM, bem como a graduação da sua severidade5.
Como a DTM é considerada uma condição multifatorial, tem sido aceito que existe relação da postura corporal com a DTM, devido à influência das cadeias musculares no sistema mastigatório6)- (8. Ayub et al. (9) discutiram sobre como a anteriorização da cabeça leva a distúrbios de posicionamento e funcionamento mandibular, aumentando gradativamente a tensão na musculatura mastigatória, gerando a DTM. No entanto, poucos estudos têm relacionado a severidade da patologia à postura corporal10), (11. As principais evidências são de que quanto maior a posição de anteriorização da cabeça, maior é a severidade da DTM11) e que, quanto maior a lordose cervical, maior é a dificuldade para abrir a boca12.
Nesse contexto, parece razoável pensar que uma perturbação mecânica possa gerar uma assimetria na mobilidade das articulações, podendo evoluir para uma patologia muscular, gerando espasmos musculares proporcionalmente piores conforme a gravidade da perturbação12. Logo, especulamos que há relação entre as alterações posturais e a severidade da DTM. Diante desse contexto, o objetivo desse estudo foi identificar o nível de correlação existente entre a severidade da DTM e a postura corporal, bem como evidenciar as diferenças existentes na postura corporal nos diferentes graus de severidade.
Trata-se de um estudo observacional com delineamento correlacional, aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CAAE: 55897216.6.0000.5347). A amostra foi composta por mulheres13 com idade entre 18 e 35 anos, selecionadas entre junho de 2016 e junho de 2017, divididas em dois grupos: grupo com DTM e grupo sem DTM. O tamanho amostral foi determinado com o software G*power 3.1.7, com base na família de testes z (teste de correlação para duas amostras dependentes), admitindo um teste unicaudal, assumindo como hipótese nula a correlação de 0,2, um α=0,05, o tamanho de efeito de 0,5 (Cohen’s effect size) e poder de 85%, resultando em uma amostra mínima de 67 participantes. A amostra foi selecionada de forma consecutiva, sendo as participantes provenientes de dois projetos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O grupo com DTM participou de um projeto de pesquisa guarda-chuva e o grupo sem DTM foi formado por indivíduos cadastrados em um projeto de extensão da universidade.
Para o grupo sem DTM, o critério de inclusão foi obter a classificação “sem DTM” (pontuação de 0 a 15) no Questionário e Índice Anamnésico de Fonseca14), (15, o qual apresenta especificidade de 91,9%16. Para o grupo com DTM, o critério de inclusão foi o diagnóstico de DTM, obtido pelo eixo I do Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD). Esse instrumento de avaliação clínica para o diagnóstico de DTM17 mensura amplitudes de movimento da mandíbula, observa a dor à palpação e a presença de estalidos ou crepitações ao movimento.
Para ambos os grupos, os critérios de exclusão foram: índice de massa corporal (IMC) maior que 35kg/m2; diagnóstico de outras patologias do sistema estomatognático, como tumores; antecedentes de qualquer processo cirúrgico na face, dentes e coluna; patologias graves da coluna vertebral (fraturas, doenças inflamatórias ou tumores); quadro de deficiência intelectual ou incapacidade de dar informações consistentes; utilização atual de aparelho ou prótese dentária; histórico de traumas na face e articulação temporomandibular e/ou episódio de luxação da articulação temporomandibular nos últimos seis meses; alterações vestibulares que possam interferir no equilíbrio e/ou medicação contínua para dor ou inflamação; indivíduos em tratamento para DTM e/ou em período gestacional.
Foram realizadas duas avaliações: severidade da DTM e postura corporal estática, no plano sagital. Cada uma dessas avaliações foi conduzida por um profissional diferente, treinado e experiente na respectiva avaliação e cegado em relação à outra avaliação.
Para determinar a severidade da DTM, utilizou-se o questionário Mandibular Function Impairment Questionnaire (MFIQ), aplicado apenas no grupo com DTM. Esse instrumento é composto por 17 questões de múltipla escolha sobre o grau de dificuldade que o indivíduo apresenta em situações em que a DTM interfere15), (18. Visa indicar o grau de acometimento funcional (AF), que varia de 0 a 515), (18. A partir desse índice de AF, a severidade da DTM é classificada em três categorias: I baixo (AF de 0 a 1), II moderado (AF de 2 a 3), III severo (AF de 4 a 5) (15), (18.
Para a avaliação postural estática, utilizou-se uma câmera digital (Samsung, modelo L100) e o software Digital Image-Based Postural Assessment (DIPA©). Essa avaliação foi realizada em ambos os grupos e consistiu na palpação e demarcação de pontos anatômicos de referência (PA) para o registro fotográfico do plano sagital direito, seguida da digitalização desses pontos no software DIPA©(19. As participantes estavam descalças e utilizaram roupas de banho, e todo procedimento seguiu o protocolo do software DIPA©(19.
O software DIPA© fornece variáveis posturais angulares e lineares. Neste estudo, analisou-se uma variável linear, a pulsão da pelve, dada pela distância horizontal entre uma linha vertical passando pelo maléolo lateral e o trocânter maior, e seis variáveis angulares: (1) ângulo entre trágus e C7 em relação à horizontal, determinando a posição da cabeça, sendo que, à medida que esse ângulo decresce, a cabeça se encontra mais à frente; (2) ângulo da lordose cervical, definido pelo ângulo entre as linhas tangentes de C1 e C7; (3) ângulo da cifose dorsal, definida pelo ângulo entre as linhas tangentes de T2 e T12; (4) ângulo da lordose lombar, definido pelo ângulo entre as linhas tangestes de L2 e S2; (5) ângulo da inclinação pélvica, definido pelo ângulo entre uma linha que conecta a espinha ilíaca póstero-superior e a espinha ilíaca anterossuperior e uma linha horizontal; e (6) ângulo do joelho, definido pelo ângulo entre o trocânter maior do fêmur direito, a tuberosidade lateral do côndilo do fêmur direito e o maléolo lateral direito20 (Figura 1).
A análise estatística foi realizada no software Statistical Package for the Social Sciences 20.0. Testou-se a normalidade dos dados com o teste Kolmogorov-Smirnov. Realizou-se ANOVA de um fator, seguido do teste de post hoc de Bonferroni, além do teste de correlação Tau B de Kendall (τ). O coeficiente de correlação τ foi classificada em: forte (acima de 0,5), moderada (entre 0,5 e 0,3) e fraca (abaixo de 0,3) (19. O eta quadrado (ŋ2) foi classificado como: pequeno (0,02), médio (0,13) e grande (0,26) (21. O nível de significância adotado foi de 0,05.
Foram avaliadas 71 participantes, divididas em: grupo sem DTM (n=37), grupo com DTM I baixo (n=19) e grupo com DTM II moderado (n=15). Os três grupos apresentaram características de idade, estatura e massa corporal homogêneas (Tabela 1).
Quanto à postura corporal, o resultado das análises de comparação entre os três grupos demonstrou diferença para: ângulo da lordose cervical, ângulo de inclinação pélvica e pulsão da pelve (Tabela 2), com efeito grande (ŋ2>0,26) do grupo sobre essas variáveis. A análise do post hoc detectou que todos os resultados de diferença significativa se deram pela comparação do grupo sem DTM e grupo com DTM II moderado (Tabela 2). O grupo com DTM II moderada apresentou maior ângulo de lordose cervical, tendência à retroversão pélvica e à antepulsão pélvica.
Referente ao teste de correlação Tau-b de Kendall, os ângulos de lordose cervical, cifose dorsal e inclinação pélvica, assim como a medida de pulsão da pelve, apresentaram correlação fraca e significativa com a severidade da DTM (Tabela 3).
Variável antropométrica | Grupo sem DTM | Grupo com DTM | Grupo com DTM | ANOVA | |
---|---|---|---|---|---|
Média±DP | I - leve | II -Moderado | |||
Média±DP | Média±DP | F | p | ||
Idade (anos) | 25,68±4,22 | 28±6,22 | 27,07±5,80 | 1,36 | 0,26 |
Massa (kg) | 63,11±10,83 | 65,53±9,27 | 60,93±5,88 | 0,98 | 0,39 |
Estatura (cm) | 164,78±6,72 | 164,63±7,40 | 164,77±7,32 | 0,00 | 1,00 |
Variável postural | Grupo sem DTM | Grupo com DTM | Grupo com DTM | ANOVA | ||
---|---|---|---|---|---|---|
Média±DP | I -Leve | II -Moderada | F | p | ŋ2 | |
Média±DP | Média±DP | |||||
Ângulo de posição da cabeça (°) | 53,2±5,3 | 53,5±5,5 | 53,4±4,1 | 0,014 | 0,986 | 0,264 |
Ângulo da lordose cervical (°) | 41,7±11,1+ | 43,6±6,7 | 49,5±7,8+ | 3,571 | 0,034* | 0,528 |
Ângulo da cifose dorsal (°) | 44,1±9,3 | 43,1±5,8 | 49,1±6,5 | 2,766 | 0,070 | 0,365 |
Ângulo da lordose lombar (°) | 46,5±5,2 | 45,1±4,9 | 45,9±6,6 | 0,420 | 0,659 | 0,338 |
Ângulo da inclinação pélvica (°) | 14,0±5,1+ | 13,7±4,1 | 9,9±4,6+ | 4,301 | 0,017* | 0,822 |
Pulsão da pelve (cm) | 6,8±2,8+ | 8,1±2,3 | 8,9±2,4+ | 4,081 | 0,021* | 0,751 |
Ângulo do joelho (°) | 176,8±6,5 | 177,9±3,1 | 177,7±3,9 | 1,282 | 0,284 | 0,335 |
*Diferença significativa; tamanho de efeito (ŋ2); +Grupos que apresentaram diferença significativa (resultado do post hoc).
Pontuação do MFIQ x | Correlação Tau b de Kendall (τ) | p |
---|---|---|
τ | ||
Ângulo de posição da cabeça | 0,11 | 0,913 |
Ângulo da lordose cervical | 0,250 | 0,009* |
Ângulo da cifose dorsal | 0,192 | 0,043* |
Ângulo da lordose lombar | −0,063 | 0,508 |
Ângulo de inclinação pélvica | −0,222 | 0,018* |
Pulsão da pelve | 0,283 | 0,003* |
Ângulo do joelho | 0,095 | 0,328 |
*Correlação significativa.
A diferença entre o ângulo da lordose cervical, o ângulo de inclinação pélvica e a medida de pulsão da pelve entre mulheres sem DTM e com DTM moderada indica que, em média, as mulheres com DTM moderada apresentam maior lordose cervical, retroversão e antepulsão pélvica (Tabela 2). Ainda, para essas variáveis posturais e para a cifose dorsal, houve correlação fraca com a severidade da DTM.
A severidade da DTM é um achado importante para avaliar a progressão e o impacto da disfunção na vida dos indivíduos acometidos15), (18. Porém, até onde se tem conhecimento, o delineamento dos estudos que envolvem a DTM e a postura corporal geralmente apenas associam as condições posturais com a presença da disfunção6)- (8), (12, não buscando investigar essa relação com a severidade da DTM.
Milanesi et al. (10 observaram que quanto maior a posição de anteriorização da cabeça, maior a severidade dos sinais e sintomas relacionados aos movimentos mandibulares e músculos mastigatórios. Na revisão de Chaves et al. (7, dos 20 artigos que investigaram a postura craniocervical, dez encontraram alterações posturais desse segmento no grupo com DTM. Dentre esses dez, três encontraram menores ângulos de anteriorização da cabeça relacionado à presença de DTM. No entanto, esses resultados não corroboram com este estudo, que não encontrou correlação do posicionamento da cabeça com a severidade da DTM. Especulamos que nosso resultado esteja relacionado à limitação do estudo quanto à amostra, que não apresentou participantes com DTM III severo.
No que se refere ao ângulo da lordose cervical, encontramos diferença entre o grupo sem DTM e o grupo com DTM II moderado, e o tamanho de efeito demonstrou que a DTM moderada influenciou em 52,8% o valor do ângulo de lordose cervical (Tabela 2). Além disso, essa variável apresentou correlação com a severidade da DTM, sugerindo que uma lordose cervical aumentada está relacionada com uma maior severidade da disfunção.
Alguns estudos corroboram nossos resultados, demonstrando que existem correlações possíveis entre a severidade da DTM e a coluna cervical. Ferreira et al. (22, apontam para a correlação existente entre o aumento da lordose cervical e a DTM. A explicação para esse achado pode estar relacionada ao encurtamento dos músculos suboccipitais, semiespinais, esplênio da cabeça e trapézio superior encontrado na população com DTM23. Olivo et al. (24 encontraram uma forte associação entre a coluna cervical e a DTM, mostrando que pessoas com maior incapacidade cervical também possuem maior incapacidade na ATM. As incapacidades foram medidas por meio de questionários sobre a percepção de dor e limitação em atividades diárias da cervical e da ATM. Já Viana et al. (11, detectaram correlação moderada entre a lordose cervical e a dificuldade de abrir a boca, sendo que quanto maior a lordose cervical, maior a dificuldade para abrir a boca. Nesse caso, a dificuldade para abrir a boca é um achado funcional diretamente ligado à severidade da DTM, porque afeta as tarefas diárias da articulação. Com base nesses estudos, assumimos que existe ligação entre as duas estruturas (ATM e coluna cervical) e que, provavelmente, uma afete a outra de forma recíproca. Esse entendimento sustenta nossos achados de que uma maior lordose cervical esteja relacionada a uma maior severidade da DTM.
Quanto aos segmentos corporais mais distantes da ATM, encontramos correlação fraca e significativa do ângulo de cifose dorsal e do ângulo de inclinação pélvica com a severidade da DTM, sendo que quanto maior a cifose dorsal e quanto mais retrovertida a pelve (menor ângulo da pelve), pior foi o acometimento funcional da ATM. O tamanho de efeito demonstrou que a DTM moderada influenciou em 37% e 82% os ângulos de cifose dorsal e inclinação pélvica, respectivamente. No entanto, nenhuma correlação se confirmou para lordose lombar.
Alguns estudos de contexto morfológico buscaram correlacionar o posicionamento dos ossos da face e as curvaturas da coluna vertebral. Lippold et al. (25 encontraram correlação da lordose lombar e inclinação pélvica com medidas craniofaciais, de forma que quanto maior a lordose lombar e mais anteriorizada a pelve, maiores são os ângulos da face e de inclinação da mandíbula. Saito et. al. (26 compararam a postura corporal de dez participantes com DTM com deslocamento de disco e 16 participantes saudáveis. Seus resultados demonstraram que há diferenças posturais entre os grupos, sendo que a maior frequência de hiperlordose lombar (90%), retificação da cifose torácica (70%), rotação posterior da pelve (50%) foi encontrada no grupo com deslocamento de disco. Ferreira et al. (22 encontraram que a diminuição da lordose lombar se correlaciona com migrânea e DTM. Esses achados sugerem que não há tendência da literatura em encontrar uma postura específica dos segmentos corporais mais distantes da ATM que esteja relacionada com a DTM. Logo, pode-se inferir que a postura corporal global está relacionada à DTM de forma complexa, tendendo ao raciocínio de que as alterações posturais dos segmentos mais distantes da ATM que se correlacionam com a disfunção nem sempre seguirão um padrão e, possivelmente, sofram influência de outros fatores.
A pulsão da pelve apresentou correlação positiva demonstrando que a antepulsão está correlacionada com a pior severidade da DTM. Já o ângulo do joelho não se mostrou diferente entre os grupos e tampouco apresentou correlação com a severidade. Ainda, em nosso estudo, todas as mulheres apresentavam o ângulo do joelho dentro de uma referência de normalidade, ao redor dos 180°19. Essas são variáveis que não têm chamado atenção dos pesquisadores desse tema. No entanto, Sakaguchi et al. (27 demonstraram que as alterações de centro de pressão de oclusão acarretam em alterações no centro de pressão corporal e vice-versa. Isso suporta a ideia de que existe uma cadeia de eventos que envolvem a postura corporal global de forma tanto ascendente quanto descendente28.
São limitações deste estudo: ausência de diferenciação no diagnóstico da DTM no grupo com DTM; uso de diferentes instrumentos para inserção das participantes em cada grupo; ausência de informação sobre a presença de prognatismo/retrognatismo, uma vez que essas características podem influenciar o posicionamento de estruturas corporais, principalmente da cabeça e coluna cervical.
Em suma, este estudo permite inferir que algumas alterações posturais podem estar presentes na população feminina com DTM, estando diretamente relacionadas com essa disfunção. Desse modo, entendemos que nossos resultados contribuem tanto cientifica quanto clinicamente, com pesquisadores e profissionais que atuam com indivíduos portadores de DTM. Especificamente, nossos resultados sustentam a necessidade da avaliação postural global como integrante do protocolo de avaliação clínica de pacientes com DTM. Não obstante, acreditamos que cada indivíduo irá compensar as desvantagens biomecânicas das suas alterações posturais de forma diferente, conforme suas cadeias musculares e sua formação óssea/articular23. Ainda, entendemos ser importante a condução de estudos com objetivos de evidenciar os efeitos do tratamento postural versus o tratamento convencional das estruturas do sistema estomatognático, cujos desfechos fossem os sintomas, o acometimento funcional e as alterações da postura corporal.
Existe correlação fraca da severidade da DTM com lordose cervical, cifose torácica, inclinação e pulsão pélvica. Um grau maior de curvatura cervical e torácica, assim como um valor maior de retroversão e antepulsão pélvica estão associados a um valor maior de severidade da DTM. Contudo, a relação da postura corporal de segmentos mais distantes do sistema estomatognático com a DTM ainda deve ser mais bem estudada.