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Síndrome Cardiorrenal Tipo 2: Um Forte Fator Prognóstico da Sobrevida

Síndrome Cardiorrenal Tipo 2: Um Forte Fator Prognóstico da Sobrevida

Autores:

Arous Salim,
Mohamed El Ghali Benouna,
Monia El Mourid, Rachida Habbal

ARTIGO ORIGINAL

International Journal of Cardiovascular Sciences

versão impressa ISSN 2359-4802versão On-line ISSN 2359-5647

Int. J. Cardiovasc. Sci. vol.30 no.5 Rio de Janeiro set./out. 2017

http://dx.doi.org/10.5935/2359-4802.20170072

Introdução

A insuficiência renal é comum em pacientes com insuficiência cardíaca crônica, com uma prevalência entre 20% a 57%, e está associada a um mau prognóstico e um alto risco de reinternações.1

Existe uma complexa inter-relação entre o coração e o rim nos pacientes com insuficiência cardíaca, e os mecanismos fisiopatológicos exatos dessa interação ainda não foram esclarecidos.2 Estímulos fisiopatológicos importantes à progressão da doença renal incluem elevações crônicas na pressão venosa renal, ativação mal adaptativa do eixo renina-angiotensina-aldosterona e do sistema nervoso central, bem como um estado inflamatório crônico.3

O objetivo de nosso estudo foi apresentar características epidemiológicas, clínicas, paraclínicas e terapêuticas de pacientes com insuficiência cardíaca e renal crônica no Marrocos.

Métodos

Realizamos um estudo unicêntrico, transversal, com 563 pacientes atendidos na Unidade de Insuficiência Cardíaca do Departamento de Cardiologia do Hospital Universitário de Casablanca, Marrocos, durante o período de três anos entre 30 de julho de 2012 a 30 de julho de 2016.

A Unidade de Insuficiência Cardíaca é um hospital-dia que atende somente pacientes estáveis, a cada 3 ou 6 meses. Nossos pacientes estavam clinicamente estáveis e foram acompanhados pela ocorrência de eventos cardíacos. Os desfechos foram morte cardíaca e hospitalização por insuficiência cardíaca grave com ou sem piora da função renal, síndrome coronária aguda e arritmia grave. O período médio de acompanhamento foi 681 ± 105 dias. O acompanhamento e os eventos foram confirmados por consultas médicas a cada três meses e/ou contato telefônico.

Os pacientes foram divididos em dois grupos, aqueles que desenvolveram síndrome cardiorrenal (SCR), e aqueles que não a desenvolveram.

O diagnóstico de SCR tipo 2 foi estabelecido com base nos critérios do KDIGO (Kidney Disease: Improving Global Outcomes)/ KDOQI (Kidney Disease Outcomes Quality Initiative): albuminúria e/ou TFG < 60 mL/min/1,73 m2, ou um decréscimo na TFG > 5 mL/min/1,73m2/ano ou > 10 mL/min/1,73 m2/5 anos ou aumento na albuminúria, juntamente com suspeita ou confirmação de insuficiência cardíaca congestiva antes do início ou progressão da doença renal crônica, e associação do evento ou grau da doença renal com doença cardíaca de base.

Em relação aos achados ecográficos, ventrículo esquerdo foi considerado dilatado se seu diâmetro diastólico fosse superior a 57 mm em homens, e 53 mm em mulheres. Átrio esquerdo dilatado foi considerado quando sua superfície era maior que 15 cm2 ou seu diâmetro era maior que 35 mm. Presença de disfunção sistólica do ventrículo direito foi considerada quando a TAPSE (excursão sistólica do anel tricúspide) era inferior a 16 mm, a velocidade longitudinal da onda S era menor que 11,5 cm/s, ou a fração de encurtamento menor que 30%. Hipertensão pulmonar foi definida como qualquer valor de pressão sistólica da artéria pulmonar, medida pelo fluxo da insuficiência tricúspide, maior que 40 mmHg.

O ecocardiograma foi realizado um mês após início do tratamento.

As características basais foram os dados registrados durante a primeira consulta na Unidade de Insuficiência Cardíaca. Incluímos todos os pacientes que desenvolveram SCR em qualquer momento do seguimento, mesmo que essa tenha ocorrido na primeira consulta.

Entre as causas de readmissão, selecionamos pacientes admitidos no serviço de emergência por síndrome coronária aguda, insuficiência cardíaca congestiva ou arritmia grave. Definimos arritmia grave como qualquer arritmia atrial ou ventricular que causasse instabilidade hemodinâmica ou que requeresse tratamento medicamentoso.

Nós excluímos todos os pacientes com insuficiência renal secundária a outras etiologias, incluindo outras SCRs, pacientes que não apresentavam SCR tipo 2, segundo definição adotada, e pacientes em hemodiálise.

Análise estatística

Os resultados são apresentados em média ± DP para variáveis contínuas e em números e porcentagens para variáveis categóricas. O teste de Mann-Whitney foi usado para dados sem distribuição normal. As características basais dos pacientes nos dois grupos especificados acima foram comparadas pelo teste do qui-quadrado para variáveis dicotômicas e pelo teste t de Student pareado para variáveis contínuas. Um valor de p < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo. As variáveis significativas selecionadas na análise univariada foram inseridas na análise multivariada. A taxa de sobrevida livre de eventos cardíacos foi calculada pela análise de Kaplan-Meier. Todas as análises foram realizadas pelo programa SPSS, versão 17.0

Resultados

Achados clínicos

Entre os 563 pacientes analisados, 46,5% (262 pacientes) apresentaram SCR tipo 2.

A idade média foi significativamente maior no grupo SCR (67 anos vs. 61). Dividindo-se os pacientes em quatro faixas etárias, a SCR foi mais comum em pacientes com idade acima de 70 anos (Figura 1).

Figura 1 Distribuição dos pacientes com síndrome cardiorrenal (SCR) e sem SCR por idade 

A maior frequência de homens foi observada em ambos os grupos, 53,1% no grupo SCR e 60,1% no grupo sem SCR, mas a diferença não foi estatisticamente significativa (p = 0,105).

Em relação aos fatores de risco, a porcentagem dos pacientes com hipertensão e diabetes foi significativamente maior no grupo SCR em comparação ao grupo sem SCR (55,3% e 42%, respectivamente, no grupo com SCR vs. 39,5% e 26,6%, respectivamente, no grupo sem SCR, p < 0.0001). Entre os pacientes hipertensos, a proporção dos pacientes com hipertensão não controlada foi significativamente maior no grupo com SCR (16,8% vs. 9,3%).

Não foi observada diferença entre os dois grupos para outros fatores de risco.

Clinicamente, insuficiência cardíaca classe III e IV segundo classificação da New York Heart Association foi relatada em 25,6% no grupo com SCR e 13,3% no grupo sem SCR (p < 0.0001). A frequência cardíaca média foi ligeiramente maior no grupo com SCR (p = 0.453).

Uma maior proporção, porém não significativa, de pacientes com fibrilação atrial foi observada no grupo com SCR (17,2% vs.13%).

A Tabela 1 resume essas características.

Tabela 1 Características basais dos pacientes por presença ou ausência de síndrome cardiorrenal 

n = 563 SÍNDROME CARDIORRENAL valor de p Análises multivariadas
NO n = 301 (53,5%) YES n = 262 (46,5%)
Idade (anos) 61,45 ±12,60 67,53 ±10,80 < 0,0001 < 0,0001
Homens 181(60,1%) 139(53,1%) 0,105 0,274
Fumantes 111(36,9%) 77(29,4%) 0,073 0,182
Hipertensão 113(39,5%) 145(55,3%) ‹0,0001 ‹0,0001
Controlada 91(30,2%) 101(38,5%)
Não controlada 28(9,3%) 44(16,8%)
Diabetes 80(26,6%) 110(42%) < 0,0001 < 0,0001
Hiperlipidemia 43(14,3%) 48(18,3%) 0,208 0,329
Dispneia estágio III ou IV 40(13,3%) 67(25,5%) < 0,0001
Insuficiência cardíaca 68,58 ± 12,59 69,42 ± 14,03 0,453
IMC (kg/m2) 25,407 ± 3,70 25,474 ± 3,54 0,848 0,395
Fibrilação atrial 39 (13%) 45 (17,2%) 0,192 0,804
Etiologias
DCI 202(67,1%) 179(68,3%) 0,096 NS
CMD 58(19,3%) 63(24%)
Doença valvar 8(2,7%) 6(2,3%)
Outras 33(11%) 14(5,3%)
Parâmetros ecográficos
DDFVE (mm) 57,71 ± 11,51 59,11 ± 8,01 0,1 NS
VSFVE (mm) 44,23 ± 9,45 46,79 ± 9,46 0,001 0,085
FEVE (%) 37,57 ± 7,50 33,50 ± 8,52 < 0,0001 < 0,0001
TD (msec) 161,59 ± 47,45 137,70 ± 50,62 < 0,0001 < 0,0001
Área do átrio esquerdo (cm2) 18,95 ± 6,25 21,73 ± 6,82 < 0,0001 < 0,0001
Disfunção do VD 36 (12%) 50 (19,1%) 0,025 0,168
Hipertensão pulmonar 64 (21,3%) 148( 56,5%) < 0,0001 < 0,0001
Parâmetros biológicos
Hemoglobina 13,05 ± 1,52 12,34 ± 1,75 < 0,0001 < 0,0001
BUN (mg/l) 0,36 ± 0,11 0,67 ± 0,36 < 0,0001 NS
Creatinina sérica (mg/L) 9,51 ± 1,85 16,84 ± 8,72 < 0,0001
Sódio sérico 140,1 ± 3,8 139,4 ± 4,2 0,044
Potássio sérico 4,53 ± 0,50 4,83 ± 0,64 < 0,0001
Cálcio sérico 93,56 ± 4,98 91,447 ± 4,84 < 0,0001 0,758
PCR 11,51 ± 18,22 24,65 ± 40,65 0,037 0,135
Ácido úrico 53,33 ± 14,52 71,47 ± 19,53 < 0,0001 < 0,0001
Medicação
β-bloqueador 287 (95,3%) 237 (90,5%) 0,030
Inibidor de ECA ou BR 298 (99%) 257 (98,1%) 0,482
BCC 39 (13%) 55 (21%) 0,013
Agentes antiplaquetários 249(82,7%) 234(89,3%) 0,029
Estatina 248(82,4%) 234(89,3%) 0,022
Espironolactona 135(44,9%) 138(52,7%) 0,076
Readmissão hospitalar 16(5,30%) 78(30,20%) < 0,0001
Mortalidade 6(2%) 34(13%) < 0,0001

IMC: índice de massa corporal; DCI: doença cardíaca isquêmica; CMD: cardiomiopatia dilatada; DDFVE: diâmetro diastólico final do ventrículo esquerdo; VSFVE: volume sistólico final do ventrículo esquerdo; FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo; TD: tempo de desaceleração; VD: ventrículo direito; BUN: nitrogênio ureico no sangue; PCR: proteína C reativa; ECA: enzima conversora de angiotensina; BRA: bloqueador de receptor de angiotensina; BCC: bloqueador de canal de cálcio.

Achados biológicos

Os níveis séricos médios de sódio, cálcio e hemoglobina foram significativamente mais baixos no grupo com SCR (139,1; 91,4 e 12,3, respectivamente) que no grupo sem SCR (140,1; 93,5 e 13,05, respectivamente) no grupo sem SCR.

Por outro lado, os níveis séricos médios de potássio, ácido úrico e proteína C reativa (PCR) foram significativamente maiores no grupo SCR (4,8; 71,4 e 24,6, respectivamente) que no grupo sem SCR e (4,5; 53,3 e 11,5, respectivamente).

Achados ecográficos

Valores médios de fração de ejeção (FE), dimensões do átrio esquerdo, e tempo de desaceleração do fluxo mitral foram significativamente mais baixos no grupo com SCR (33,50%; 43,6 e 137,70, respectivamente) que no grupo sem SCR (37,57%; 39,96, e 161,59, respectivamente). função sistólica do ventrículo direito foi deficiente em 19,1% dos pacientes com SCR, e em somente 12% no grupo sem SCR (p = 0,025). Em comparação ao grupo sem SCR, 56,5% dos pacientes que desenvolveram SCR tiveram hipertensão pulmonar (p < 0,0001) (Tabela 1).

Terapia

Os valores médios de fração de ejeção (FE) e do tempo de desaceleração do fluxo mitral foram significativamente mais baixos no grupo com SCR (33,50% e 137,70 ms, respectivamente) que no grupo sem SCR (37,57% e 161,59 ms, respectivamente). A área do átrio esquerdo foi maior no grupo com SCR (21,73 cm2 vs. 18,95 cm2) que no grupo sem CRS (18,95 cm2). A função sistólica do ventrículo direito foi deficiente em 19,1% dos pacientes com SCR, e em somente 12% no grupo sem SCR (p = 0,025). Em comparação ao grupo sem SCR, 56,5% dos pacientes que desenvolveram SCR tiveram hipertensão pulmonar (p < 0,0001) (Tabela 1).

A análise multivariada mostrou que idade, hipertensão, diabetes, baixa FE, hipertensão pulmonar, diâmetro do átrio esquerdo, tempo de desaceleração do fluxo mitral, anemia, PCR elevada e hiperuricemia são fatores de risco independentes para SCR.

Readmissão hospitalar

Readmissões por insuficiência cardíaca congestiva, arritmia grave ou evento coronário agudo foram mais frequentes no grupo SCR (30,2%) que no grupo sem SCR (5,3%) (p < 0,0001) (Tabela 1).

Mortalidade e eventos cardíacos

A mortalidade foi significativamente mais alta no grupo com SCR (13%) que no grupo sem SCR. Os pacientes com SCR tiveram taxas mais altas de morte cardíaca e readmissão por insuficiência cardíaca progressiva que o grupo sem SCR. Isso foi claramente demonstrado pela análise de Kaplan-Meier (Figura 1).

Discussão

Nosso principal achado foi o fato de que, em comparação a pacientes sem SCR, pacientes com SCR tenderam a ser mais velhos, hipertensos e diabéticos. Clinicamente, uma porcentagem mais alta dos pacientes apresentou dispneia estágio III ou IV. Biologicamente, os pacientes com SCR apresentaram níveis menores de hemoglobina e níveis plasmáticos maiores de ácido úrico. Em relação aos achados ecocardiográficos, esses pacientes também apresentaram menor FE do ventrículo esquerdo, com maior prevalência de hipertensão ventricular direita e hipertensão pulmonar, e maior risco de readmissões.

A SCR é caracterizada por anormalidades crônicas na função cardíaca, levando à lesão ou disfunção renal.4

Um pior desempenho cardíaco na insuficiência cardíaca resulta em hipoperfusão renal, com subsequente ativação da via renina-angiotensina-aldosterona e do sistema nervoso simpático, que pode piorar ainda mais a função renal. A doença renal crônica e consequente uremia pode levar à regulação anormal da homeostase do cálcio nos miócitos e da função contrátil, atividade simpática aumentada, disfunção endotelial, disfunção microvascular e aterosclerose acelerada.5,6

Insuficiência renal crônica pré-existente é encontrada em 45% dos pacientes com insuficiência renal crônica, e está associada com um maior risco de hospitalização e morte.7 Essa porcentagem está de acordo com a de nossa série (46,5% dos pacientes com SCR).

A deterioração da função renal aumenta com a idade. Em nosso estudo, pacientes com SCR eram relativamente mais velhos que paciente com função renal normal. Em todos os estudos conduzidos, idade avançada foi um fator associado à ocorrência de SCR. No estudo de Lu et al.,8 a idade média dos pacientes com SCR foi 77 ± 8 anos.

Em nosso estudo, diabetes e hipertensão não controlada foram os principais fatores de risco nos pacientes com SCR. Tem sido sugerida uma inter-relação do diabetes e/ou lesão renal induzida por hipertensão ou associada à insuficiência cardíaca com uma fisiopatologia mutuamente perpetuante, conforme demonstrado no modelo de Kishimoto el al.9

A anemia está associada com alta mortalidade em todos os pacientes com insuficiência cardíaca, e reflete um estado avançado da doença. Ainda, é particularmente considerada um fator de risco independente de mobimortalidade em todas as SCRs.10 Sato et al.11 relataram que o pico de VO2, níveis de peptídeo natriurético tipo-B, anemia e ácido úrico eram fatores prognósticos independentes de SCR tipo 2. Anemia, insuficiência cardíaca crônica, e doença renal crônica são capazes de causarem ou piorarem uma a outra, formando um ciclo vicioso.12 Recentemente, um novo termo tem sido usado - síndrome da anemia cardiorrenal. Em todos os estudos sobre insuficiência cardíaca, o nível médio de hemoglobina era menor no grupo com insuficiência renal crônica, e estava associado com risco de reinternação e altas taxas de mortalidades. Lu et al.8 relataram uma taxa de mortalidade de 4 anos de 51% nos pacientes com síndrome da anemia cardiorrenal, e de 26% naqueles sem a síndrome. A idade e níveis séricos de potássio foram os fatores preditivos da progressão da anemia cardiorrenal entre os pacientes com insuficiência cardíaca.13 Mais recentemente, foi demonstrado que a anemia é comum no diabetes mellitus, e sugerido que a doença renal crônica e a deficiência funcional de eritropoietina funcional são os principais fatores contribuintes para esse quadro.14

Figura 2 Análise da sobrevida livre de eventos cardíacos pelo método Kaplan-Meier em pacientes com síndrome cardiorrenal e pacientes sem síndrome cardiorrenal 

Avanços recentes no tratamento da anemia na insuficiência cardíaca focam o uso de agentes estimuladores da eritropoiese e transfusão endovenosa de ferro. Uma metanálise recente envolvendo mais de 11 estudos concluiu que os agentes estimuladores da eritropoiese ajudam a melhorar sintomas, reduzem internações, e mortalidade.15

Em nosso estudo, os pacientes com SCR eram menos propensos a serem tratados com betabloqueadores, e mais propensos a receberem diuréticos de alça e bloqueadores de canais de cálcio. Tal fato deve-se à maior taxa de insuficiência cardíaca congestiva, dificuldades no controle da pressão sanguínea e de sintomas, e resistência a diuréticos. A causa da resistência a diuréticos é multifatorial: dosagem inadequada do diurético, ingestão aumentada de sódio, retardo na absorção intestinal da droga, diminuição na secreção tubular do diurético, perfusão renal inadequada e uso de anti-inflamatórios não-esteroidais.16

Nosso estudo teve algumas limitações. Este é um estudo observacional e reflete os dados de pacientes de um único centro, o que pode não ser representativo da população de Marrocos. Alguns pacientes não foram incluídos no estudo a fim de não gerar ambiguidade entre os tipos de SCR, tais como pacientes em hemodiálise, que têm pior prognóstico. Por esse motivo, uma relação de causa-consequência não foi claramente estabelecida.

Conclusão

A deterioração da função renal na insuficiência renal crônica está associada com um pior prognóstico, incluindo um maior risco de readmissão hospitalar, eventos cardiovasculares, e morte. Pacientes idosos, diabéticos, com valores muito baixos de FE do ventrículo esquerdo ou com hipertensão pulmonar merecem mais atenção.

REFERÊNCIAS

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