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Síndrome de Hamman

Síndrome de Hamman

Autores:

João Filipe Alves Mesquita Rosinhas,
Sara Maria Castelo Branco Soares,
Adelina Branca Madeira Pereira

ARTIGO ORIGINAL

Jornal Brasileiro de Pneumologia

versão impressa ISSN 1806-3713versão On-line ISSN 1806-3756

J. bras. pneumol. vol.44 no.5 São Paulo set./out. 2018

http://dx.doi.org/10.1590/s1806-37562018000000180

A síndrome de Hamman é caracterizada pela ocorrência súbita de pneumomediastino espontâneo relacionado a exercícios físicos de alta intensidade, tosse intensa ou inalação de drogas.1 Com uma incidência de cerca de 1 em 30.000 pacientes de emergência,2 a síndrome de Hamman afeta principalmente homens na segunda década de vida, muitos dos quais com asma. Os sinais e sintomas mais comuns são dor torácica e dispneia súbitas, seguidas por estridor, disfagia ou disfonia.3

Um homem de 25 anos, ex-fumante, teve um episódio de tosse intensa durante uma partida de futebol, desenvolvendo repentina dor torácica precordial intensa e opressiva, dispneia, disfonia e odinofagia. Não foram relatadas história de trauma, cirurgia/outros procedimentos invasivos, inalação de drogas ou vômitos. Admitido no PS, o paciente apresentou exuberante edema cervical e crepitações durante a palpação. A TC mostrou pneumomediastino volumoso e enfisema subcutâneo cervical (Figura 1). Após exaustiva investigação, constatamos que o aumento abrupto da pressão intratorácica foi consequência de um episódio de tosse forçada durante uma atividade física intensa, caracterizando a síndrome de Hamman. O pneumomediastino espontâneo foi totalmente resolvido sem o uso de procedimentos invasivos.

Figura 1 TC mostrando pneumomediastino espontâneo volumoso: corte coronal (em A) e sagital (em B) do enfisema subcutâneo dissecando pela fáscia cervical; pneumomediastino volumoso (em C); e enfisema subcutâneo atingindo a base do crânio (em D). 

Pretendemos alertar que a síndrome de Hamman deve ser incluída no diagnóstico diferencial de pacientes jovens com queixas cervicotorácicas súbitas, porque é potencialmente fatal se não for diagnosticada rapidamente.

REFERÊNCIAS

1 Dionísio P, Martins L, Moreira S, Manique A, Macedo R, Caeiro F, et al. Spontaneous pneumomediastinum: experience in 18 patients during the last 12 years. J Bras Pneumol. 2017;43(2):101-105.
2 Song IH, Lee SY, Lee SJ, Choy WS. Diagnosis and treatment of spontaneous pneumomediastinum: experience at a single institution for 10 years. Gen Thorac Cardiovasc Surg. 2017;65(5):280-284.
3 Dajer-Fadel WL, Argüero-Sánchez R, Ibarra-Pérez C, Navarro-Reynoso FP. Systematic review of spontaneous pneumomediastinum: a survey of 22 years' data. Asian Cardiovasc Thorac Ann. 2014;22(8):997-1002.