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Síndrome Metabólica e Importância das Variáveis Associadas em Crianças e Adolescentes de Guabiruba - SC, Brasil

Síndrome Metabólica e Importância das Variáveis Associadas em Crianças e Adolescentes de Guabiruba - SC, Brasil

Autores:

Nilton Rosini,
Solange A. Z. Oppermann Moura,
Rodrigo Diegoli Rosini,
Marcos José Machado,
Edson Luiz da Silva

ARTIGO ORIGINAL

Arquivos Brasileiros de Cardiologia

versão impressa ISSN 0066-782Xversão On-line ISSN 1678-4170

Arq. Bras. Cardiol. vol.105 no.1 São Paulo jul. 2015 Epub 08-Maio-2015

https://doi.org/10.5935/abc.20150040

RESUMO

Fundamento:

Os fatores de risco que caracterizam a síndrome metabólica (SM) podem estar presentes na infância e adolescência, agravando o risco para as doenças cardiovasculares na idade adulta.

Objetivo:

Verificar a prevalência de SM e a importância de suas variáveis associadas, incluindo resistência à insulina (RI), em crianças e adolescentes do município de Guabiruba-SC, Brasil.

Métodos:

Estudo transversal realizado com 1011 estudantes (6–14 anos; 52,4% meninas; 58,5% crianças). Amostras de sangue foram coletadas para as medidas de parâmetros bioquímicos por métodos laboratoriais de rotina. A RI foi estabelecida pelo índice HOMA-IR e foram aferidos o peso, a altura, a circunferência da cintura e a pressão arterial. Modelos de regressão logística multivariada foram usados para examinar associações entre as variáveis de risco e a SM.

Resultados:

Na população avaliada, as prevalências de SM, RI, sobrepeso e obesidade foram de 14%, 8,5%, 21% e 13%, respectivamente. Dentre os estudantes com SM, 27% tinham RI, 33% apresentavam sobrepeso, 45,5% eram obesos e 22% eutróficos. A RI foi mais frequente nos estudantes com sobrepeso (48%) e obesos (41%) em comparação aos indivíduos eutróficos (11%; p = 0,034). As variáveis com maior influência para o desenvolvimento da SM foram a obesidade (OR = 32,7), o sobrepeso (OR= 6,1), a RI (OR = 4,4; p ≤ 0,0001 para todos) e a idade (OR = 1,15; p = 0,014).

Conclusão:

Foi observada elevada prevalência de SM nas crianças e adolescentes avaliados. Estudantes obesos, com sobrepeso ou resistentes à insulina tiveram maiores chances de desenvolver a síndrome.

Palavras-Chave: Síndrome Metabólica; Resistência à Insulina; Estudantes; Fatores de Risco; Sobrepeso

ABSTRACT

Background:

The risk factors that characterize metabolic syndrome (MetS) may be present in childhood and adolescence, increasing the risk of cardiovascular disease in adulthood.

Objective:

Evaluate the prevalence of MetS and the importance of its associated variables, including insulin resistance (IR), in children and adolescents in the city of Guabiruba-SC, Brazil.

Methods:

Cross-sectional study with 1011 students (6–14 years, 52.4% girls, 58.5% children). Blood samples were collected for measurement of biochemical parameters by routine laboratory methods. IR was estimated by the HOMA-IR index, and weight, height, waist circumference and blood pressure were determined. Multivariate logistic regression models were used to examine the associations between risk variables and MetS.

Results:

The prevalence of MetS, IR, overweight and obesity in the cohort were 14%, 8.5%, 21% and 13%, respectively. Among students with MetS, 27% had IR, 33% were overweight, 45.5% were obese and 22% were eutrophic. IR was more common in overweight (48%) and obese (41%) students when compared with eutrophic individuals (11%; p = 0.034). The variables with greatest influence on the development of MetS were obesity (OR = 32.7), overweight (OR = 6.1), IR (OR = 4.4; p ≤ 0.0001 for all) and age (OR = 1.15; p = 0.014).

Conclusion:

There was a high prevalence of MetS in children and adolescents evaluated in this study. Students who were obese, overweight or insulin resistant had higher chances of developing the syndrome.

Key words: Metabolic Syndrome; Insulin Resistance; Students; Risk Factors; Overweight

Introdução

A síndrome metabólica (SM) é caracterizada por um conjunto de fatores de risco cardiometabólicos, incluindo obesidade abdominal, hipertensão, hipertrigliceridemia, diminuição da concentração sérica do colesterol da lipoproteína de alta densidade (HDL-c) e hiperglicemia 1 , 2. A SM tem forte associação com outras variáveis metabólicas que podem inclusive ser precursoras da síndrome, como a resistência à insulina (RI), sobrepeso e obesidade3 , 4. Em crianças e adolescentes, a SM é tema polêmico e ainda inconclusivo, principalmente devido à falta de critérios unificados sobre as variáveis que devem compor a síndrome, bem como os pontos de corte para essas variáveis. Além disto, a definição de SM, conforme descrita em elegante revisão por Damiani e cols.5, não identifica necessariamente quais os componentes que estão alterados no indivíduo para permitir melhor tratamento. De qualquer maneira, é consenso que a identificação da SM na população infanto-juvenil indica indubitavelmente a presença de um conjunto de fatores e/ou variáveis clínicas e metabólicas que aumentam os riscos para o desenvolvimento futuro de diabetes melito tipo 2 e doenças cardiovasculares (DCVs)5.

Juntamente com o crescimento da obesidade juvenil, a prevalência de SM vem aumentando nessa população6. De acordo com revisões sistemáticas, a prevalência mundial7 e brasileira8 de SM em uma população geral de crianças e adolescentes é de 3,3% (0–19,2%) e 11,9% (2,8–29,3%), respectivamente, e em crianças com sobrepeso e obesidade é de 29,2% (10–66%). Em geral, a prevalência de RI não está bem estabelecida. Porém, em crianças e adolescentes com sobrepeso8 ou obesidade8 , 9 a prevalência de RI varia de 0 a 24% e 4,4 a 57%, respectivamente. Com base nos resultados de estudos mais recentes, 33,2%10 e 41,3%11 das crianças e dos adolescentes obesos apresentam RI.

Os inúmeros fatores de risco associados à síndrome na criança podem persistir ou se tornarem mais evidentes ao longo da adolescência até a idade adulta12. Assim, é importante identificar precocemente estes fatores com a finalidade de intervir e minimizar alterações metabólicas futuras. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi verificar a prevalência de SM em estudantes de Guabiruba-SC, bem como a prevalência de RI, obesidade e sobrepeso e a associação de cada uma dessas variáveis no desenvolvimento da síndrome.

Métodos

Estudo transversal com 1011 estudantes autodeclarados caucasianos, cursando o ensino fundamental (1ª a 8ª séries), com idade entre seis e 14 anos e que em 2009 representavam 44,0% dos alunos matriculados na rede municipal e estadual do município de Guabiruba-SC, Brasil. Todos os 12 estabelecimentos de ensino do município foram representados no presente estudo, cada um com participação de 21 a 100% dos seus estudantes. O tamanho mínimo necessário para detectar diferenças estatisticamente significativas (α < 0,05) foi calculado considerando o poder de 80% (1 - β) e a prevalência de obesidade abdominal de 26,9% em adolescentes na cidade de Florianópolis13, capital do estado de Santa Catarina, com erro tolerável de 2,5% da estimativa e 20% de acréscimo ao valor mínimo calculado para possíveis perdas. Assim, foi estimado o número mínimo de 1005 estudantes a serem avaliados. Para a análise de RI, foi considerada a prevalência de 41,3% 14 , com erro tolerável de 4% dessa estimativa e acréscimo de 20% ao tamanho mínimo calculado para possíveis perdas, perfazendo o número mínimo de 557 estudantes. O estudo foi constituído por amostra de conveniência voluntária ou de acessibilidade, não selecionada aleatoriamente e foi aprovado pelo Comitê de Ética para Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (nº 210/2009). Todos os participantes apresentaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Resolução CNS 196/96/MS) assinado por seus pais ou responsáveis legais.

As amostras sanguíneas foram obtidas após jejum de 12 a 14 horas e a quantificação dos parâmetros bioquímicos glicose, colesterol total (CT), HDL-c e triglicerídeos (TG) foi realizada com a utilização de metodologia enzimática em equipamento automatizado (BTS 370 BioSystems - Connecticut-EUA). O colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) foi estimado pela equação de Friedewald14. A quantificação de insulina sérica foi realizada em 667 amostras por meio de ensaio imunométrico por quimioluminescência com enzima marcada em fase sólida, utilizando-se o sistema de reagentes Immulite 2000 systems® (Siemens Healthcare Diagnostics, Newark, EUA). A RI foi estimada por meio da aplicação do índice HOMA-IR (homeostatic model assessment of insulin resistance): [HOMA-IR = insulina sérica de jejum (μU/mL) x glicose sérica de jejum (mg/dL)/405]15. O ponto de corte adotado foi de > 3,1616.

Peso e altura foram aferidos com equipamento constituído por balança com capacidade para até 200 kg e escala de 100 g, e estadiômetro com capacidade para até 2,0 m e escala de 0,5 cm (Welmy, São Paulo-SP). O índice de massa corporal (IMC) foi estimado segundo a fórmula [IMC = Peso (kg)/Altura (m2)] e os valores de z-score para IMC segundo a idade foram calculados usando o programa AnthroPlus da Organização Mundial da Saúde (OMS)17. Resultados > 1 e 2 desvios padrões (DPs) para o z-score do IMC-por-idade17 foram definidos como sobrepeso e obesidade, respectivamente.

A circunferência da cintura (CC) foi aferida utilizando-se a medida mínima entre a última costela e a borda superior da crista ilíaca, com fita métrica flexível e inelástica, conforme descrito por Taylor e cols.18. A pressão arterial (PA) foi verificada com manguito e esfigmomanômetro por técnica oscilométrica, de acordo com a I Diretriz de Prevenção da Aterosclerose na Infância e na Adolescência16.

Os critérios utilizados para o diagnóstico da SM foram os descritos pelo National Cholesterol Education Program – Adult Treatment Panel III 1, empregando-se os pontos de corte das variáveis para crianças e adolescentes segundo a I Diretriz de Prevenção da Aterosclerose na Infância e na Adolescência16. Dessa forma, o diagnóstico da SM foi estabelecido pela presença de pelo menos três das seguintes variáveis: CC elevada de acordo com sexo e idade, segundo a tabela referencial de Taylor e cols.18, TG ≥ 100,0 mg/dL, HDL-c ≤ 45,0 mg/dL, glicose de jejum ≥ 100,0 mg/dL e PA ≥ percentil 90 (de acordo com sexo, idade e altura).

Análise estatística

Os resultados categóricos estão apresentados na forma de frequência absoluta e percentagem e os quantitativos como mediana e faixa interquartil. Foi utilizado o teste qui-quadrado (χ2) para detectar as diferenças de prevalências entre portadores ou não de SM, entre meninos e meninas e entre crianças e adolescentes. As diferenças quantitativas entre os grupos foram detectadas pelo teste de Mann-Whitney, após aplicação do teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov. A regressão logística multivariada foi usada para estimar o efeito das variáveis independentes gênero, idade, RI, sobrepeso e obesidade no desfecho clínico de interesse (apresentação concomitante de pelo menos três fatores compatíveis com SM). Razões de chance ajustadas (aOR, adjusted odds ratios) com intervalo de confiança de 95% (IC 95%) foram obtidas para estimar essa associação. A análise de adequação do modelo foi realizada pela aplicação dos testes qui-quadrado e Hosmer-Lemeshow e área sob a curva ROC19. Todas as análises foram realizadas com o programa MedCalc ® Statistical Software, versão 14.12.0 (MedCalc Software, Ostend, Bélgica) e valores de p < 0,05 foram considerados estatisticamente significantes.

Resultados

Participaram do estudo 1011 estudantes voluntários, caucasianos, sendo 52,4% meninas, 58,5% crianças e 41,5% adolescentes. Os resultados das características bioquímicas, antropométricas e clínicas da população estudada estão mostrados na Tabela 1. A prevalência geral de SM foi de 14,1%, enquanto as prevalências de sobrepeso, obesidade e RI foram de 21,1%, 13,2% e 8,5%, respectivamente. Porém, nos estudantes com SM, essas prevalências aumentaram para 32,9%, 45,5% e 27,0%, respectivamente (p ≤ 0,0003). Conforme esperado, os estudantes com SM apresentaram concentrações séricas menores de HDL-c e maiores de TG, glicose e insulina, além de elevação da CC, da PA sistólica e diastólica e do índice HOMA-IR em comparação àqueles sem SM (p < 0,0001). Entretanto, não houve diferença para os valores de CT e LDL-c (Tabela 1).

Tabela 1 Características biodemográficas, clínicas e bioquímicas de crianças e adolescentes (6-14 anos) avaliados no município de Guabiruba-SC, Brasil, 2011 

Variáveis Geral n = 1011 Com SM n = 143 (14,1%) Sem SM n = 868 (85,9%) P
IMC (kg/m2) 17,8 (11,3-32,7) 21,1 (14,3-32,7) 17,3 (11,3-33,7) 0,0001
CC (cm) 64,5 (58,0-73,0) 80,0 (71,0-85,8) 63,0 (57,0-70,0) 0,0001
Obesidade abdominal n (%) 307 (30,4) 122 (85,3) 185 (21,3) < 0,0001
Eutrofia n (%) 582 (57,6) 31 (21,7) 551 (63,5) 0,0001
Sobrepeso n (%) 213 (21,1) 47 (32,9) 166 (19,1) 0,0003
Obesidade n (%) 133 (13,2) 65 (45,5) 68 (7,8) < 0,0001
PS (mmHg) 100,0 (90,0-110,0) 110,0 (100,0-120,0) 100,0 (90,0-110,0) 0,0001
PD (mmHg) 60,0 (50,0-70,0) 70,0 (60,0-80,0) 60,0 (50,0-70,0) 0,0001
CT (mg/dL) 168,0 (150,9-187,6) 170,3 (154,1-188,4) 167,7 (150,5-187,6) 0,3092
LDL-c (mg/dL) 102,4 (85,6-120,1) 106,3 (86,0-123,5) 102,1 (85,4-119,1) 0,2039
HDL-c (mg/dL) 47,9 (42,0-55,7) 40,8 (36,3-43,5) 49,6 (43,9-56,9) 0,0001
TG (mg/dL) 77,6 (60,9-100,7) 120,4 (100,3-158,2) 73,8 (58,4-91,1) 0,0001
Glicose (mg/dL) 90,2 (85,0-95,2) 95,7 (89,3-101,0) 90,0 (84,5-94,9) 0,0001
  n = 667 n = 100 n = 567
Insulina (U/L) 4,50 (2,40-8,40) 7,91 (4,69-13,8) 3,80 (2,30-7,22) 0,0001
HOMA-IR 0,99 (0,54-1,96) 1,91 (1,07-3,36) 0,86 (0,52-1,66) 0,0001
RI n (%) 57 (8,5) 27 (27,0) 30 (5,3) < 0,0001

Os resultados estão expressos como mediana (faixa interquartil) para variáveis contínuas e valor absoluto e percentagem para variáveis categóricas. SM: síndrome metabólica; IMC: índice de massa corporal; CC: circunferência da cintura; OS: pressão sistólica; PD: pressão diastólica; CT: colesterol total; TG: triglicerídeos; HOMA-IR: homeostatic model assessment insulin resistance; RI: resistência à insulina.

A SM teve prevalência semelhante em meninos e meninas (Tabela 2), porém foi mais frequente nos adolescentes (19,1%) em comparação às crianças avaliadas (10,6%; p < 0,0001; Tabela 3). Em geral, os componentes da SM e as variáveis associadas de maior frequência foram, em ordem decrescente, o HDL-c baixo (91,6%), a obesidade abdominal (85,3%), a hipertrigliceridemia (76,9%), a obesidade (45,5%), a PA elevada (46,1%), a hiperglicemia (35,7%), o sobrepeso (32,9%) e a RI (27,0%). Não houve diferença entre os gêneros e entre crianças e adolescentes, com exceção da obesidade e da RI que foram mais frequentes, respectivamente, nos meninos e nas meninas (Tabela 2), da PA elevada e da RI, que foram mais comuns nos adolescentes, e da obesidade que foi mais prevalente nas crianças (Tabela 3).

Tabela 2 Prevalência (%) de variáveis associadas à síndrome metabólica em crianças e adolescentes (6-14 anos) avaliados no município de Guabiruba-SC, Brasil, 2011 

Variáveis n (%) Com Síndrome Metabólica Sem Síndrome Metabólica
Geral n = 143 Meninos n = 63 (44,1%) Meninas n = 80 (55,9%) p 0,0605 Geral n = 868 Meninos n = 418 (48,2%) Meninas n = 450 (51,8%) p 0,1465
HDL-c baixo 131 (91,6) 56 (88,9) 75 (93,7) 0,4396 249 (28,7)† 127 (30,4) 122 (27,1) 0,3178
HiperTG 110 (76,9) 48 (76,2) 61 (76,2) 0,8432 154 (17,8)† 65 (15,6) 89 (19,8) 0,1264
Hiperglicemia 51 (35,7) 28 (44,4) 23 (28,7) 0,0766 66 (7,6)† 44 (10,5) 22 (4,9) 0,0029
PA elevada 66 (46,1) 24 (38,1) 42 (52,5) 0,1221 71 (8,2)† 44 (10,5) 27 (6,0) 0,0217
CC aumentada 122 (85,3) 53 (84,1) 69 (86,2) 0,9091 185 (21,3)† 74 (17,7) 111 (24,7) 0,0150
Sobrepeso 47 (32,9) 17 (27,0) 30 (37,5) 0,2511 166 (39,7) 81 (19,4) 85 (18,9) 0,9197
Obesidade 65 (45,5) 35 (55,5) 30 (37,5) 0,0480 68 (7,8)† 37 (8,8) 31 (6,9) 0,3599
  n = 100 n = 41 n= 59 n = 567 n = 267 n = 300
RI 27 (27%) 4(9,7) 23 (39,0) 0,0025 30 (5,3)† 7(2,6) 23 (7,7) 0,0118

†P < 0,0001 em comparação aos estudantes com síndrome metabólica (teste qui-quadrado com correção de Yates). HDL-c: colesterol da lipoproteína de alta densidade (≤45 mg/dL); HiperTG, hipertrigliceridemia (≥100 mg/dL); Hiperglicemia (≥100 mg/dL); CC: circunferência da cintura (≥p90); PA: pressão arterial (≥p90); RI: resistência à insulina (HOMA-IR > 3,16).

Tabela 3 Prevalência de variáveis associadas à síndrome metabólica (SM) em crianças (6-10 anos) e adolescentes (11-14 anos) com e sem SM avaliados no município de Guabiruba-SC, Brasil, 2011 

Variáveis Crianças n = 592 p< 0,0001 Adolescentes n = 419 p < 0,0001 Crianças vs. Adolescentes
Com SM n = 63 (10,6%) Sem SM n = 529 (89,4%) Com SM n = 80 (19,1%) Sem SM n = 339 (80,9%) Com SM 0,0001 Sem SM 0,0002
HDL-c baixo 57 (90,5) 138 (26,1) < 0,0001 74 (92,5) 111 (32,7) < 0,0001 0,9009 0,0433
HiperTG 47 (74,6) 99 (18,7) < 0,0001 63 (78,7) 55 (16,2) < 0,0001 0,7057 0,3954
Hiperglicemia 19 (30,1) 29 (5,5) < 0,0001 32 (40,0) 37 (10,9) < 0,0001 0,2931 0,0052
PA elevada 22 (34,9) 35 (6,6) < 0,0001 44 (55,0) 36 (10,6) < 0,0001 0,0261 0,0485
CC elevada 56 (88,9) 107 (20,2) < 0,0001 66 (82,5) 78 (23,0) < 0,0001 0,4034 0,3691
Sobrepeso 16 (25,4) 93 (17,6) 0,1811 31 (38,7) 73 (21,5) 0,0022 0,1331 0,1812
Obesidade 39 (61,9) 46 (8,7) < 0,0001 26 (32,5) 22 (6,5) < 0,0001 0,0008 0,2951
  n = 50 n = 382 n = 50 n = 185
RI 5 (10,0) 11 (2,9) 0,0360 22 (44,0) 19 (10,3) < 0,0001 < 0,0001 0,0005

HDL-c: colesterol da lipoproteína de alta densidade (≤45 mg/dL); HiperTG: hipertrigliceridemia (≥100 mg/dL); Hiperglicemia (≥100 mg/dL); CC: circunferência da cintura (≥p90); PA: pressão arterial (≥p90); RI: resistência à insulina (HOMA-IR ≥3,16).

Nos estudantes sem SM, as prevalências de hiperglicemia e a PA elevada foram maiores nos meninos, enquanto a CC aumentada e a RI foram mais frequentes nas meninas. Em relação à idade, as prevalências de HDL-c baixo (32,7%), hiperglicemia (10,9%), PA elevada (10,6%) e RI (10,3%) foram maiores nos adolescentes em comparação às crianças (Tabela 3).

A prevalência de mais de um componente da SM presente simultaneamente nos estudantes com e sem SM é apresentada na Tabela 4. Dentre as crianças e adolescentes com SM, 68,5%, 27,3% e 4,2% apresentaram, respectivamente, três, quatro e todas as cinco variáveis metabólicas da síndrome, sem diferenças significativas entre meninos e meninas. Dentre os 27 estudantes com SM e RI, 12 (44,4%) tinham três variáveis da SM, enquanto 12 (44,4%) e três (11,1%) tinham quatro e cinco variáveis, respectivamente. Nas crianças e adolescentes sem SM, 38,2% e 22,3% apresentavam, respectivamente, uma ou duas variáveis da SM, sendo que 46,7% ou 26,7% desses, respectivamente, eram resistentes à insulina (Tabela 4).

Tabela 4 Prevalência (%) de vários componentes da síndrome metabólica presentes simultaneamente em crianças e adolescentes (6-14 anos) avaliados no município de Guabiruba-SC, Brasil, 2011 

Com Sindrome Metabólica Geral (n = 143) Meninos (n = 63) Meninas (n = 80) p
Variáveis (n) n (%) n (%) n (%)  
Três 98 (68,5) 45 (71,4) 53 (66,2) 0,6289
Quatro 39 (27,3) 15 (23,8) 24 (30,0) 0,5239
Cinco 06 (4,2) 03 (4,8) 03 (3,7) 0,9247
RI (n = 27) (n = 4) (n = 23)
Três + RI 12 (44,4) 0 12 (52,2) 0,1633
Quatro + RI 12 (44,4) 02 (50,0) 10 (43,5) 0,7614
Cinco + RI 03 (11,1) 02 (50,0) 01 (4,4) 0,0698
Sem Síndrome Metabólica Geral (n = 868) Meninos (n = 418) Meninas (n = 450)
Uma 332 (38,2) 159 (38,0) 173 (38,4) 0,9591
Duas 194 (22,3) 96 (23,0) 98 (21,8) 0,7321
RI (n = 30) (n = 7) (n = 23)
Uma + RI 14 (46,7) 3(42,9) 11 (47,8) 0,8375
Duas + RI 8 (26,7) 3(42,9) 5(21,7) 0,5335

RI: resistência à insulina.

A prevalência geral de RI não esteve associada ao estado nutricional da população avaliada, sendo que 38,6% dos estudantes eutróficos, 35,1% com sobrepeso e 24,6% com obesidade apresentaram RI (p = 0,1597; Tabela 5). Porém, estratificando-se a prevalência de RI pela presença de SM e pelo estado nutricional, observou-se maior proporção de estudantes com sobrepeso (48,1%) e obesos (40,7%) com SM e RI em comparação aos estudantes eutróficos (11,1%, p = 0,034). Por outro lado, nos estudantes sem SM, a RI foi mais comum nos indivíduos eutróficos (63,3%) do que naqueles com sobrepeso (23,3%) ou obesidade (10,0%, p = 0,0001; Tabela 5).

Tabela 5 Prevalência (%) de resistência à insulina (RI) em crianças e adolescentes (6-14 anos) com e sem síndrome metabólica, avaliados no município de Guabiruba-SC, Brasil, 2011 

  Geral n = 667 Com Sindrome Metabólica n = 100 Sem Sindrome Metabólica n =567
RI (+) n = 57 (8,5%) RI (+) n = 27 (27%) RI (-) n = 73 (73%) P RI (+) n = 30 (5,3%) RI (-) n = 537 (94,7%) P
Estado Nutricional n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)
Baixo Peso n = 54 (8,5%) 1 (1,7) 0 (0,0) 0(0,0) --- 1 (3,3) 53 (9,9) 0,3800
Eutrofia n = 379 (56,8%) 22 (38,6) 3 (11,1) 15 (20,5) 0,4380 19 (63,3) 342 (63,7) 0,8802
Sobrepeso n = 147 (22,0%) 20 (35,1) 13 (48,1) 21 (28,8) 0,1215 7 (23,3) 106 (19,7) 0,8059
Obesidade n = 87 (13,0%) 14 (24,6) 11 (40,7) 37 (50,7) 0,5158 3 (10,0) 36 (6,7) 0,7456
P (Eutrofia vs. Obesidade) 0,1597 0,0340 0,0002 0,0001 < 0,0001

RI (+): presença de resistência à insulina; RI (-): ausência de resistência à insulina.

Os valores de aOR obtidos pela análise de regressão logística multivariada estão mostrados na Tabela 6. A predição de SM nas crianças e adolescentes avaliados foi significativamente aumentada para idade (aOR 1,15; p = 0,0142), RI (aOR, 4,39; p = 0,0001), sobrepeso (aOR 6,09; p < 0,0001) e, principalmente, obesidade (aOR 32,68; p < 0,0001). Em modelo de regressão logística ajustado pelo gênero e considerando o índice HOMA-IR como variável independente, o aumento de cada unidade do índice HOMA-IR esteve associado à SM com OR de 1,25 (IC 95% 1,09-1,44; p = 0,0220).

Tabela 6 Preditores de síndrome metabólica estimados através de regressão logística multivariada em crianças e adolescentes (6-14 anos) avaliados no município de Guabiruba-SC, Brasil, 2011 

Variáveis aOR IC 95% p
Idade 1,15 1,03-1,28 0,0142
Gênero masculino 0,77 0,45-1,31 0,3389
Sobrepeso 6,09 3,25-11,42 < 0,0001
Obesidade 32,68 16,51-64,69 < 0,0001
Resistência à insulina 4,39 2,14-9,00 0,0001

aOR: odds ratio (razão de chance) ajustada; IC 95%, intervalo de confiança de 95%.

Discussão

A identificação precoce da SM em crianças e adolescentes é importante para a estratificação de risco de eventos cardiovasculares futuros 1. No presente estudo, 14,1% da população de estudantes avaliados no município de Guabiruba-SC foi identificada como portadora de SM, principalmente indivíduos com obesidade ou sobrepeso, RI e adolescentes. Merece destaque o fato de que 22% dos portadores de SM eram eutróficos. Em comparação com outros estudos brasileiros que utilizaram critérios idênticos para a classificação, a prevalência de SM encontrada em nosso estudo foi superior à verificada em Maracaí-SP (3,6%)20, porém inferior às descritas em Salvador-BA (17,7%)21 e em Feira de Santana-BA (22,6%)22, provavelmente devido às diferentes proporções de indivíduos obesos nas populações avaliadas.

A SM em crianças e adolescentes está se tornando um problema global de saúde pública23. Essa síndrome tem etiologia complexa e multifatorial e o controle dos seus fatores de risco modificáveis no período pré-natal e/ou na infância pode ter efeito a longo prazo na prevenção de doenças crônico-degenerativas, incluindo as DCVs. Considerando as crescentes evidências sobre a progressão dos fatores de risco desde a infância até a idade adulta, deve-se enfatizar o papel potencial dos determinantes genéticos, pré-natais, ambientais, biológicos e comportamentais na SM na infância24 , 25. Nesse contexto, a SM em crianças está relacionada principalmente à “globesidade”, termo usado pela OMS para enfatizar a crescente epidemia mundial de sobrepeso e obesidade juvenil. No presente estudo, realizado em crianças e adolescentes de um município semirrural de Santa Catarina, foi encontrada elevada prevalência de estudantes com sobrepeso (21%) e obesidade (13%), com as maiores chances de desenvolver a SM (6,1 e 32,7 vezes, respectivamente). Dentre os estudantes com SM, 33% tinham sobrepreso e 45,5% eram obesos. Resultados semelhantes foram descritos para crianças e adolescentes obesos em Maracaí-SP20, adolescentes obesos em Porto Alegre-RS26 e em três cidades do Paraná27. Em crianças obesas em Taguatinga-DF, a prevalência de SM foi de 16,7%28.

Em crianças e adolescentes, sabe-se que a obesidade está associada aos demais componentes da SM e à RI29, assim como existe forte associação entre a RI e a SM ou variáveis de risco cardiometabólico10 , 11 , 28. No presente estudo, 35% e 25% dos estudantes com sobrepeso e obesidade, respectivamente, eram resistentes à insulina. A RI vem sendo considerada como potencial marcador de risco cardiovascular10 , 11 e esteve presente em 33% e 41% dos adolescentes obesos atendidos, respectivamente, em ambulatório especializado em Osasco-SP10 e pelo Sistema Único de Saúde em Campina Grande-PB11, 39,4% das crianças e adolescentes obesos avaliados na Bolívia30 e 7,7% das crianças obesas (3–5 anos) avaliadas na região norte da Holanda31. Nos escolares avaliados em nosso estudo, a RI teve prevalência geral de 8,5% e esteve presente principalmente nas meninas e nos adolescentes. Nos estudantes com SM, a prevalência de RI aumentou para 27%, principalmente nos indivíduos com sobrepeso (48%) ou obesidade (41%) e foi também mais frequente nas meninas (39%) e nos adolescentes (44%), confirmando assim sua associação com o excesso de peso e alguma influência hormonal28 , 32 - 35. De acordo com nossa análise de regressão logística, a RI esteve associada à SM (aOR = 4,4), sendo que o aumento de uma unidade de HOMA-IR elevou em 25% a chance de ocorrência da síndrome (aOR = 1,25). Em geral, os nossos resultados corroboram os achados de Medeiros e cols.11, os quais relataram que as meninas e os adolescentes com RI apresentaram risco elevado para componentes da SM. Outros autores brasileiros também reportaram associações importantes e significativas entre a RI e inúmeras alterações clínicas e metabólicas compatíveis com a SM em adolescentes10 e em crianças28 , 36 , 37 com obesidade.

Segundo Bradshaw e cols.38, um número substancial de crianças e adolescentes têm alguns dos componentes da SM. De fato, nossos resultados são preocupantes e merecem atenção, pois entre os estudantes sem SM, 38% e 22% apresentaram um e dois componentes da SM, respectivamente. Além disto, 29% desses indivíduos apresentaram HDL-c baixo, 21% tinham obesidade abdominal – a qual representa maior risco para as DCVs39 – e 63% eram resistentes à insulina, indicando percentual elevado de jovens com grande probabilidade de agravamento futuro de risco cardiometabólico. Nos estudantes com SM, também foi elevada a proporção de indivíduos com até quatro componentes (27%), sendo que 44% desses eram resistentes à insulina. Igualmente, chama a atenção que 4,2% dos estudantes tinham cinco componentes da SM, incluindo RI, indicando uma situação pouco usual em crianças e adolescentes. Em geral, esses resultados são comparáveis aos de outros estudos brasileiros10 , 11 , 26 , 36 , 40. Entre as variáveis associadas à SM, as de maior frequência foram o HDL-c baixo, a obesidade abdominal, a hipertrigliceridemia e a PA elevada, com prevalências de 92%, 85%, 77% e 46%, respectivamente. Vale notar que em crianças31 e em adolescentes26 obesos, a PA elevada costuma ser mais prevalente que as alterações lipídicas.

Devido ao delineamento transversal, este estudo é limitado pela impossibilidade de definir uma relação temporal de causalidade. Além disto, podem ser considerados como limitação o fato dos resultados não poderem ser extrapolados para a população geral de crianças e adolescentes do município de Guabiruba-SC. Outras limitações incluem a não realização da medida laboratorial de insulina em todos os estudantes, a falta de avaliação dos hábitos alimentares, nível de atividade física e medida de maturação puberal, e ausência de história familiar para doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes melito.

Conclusão

Em resumo, este estudo mostrou alta prevalência de SM na população infanto-juvenil avaliada, principalmente entre os estudantes com obesidade ou sobrepeso, os resistentes à insulina e os adolescentes. O HDL-c baixo foi o componente presente com maior frequência, seguido da obesidade abdominal e da hipertrigliceridemia. Além disto, confirmamos que as variáveis obesidade, sobrepeso, RI e idade estiveram associadas frequentemente à SM.

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