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Sobre métodos e instrumentos em pesquisa do comportamento

Sobre métodos e instrumentos em pesquisa do comportamento

Autores:

Dirce Maria Navas Perissinotti

ARTIGO ORIGINAL

BrJP

versão impressa ISSN 2595-0118versão On-line ISSN 2595-3192

BrJP vol.3 no.1 São Paulo jan./mar. 2020 Epub 27-Fev-2020

http://dx.doi.org/10.5935/2595-0118.20200017

Senhor editor,

Estudos da área comportamental têm se desenvolvido com razoável raciocínio bioestatístico em nosso meio. Contudo, a construção metodológica nem sempre contribui para maior compreensão do problema dor como resposta comportamental por apresentar vieses, particularmente porque, muitas vezes, pesquisadores pouco habilitados se aventuram na área. A pesquisa comportamental exige correta análise bioestatística, após eleição adequada de seu método.

As ciências têm se tornado exigentes quanto às provas empíricas baseadas na realização de cuidadosas observações e experimentos com o propósito de coletar e produzir dados sistemáticos e objetivos, e o mesmo ocorrendo do âmbito comportamental, a Psicologia. A utilização de métodos de pesquisa deve se desenvolver de acordo com postulados preconizados para seu fim e, com isso, deve ser estabelecido por meio normatizações, além de respeitadas a familiarização do pesquisador responsável com o contexto comportamental a que pretende pesquisar, sob risco de resultado equivocado, que em nada contribui com o conhecimento científico.

Um exemplo muito frequente é o da aplicação de inventários, cujo objetivo é o estudo de variáveis comportamentais frequentemente utilizados em artigos em que autores e revisores nem sempre se atentam para importante e fundamental “detalhe” - o método de pesquisa.

As Escalas Beck, por exemplo, são compostas pelo Inventário de Depressão (BDI), Inventário de Ansiedade (BAI), Escala de Desesperança (BHS) e Escala de Ideação Suicida (BSI) que foram concebidas para mensurar a intensidade de sintomas e não são instrumentos diagnósticos, assim não averiguam a presença de quadros psicopatológicos e devem ser aplicadas em sujeitos de 17 a 80 anos de idade1.

No Brasil, é instrumento de uso restrito a psicólogos - obrigatório registro profissional para sua aquisição e aplicação - por exigir treinamento técnico especializado. Conforme legislação do Sistema de Avaliação de testes Psicológicos (SATEPSI) do Conselho Federal de Psicologia (CFP), desde abril de 2018, é considerado como instrumento não adequadamente validado à normatização brasileira. Não há, até o momento, versão que a substitua e, portanto, não deve ser utilizada2.

Vale ressaltar que a utilização de métodos de pesquisa do comportamento distinguem-se de outros, porque utilizam metodologias que permitem decifrar e decodificar os comportamentos sob certos estímulos, de acordo com suas características, desde que respeitados os atributos do(s) estímulo(s) estudado(s) e do(s) comportamento(s) em questão. E com isso, um pesquisador que pretenda averiguar condições comportamentais deve minimamente estar habilitado para fazê-lo.

Certa de contribuir com o crescimento do tema, espero ter aclarado alguns equívocos.

Atenciosamente,

REFERÊNCIAS

1 Cunha JA. Manual da versão em português das Escalas Beck. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2001.
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