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Um Mestre para lembrar e copiar

Um Mestre para lembrar e copiar

Autores:

Ana Luisa Godoy Fernandes,
Sonia Maria Faresin

ARTIGO ORIGINAL

Jornal Brasileiro de Pneumologia

versão impressa ISSN 1806-3713versão On-line ISSN 1806-3756

J. bras. pneumol. vol.44 no.4 São Paulo jul./ago. 2018

http://dx.doi.org/10.1590/s1806-37562018000040003

O Prof. Dr. Manuel Lopes dos Santos sempre foi um professor incomum. Além da liderança natural, sabia reconhecer e estimular as qualidade de cada um da sua equipe e fazer o grupo crescer. Foi assim que liderou e formou a Disciplina de Pneumologia da Escola Paulista de Medicina (EPM), na cidade de São Paulo, que sem duvida é um centro de excelência de formação em pneumologia, conhecido nacional e internacionalmente. Foi o primeiro chefe de residentes da EPM/Hospital São Paulo (HSP), demonstrando a relevância do treinamento em serviço, que é o padrão ouro da formação profissional. Foi um gestor de excelência, chefe de disciplina, diretor do HSP e diretor da EPM, transformando-a na Universidade Federal de São Paulo, sendo seu primeiro reitor. Fundou a Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia e lançou o Jornal de Pneumologia, sendo seu primeiro editor.1

Era comum ouvi-lo dizer “São Paulo tem um débito com o país. Devemos formar pneumologistas como massa crítica e disseminar o conhecimento por todo o país”. Recebeu alunos de todos os estados brasileiros e alguns da América Latina, tornando a Disciplina de Pneumologia da EPM a principal formadora de especialistas em pneumologia no Brasil. Colaborou ativamente com o primeiro Programa de Pós-Graduação na formação de doutores em nossa área de conhecimento no Brasil. Sua coerência era ímpar, pela empatia por todos que queriam aprender e trabalhar e pelo amor incondicional que tinha à missão de ensinar.

Poderia ter sido tratado em qualquer hospital de recursos infinitos, mas sempre utilizou o HSP, onde, apesar dos recursos sempre serem deficitários, contava com a massa crítica e humana que ele ajudou a criar. Além disso, teve sempre o bom senso de usar o serviço no qual ele acreditava e onde tratava seus pacientes.

Neste momento de reflexão e dor, pensamos como o Brasil seria grande se tivesse mais homens e mulheres com esse tipo de comportamento.

REFERÊNCIAS

1 Santos ML. Jornal Brasileiro de Pneumologia: quarenta anos de história. J Bras Pneumol. 2015;41(5):397