versão impressa ISSN 1679-4508versão On-line ISSN 2317-6385
Einstein (São Paulo) vol.15 no.1 São Paulo jan./mar. 2017
http://dx.doi.org/10.1590/s1679-45082017ai3772
Paciente assintomático, 52 anos de idade, que realizou seguimento endoscópico para esôfago de Barrett. O exame revelou prolapso de 1,5cm no antro gástrico (Figura 1A). O paciente foi encaminhado à ultrassonografia endoscópica, que considerou a lesão como tumor estromal gastrintestinal (Figura 1B), porém não típico, e sugeriu-se proceder à tomografia computadorizada (TC) do abdome. A TC revelou lesão heterogênea, envolvendo o antro gástrico e o segmento esquerdo lateral do fígado (Figura 2A). A laparotomia exploratória demostrou que a lesão se tratava de osso de frango (Figura 2B). Não se observaram intercorrências no pós-operatório, com exceção de infecção supurativa no local da cirurgia.
As lesões submucosas gástricas são normalmente mesenquimais na origem e incluem tumor estromal gastrintestinal, leiomiomas, leiomiossarcomas, tumores neuroendócrino e schwannomas.1 Atualmente, a ultrassonografia endoscópica é considerada a abordagem padrão para avaliar lesões intramurais gástricas.2 Os tumores estromal gastrintestinal podem se originarem em qualquer parte do trato gastrintestinal. No caso de tumores estromais gástricos (60% de todos os tumores estromal gastrintestinal), recomenda-se a ressecção cirúrgica. Pequenos tumores (<2cm) sem sinais de malignidade (ulcerações, sangramento, margem irregular, necrose e mudança cística) podem ser tratados com vigilância ativa, apesar da existência de potencial para malignidade em qualquer tumor estromal gastrintestinal, independente do tamanho.1,3-5
No entanto, a perfuração do trato digestivo causada por ingestão de corpo estranho é rara. A maioria destes corpos estranhos passam pelo trato digestivo, e menos de 1% deles causam perfuração.6 Por motivos desconhecidos, alguns deles perfuram a parede gástrica e alojam-se no lobo esquerdo do fígado.7A remoção pode ser feita via endoscópica, laparoscópica e laparotômica. É importante mencionar que a ingestão de corpos estranhos ocorre com frequência em pessoas que utilizam prótese dentária, como era o caso de nosso paciente. As próteses restringem a sensibilidade oral. Tais próteses podem não só ser engolidas, como também facilitar a deglutição de corpos estranhos.7,8