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Variabilidade climática e internações por doenças diarreicas infecciosas em um município da Amazônia Ocidental brasileira

Variabilidade climática e internações por doenças diarreicas infecciosas em um município da Amazônia Ocidental brasileira

Autores:

Juliana Lúcia Duarte,
Fredi Alexander Diaz-Quijano,
Antônio Carlos Batista,
Alejandro Fonseca Duarte,
Leonardo Augusto Kohara Melchior,
Leandro Luiz Giatti

ARTIGO ORIGINAL

Ciência & Saúde Coletiva

versão impressa ISSN 1413-8123versão On-line ISSN 1678-4561

Ciênc. saúde coletiva vol.24 no.8 Rio de Janeiro ago. 2019 Epub 05-Ago-2019

http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018248.21232017

Introdução

As doenças diarreicas infecciosas são provocadas por agentes patogênicos como vírus, bactérias e protozoários, e apresentam como principais efeitos fisiológicos a desidratação e a desnutrição1-3. Essas doenças acometem indivíduos de todas as faixas etárias, mas as crianças são mais vulneráveis e suscetíveis às deficiências nutricionais que prejudicam o seu crescimento, ganho de peso, desenvolvimento intelectual e até mesmo à sua sobrevivência2,4-8. A diarreia está entre as principais causas de morte em crianças com menos de 5 anos de idade em países pobres, juntamente com as doenças respiratórias. A morbimortalidade por diarreia é um problema de saúde pública em diversas regiões do mundo e está condicionada a várias causas, mas a pobreza, as condições precárias de saneamento básico e as condições climáticas e ambientais que favorecem a transmissão dos patógenos são críticos na modulação, frequência e gravidade dessa doença1-3,7-9.

No Brasil, ainda são registradas altas taxas de óbitos por doenças diarreicas, especialmente em crianças menores de 1 ano e nas regiões Norte e Nordeste do País2,8,10. O Brasil apresenta grande diversidade demográfica, econômica, social, cultural e de saúde em suas distintas regiões. A região Norte compreende a maior parte da Amazônia brasileira. Nessa vasta região de clima tropical úmido, anualmente as oscilações climáticas são intensificadas pelas enchentes que ocorrem geralmente entre os meses de outubro e abril, constituindo condições favoráveis à disseminação das doenças diarreicas infecciosas2,11-15. Com a perspectiva das mudanças climáticas globais e a possibilidade do aumento de eventos climáticos extremos, atenção especial deve ser dada às consequências para a saúde desta população, principalmente porque as precárias condições de urbanização locais, associadas aos poucos avanços em saneamento básico, contribuem para um quadro de vulnerabilidade característico16-22.

Assim, este estudo ecológico objetivou analisar a associação das taxas de internações por doenças diarreicas infecciosas, na população do município de Rio Branco, capital do estado do Acre, com variáveis climáticas, como a precipitação, o nível do Rio Acre, a umidade e a temperatura, entre os anos de 2000 e 2013. Este tipo de estudo é fundamental para a região, pois contribui para um maior conhecimento sobre a relação entre clima e saúde, e poderá subsidiar a elaboração de políticas públicas visando à melhoria dos indicadores desse agravo e da qualidade de vida da população em geral. Também buscou-se estudar o comportamento dessas taxas de internações quanto à sua evolução temporal e em distintas faixas etárias, para maior conhecimento epidemiológico dessas doenças em nível local.

Métodos

A área de estudo foi o município de Rio Branco, capital do estado do Acre, situado na região da Amazônia Ocidental, Norte do Brasil. De acordo com o IBGE (2016), o município apresenta uma população de aproximadamente 370 mil habitantes. Com clima tropical, predominantemente quente e úmido, as temperaturas permanecem em torno dos 25 e 30ºC durante o ano todo, com curtos períodos de friagem, em que as temperaturas costumam baixar até em torno de 14ºC. A umidade relativa média compensada permanece mais alta do que a maioria das outras regiões do país durante todo o ano, com porcentagens quase sempre acima de 65%11,14,23.

O município se desenvolveu às margens do Rio Acre, um dos maiores rios da região Norte, que tem sua nascente no Peru e deságua no Brasil, atravessando o estado. Nos períodos de chuva, que costumam ocorrer entre os meses de outubro e abril, o nível do rio aumenta e na maioria das vezes ultrapassa sua cota de alerta para transbordamento (13,5 metros) o que causa o alagamento de boa parte da cidade11,14. O padrão sazonal das chuvas no estado é regular. Altas vazões no inverno amazônico são previsíveis, mas a ocupação desordenada das planícies de inundação favorece a ocorrência dos alagamentos. De acordo com um estudo realizado por Duarte24 foram localizados assentamentos urbanos em planícies de inundação do Rio Acre nos municípios de Rio Branco, Assis Brasil, Brasileia e Xapuri. O estudo também aponta que, no estado, 79,1 % do crescimento populacional se converteu em moradores socialmente vulneráveis, que ficam expostos ao ambiente das águas às margens de rios, igarapés e canalizações de esgoto24.

Além disso, o estado do Acre é descrito na literatura como um dos que apresenta os piores indicadores de saneamento do Brasil2,25. Em 2014, Rio Branco esteve entre os 15 maiores municípios do País com pior saneamento, com mais de 78% da população sem acesso a esgoto coletado e pouco mais da metade da população contemplada pelo sistema de abastecimento de água25. A capital também apresenta elevado percentual de população indígena vivendo em áreas rurais e com menos acesso a esses serviços2,6,26,27. Importante ressaltar que o Norte é a segunda região mais pobres do País e apresenta uma das maiores taxas de incidência de doenças diarreicas em crianças menores de 5 anos de idade, depois da região Nordeste28.

Para este estudo foram usados dados referentes ao número de internações mensais por doenças diarreicas infecciosas, categorizados por faixa etária, obtidos entre primeiro de janeiro de 2000 a 31 de dezembro de 2013. Esses dados foram extraídos a partir do Sistema de Informações hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), disponível na página eletrônica do Departamento de Informática do SUS, mantido pelo Ministério da Saúde do Brasil29. Foram utilizados os registros de casos de internação sob os códigos A03 (Shiguelose), A06 (Amebíase), A09 (Diarreia e gastroenterite de origem infecciosa presumível), A00 (cólera), A01 (febre tifoide e paratifoide) e Z22.1 (outras doenças infecciosas intestinais) da 10ª. Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10).

As variáveis climáticas utilizadas para os estudos de associação foram: média mensal da precipitação total (em mm); média mensal da temperatura máxima (em ºC); média mensal da temperatura compensada (em ºC); média mensal da temperatura mínima (em ºC); média mensal da umidade relativa média compensada (em %); e média mensal do nível do Rio Acre (em metros). Esses dados foram extraídos a partir do banco de informações disponível na página eletrônica do Instituto Nacional de Meteorologia23 e também a partir do sistema de informações hidrológicas disponível no sítio eletrônico da Agência Nacional das Águas30.

Todos os dados desta pesquisa foram obtidos de fontes secundárias de livre acesso, de forma que não houve necessidade de aprovação pelo Comitê de ética em pesquisa. Esses dados foram tabulados e organizados em planilhas do programa Microsoft Excel. Foram calculadas as taxas médias mensais de internações por doenças diarreicas infecciosas por 100 mil habitantes e sua variância, cálculos que foram feitos de forma estratificada segundo ano e faixa etária. As estimativas populacionais para os anos do período de análise (2000 a 2013) foram obtidas junto à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística26.

Para estimar a associação entre as variáveis climáticas e ambientais e a taxa de internações por doenças diarreicas, foram utilizados os Modelos Lineares Generalizados (MLG). As análises foram realizadas por meio do programa estatístico Stata (Data Analysis and Statistical Software) versão 13.031 (permissão de uso concedida à Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo).

Foram calculadas as razões de taxas (RT), as quais foram ajustadas inicialmente utilizando-se a regressão de Poisson e como alternativa foi considerado o modelo de regressão binomial negativa (BN), ambos estimados por máxima verossimilhança32-34. A avaliação dos ajustes dos modelos obtidos com a regressão BN foi feita por meio da análise da significância estatística do valor do termo alfa (α). Quando o valor obtido foi significativamente diferente de zero, então o modelo múltiplo de regressão BN foi adotado para obter as estimativas ajustadas, considerando a superdispersão dos dados32-34.

Na escolha das variáveis foram considerados a significância estatística dos parâmetros, o aumento no pseudo R2 de McFadden e os intervalos de confiança para o nível de significância de 5%32-34. Foram retiradas das análises as variáveis cujos parâmetros não se mostraram estatisticamente diferentes de zero ao nível de significância de 5%, utilizando-se o procedimento “stepwise” que, em diversos softwares de modelagem, tem a propriedade de automaticamente excluir as variáveis explicativas cujos parâmetros não se mostrem estatisticamente diferentes de zero33. Este procedimento também foi utilizado para corrigir a multicolinearidade entre as variáveis explicativas33.

O modelo final foi avaliado usando os testes estatísticos de deviance e de Pearson para o ajuste33,35 e contém todos os parâmetros estatisticamente diferentes de zero ao nível de significância de 5%, com o maior valor de R2 ajustado e com menor amplitude dos intervalos de confiança. A qualidade do ajuste foi medida pelo teste de Qui-Quadrado (X2) para comparar às duas curvas e da não existência de diferenças estatisticamente significantes entre os valores previstos e observados32-34.

Resultados

Nestes 14 anos foram registrados no banco de dados do DATASUS o total de 8.080 internações por doenças diarreicas infecciosas na população do município de Rio Branco, sendo que 1.153 internações foram registradas somente no ano de 2006. As taxas apresentaram média mensal de 16,5 internações e variância de 147, 9.

Devido a grande diferença entre os valores da média e da variância, optou-se por adotar o modelo de regressão binomial negativa para as análises33. Além disso, a qualidade do ajuste dos dados obtidos com a distribuição de Poisson evidenciou diferenças significativas entre os valores observados e preditos (p<0,001). Por outro lado, o valor do termo alfa (α) do modelo com distribuição binomial negativa foi significativamente diferente de zero (Tabela 1), o que indicou ser este o modelo mais adequado para a análise, considerando a superdispersão dos dados33.

Tabela 1 Variáveis associadas com as taxas de internações por doenças diarreicas infecciosas. 

Variável RT (IC95%) Modelo de regressão binomial negativa*
RT ajustada (IC95%) p valor
Nível do rio (m) 1,07 (1,06 a 1,10) 1,07 (1,04 a 1,10) < 0,001
Umidade relativa (%) 0,97 (0,96 a 0,98) 0,97 (0,96 a 0,99) < 0,001
Ano 0,86 (0,86 a 0,87) 0,86 (0,85 a 0,87) < 0,001
Faixa etária
Inferior a 1 Referência Referência
1 a 4 0,32 (0,30 a 0,33) 0,33 (0,29 a 0,38) < 0,001
5 a 9 0,06 (0,05 a 0,06) 0,07 (0,06 a 0,08) < 0,001
10 a 14 0,02 (0,02 a 0,03) 0,04 (0,03 a 0,04) < 0,001
15 a 19 0,01 (0,00 a 0,01) 0,01 (0,00 a 0,02) < 0,001
20 a 29 0,01 (0,01 a 0,01) 0,02 (0,01 a 0,02) < 0,001
30 a 39 0,01 (0,01 a 0,02) 0,02 (0,02 a 0,03) < 0,001
40 a 49 0,01 (0,01 a 0,02) 0,02 (0,02 a 0,03) < 0,001
50 a 59 0,03 (0,02 a 0,03) 0,04 (0,03 a 0,04) < 0,001
60 a 69 0,06 (0,05 a 0,07) 0,08 (0,06 a 0,09) < 0,001
70 a 79 0,12 (0,10 a 0,14) 0,14 (0,11 a 0,16) < 0,001
Acima de 80 0,23 (0,20 a 0,26) 0,26 (0,20 a 0,30) < 0,001

*Alpha do modelo de regressão binomial negativa = 0,29 (IC95%: 0,25 - 0,33; p< 0,001). Cada estimativa está ajustada pelas outras variáveis listadas na tabela.

Foram retiradas das análises as variáveis cujos parâmetros não se mostraram estatisticamente diferentes de zero ao nível de significância de 5%, após a aplicação do procedimento stepwise33. Desta forma, permaneceram no modelo as variáveis: nível do rio, umidade relativa média compensada, ano e faixa etária.

Os resultados deste estudo mostram que: existe uma associação positiva significativa entre as taxas de internações por doenças diarreicas infecciosas e o nível do Rio Acre, sendo que, para cada metro de aumento do nível do rio, ocorre um aumento de 7% nessas taxas (RT:1,07; IC95%:1,04 a 1,1); existe uma relação negativa entre as taxas de internações e os anos, com um decréscimo geral de 14% nas taxas de internações por essas doenças entre os anos de 2000 e 2013 (RT:0,86; IC95%:0,85 a 0,87); também houve uma associação negativa entre as taxas de internações e a umidade relativa média compensada (RT:0,97; IC95%:0,96 a 0,99) (Tabela 1).

O Gráfico 1 mostra que, ao longo dos anos, houve uma tendência geral de diminuição nas taxas de internações, desde o ano de 2000 até o ano de 2013. No entanto, durante esse período, ocorreram algumas elevações nas taxas em alguns anos em especial. Incialmente ocorreu um decréscimo entre os anos de 2000 e 2004. A partir de então houve uma súbita elevação, até o ano de 2006, quando foram registradas as maiores taxas de internações por doenças diarreicas do período. Nos anos seguintes, as taxas caíram progressivamente até o ano de 2009, quando houve uma leve ascensão. A partir de então as taxas declinaram progressivamente até o ano de 2013, quando foram registradas as menores taxas de internações por doenças diarreicas infecciosas do período estudado.

Gráfico 1 Série temporal das taxas médias mensais de internações por doenças diarreicas infecciosas no período de 2000 a 2013, em Rio Branco/AC. 

A faixa etária com as maiores taxas de internações compreende a de crianças com menos de 1 ano de vida, seguida por crianças de 1 a 4 anos de idade. Altas taxas de internações foram também encontradas no grupo dos idosos, principalmente para aqueles com mais de 70 anos de idade (Gráfico 2).

Gráfico 2 Taxas médias mensais de internações por doenças diarreicas infecciosas, por faixa etária, no período de 2000 a 2013, em Rio Branco/AC. 

Discussão

Segundo os resultados obtidos neste trabalho, há associação significativa entre as taxas de internações por doenças diarreicas e o nível do Rio Acre, ano, umidade relativa média compensada e faixa etária. Para análises contendo esse tipo de dados, costuma-se utilizar, como padrão, a Regressão de Poisson33,36. No entanto, este modelo pressupõe a igualdade entre média e variância, fato que nem sempre ocorre em séries com superdispersão ou excesso de zeros. Nesses casos, a utilização da Regressão de Poisson pode levar a uma subestimação dos erros-padrão dos coeficientes, intervalos de confiança muito estreitos e p-valores pequenos32,33. A distribuição binomial negativa possui uma modificação na função de variância que faz com que seu parâmetro de dispersão permita a acomodação de uma variação extra e isto permite contornar o problema33,34. Testado esse último modelo, o valor de alfa encontrado mostra que existe uma superdispersão que deve ser levada em conta e, portanto, este foi o modelo analítico adotado nesta pesquisa33.

Os resultados alcançados com as análises deste estudo mostram pela primeira vez, neste município, como o nível do rio pode interferir nas taxas mensais de internações por doenças diarreicas infecciosas. O modelo mostra que o aumento de apenas 1 metro na média mensal do nível do Rio Acre pode contribuir para o aumento de até 7% nessas taxas. Essa variável pode se constituir em um indicador para a predição de tendências na ocorrência dessa doença neste município e nos demais municípios da região amazônica, pois apresentam características climáticas e ambientais semelhantes28. O Gráfico 3 mostra as séries temporais dessas variáveis durante o tempo do estudo.

Gráfico 3 Série temporal das taxas médias mensais de internações por doenças diarreicas infecciosas em comparação com a série temporal das médias mensais do nível do Rio Acre, no período de 2000 a 2013, em Rio Branco/AC. 

Surtos de diarreia associados a eventos climáticos extremos têm ocorrido em todo o mundo, especialmente após episódios de enchentes e alagamentos9,28,36-41. Mas não se sabia, até então, o quanto esses fatores são capazes de contribuir, neste município, para a ocorrência de doenças diarreicas infecciosas com potencial para causar internação. Em Rio Branco essa situação torna-se especialmente preocupante porque as cheias do Rio Acre ocorrem praticamente todos os anos, levam às inundações sazonais das áreas de várzea características da geografia amazônica e deixam boa parte da cidade alagada, o que pode contribuir para o aumento da transmissão e contágio por essas doenças24,42.

Em Rio Branco, as inundações do Rio Acre ocorrem quase sempre nos meses de fevereiro, março e abril, colocando milhares de famílias em situação de risco em várias cidades. Em 2006 foram cerca de 29.000 pessoas afetadas por uma das maiores enchentes desse rio. Em março de 2010 foram mais de 4.000 edificações atingidas, com mais de 350 famílias desalojadas e desabrigadas. Em 2012 foram mais de 6.000 indivíduos desabrigados, considerada a segunda maior inundação desde o início das medições do Rio Acre. Em 2015, a maior cheia já registrada na história do estado deixou mais de 9.000 pessoas desabrigadas28,42.

Durante as enchentes, a rede de distribuição de água para o consumo humano pode ficar afetada, comprometer o sistema de fornecimento para as casas e para os serviços de saúde resultando na falta de água potável ou ainda na distribuição de água contaminada por agentes infecciosos36,38,43-47. Também pode ocorrer a contaminação de alimentos armazenados em casas ou mercados por agentes biológicos e por produtos químicos de origem industrial, comercial e/ou residencial. Nesses períodos, os demais serviços urbanos e de saneamento básico, como coleta de esgoto domiciliar e disposição de resíduos, também ficam afetados favorecendo condições para o aparecimento e dispersão das doenças28,38,47-50.

Outra consequência provocada pelas enchentes e alagamentos é a alteração nos ciclos de reprodução dos vetores, hospedeiros e reservatórios de doenças devido à proliferação de locais com águas residuais, lixo, e material em decomposição nas ruas, levando ao aumento na quantidade de mosquitos, moscas, ratos, e contaminação ambiental fecal por parasitas. Dessa forma aumentam as fontes de exposição ao risco de doenças, principalmente para os que se tornam desalojados ou desabrigados46,50-52.

O deslocamento massivo de populações, a aglomeração em abrigos e o processo acelerado e precário de urbanização, também criam condições para proliferação de doenças transmissíveis28. Quando esse processo tende a ocorrer sem um planejamento adequado, a construção de redes de abastecimento de água e de coleta de esgoto, por exemplo, ocorre como medida de adaptação e se desenvolve para o suprimento doméstico, mas estas melhorias são vulneráveis às mudanças ambientais devido à fácil contaminação e também pela insuficiência na capacidade de tratamento e distribuição de água8,15,22.

De fato, a intensa urbanização da região amazônica brasileira vem sendo pressionada nas últimas décadas pelo aumento da migração, o que tem agravado a situação de pobreza na região. Em Rio Branco, por exemplo, assim como nas demais cidades da região, são comuns os assentamentos urbanos em planícies de inundação dos rios, como resultado deste processo. A consequência é o aumento da população em condições de vulnerabilidade socioambiental e exposta aos diversos danos dos alagamentos15,22,24.

Situações ambientais como essas contribuíram também para a ocorrência de outras doenças na região, com destaque à dengue e à leptospirose, as quais têm envolvido um número crescente de vítimas na região, com sintomas cada vez mais graves1,29. No município de Rio Branco, neste mesmo período de tempo, foram notificados e confirmados mais de 80.000 casos de dengue pelo setor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde29. Além dessas, outras doenças, como as respiratórias, por exemplo, têm gerado crescente preocupação em nível local, por envolver principalmente as crianças, de forma parecida com o que acontece com as doenças diarreicas infecciosas1,15,29.

Além disso, com a perspectiva das mudanças climáticas globais, acredita-se que o risco de eventos extremos possa se tornar mais frequente no futuro. Os modelos climáticos projetados para a floresta amazônica apontam para grandes aumentos de temperatura, o que pode influenciar no regime de chuvas e na ocorrência de enchentes na região28,53,54. As grandes enchentes da Amazônia neste século foram resultado de chuvas extraordinariamente fortes na região Norte do Brasil e que estiveram, em geral, associadas às temperaturas mais altas que o normal na superfície do Oceano Atlântico Sul Tropical53-56.

Curiosamente, os resultados deste trabalho mostraram uma associação negativa, ainda que pequena, entre a média mensal da umidade relativa média compensada e as taxas de internações por doenças diarreicas infecciosas. Mas este resultado pode ter sido obtido em detrimento das particularidades do clima desta região, que é bastante quente e úmido. O menor valor para a média mensal da umidade relativa obtido na cidade durante o período de estudo foi de 67,25%, enquanto que o maior valor foi de 92,30%, o que reflete a alta umidade e também a pequena variação23. Dessa forma, períodos onde são observados acentuados aumentos ou diminuições nas taxas de internações por doenças diarreicas infecciosas não foram acompanhados por aumentos ou diminuições tão acentuadas da umidade relativa, a qual é medida em porcentagem (Gráfico 4). Sendo assim, essa variável não foi considerada adequada para este tipo de estudo.

Gráfico 4 Série temporal das taxas médias mensais de internações por doenças diarreicas infecciosas em comparação com a série temporal das médias mensais da umidade relativa, no período de 2000 a 2013, em Rio Branco/AC. 

Quanto ao comportamento das taxas de internações por doenças diarreicas ao longo do tempo neste município, o modelo estatístico mostrou uma tendência de diminuição, principalmente após o ano de 2006. Uma das principais explicações para este resultado refere-se à introdução da vacina contra o rotavírus no calendário de vacinação do SUS. Desde 2006, o Brasil imuniza as crianças, nos seus dois primeiros anos de vida, contra este patógeno, por meio de uma vacina oral atenuada5,9. Na literatura, o rotavírus tem sido destacado como um dos principais e mais prevalentes patógenos causadores de diarreia intensa com desidratação severa e necessidade de internação, após as enchentes5,38,39. Dessa forma, a imunização contra o rotavírus e a universalização da cobertura representaram contribuição importante na redução das formas graves, no número de hospitalizações e no risco de morte por esta doença, como mostram alguns estudos realizados no Brasil e também em outros países3,5,9,57,58.

Outros fatores que contribuíram para este quadro incluem melhorias nas condições de saneamento, na qualidade da água, campanhas de incentivo ao aumento da duração de amamentação total e exclusiva, a redução na prevalência de desnutrição e a melhora no acesso à assistência à saúde com o aumento da cobertura da vacinação contra o sarampo e o uso de reidratação oral20,21,59. Tiveram também grande contribuição a expansão da Estratégia Saúde da Família (ESF) e a criação de programas sociais, como o “Bolsa Família” e o “Programa Mais Médicos” por exemplo, que contribuíram, nos últimos anos, para um aumento substancial do acesso à assistência primária à saúde e a qualidade de vida da população59-61.

No entanto, apesar dos avanços, as doenças diarreicas infecciosas continuam representando um grave problema de saúde pública no Brasil e gerando altas taxas de internações, principalmente em crianças menores de 1 ano, como mostram os resultados deste trabalho e de vários outros estudos2,8,61. Além disso, a diarreia infantil apresenta-se como um agravo que mostra a iniquidade em saúde no território brasileiro. Os indicadores de saúde mostram as maiores taxas de morbimortalidade nas regiões Norte e Nordeste, as quais apresentam as piores condições de pobreza e de saneamento básico do Brasil2,8,61.

Também deve-se considerar o fato de que maiores informações sobre a distribuição destas doenças no País são escassas. Os Sistemas de Informações Hospitalares do SUS disponibilizam apenas dados de internações ou de mortalidade, ou seja, se restringem apenas aos casos mais graves de doenças diarreicas que levam à morte ou às internações hospitalares e não permitem distinguir se diferentes internações são do mesmo paciente ou de pacientes diferentes. Os casos novos não são devidamente registrados e disponibilizados, assim como os casos menos graves. Assim, podem existir vieses nos dados que podem levar a uma subestimação dos casos e ao desvio do foco do problema e das medidas que visem a sua prevenção, como a melhoria do saneamento básico, por exemplo62. Essa falta de informações constituiu-se em uma das principias limitações deste estudo.

Outras limitações compreendem o uso de dados secundários de saúde, os quais dependem de registros e podem não reproduzir tão fielmente a realidade. Da mesma forma, o número de estações meteorológicas e a qualidade dos dados na região amazônica do País são bastante limitados28. Os resultados deste estudo, ao considerar dados de internações mensais referentes à população geral de todo o município de Rio Branco, sem considerar as maiores características desta população, como as socioeconômicas, por exemplo, e suas delimitações geográficas, não permite caracterizar os grupos populacionais mais vulneráveis às doenças diarreicas infecciosas.

No entanto, esse estudo forneceu informações sobre como e o quanto o clima pode influenciar na distribuição dessas doenças nesta região e permitiu a identificação de fatores que merecem uma investigação mais detalhada. A ampliação do conhecimento sobre a relação entre clima e saúde em nível regional é fundamental para que se possa implementar ações de precaução, prevenção e mitigação dos impactos, principalmente para a população mais exposta1,15. Um próximo passo seria estudar as áreas de vulnerabilidade socioambiental em associação com fatores socioeconômicos no município para que se possa identificar as diferentes realidades locais.

Conclusão

Mesmo com a pronunciada redução no número de mortes e internações devido às doenças diarreicas infecciosas nas últimas décadas, estas são ainda um grave problema de saúde pública no País, juntamente com as demais doenças infecciosas, principalmente porque o Brasil está passando por um processo rápido e precário de urbanização. A região amazônica brasileira apresenta um cenário típico e favorável para a permanência, expansão e distribuição dessas doenças. Avanços ocorreram em relação à cobertura de abastecimento de água e esgoto sanitário no País, no entanto, ainda se observam desigualdades relacionadas a esses serviços, mostrando a importância das doenças diarreicas no cenário epidemiológico brasileiro8. Além disso, por envolver principalmente as populações mais pobres, esta doença atrai muito menos atenção do que a maioria das outras doenças1,2.

Dessa forma, este estudo volta sua atenção para o impacto desses agravos nesta população e fornece um modelo onde o nível do Rio pode ser utilizado como um indicador para a predição de tendências na ocorrência de doenças diarreicas infecciosas com potencial para gerar internações. Este tipo de estudo é fundamental para aumentar o conhecimento sobre como o clima da região pode mudar e interferir na ocorrência dessas doenças, principalmente ao se considerar a região amazônica como de grande risco aos eventos climáticos extremos, vulnerável à ocorrência de enchentes, e onde as taxas de morbimortalidade por doenças diarreicas infecciosas encontram-se ainda bastante elevadas.

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