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Violência contra idosos e qualidade de vida relacionada à saúde: estudo populacional no município de São Paulo, Brasil

Violência contra idosos e qualidade de vida relacionada à saúde: estudo populacional no município de São Paulo, Brasil

Autores:

Daniel Rodrigues Machado,
Miako Kimura,
Yeda Aparecida de Oliveira Duarte,
Maria Lúcia Lebrão

ARTIGO ORIGINAL

Ciência & Saúde Coletiva

versão impressa ISSN 1413-8123versão On-line ISSN 1678-4561

Ciênc. saúde coletiva vol.25 no.3 Rio de Janeiro mar. 2020 Epub 06-Mar-2020

http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232020253.19232018

Abstract

The scope of this work was to identify the prevalence of domestic violence against non-institutionalized elderly individuals, and to establish if violence is an independent factor associated with the Physical Component (PC) and Mental Component (MC) scores of the Health-Related Quality of Life (HRQOL) of these elderly individuals. It is a cross-sectional epidemiologic and population-based investigation that is part of the SABE (Wellbeing, Health and Aging) study. A sample of 1,126 elderly individuals filled out the Short-Form 12 (SF-12) Health Survey, namely a generic instrument that assesses HRQOL through the Physical and Mental components. The prevalence of domestic violence against of the elderly was 10% (CI 95% 9.1-13.6). In the multiple analyses, violence against the elderly was significantly associated to the MC (β = -3.03; p = 0.000) and to the PC (β = -1.69; p = 0.017) of HRQOL, independently of the sociodemographic, health, family support, and functional incapacity covariables. The prevalence of domestic violence was high and compromised the physical and mental health of the elderly.

Key words Quality of life; Elderly individuals; Mistreatment of the elderly

Introdução

Com o aumento expressivo da população idosa, a violência contra indivíduos mais velhos vem assumindo grandes proporções na sociedade moderna1. Representa um problema de saúde pública de grande magnitude2,3 e constitui um dos tópicos mais relevantes das últimas décadas4, pois gera grande pressão sobre os sistemas de saúde, de segurança pública e de serviços sociais, bem como pode impactar diretamente na qualidade de vida das vítimas5.

A violência cometida contra idosos foi descrita pela primeira vez, em 1975, em publicação britânica como espancamento de avós. Desde então, tem sido tema de investigações científicas e alvo de ações governamentais em todo o mundo e, especificamente, no Brasil, desde a década de 19902.

O primeiro estudo internacional de revisão sistemática sobre a prevalência da violência contra idosos detectou coeficientes de abuso entre 1,6%, nos Estados Unidos da América, e 18%, na Suécia e Dinamarca6. Uma metanálise recente com estudos de 28 países constatou que a prevalência da violência contra idosos foi de 15,7%. No entanto, a falta de consenso na definição e medição da violência resultou em grandes variações nas taxas de prevalência dos 52 estudos incluídos na metanálise7. No Brasil, não se conhece a prevalência da violência contra idosos, pois existem poucas pesquisas de base populacional publicadas sobre o assunto.

A definição mais utilizada na literatura científica para o conceito “violência contra idosos” foi proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS)8 e adotada no presente estudo, na qual violência constitui uma ação única ou repetida ou ainda a ausência de uma ação devida, que cause sofrimento e angústia, e que ocorre em uma relação em que haja expectativa de confiança.

Ainda de acordo com a OMS2, algumas tipologias são utilizadas para designar as formas de violência mais praticadas contra a população idosa. A violência física refere-se à dominação induzida por drogas ou pelo uso da força física, resultando em dor ou lesão; a violência psicológica corresponde a infringir angústia mental; enquanto que a violência financeira ou material manifesta-se pela exploração imprópria ou ilegal do idoso ou no uso não consentido por ele de seus recursos patrimoniais e/ou financeiros.

Os idosos têm sido expostos a esses tipos de violência e eles ocorrem, predominantemente, de modo único ou combinado, no âmbito familiar2. Alguns fatores de risco em idosos vítimas da violência doméstica já foram descritos pela literatura científica, dentre os quais, merecem destaque: ter algum tipo de demência, deficiência física, depressão, solidão ou falta de apoio social; viver situações conflitivas com o cuidador; apresentar diminuição da capacidade funcional e cognitiva; bem como fazer uso de álcool ou drogas ilícitas9.

Independentemente da motivação, a ocorrência da violência poderá resultar em sofrimento desnecessário, lesão ou dor, perda ou violação dos direitos humanos, transtorno de estresse pós-traumático e somatização, tendendo a afetar severamente a saúde física e mental das vítimas10.

Alterações na saúde física e mental podem ser mensuradas pelas avaliações da Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS), definida como o valor atribuído à duração da vida, modificado pelos prejuízos, estados funcionais, percepções e oportunidades sociais que são influenciados por doenças, dano, tratamento ou política de saúde11, não sendo, com frequência, diferenciada do estado funcional ou do estado de saúde (física e mental) de um indivíduo12.

As investigações que se propõem a identificar os fatores determinantes de boa ou má QVRS são cada vez mais necessárias e imprescindíveis, pois podem subsidiar a elaboração e a implementação de políticas públicas que visem à melhoria da saúde física e mental das pessoas. Nesse sentido, é válido mencionar que diversos pesquisadores nacionais e internacionais detectaram que indivíduos expostos à violência apresentaram piores escores de QVRS em relação aos não expostos13-15.

No entanto, essas pesquisas têm foco direcionado para a violência contra mulheres e indivíduos da população geral e, até o momento, não se tem conhecimento de nenhum estudo científico empírico que objetivou investigar a violência como fator independente associado à redução da QVRS de idosos.

No Brasil, investigações ajudaram a identificar variáveis socioeconômicas e de saúde associadas à QVRS de idosos da comunidade16,17. A detecção de outros fatores ligados à QVRS dessa população é primordial para o avanço do conhecimento científico.

Dessa forma, a presente investigação objetivou identificar a prevalência da violência doméstica contra idosos não institucionalizados do Município de São Paulo, assim como verificar se a violência é um fator independente associado aos escores dos componentes físico e mental da QVRS dos idosos.

Método

Esta investigação é parte integrante do estudo SABE (Saúde, Bem-estar e Envelhecimento) e caracteriza-se como uma pesquisa epidemiológica transversal, com amostra de base populacional.

O estudo SABE

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a OMS coordenaram o estudo multicêntrico denominado SABE com o objetivo de detalhar as condições de vida e o estado de saúde de idosos residentes em sete centros urbanos da América Latina e Caribe. O estudo SABE teve início em 2000 e foi conduzido na Argentina, Barbados, Brasil, Chile, Cuba, México e Uruguai. No Brasil, uma amostra representativa de idosos não institucionalizados (60 anos ou mais) foi obtida no Município de São Paulo, tendo em vista o apoio institucional da Universidade de São Paulo (USP) e o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Somente nesse país, o SABE constitui-se em estudo longitudinal com quatro ondas (2000, 2006, 2010 e 2015), coordenado por uma equipe de pesquisadores do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP. O detalhamento da técnica de amostragem do estudo SABE encontra-se descrito em publicações específicas18-20. Ressalta-se que, em 2010, a população de idosos residentes no Município de São Paulo era de 1.338.138 indivíduos21.

Amostra e critério de exclusão

Foi realizada uma análise transversal com os idosos brasileiros que participaram do estudo SABE em 2010. Dos 1.345 participantes, foram excluídos 219, cujos questionários foram respondidos por um informante auxiliar ou substituto. A adoção desse critério de exclusão é justificada pela premissa de que a qualidade de vida, principal desfecho do presente estudo, é um construto de natureza subjetiva e, portanto, deve ser aferida com base nas respostas do próprio indivíduo que está sendo avaliado22. Ademais, o informante auxiliar ou substituto poderia ser o provável agressor do idoso e, nesse contexto, a informação sobre a ocorrência da violência poderia ser omitida ou não fidedigna12,23.

Portanto, a amostra final do presente estudo constituiu-se de 1.126 idosos (≥ 60 anos) não institucionalizados do Município de São Paulo.

Coleta de dados

Os dados foram coletados por meio de entrevistas individualizadas, face a face, realizadas nos domicílios dos idosos (em um local da residência que oferecesse privacidade) por uma equipe de entrevistadores, especialmente treinada para atuar no estudo SABE.

O questionário utilizado no estudo SABE está composto por doze seções que abrangem vários aspectos da vida do idoso, tais como: dados pessoais, avaliação cognitiva, estado de saúde, estado funcional, medicamentos, uso e acesso aos serviços, rede de apoio familiar e social, história laboral e fontes de receita, características da moradia, violência, antropometria, flexibilidade e mobilidade (disponível em http://www.fsp.usp.br/sabe/quetionario.php).

Variáveis dependentes

Os escores do Componente Físico (CF) e Mental (CM) do SF-12 foram as variáveis dependentes deste estudo. Validado no Brasil em amostras clínicas24 e na população geral25, o SF-12 está composto por 12 itens derivados do SF-36 (36-item Short Form Health Survey)26, um instrumento genérico de avaliação de QVRS que se encontra traduzido e validado em português27. As oito dimensões do SF-12 são: estado geral de saúde, capacidade funcional, aspectos físicos, dor, vitalidade, saúde mental, aspectos emocionais e aspectos sociais, sendo que as quatro primeiras formam o CF e as demais, o CM.

Os escores dos componentes do SF-12 podem variar de 0 a 100%, sendo as pontuações mais elevadas tradução de melhor percepção de saúde física ou mental e as mais baixas, o oposto24,25. No presente estudo, o coeficiente alfa de Cronbach foi de 0,77 para o CF e de 0,74 para o CM, valores indicativos de consistência interna satisfatória.

Variáveis independentes

Variáveis sociodemográficas e de saúde foram investigadas, incluindo sexo (masculino e feminino), idade (número de anos completos no momento da entrevista), raça/cor (branca, parda, preta e outras), coabitação (sozinho e acompanhado), escolaridade (anos de estudo no momento da entrevista) e suficiência de renda percebida (suficiente e insuficiente), sendo esta última variável acessada por meio da pergunta: o(a) senhor(a) considera que tem dinheiro suficiente para cobrir suas despesas diárias?.

A percepção do estado geral de saúde (boa, regular, ruim) foi obtida por meio da indagação: o(a) Senhor(a) diria que sua saúde é muito boa, boa, regular, ruim ou muito ruim?. A categoria “boa” foi composta pelas respostas boa e muito boa, a categoria “regular” correspondeu à própria alternativa regular e a categoria “ruim”, foi formada pelo agrupamento das respostas ruim e muito ruim.

Os dados sobre a variável dor (sim, não) foram acessados por meio de duas perguntas: 1) o(a) Senhor(a) sente dor ou desconforto quando faz algum esforço físico ou movimento como, por exemplo, levantar e andar? e 2) o(a) Senhor(a) tem alguma dor há mais de 3 meses, que dói continuamente ou que vai e vem, pelo menos, uma vez por mês? Uma resposta afirmativa para qualquer uma dessas duas perguntas caracterizou o idoso como portador de dor.

O número de doença(s) crônica(s) (nenhuma, uma, duas ou mais) considerou as seguintes doenças: hipertensão (pressão sanguínea alta), doença cardíaca (ataque do coração, doença coronária, angina, doença congestiva ou outro problema cardíaco), acidente vascular encefálico (embolia, derrame, ataque, isquemia ou trombose cerebral), diabetes mellitus (níveis altos de açúcar no sangue), doença pulmonar crônica (como asma, bronquite ou enfisema), doença osteoarticular (artrite, reumatismo, artrose), neoplasia (excluindo os tumores menores de pele) e problema neurológico ou psiquiátrico. Os dados foram acessados por meio da pergunta: alguma vez um médico ou enfermeiro lhe disse que o(a) Senhor(a) tem hipertensão, quer dizer pressão sanguínea alta?, mudando o nome da doença ao final da frase.

O declínio cognitivo foi avaliado pelo MEEM (Miniexame do Estado Mental)28, modificado e validado no Chile29 e traduzido para o português30. A pontuação do MEEM varia de zero a 19 e o declínio cognitivo é indicado por 12 ou menos pontos obtidos na versão modificada da escala29.

Para o estudo dos sintomas depressivos foi utilizada a Escala de Depressão Geriátrica Abreviada (GDS - 15 itens), validada no Brasil31. A pontuação do instrumento varia de 0 a 15 e 6 ou mais pontos alcançados na escala indicam que o idoso tem sintomas sugestivos de depressão31. O coeficiente alfa de Cronbach para a GDS foi de 0,69, valor indicativo de consistência interna satisfatória.

A funcionalidade familiar foi avaliada por meio do instrumento denominado APGAR de Família (Family Apgar), que no Brasil foi traduzido e adaptado para ser aplicado em idosos32. As cinco questões do instrumento permitem pontuação variando de 0 a 20, e quanto mais elevado for o escore, melhor será a funcionalidade familiar. Neste estudo, os escores de 0 a 12 foram categorizados como família disfuncional e de 13 a 20, família funcional16. Os cinco itens da escala mostraram alta consistência interna (coeficiente alfa de Cronbach = 0,89), indicando a confiabilidade da medida.

Em relação à incapacidade funcional, avaliou-se, separadamente, a dificuldade para executar atividades básicas - ABVD33 e instrumentais da vida diária - AIVD34 (nenhuma dificuldade, dificuldade em uma ou duas atividades, dificuldade em três ou mais atividades). As ABVD investigadas foram: usar o vaso sanitário, alimentar-se, banhar-se, vestir-se, transferir-se e atravessar um quarto caminhando. As questões sobre AIVD incluíram: utilizar um meio de transporte, fazer compras, cuidar do próprio dinheiro, usar o telefone e tomar medicamentos.

Neste estudo, a ocorrência da violência foi detectada por meio de um questionário utilizado em pesquisas científicas35-37 e recomendado pelo Ministério da Saúde do Brasil como subsídio técnico aos profissionais que atuam na atenção primária38. Por meio desse questionário é possível identificar violência física, psicológica ou financeira contra idosos.

As perguntas do questionário de identificação de violência são as seguintes: 1) no último ano, alguma das pessoas que o rodeiam tem gritado com o Senhor sem razão?; 2) no último ano, alguma das pessoas que o rodeiam tem chamado por algum nome ou apelido que o Senhor não goste?; 3) no último ano, alguma das pessoas que o rodeiam tem usado ou mexido no seu dinheiro sem sua autorização?; 4) no último ano, alguma das pessoas que o rodeiam tem ameaçado em função de o Senhor não fazer o que querem que o Senhor faça?; 5) no último ano, alguma das pessoas que o rodeiam tem batido ou esbofeteado o Senhor?; 6) no último ano, alguma das pessoas que o rodeiam tem sacudido ou chacoalhado o Senhor?, e 7) no último ano, alguma das pessoas que o rodeiam tem roubado seu dinheiro ou algum pertence importante para o Senhor?.

Para cada pergunta havia como possibilidade de resposta sim, não ou ignorado. Ressalta-se que uma resposta afirmativa (sim) para qualquer pergunta desse questionário bastava para caracterizar o entrevistado como vítima da violência.

Análise estatística

Os dados foram analisados pelo software R versão 3.0.1, utilizando-se o pacote survey que permite incorporar aspectos referentes ao delineamento complexo de amostragem: estratificação não proporcional, sorteio de conglomerados e ponderação.

A estatística descritiva foi utilizada para a análise das variáveis independentes e dependentes da pesquisa. A confiabilidade dos instrumentos padronizados foi testada por meio da análise de consistência interna, utilizando-se o coeficiente alfa de Cronbach. O valor de referência adotado como aceitável (boa confiabilidade) foi igual ou maior a 0,6039. Calculou-se a prevalência da violência contra idosos com intervalo de 95% de confiança.

Foram ajustados modelos de regressão linear ponderados para explicar os escores dos CF e CM da QVRS. Foram selecionadas 14 variáveis independentes: sexo, idade, raça/cor, escolaridade, coabitação, suficiência de renda percebida, funcionalidade familiar, número de doenças crônicas, dor, sintomas depressivos, declínio cognitivo, dificuldade para executar ABVD e AIVD e exposição à violência. O método utilizado na análise de regressão foi o stepwise backward, adotando-se o critério de Akaike para a seleção do modelo final. A autocorrelação dos resíduos (colinearidade) foi testada pelo Teste de Durbin Watson, e a qualidade do ajuste do modelo foi representada pelo coeficiente de determinação (R²). Todos os pressupostos desse tipo de regressão foram analisados. O nível de significância dos testes foi de 5% e utilizou-se a correção de Rao-Scott para amostragem complexa.

Aspectos éticos

O estudo SABE foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da USP.

Resultados

Os idosos incluídos (Tabela 1) tinham média de idade equivalente a 69,2 anos (dp = 7,4) e estudaram, em média, 5,7 anos (dp = 4,4).

Tabela 1 Características sociodemográficas, de funcionalidade familiar, de estado de saúde e de incapacidade funcional dos idosos. São Paulo, Brasil, 2010 (n = 1.126). 

Características %
Sexo
Masculino
Feminino

40,2
59,8
Raça/cor
Branca
Parda
Preta
Outras

59,1
28,9
6,2
5,8
Coabitação
Sozinho
Acompanhado

15,8
84,2
Suficiência de renda percebida
Suficiente
Insuficiente

57,3
42,7
Funcionalidade familiar
Funcional
Disfuncional

87,7
12,3
Percepção do estado de saúde
Boa
Regular
Ruim

51,5
42,0
6,5
Número de doenças crônicas
Nenhuma
Uma
Duas ou mais

14,7
26,3
59,0
Dor
Sim
Não

32,0
68,0
Sintomas depressivos
Sim
Não

17,7
82,3
Declínio cognitivo
Sim
Não

3,1
96,9
Dificuldade para executar ABVD
Nenhuma dificuldade
Dificuldade em uma ou duas ABVD
Dificuldade em Três ou mais ABVD

75,8
18,1
6,1
Dificuldade para executar AIVD
Nenhuma dificuldade
Dificuldade em uma ou duas AIVD
Dificuldade em três ou mais AIVD

79,8
15,9
4,3

A prevalência de violência contra idosos foi de 10% (IC 95% 9,1 - 13,6). Os dados da Tabela 2 apresentam os escores dos componentes físico e mental da QVRS.

Tabela 2 Escores dos CF e CM da QVRS dos idosos. São Paulo, Brasil, 2010 (n = 1.126). 

Componentes do SF-12 Média (dp)
CF 48,6 (9,6)
CM 55,2 (8,2)

Observa-se na Tabela 2 que o escore do CM foi superior ao do CF da QVRS dos idosos. A Tabela 3 mostra os modelos finais da análise de regressão múltipla para os escores do CF e CM do SF-12.

Tabela 3 Regressão linear múltipla para os escores dos CF e CM do SF-12. São Paulo, Brasil, 2010 (n = 1.126). 

Componentes Variáveis que permaneceram no modelo final Coeficiente β p- valor R2
Durbin Watson
CF Constante 55,58 < 0,001 0,458 0,054
Raça/cor (Parda) 0,44 0,364
Raça/cor (Preta) 0,48 0,588
Raça/cor (Outras) 0,59 0,519
Renda suficiente 0,80 0,070
Dor -3,34 < 0,001
1 doença crônica -0,76 0,272
2 ou mais doenças crônicas -3,55 < 0,001
Ajuda em 1 ou 2 ABVD -4,44 < 0,001
Ajuda em 3 ou mais ABVD -13,48 < 0,001
Ajuda em 1 ou 2 AIVD -5,52 < 0,001
Ajuda em 3 ou mais AIVD -8,56 < 0,001
Violência -1,69 0,017
CM Constante 52,26 < < 0,001 0,214 0,566
Raça/cor (Parda) 0,19 0,712
Raça/cor (Preta) 0,74 0,430
Raça/cor (Outras) -0,38 0,692
Escolaridade -0,14 0,007
Renda suficiente 1,29 0,006
Funcionalidade familiar 0,37 < 0,001
Sintomas depressivos -3,97 < 0,001
Dor -1,03 0,037
1 doença crônica -0,63 0,381
2 ou mais doenças crônicas -1,53 0,022
Ajuda em 1 ou 2 AIVD -2,96 < 0,001
Ajuda em 3 ou mais AIVD -7,02 < 0,001
Violência -3,03 < 0,001

Entre as 14 variáveis que compuseram o modelo inicial de regressão, sete foram preditoras independentes do CF da QVRS: dor, multimorbidade, necessidade de ajuda em ABVD e AIVD e violência. O valor de R2 ajustado indica que 45,8% da variabilidade do CF é explicada pelas variáveis que permaneceram no modelo final. Em relação ao CM, continuaram como variáveis associadas: escolaridade, renda suficiente, funcionalidade familiar, sintomas depressivos, dor, multimorbidade, ajuda em AIVD e violência. Ressalta-se que a exposição à violência teve um coeficiente β negativo de 3,03 e um nível de significância p = < 0,001, o que significa que ser exposto à violência reduz uma estimativa de 3,03 pontos o escore do CM do SF-12. O teste de Durbin Watson para os CF e CM do SF-12 indica que não houve colinearidade entre os resíduos.

Discussão

Embora a violência contra idosos seja um problema de saúde pública global3, há pouco conhecimento sobre esse tema em países menos desenvolvidos. Isso pode ser atribuído, entre outros motivos, à escassez de dados epidemiológicos sobre a violência contra idosos40. No Brasil, estudos documentaram prevalência da violência contra idosos variando de 10,1 a 21%, sendo de 10,1% em Niterói41, 12,4% em Florianópolis36, 13,3% no Rio de Janeiro40, 14,4% em São Paulo40, 17,8% em Porto Alegre42, 20,8% no Recife35, 20,9% em Uberaba43 e 21% em Camaragibe44.

No presente estudo, 10% dos participantes referiram ter sofrido algum tipo de violência. Essa prevalência é maior do que a encontrada em estudos realizados na Europa45 (5,6%) e América do Norte46 (8,1%) e também superior às estimativas de violência doméstica contra idosos divulgadas pela OMS (4 a 6%)2, embora seja inferior às taxas encontradas na África e (43,7,%)47, Ásia (49,1%)48 e em outras localidades no Brasil35,36,40-44.

Diferentes abordagens metodológicas, incluindo diferenças nos procedimentos de amostragem e nos instrumentos de coleta de dados utilizados, bem como os aspectos culturais envolvidos podem explicar essa variação da prevalência da violência contra idosos. Estudos adicionais são necessários para melhor investigar essa questão, de preferência utilizando um conjunto comum de procedimentos7,40.

É importante afirmar que a ocorrência da violência detectada no presente estudo provavelmente subestima a verdadeira prevalência desse agravo no Município de São Paulo, pois os métodos utilizados para a sua avaliação não envolveram informações de profissionais de saúde responsáveis pelos idosos, registros policiais, realização de exame físico, bem como pelo fato de que idosos vítimas de abusos graves provavelmente não aceitaram participar de um estudo da natureza do SABE.

A exclusão de 219 idosos cujos questionários foram respondidos por um informante auxiliar ou substituto também pode ter subestimado a prevalência da violência. Além disso, menciona-se que alguns casos de violência podem não terem sido revelados pelos próprios idosos, tendo em vista que indivíduos mais velhos tendem a não relatar acontecimentos dessa natureza49.

Pesquisa conduzida em 204 municípios distribuídos nas cinco macrorregiões do Brasil (Sudeste, Nordeste, Sul, Norte e Centro-Oeste) registrou que 40% dos idosos vítimas de violência não relataram o fato a pessoas conhecidas ou a órgãos competentes49. A vergonha, o receio de retaliações do agressor, o medo do rompimento dos laços familiares, da perda da autonomia e do local onde reside, já que grande parte das vítimas vive com o agressor, são alguns dos fatores associados à omissão da ocorrência da violência10.

Dessa forma, a determinação fidedigna da prevalência da violência contra idosos é muito difícil ou até mesmo impossível de ser obtida, pelo caráter, muitas vezes, velado do problema2,10. Ainda assim, os estudos que se propõem a identificar a ocorrência da violência contra idosos são de grande utilidade, pois ajudam a dar visibilidade ao problema e oferecem subsídios para a estimação da magnitude do fenômeno50.

A análise de regressão linear múltipla apontou que a violência contra idosos foi significativamente associada ao CM (β = -3,03; p = 0,000) e ao CF (β = -1,69; p = 0,017) da QVRS, independente de covariáveis sociodemográficas, de saúde, de apoio familiar e de incapacidade funcional. A violência contra idosos produz efeitos complexos e multidimensionais à saúde das vítimas, incluindo raiva, desmoralização, vergonha, humilhação, medo, isolamento social, insônia, falta de apetite, indigestão, solidão, tristeza e infelicidade diante da vida51.

Estudo transversal realizado com 2.021 idosos (≥ 65 anos) residentes em sete regiões da Irlanda encontrou, por meio de análise multivariada, que obter escore abaixo da média no CM da QVRS, aferida pelo SF-8, aumentou em mais de quatro vezes as chances de relato de qualquer tipo de violência (OR = 4,51, IC 95% 2,22 - 9,14), ao passo que o CF da QVRS não foi significativamente associado ao aumento da chance de relatar violência52.

Todavia, é preciso ter cautela ao se comparar os resultados da presente pesquisa com os da irlandesa supracitada. Uma comparação entre as amostras desses estudos aponta diferenças em relação às características demográficas e culturais dos idosos. Cabe também destacar que a QVRS foi tratada com enfoques diferentes no plano de análise. Na presente pesquisa, a QVRS foi a variável desfecho, enquanto que no estudo irlandês os CF e CM da QVRS foram tratados como variáveis independentes potencialmente associadas ao desfecho violência contra idosos.

Portanto, nossos resultados evidenciam, pela primeira vez, que a violência é uma variável associada à redução do escore do CF e CM da QVRS de idosos, mesmo após o controle de fatores sociodemográficos, de apoio familiar, de saúde e de incapacidade funcional. Este resultado deve servir de alerta aos vários segmentos da sociedade, sobretudo aos profissionais de saúde e aos próprios indivíduos idosos. No caso dos profissionais da saúde, é preciso que muitos deles passem a reconhecer a violência como um problema também pertencente ao campo da saúde e abandonem, definitivamente, a posição de expectadores do fenômeno. Já os idosos necessitam ser alertados de que a omissão no relato de violência pode resultar em queixas e sintomas inespecíficos que dificultam o diagnóstico e o tratamento de distúrbios físicos e mentais resultantes da violência.

Embora o foco do presente estudo tenha incidido na relação entre a violência e os componentes físico e mental da QVRS de idosos, cabe ressaltar que outras variáveis também se mostraram significativamente associadas aos desfechos analisados. As associações com incapacidade funcional para atividades da vida diária, multimorbidade, dor e sintomas depressivos são congruentes com outros estudos16,53-56 e ratificam a necessidade de detecção e manejo de condições físicas e psíquicas que possam comprometer a QVRS de idosos.

Pesquisa de base populacional realizada no Município de São Paulo, utilizando o SF-12, identificou associação entre dificuldade para realizar ABVD e CF da QVRS de idosos. A chance para uma boa QVRS foi 87% menor para os homens idosos com dificuldade para ABVD em relação àqueles sem dificuldades. Já as mulheres idosas com dificuldades para desempenhar ABVD tiveram suas chances para uma boa QVRS reduzidas em 73%16.

No tocante à multimorbidade, pesquisa cuja amostra foi representativa da população idosa italiana não institucionalizada (33.744 indivíduos ≥ 60 anos), detectou que a ocorrência de duas ou mais doenças crônicas afetou o CF e o CM dos idosos, mensurados pelo SF-12, sendo piores os escores do CF. No CF, os idosos com multimorbidade tiveram chance 73% menor para considerarem ter boa QVRS, comparados àqueles sem doença crônica. Já no CM, para os idosos com multimorbidade, a chance para uma boa QVRS foi 50% menor54.

Diversas pesquisas identificaram a dor como variável associada à pior percepção da qualidade de vida entre idosos55-56. Pesquisa transversal e de base populacional realizada com 1.593 idosos residentes em Bagé, Rio Grande do Sul, documentou que os insatisfeitos com a vida tiveram uma prevalência duas vezes maior de sintomas depressivos quando comparados aos satisfeitos57.

O presente estudo apresenta algumas limitações. Em primeiro lugar, cita-se a opção pelo corte transversal, que não permitiu estabelecer causalidade entre exposição à violência e QVRS. Em segundo, embora a prevalência da violência seja alta, ela pode estar subestimada por razões já mencionadas. Em terceiro, não foi utilizado um instrumento de detecção da violência validado para uso no Brasil, e que fosse capaz de identificar outros tipos de violência não detectados nessa investigação (sexual e negligência) e de oferecer dados sobre a gravidade das agressões contra idosos. No entanto, a escolha do questionário sobre violência aplicado neste estudo tem utilização precedente em outras pesquisas35-37.

Por fim, destaca-se que a representatividade da amostra é uma fortaleza do estudo. A técnica de amostragem randomizada, baseada em setores censitários, garantiu uma amostra representativa dos idosos não institucionalizados residentes no maior município das Américas, em termos populacionais. Essa pesquisa preenche uma lacuna do conhecimento e estabelece bases para futuros estudos sobre a exposição à violência ao longo do tempo e seu impacto na saúde física e mental dos idosos.

Conclusões

Este estudo detectou prevalência de 10% da violência contra idosos. A análise de regressão múltipla evidenciou que a violência comprometeu a saúde física e mental dos idosos, independente das covariáveis sociodemográficas, de saúde, de apoio familiar e de incapacidade funcional analisadas neste estudo. É imprescindível que a violência contra pessoas mais velhas seja fenômeno merecedor de atenção dos profissionais de saúde, gestores e pesquisadores que atuam na área de atenção aos idosos.

REFERÊNCIAS

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