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Neste post buscaremos trazer um pouco das evidências por trás do uso de máscara na COVID-19. Nosso referencial será uma revisão de evidências publicada pelo PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America), onde as evidências foram reunidas em diversos contextos e tópicos diferentes, como impacto populacional, características da transmissão e da proteção conferida pelo uso da máscara, etc. Confira:
Evidências do uso público da máscara
Se você esperava encontrar dentro deste tópico um estudo randomizado controlado duplo cego, ou até mesmo uma meta-análise destes estudos, comprovando a eficácia do uso de máscaras, você está enganado.
Isto porque, de acordo com a OMS e a Cochrane, medidas de saúde populacionais não podem, tanto por questões logísticas, como por questões éticas, serem testadas nesses tipos de estudo.
Então não fique surpreso caso não encontre estudos robustos, com o melhor nível de evidência possível sobre o tema. Na verdade, existem poucos estudos que buscaram avaliar a eficácia do uso da máscara.
Na maioria deles, as máscaras avaliadas não foram de pano, e os resultados possuem diversas limitações que impedem generalizações. Então, o que nos resta discutir?
Revisões de estudos sobre outras doenças
Há, no entanto, revisões que estudaram o uso de máscaras durante períodos não pandêmicos para outras doenças que não a COVID-19.
Nestes estudos, a maioria dos resultados apontavam para a eficácia do uso da máscara, sendo numa das revisões publicada pela Cochrane considera a melhor intervenção populacional na redução da transmissão de vírus respiratórios.
O estudo da Cochrane chegou a incluir 67 ensaios clínicos controlados e estudos observacionais, o que confere confiabilidade aos resultados.
Uma outra revisão preprint concluiu que o uso de máscaras pela comunidade por pessoas sem sintomas pode ser benéfico, principalmente na COVID-19, onde a transmissão pré-sintomática pode ocorrer.
O uso da máscara é razoável e encorajado
A revisão da literatura concluiu que as evidências, tanto quando consideradas a nível de estudos observacionais ou ensaios clínicos, como no modo de transmissão, favorecem e encorajam o uso de máscaras.
A máscara de pano é capaz de obstruir a passagem de partículas do tamanho necessário para impedir a transmissão do vírus.
Além disso, as pessoas que mais transmitem o vírus são aquelas no período pré-sintomáticos ou até mesmo assintomáticos.
As evidências para outras doenças respiratórias também apontaram que o uso da máscara foi eficaz em prevenir transmissão de outros vírus.
Para complementar, as evidências também apontaram para a diminuição da transmissão comunitária em locais onde o uso da máscara é obrigatório ou amplamente adotado.
Conclusão
As evidências até agora disponíveis apontam que o uso de máscaras em ambientes públicos, em associação com outras medidas públicas de saúde, podem reduzir de forma bem sucedida da transmissão do SARS-CoV-2.
Com a saída da maioria dos países do estado de lockdown, é necessário reforçar as medidas de contenção de transmissão: ampla testagem, rastreamento de contato, quarentena para infectados, lavagem das mãos, e uso de máscara.
Medidas eficazes que ajudarão a diminuir as taxas de transmissão do SARS-CoV-2, e assim, manter as taxas de ocupação em níveis adequados até que a vacinação completa seja alcançada.
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