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Atenção à saúde das mulheres no climatério e menopausa | Colunistas

Atenção à saúde das mulheres no climatério e menopausa | Colunistas

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Introdução

O climatério é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma fase biológica, não sendo um processo patológico, sendo estabelecido como limite etário para o climatério o período entre 40 e 65 anos de idade. Esse período é entendido como a transição do período reprodutivo (menacme) e o não reprodutivo da vida da mulher (senectude (senescência ou senilidade). Esse período é dividido pela Sociedade Internacional de Menopausa em pré-menopausa, perimenopausa e pós-menopausa. A primeira inicia-se por volta dos 40 anos, com a diminuição da fertilidade em mulheres, mas mantendo os ciclos menstruais; a perimenopausa é marcada por alterações endócrinas dura três anos, iniciando dois anos antes da última menstruação e dura mais um ano após esse evento, e por último a pós-menopausa. É fundamental que, nessa fase da vida, exista um acompanhamento visando à promoção da saúde, a prevenção de danos, o diagnóstico precoce e o tratamento, mesmo que seja uma fase do ciclo de vida natural da mulher em que várias não apresentem queixas ou necessidade de medicamentos. É necessário compreender a individualidade nesse processo, haja vista que outras têm sintomas que variam na sua diversidade e intensidade.

A individualidade no climatério

Como o declínio funcional ovariano é progressivo, a interrupção abrupta das menstruações é rara. Dessa maneira, o quadro clínico do climatério envolve a diminuição do ciclo menstrual, de forma gradativa, menorragias e hipermenorreias, decorrentes das variadas alterações na estrutura e na função ovariana, com diminuição da produção estrogênica. Esse quadro pode envolver modificações físicas e psíquicas características, sendo o hipoestrogenismo é o principal responsável. A intensidade dessas modificações é influenciada pelo grau de privação estrogênica, mas também por questões externas, a saber, o ambiente sociocultural, as condições de vida da mulher, sua história de vida pessoal e familiar, seus costumes, dentre outros.  Assim, o climatério afeta cada uma das mulheres de modo diferente, repercutindo na maneira de interagir com o mundo, seus sentimentos e na sua qualidade de vida, sendo importante a atenção à saúde voltada a esse período.

Histórico das Políticas para as Mulheres no Climatério

Hoje, esse é um tópico abordado com atualizações e manuais voltados ao tema, todavia já foi uma pauta negligenciada. Sendo que a saúde da mulher no geral, foi incorporada nas políticas nacionais apenas no início do século XX, seguindo um processo de melhora a partir da década de 70. Na década de 1980 foi lançado a “Assistência Integral à Saúde da Mulher: bases de ação programática”, um documento que foi a base do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) publicado em 1984, pelo Ministério da Saúde. Nesse contexto, em 1994, a Norma de Assistência ao Climatério foi lançada pelo mesmo Ministério, e cinco anos depois, a saúde da mulher acima de 50 anos foi inclusa no planejamento da Área Técnica de Saúde da Mulher, porém nenhuma ação específica foi implementada.

Apenas em 2003, essa área decidiu iniciar ações de saúde voltadas para as mulheres no climatério com a inclusão de um capítulo sobre a temática no documento Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher – Princípios e Diretrizes. Dessa maneira, objetiva-se implantar a atenção à saúde da mulher no climatério, em nível nacional. Esse avanço foi de extrema importância, visto que a população brasileira está envelhecendo e o atual índice de mulheres que se encontram no climatério é muito alto, sendo mais um indicativo quanto à necessidade de atenção à saúde delas.

O Manual de Atenção Integral à Saúde da Mulher no Climatério/Menopausa

Um exemplo atual desse avanço, é a criação do Manual de Atenção Integral à Saúde da Mulher no Climatério/Menopausa, pelo ministério da saúde, que faz parte da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, e busca qualificar a atenção às mulheres nessa fase da vida. Este manual aborda questões desde a Atenção Integral à Saúde da Mulher nesse período, até a visão holística da paciente, o que inclui Aspectos Psicossociais, Humanização e Ética, sexualidade da mulher. Além da abordagem clínica, abordando Saúde Reprodutiva, doenças sexualmente transmissíveis, os agravos mais frequentes nesse período, bem como as opções terapêuticas, com dados reposição hormonal e outras opções de tratamento, como a homeopatia e fitoterapia. Discute também as medidas preventivas, que incluem estímulo à adoção de hábitos saudáveis e ao autocuidado, reverberando diretamente na qualidade de vida e o bem-estar das mulheres nesta fase

Conclusão

Espera-se que com os avanços das políticas, haja uma valorização e percepção por parte dos profissionais da saúde quanto à importância de se informarem e promoverem uma saúde de qualidade à mulher que se encontra no climatério.  Dessa maneira, ações que minimizem as dificuldades vivenciadas pelas mulheres no climatério poderão ser desenvolvidas, além da melhor atuação dos profissionais que prestam assistência a esse público.  Nesse sentido, é de extrema importância a adoção do que é proposto pelos manuais mais recentes, a escuta qualificada, a formação de grupos de apoio e a boa relação dos profissionais com as usuárias. Dessa forma, o climatério pode ser conduzido de uma forma mais assertiva, afetando positivamente a saúde de muitas mulheres.

Autora: Lorena Viana

Instagram: @lorenarviana


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


Referências  

Atuação do enfermeiro diante da importância da assistência à saúde da mulher no climatério: http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/102#:~:text=Atualmente%2C%20o%20Minist%C3%A9rio%20da%20Sa%C3%BAde,mulheres%20nessa%20fase%20da%20vida

Conhecimento, percepções e assistência à saúde da mulher no climatério: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672007000300010&lng=en&nrm=iso

 Manual de Atenção à Mulher no Climatério / Menopausa: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_atencao_mulher_climaterio.pdf