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No ano de 2021, dos 210 milhões de brasileiros identificados por censo, 37,7 milhões são pessoas idosas. Esse fato e o visível envelhecimento da população faz com que a medicina precise cada vez desenvolver sua capacidade de atender pessoas com mais de 60 anos.
Além disso, cerca de 65% dos indivíduos entre 65 e 84 anos e 82% dos idosos com 85 anos ou mais são portadores de múltiplas comorbidades, principalmente no chamado “Efeito Iceberg”, definido como múltiplas doenças crônicas coexistindo de forma oculta nesta população. Assim, torna-se clara a importância de estudar sobre a saúde e bem estar da terceira idade.
Avaliação Geriátrica Ampla
Nesse sentido a Avaliação Geriátrica Ampla (ou simplesmente AGA) aparece como forma de avaliar – como o próprio nome diz – de forma holística os pacientes geriátricos. Incluindo diversos aspectos da saúde e qualidade de vida, como: aspectos biomédico, mental, social, funcional e ambiental, a AGA compõe o processo diagnóstico multidimensional e interdisciplinar de diversas doenças e para a identificação não apenas destas, mas também de possíveis necessidades e planejamentos que o idoso possa necessitar para a prevenção, o cuidado e a assistência adequados. A utilização desta ferramenta é especialmente aplicada em idosos frágeis e aqueles conhecidamente portadores de múltiplas comorbidades.
Ou seja, a AGA ou Avaliação Geriátrica Ampla consiste em uma verdadeira etapa do paciente idoso composta por escalas diversas que se complementam no dimensionamento global da condição biopsicossocial e cognitivo-comportamental do cliente. Utilizando sempre a saúde do paciente em todos os seus âmbitos e utilizando de base a medicina baseada em evidencias e centrada na pessoa. Como já foi dito, diversas escalas e exames – dos quais muitos não são específicos para a idade geriátrica – somam-se para estratificar a condição do paciente em questão, avaliando inclusive a autonomia do paciente.
Se tratando de uma ferramenta utilizada para a conclusão diagnóstica multidimensional, a AGA é estruturada e bem definida para que seja possível a avaliação constate e acompanhamento da evolução do cliente de tempo em tempos e avaliar periodicamente o prognóstico. Quatro grandes dimensões são avaliadas, e são elas: a capacidade funcional, as condições médicas vigentes, o funcionamento social e a saúde mental do indivíduo, por meio dos seguintes parâmetros:
- Equilíbrio, mobilidade e risco de quedas,
- Função cognitiva,
- Condições emocionais,
- Deficiências sensoriais,
- Capacidade funcional,
- Estado e risco nutricional,
- Condições socioambientais,
- Polifarmácia e medicações inapropriadas,
- Comorbidades e multimorbidade.
Cognição, Humor e Sono
Dentre os aspectos avaliados pela Avaliação Geriátrica Ampla, estão o humor, o sono e a cognição. Quando se pensa neste último, as dimensões e condições abordadas e avaliadas são: a atenção, o raciocínio, o pensamento, a memória, o juízo, a abstração e a linguagem. Alterações nesses pontos podem culminar em uma perda de autonomia, podendo gerar uma progressiva dependência do idoso avaliado.
Já foram desenvolvidos ao longo da história diversas escalas e testes utilizados para o fim de avaliar esses quesitos no cliente em questão. Contudo, hodiernamente, dentre as ferramentas mais utilizadas se destacam: o MEEM (Mini Mental State Examination- MMSE) ou o Mini Exame do estado Mental utilizado para a avaliação da função cognitiva, o teste do relógio utilizado para analisar a capacidade do indivíduo com mais de 60 anos na administração do seu tratamento e no seu autocuidado quanto as comorbidades, o teste cronometrado da contagem do dinheiro demonstra de forma congruente a velocidade de decisão humana (a qual pode se deteriorar com o passar dos anos), o CAM (Confusion Assessment Method) ou Método de Avaliação de Confusão busca por sinais de delírio e o GDS (Geriatric Depression Scale) ou Escala de Depressão Geriátrica, pode ser usada para avaliação de transtornos e anomalias de humor.
Mini Exame do Estado Mental
O Mini exame do Estado Mental (Minimental) é um instrumento considerado rápido e de fácil aplicação pelos profissionais da saúde. Por ele é possível avaliar os principais aspectos da função cognitiva. Trata-se do principal instrumento de avaliação cognitiva de pacientes psiquiátricos. Os domínios cognitivos avaliados são os seguintes: orientação (temporal e espacial), memória, atenção e cálculo, praxia e linguagem. Vale lembrar que a escolaridade deve ser sempre acessada e verificada antes da aplicação do exame pois influencia os resultados.

Escala de Depressão Geriátrica
A Escala de Depressão Geriátrica (GDS) é um instrumento de rastreamento de depressão em idosos – como o próprio nome sugere. Composto por 15 perguntas de sim ou não, o ponto de corte considerado para o rastreio da depressão ou alteração de humor nos clientes avaliados é de 5/6. Essa escala apresenta vantagens de devem ser consideradas, ela é composta por perguntas fáceis de serem compreendidas, com as respostas restritas o que facilita e torna mais objetiva a avaliação, pode ser realizada uma autoaplicação ou ser aplicada por entrevistadores treinados de qualquer área da saúde.
Conclusão
Em resumo, observamos nos últimos anos um envelhecimento da população que vem se acentuando cada vez mais o que exige e exigirá dos sistemas de saúde cada vez mais atenção e habilidade com os pacientes idosos. Nesse sentido a Avaliação Geriátrica Ampla figura como ferramenta fundamental avaliando o equilíbrio, a mobilidade e risco de quedas, a função cognitiva, as condições emocionais, as deficiências sensoriais, a capacidade funcional, o estado e risco nutricional, as condições socioambientais, a questão da polifarmácia e medicações inapropriadas, e as comorbidades e multimorbidades. Espero que tenha ajudado você leitor ou leitora a compreender um pouco mais sobre essa ferramenta, sua importância e suas características. Bons Estudos!
Autor: Claudio Afonso Caetano Pereira Peixoto
Instagram: @claudioafon
Referências
Guia dos Instrumentos de Avaliação Geriátrica [Recurso Eletrônico] / Renato Peixoto Veras. – Rio de Janeiro: Unati/UERJ, 2019.
SARAIVA, Luciana Braga et al. Avaliação geriátrica ampla e sua utilização no cuidado de enfermagem a pessoas idosas. Journal of Health Sciences, v. 19, n. 4, p. 262-267, 2017.
MELO, Ana Beatriz De Biase Bezerra de et al. Avaliação geriátrica ampla na identificação de fatores de risco para eventos adversos precoces em idosas com câncer de mama. 2021.
BOURDEL-MARCHASSON, Isabelle; DANET-LAMASOU, Marie. L’évaluation gérontologique standardisée, un outil pour améliorer les soins aux personnes âgées diabétiques. NPG Neurologie-Psychiatrie-Gériatrie, v. 15, n. 86, p. 84-88, 2015.

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