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O médico pediatra é responsável por avaliar o crescimento e o desenvolvimento das crianças. Além disso, ele também fornece orientações aos pais e familiares dos pacientes acerca de diversos tópicos, como alimentação, higiene, vacinação, regularidade das consultas, mudanças observáveis no desenvolvimento das crianças, prevenção de acidentes, entre outros.
Durante a consulta pediátrica, os pais podem apresentar diferentes preocupações a respeito de seus filhos, sendo uma das principais queixas a baixa estatura. Assim, é comum que o médico escute frases como “doutor, acho que meu filho não está crescendo…” ou “minha filha é a mais baixinha entre as amigas dela” e, a partir daí, iniciar sua investigação.

Crescimento
O Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria defendem a importância de se acompanhar o crescimento da criança durante os atendimentos médicos. Tal acompanhamento tem como objetivo detectar precocemente fatores de interferência no crescimento, identificar as variações da normalidade e identificar problemas que não podem ser resolvidos, mas que podem ser minimizados.
Curvas de crescimento
A fim de estabelecer parâmetros para avaliar o crescimento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elaborou diversas curvas do crescimento que foram adotadas pelo Ministério da Saúde do Brasil e que constam na caderneta de saúde da criança.
Foram desenvolvidas curvas tanto para o sexo masculino, quanto para o sexo feminino, que abrangem desde o nascimento até os 5 anos de idade e dos 5 anos aos 19 anos. Ademais, as curvas podem ser analisadas com base em percentil ou em Z-score.
Para exemplificar, a seguir temos uma curva de altura-idade para o sexo masculino, de 5 a 19 anos, em valores de percentil.

Se você deseja conferir as demais curvas desenvolvidas pela OMS, basta clicar nesse link:
https://www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/endocrinologia/graficos-de-crescimento/.
Como dito anteriormente, tais curvas estão presentes na caderneta de saúde da criança e é de suma importância que os pais a levem durante as consultas pediátricas. Dessa forma, o médico deve registrar as informações e medidas obtidas na consulta, no intuito de monitorar o crescimento da criança.
Ao realizar o acompanhamento periódico e contínuo, é possível observar alterações no crescimento do paciente e, então, prosseguir com as investigações necessárias. Tendo isso em mente, a criança poderá apresentar normalidade ou alterações no crescimento, as quais são representadas pela alta estatura e pela baixa estatura.
Baixa Estatura
De acordo com as definições da Organização Mundial da Saúde, configura-se como baixa estatura aqueles casos em que a criança se encontra abaixo do percentil 3 ou abaixo de Z-score -2 nas curvas de crescimento correspondentes a sua idade e sexo.
As causas de baixa estatura podem ser divididas em baixa estatura idiopática, que inclui as variantes da normalidade, e baixa estatura patológica.
Na tabela a seguir, estão sintetizadas as causas de baixa estatura:

A partir da leitura da tabela acima, percebe-se que as causas patológicas podem ser subdivididas em desproporcional, que será explorada adiante, e proporcional.
Baixa estatura desproporcional
Os pacientes com baixa estatura desproporcional apresentam uma relação desarmoniosa entre seus segmentos corporais. Por isso, durante o exame físico, é fundamental que o médico avalie as proporções corporais da criança através da relação entre o segmento superior e o segmento inferior.
O segmento inferior deve ser calculado pela distância do púbis até o chão, enquanto o segmento superior corresponde à subtração entre estatura e segmento inferior.
A desproporção em tal relação pode ser justificada por meio de alterações genéticas, as quais culminam em alterações do crescimento dos ossos longos e das cartilagens, entretanto, a coluna vertebral não é afetada.
Observe na tabela seguir os valores de normalidade e as possíveis interpretações a respeito da relação segmento superior/segmento inferior.

Sabendo-se da interferência da genética, o ideal é encaminhar o paciente pediátrico para um geneticista, a fim de fornecer uma avaliação mais completa.
As patologias que causam baixa estatura desproporcional podem ser agrupadas como displasias ósseas, as quais incluem acondroplasia, hipocondroplasia, displasias metafisárias e epifisárias, que serão brevemente abordadas a seguir.
Acondroplasia
A acondroplasia é um distúrbio autossômico dominante causado por uma mutação no gene FGFR3.
A apresentação clínica da acondroplasia é caracterizada por nanismo com membros curtos, principalmente nos segmentos proximais, em relação à cabeça grande com alargamento da fronte. Além disso, os pacientes apresentam lordose na coluna vertebral, mãos com configuração em tridente e, eventualmente, ocorrem complicações no sistema nervoso central.
Hipocondroplasia
A hipocondroplasia também é um distúrbio genético causado por uma mutação no gene FGFR3.
A apresentação clínica da hipocondroplasia é caracterizada por nanismo e lordose na coluna vertebral. Diferentemente da acondroplasia, os pacientes com hipocondroplasia não possuem mãos com configuração de tridente ou alterações da anatomia da cabeça.
Displasias metafisária e epifisária
Por fim, temos as displasias metafisárias e epifisárias que são menos prevalentes quando comparadas à acondroplasia e hipocondroplasia.
Além da observação da baixa estatura nos pacientes com essas displasias, o exame radiológico do esqueleto é essencial para o diagnóstico, pois permite visualizar as alterações nos ossos.
Autoria: Raissa Silva