A próstata é uma glândula que só o homem possui, está localizada na parte baixa do abdômen. Ela é um órgão pequeno, tem a forma de maçã e se situa logo abaixo da bexiga e à frente do reto (parte final do intestino grosso). A próstata envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada.
A glândula, juntamente com as vesículas seminais adjacentes, produz uma boa parte do líquido que compõe o ejaculado do homem (sêmen ou esperma à líquido espesso que contém os espermatozoides, liberado durante o ato sexual.
MORFOLOGIA = A próstata tem o tamanho de uma noz em homens jovens, mas fica maior conforme eles envelhecem. Possui 3 cm de comprimento, 4 cm de largura e 2 cm de profundidade, de consistência firme e localizada ao redor da uretra prostática.
2/3 da próstata é zona glandular sendo composta pela zona periférica e uma pequena zona central que formam cerca de 95% da próstata
1/3 é fibromuscular, composto por zona muscular anterior ou istmo, zona de transição e glândulas periuretrais.
- Ducto ejaculatório e deferente se encontram na zona central..
- Zona periférica= zona glandular da próstata palpada no exame de toque retal
60 a 70% dos tumores de próstata ocorrem na zona periférica.
10 a 20% ocorrem na zona de transição.
5 a 10% dos tumores se originam na zona central.
Epidemiologia do câncer de próstata
É o câncer mais comum em homens.
1ª câncer de pele não melanoma.
2ª câncer de próstata.
Ambos os sexos, em valores absolutos.
1ª câncer de pulmão.
2ª câncer de próstata.
- 75% ocorrem em pacientes com mais de 65 anos.
Fatores de risco e prevenção
• Idade
Aumento da idade = aumento da incidência de câncer de próstata.
Possui pico entre 65 e 74 anos.
• Etnia
É mais comum em homens negros, talvez relacionado a fatores genéticos combinado a fatores alimentares.
A idade de início nos homens afro-americanos é anterior ao dos outros grupos, ocorrendo em menos de 50 anos em 8,3% dos negros e 3,3% dos brancos.
Negros à brancos à amarelos.
• Fatores genéticos e história familiar
Inclui história familiar de câncer de próstata em parente de primeiro grau diagnosticado com idade < 65 anos podem aumentar o risco de câncer de próstata.
Inclui história familiar de outros tipos de câncer potencialmente herdados (como câncer de mama com diagnóstico em < 50 anos, câncer de mama masculino, câncer colorretal, de ovário, pâncreas e melanoma) também podem aumentar o risco de câncer de próstata.
• Fatores alimentares
Na alimentação há pesquisas que dizem que podem aumentar o risco de câncer de próstata
- Uma dieta rica em gordura animal, em particular o ácido alfa-linolênico e baixas quantidades de ácido linoleico.
- Uma dieta pobre em legumes e tomate pode ser outro fator de risco.
- Já em relação ao café parece estar associado a um risco reduzido de câncer de próstata letal/metastático, principalmente naqueles que bebem seis ou mais xícaras por dia.
• Hormônios masculinos elevados
• Exposição:
- Aminas aromáticas;
- Arsênio;
- Produtos de petróleo;
- Fuligem.
Entre os fatores que mais ajudam a prevenir o câncer de próstata estão:
- Ter uma alimentação saudável;
- Manter o peso corporal adequado;
- Praticar atividade física;
- Não fumar;
- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas.
Etiologia do câncer de próstata
É uma neoplasia maligna com vários tipos histológicos.
O câncer de próstata tem 2 origens:
- origem estromal (não-epitelial);
- origem epitelial;
- adenocarcinoma acinar = localizado nas células glandulares da próstata;
- Adenocarcinoma não-acinar = tumor maligno;
- adenocarcinoma ductal = o qual apresenta um pior prognóstico de mais alta agressividade.
O tumor de próstata mais agressivo é o tumor de pequenas células, mas 95% dos canceres de próstatas surgem das células glandulares epiteliais, ou seja, são adenocarcinomas multifocal e os outros 5% podem ser sarcoma, linfoma, carcinoma urotelial.
Tumores de bexiga podem também se alojar na próstata, porém são menos comuns.
O câncer de próstata é único entre os tumores sólidos, pois existe em duas formas:
- uma forma histológica ou clinicamente oculta que pode ser identificada em aproximadamente 30% dos homens com mais de 50 anos e em 60 a 70% daqueles com mais de 80 anos.
- uma forma clinicamente evidente que afeta cerca de 1 em cada 6 homens norte- americanos.
Rastreamento X detecção precoce
Rastreamento:
É uma avaliação periódica e sistemática de uma população do sexo masculino saudável de uma determinada faixa etária, com objetivo de detectar doença curável, em homens com boa expectativa de vida.
Atualmente a indicação para o rastreamento dos cânceres está restrita aos de mama, colo do útero e cólon e reto. Entretanto, exceto câncer de pulmão e esôfago, esses cânceres são suscetíveis de diagnóstico precoce mediante avaliação e encaminhamento oportunos após os primeiros sinais e sintomas.
De acordo com recomendações da OMS, a organização de ações de rastreamento para o câncer da próstata não é recomendada, ou seja, não é realizada em um exame de rotina de um homem fora dos fatores de risco.
Detecção precoce:
É uma avaliação em indivíduos em particular, e não a uma política de investigação ativa de pacientes saudáveis, influenciando na sobrevida por esse tipo de câncer e melhorando a qualidade de vida dos portadores da doença.
Feito em pacientes assintomáticos
Deve-se orientar ao paciente que câncer de próstata, no início, não mostra sinais e sintomas, logo a investigação diagnóstica apenas pelos sintomas do paciente pode levar ao diagnóstico de lesões malignas apenas em estágios avançados.
A detecção precoce também deve ser oferecida a pacientes que desejam a investigação da doença, mesmo que não apresentem nenhum dos fatores de risco acima citados.
Como ocorre o rastreamento?
1. Toque retal = para palpar a próstata, a maioria dos cânceres de próstata estão localizados na zona periférica e pode ser detectado por meio do exame de toque com um volume ≥ 0,2 ml, podendo-se perceber a presença de nódulos, endurecimentos e assimetrias.
2. Exame de PSA = é um maior preditor de câncer que o exame de toque. Quando o paciente apresentar um PSA elevado deve-se repetir o teste em algumas semanas. Se o PSA repetido estiver dentro dos valores normais esperados para a idade e não for aumentado mais de 0,75 ng/ml em comparação com o valor do ano anterior, nenhuma avaliação adicional será necessária naquele momento, a menos que haja alteração no exame de toque retal.
Pontos negativos do PSA = tem muito falso positivo e negativo, além do fato de condições como aumento benigno da próstata, prostatite e infecções do trato urinário inferior podem elevar o nível de PSA.
Outros exames usados para rastreamento:
- Relação PSA livre/total;
- Velocidade de aumento do PSA;
- Marcador urinário PCA3.
Quando fazer o rastreamento?
American Cancer Society (ACS) aconselha:
- um rastreio anual dos indivíduos;
- a cada 2 anos quando PSA inicial for < 2 ng/ml.
Quanto à idade de início do rastreamento
- A maioria dos autores indica ou 50 anos ou 45 anos e 55 anos.
- Pacientes entre 50 e 75 anos.
- Pacientes com fatores de risco= fazer o rastreamento a partir dos 45 anos.
Autora: Maria Gabryella Curi
Instagram: @gaby.curi(osa)
Autora do mapa mental: Nathalia Tobias Antonello.
Revisora do mapa mental: Katty Carolinne Ledo Vieira Felix.
Instagram da Liga: @larb.unime
Referências
Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Adenocarcinoma de Próstata. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no SUS (CONITEC). Ministério da Saúde (MS), 2015.
Câncer de próstata. Instituto Nacional de Câncer/ Ministério da Saúde (MS). Última modificação: 04/02/2020. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-prostata
MOORE, Keith L. Anatomia Orientada para a Prática Clínica. 4ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.
Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.