Infectologia

Candidíase invasiva em pacientes críticos: saiba como diagnosticar e tratar

Candidíase invasiva em pacientes críticos: saiba como diagnosticar e tratar

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Candidíase invasiva: tudo o que você precisa saber sobre essa infecção para sua prática médica!

As infecções fúngicas do gênero Candida correspondem a cerca de  80% das infecções fúngicas no ambiente hospitalar. Dessas infecções invasivas, 75% são na corrente sanguínea, candidemia ou candidíase hematogênica.

Epidemiologicamente, a incidência de candidemia na América Latina é de uma a duas infecções a cada 1000 admissões hospitalares. Além disso, a candida é o agente responsável por 8 a 15% de todas as infecções sanguíneas no ambiente hospitalar e correspondendo ao quarto ou sexto agente isolado em hemocultura. 

Quais os tipos de candida? 

Na literatura, existem documentadas mais de 150 espécies reconhecidas do gênero Candida. Contudo, apenas 15 espécies são patogênicas ao homem. 

A distribuição dessas espécies varia dependendo da região, do hospital, perfil da UTI e tipo de paciente analisado. No geral, a C. albicans é a espécie isoladamente mais prevalente em diferentes cenários e países. Contudo, nos últimos observou-se um crescimento de infecções por candida não albicans

No Brasil, por exemplo, observou-se um crescimento de: 

  • Candida glabrata
  • Candida Tropicalis
  • C. Krusei

Condições de risco para o desenvolvimento de candidíase invasiva na UTI

Mais da metade dos casos de candidíase hematogênica tende a ocorrer em pacientes que estão internados em Unidade de Terapia Intensiva. Isso ocorre porque esses pacientes estão expostos a fatores endógenos e exógenos.

Fatores endógenos 

Além de fatores relacionados a idade do paciente e o uso de ventilação mecânica, outros fatores de risco endógenos podem ser citados, são eles: 

  • Aumento da colonização por Candida spp. devido ao uso de antibiótico, íleo paralítico e obstrução intestinal
  • Lesão na mucosa intestinal devido a jejum prolongado e nutrição parenteral
  • Redução da atividade dos fagócitos devido a doenças como diabetes mellitus e câncer.

Fatores exógenos

Os principais fatores exógenos estão ligados a utilização de:

  • Sondas
  • Catéteres
  • Implantes de prótese 
  • Diálise

Quais as principais manifestações clínicas dos pacientes internados infectados por candida?

No geral, a apresentação clínica mais frequente de candidíase em adultos internados, independente da doença de base, consiste na ocorrência de febre que não responde ao tratamento com antibióticos.

A febre tem início súbito e não compromete o estado geral do paciente inicialmente. Contudo, há uma evolução rápida para sepse. Se houver essa evolução, há uma disseminação para outros órgãos, o que poderá levar esse paciente a óbito. 

Como fazer o diagnóstico de candida em pacientes internados? 

É essencial que o médico consiga rastrear os fatores de risco e tenha uma atenção maior para esses pacientes. Sendo assim, é fundamental que seja realizado exame clínico detalhado para a identificação de possíveis lesões de pele e alterações de fundo de olho compatíveis com candidemia. O exame laboratorial essencial é a coleta de hemoculturas.

A coleta de hemoculturas é o procedimento básico e obrigatório em qualquer paciente com suspeita clínica de infecção sistêmica por Candida, sendo que alguns cuidados devem ser tomados para otimizar a recuperação do agente: 

  • É desejável que a coleta de hemoculturas seja realizada antes da introdução de antifúngicos, se possível  
  • Deve-se ter atenção durante a coleta

Contudo, há uma limitação da sensibilidade de hemoculturas para detecção de infecções por Candida. Isso ocorre devido a limitação de hemoculturas na identificação definitiva da espécie isolada, que tipicamente leva 24-48h. Dessa forma, como alternativa, existem testes PCR que podem ser utilizados para identificação dessas leveduras de forma mais rápida.

Tratamento

Atualmente, estão disponíveis para o tratamento de candidíase invasiva os seguintes antifúngicos: 

  • Equinocandinas 
  • Formulações de anfotericina B (AmB
  • Triazólicos de primeira (fluconazol) e segunda geração (voriconazol). 

Dentre essas, a equinocandinas são drogas fungicidas com espectro de ação basicamente contra Candida spp e Aspergillus spp, com excelente perfil de segurança e nenhuma necessidade de redução de dose em caso de insuficiência renal. Devido a isso, essa droga é a de escolha para a terapia antifúngica de candidemia em pacientes adultos não neutropênicos ou neutropênicos. Além disso, se possível, os cateteres venosos centrais (CVC) devem ser removidos ou substituídos.

Referência bibliográfica

  • Colombo AL, Guimarães T, Camargo LF, et. al. Brazilian guidelines for the management of candidiasis – A joint meeting report of three medical societies: Sociedade Brasileira de Infectologia, Sociedade Paulista de Infectologia and Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Braz J Infect Dis. 2013;17(3):283312. 
  • UNIFESP. Candidíase invasiva. Disponível em: <https://redemc.net/campus/wp-content/uploads/2015/10/M5_Ponzio_POR.pdf>. Acesso em 21 de Novembro de 2022. 

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