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Caso Clínico de Neoplasia Intraepitelial

Caso Clínico de Neoplasia Intraepitelial

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Confira, logo abaixo, um caso clínico de Neoplasia intraepitelial. Bons estudos!

Autores: Nathália Lima Sousa Medeiros (Acadêmica de Medicina), E-mail: nathalia_lsm@hotmail.com; Bruna da Mata Lucena (Acadêmica de Medicina), E-mail: brunadml@hotmail.com; Me. Martha Eleonôra de Andrade Lima (MD), E-mail: marthaeleonora@uol.com.br

Identificação do paciente

MFA, 32 anos, menarca aos 12 anos, 1ª relação sexual aos 16 anos, G3P3, partos normais, 1º parto aos 18 anos, último parto aos 23 anos. Em uso de anticoncepção hormonal oral há 8 anos. Nega uso de preservativo masculino. Nega tabagismo. Último exame preventivo há 4 anos.

Procura o serviço básico de saúde para realizar exames preventivos. A enfermeira, que realizou o exame citológico, relatou colo uterino sem anormalidades ao exame especular.

Exame

Laudo citológico recebido cerca de 45 dias após a coleta evidenciou: esfregaço satisfatório com a representação de células escamosas e cilíndricas, microbiologia com cocos e bacilos, alterações celulares compatíveis de Lesão Intraepitelial de Baixo-Grau (NIC I/HPV).

Diante deste laudo citológico foi referenciada para serviço de atenção secundária para realizar exame colposcópico e tratamento adequado.

Foi atendida no serviço de patologia cervical do HUAC, cujo laudo colposcópico descreveu: Colo médio, OCE em fenda, conteúdo mucoso. Achado colposcópico anormal representado por área de epitélio acetobranco denso associado à pontilhado grosseiro e mosaico de campos médios, contornando o orifício cervical externo, tomando cerca de 1/3 da ectocérvice e penetrando no canal em até 1 cm da endocérvice em lábio anterior(ZTtipo 2). Conclusão: Achados colposcópicos maiores.

Diante da discordância citológica e colposcópica, em que a citologia evidencia a lesão de baixo-grau e colposcopia com achado maior sugestivo de lesão de alto-grau, foi realizado a biópsia dirigida do colo uterino.

O exame histológico da biópsia dirigida descreveu: neoplasia intraepitelial de alto grau (NIC III) ou câncer in situ.

Diagnóstico e Tratamento

A paciente foi, então, encaminhada para realizar a exérese da zona de transformação através da conização cervical, a qual foi realizada por eletrocirurgia ou cirurgia de alta frequência (CAF), utilizando-se a exérese da ectocérvice com a alça elíptica e canal endocervical com a alça quadrada. O material excisado foi enviado para avaliação anatomopatológica.

O exame histológico da peça excisada apresentou: neoplasia intraepitelial de alto grau (NIC III), com margens ectocervical e endocervical livres.

A paciente encontra-se em seguimento pós-conização, apresentando 3 exames consecutivos com intervalo semestral normais (exames citológico e colposcópico).

Discussão sobre o caso clínico de Neoplasia Intraepitelial

O rastreamento do Câncer de Colo uterino e de suas lesões precursoras é preconizado, de acordo com o Ministério da Saúde, devendo ser realizado em todas as mulheres com idade entre 25 e 65 anos e que já iniciaram relações sexuais. É feito com o intervalo anual, podendo ser trianual em caso de 2 exames normais consecutivos.

No caso desta paciente, não foi observado adequadamente o intervalo para este rastreamento, só realizando um segundo exame após o intervalo de 4 anos. Não há o relato de intervalos e nem laudos de exames anteriores.

De acordo com as Diretrizes Brasileiras para Rastreamento e Conduta das Lesões Precursoras do Câncer de Colo Uterino (MS e INCA, 2016), preconiza-se que com o achado citológico de lesão intraepitelial de baixo-grau em pacientes com 25 anos ou mais seja repetido a coleta citológica com 6 meses, se há a persistência do achado citológico é que se encaminha para a avaliação colposcópica.

Já nas menores de 25 anos, a citologia só deve ser repetida com 3 anos. No caso abordado a colposcopia foi de imediato solicitada, identificando os achados maiores e obedecendo as diretrizes. Diante da discordância cito-colposcópica foi realizada a biópsia dirigida que concordou com a colposcopia, motivando a realização da conização cervical.

A conização tem por objetivo a confirmação diagnóstica da Neoplasia Intraepitelial de Alto Grau ou câncer in situ, pois permite o estudo histológico de toda a lesão. Quando mostra histologicamente a integridade da membrana basal, isto é, ausência de invasão ao tecido conjuntivo ou estroma, define realmente ser um câncer in situ.

A evidência de margens ectocervical e endocervicais livres de lesão (lesão totalmente excisada), significa que o procedimento excisional de início com finalidade diagnóstica passa a ser terapêutico. No caso discutido o procedimento excisional foi terapêutico, confirmado nos exames de seguimento, já que nestes não se identificou lesão residual ou recidiva de lesão, fato este que pode acontecer independente de ter ou não margens comprometidas.

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