Sintomas de Bradicardia Induzidos por Medicação

Imagem de uma médica atendendo um paciente
Índice

Paciente do sexo feminino, 49 anos, se apresenta com queixa de “agonia no peito há cerca de 7h, associada a tontura aos leves/moderados esforços há cerca de um mês”.

História da Doença Atual

A paciente chega ao ambulatório relatando que por volta das 2h da madrugada do presente dia estava acordada com insônia e apresentou uma agonia no peito do tipo “bate-bate” (palpitação?), de instalação súbita, duração de cerca de 15 minutos e de desaparecimento súbito.

Refere nunca ter sentido esse sintoma antes e relaciona-o ao uso dos remédios que iniciou para o tratamento da hipertensão arterial há cerca de um mês.

Além disso, a paciente afirma que após o início da terapia anti-hipertensiva vem apresentando tonturas relacionadas aos pequenos/médios esforços e uma certa fraqueza (astenia?). Diz que esses sintomas não são contínuos, mas são frequentes, e aparecem a qualquer horário, e atrapalham o rendimento de seu trabalho.

Refere ainda que não passou por nenhum evento estressante recentemente e que não apresentou outros sintomas/sinais associados [vômito, desmaio, visão turma, febre, cefaleia, obstipação…].

Antecedentes Pessoais

HAS (em tratamento contínuo há cerca de 1 mês); Histerectomia e Ooforectomia há cerca de 7 anos; “Desvio na coluna”; Chikungunya há cerca de 6 meses.
NEGA: Diabetes; Depressão; Passado de IAM, AVE; Etilismo; Fumo (iniciou aos 12 anos, abandonou há cerca de 6 anos e a carga tabágica era de aproximadamente 440 maços/ano)
MEDICAÇÕES EM USO: Losartana 50mg 12/12h; Atenolol 50mg/dia e Hidroclorotiazida 25mg/dia

Antecedentes Familiares

Paciente não conhece parentes consanguíneos por ter sido adotada muito nova. Seus filhos não apresentam problemas de saúde.

Interrogatório Sistemático

Neurológico: Relatava apenas uma “agonia na cabeça desde pequena”, sem demais queixas.
Osteomuscular: Dor em lombar.

Demais sistemas: sem queixas, excetuando-se o cardiovascular (vide HDA e exame físico).

Instrumento de Atendimento da Mulher

-Menarca aos 14 anos, ciclo regular, 1º coito aos 14 anos;
-Menopausa cirúrgica (histerectomizada e ooforectomizada: não sabe dizer o motivo das cirurgias);
-Antecedentes Ginecológicos: não apresenta queixas;
-Antecedentes Obstétricos: G6P5A1 (abortamento provocado); todos partos vaginais, sendo o primeiro aos 14 anos e o último aos 31;
-Prevenção: Nunca fez mamografia, e o citológico fez apenas quando foi histerectomizada (há 7 anos);
-Risco para DCV: HAS.

Exame Físico

Consciente, lúcida, orientada no tempo e no espaço; corada, anictérica, acianótica, afebril ao toque, hidratada.

Ap Cardiovascular: Bulhas normofonéticas em 2 tempos, sem sopros ou extra-sístole. Íctus não palpável e não visível devido ao tecido adiposo. PAS em braço direito: 130×90 mmHg e em braço esquerdo: 125×90 mmHg; FC: 56 bpm. Pulsos radiais simétricos e amplos. Sem presença de sopro carotídeo.

Ap Respiratório: MV+ em ambos os pulmões, sem ruídos adventícios. FR: 21 ipm.

Abdome:  Abdome globoso, ruídos hidroaéreos presentes, depressível à palpação, sem presença de visceromegalias, indolor à palpação superficial ou profunda.

Ap Osteomuscular: presença de escoliose leve/moderada com desvio à esquerda e lordose importante. Presença de dor à anteroflexão.

Problemas

-HAS tipo II; Palpitação; Astenia; Ex-Tabagista de longa data; Lombalgia

Conduta

– Substituição do atenolol por anlodipino (10mg 1xdia) para controle da HAS

– Orientação para retornar ao ambulatório para reavaliação em uma semana e realizar um novo ECG.

– Solicitação de acompanhamento e avaliação com o fisioterapeuta para tratamento multiprofissional da lombalgia.

Comentário sobre os sintomas de bradicardia

Nessa consulta foi realizado na paciente um ECG o qual não apresentou alterações significativas. Pelas novas diretrizes, bradicardia sinusal seria diagnosticada quando a frequência cardíaca estivesse abaixo de 50 bpm, o que não corrobora com a clínica da paciente a qual apresenta FC: 56bpm.

No entanto, nossa paciente relata início dos sintomas após o uso das medicações anti-hipertensivas, dentre as quais tem-se o Atenolol, um beta bloqueador. Essa classe de medicação é uma das principais causas de bradicardias ou causador de “sintomas bradicárdicos” em pacientes com maior sensibilidade à droga. Por isso foi optado por suspender essa medicação e reavaliar após uma semana pois o seu uso poderia estar sendo a causa dos sintomas da paciente.

Ao retornar em uma semana ao ambulatório a paciente referia não apresentar mais os sintomas. Foi realizado um novo ECG evidenciando um aumento da FC para 75btm e sem demais alterações significativas.

Dessa forma, mesmo a paciente não tendo uma frequência cardíaca típica de bradicardia sinusal, ela apresentava sintomas típicos desse quadro, e a suspensão do medicamento foi suficiente para reversão dos sintomas. A paciente foi orientada a manter as atuais medicações anti-hipertensivas e procurar o ambulatório caso os sintomas retornassem.

 

Confira o vídeo sobre os sintomas de bradicardia:

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