Um imunizante de rápida aplicação e que dispensa agulhas (e dor!). Cientistas brasileiros estão desenvolvendo uma vacina contra COVID-19 cuja aplicação ocorre via spray nasal, semelhante aos sprays utilizados contra rinite alérgica.
A vacina, que está sendo desenvolvida desde abril de 2020 pela Universidade de São Paulo (USP), apresentou bons resultados em testes com camundongos e caminha para uma aprovação até o final de 2021.
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Para produzir o imunizante, os pesquisadores brasileiros contaram com 220 amostras sanguíneas de pessoas que se recuperaram da doença para entender quais fragmentos da COVID-19 geraram uma resposta imune das células T (responsáveis pela defesa do organismo) e quais reconheceram e mataram as células infectadas.
Os cientistas, então, desenharam uma molécula artificial híbrida com fragmentos de indução das células T e da RBD. Para conduzir a molécula até o sistema imune, foram criadas nanopartículas em laboratório.
O objetivo dos pesquisadores é criar uma vacina capaz de fazer com que o corpo humano consiga produzir a resposta imune celular e de defesa, além de gerar uma célula de memória que evitará que o coronavírus consiga se desenvolver e se reproduzir após uma infecção. Até o momento, não foi comprovado que a memória criada pela própria doença é duradoura.
Porta de entrada
Mas por que spray nasal? Segundo um dos líderes da pesquisa, Jorge Elias Kalil Filho, o objetivo dessa modalidade de vacina é atacar o vírus logo em sua porta de entrada para o organismo, ou seja, a mucosa nasal.
Para isso, foi preciso identificar os alvos mais importantes da resposta imune. “Enxergamos um melhor funcionamento em um fragmento da proteína da espícula que se chama domínio ligante ao receptor [RBD, na sigla em inglês], que é justamente a porção da proteína da espícula que se liga ao receptor da célula humana chamada de ACE-2”, disse o pesquisador em entrevista à Exame.
O próximo passo é saber se a vacina spray passa pela prova de toxicologia, que vai investigar se os componentes utilizados causam efeitos adversos ou alergias severas. Se os resultados forem satisfatórios, os testes em humanos serão iniciados o quanto antes e devem apontar a eficácia da vacina.
A Universidade de São Paulo já anunciou que deve fechar uma parceria com uma farmacêutica brasileira de nome ainda não revelado para conseguir produzir o imunizante em larga escala.
*Com informações do Jornal da Band.