Ciclo Clínico

Climatério difícil: como podemos ajudar? | Colunistas

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Definimos como climatério o período da vida das mulheres em que há um declínio acentuado e progressivo da função ovariana. Geralmente, tal processo ocorre entre os 40 e 65 anos e culmina com o déficit hormonal e no fim da capacidade reprodutiva.

            Algumas mulheres sofrem com um conjunto de sinais e sintomas que ocorrem nesse período e que constituem a síndrome do climatério. No entanto, outras mulheres podem não apresentar sintomas.

Figura 1 Guideline sobre climatério da SBRH (2015).

            A menopausa é a última menstruação espontânea da mulher associada por amenorreia (ausência de menstruação) por 12 meses, ocorrendo geralmente entre os 48 e 50 anos de idade.

            A confirmação do climatério e da menopausa é eminentemente clínica, sendo desnecessárias dosagens hormonais.

            A idade da ocorrência da menopausa parece geneticamente programada para cada mulher, pelo número de folículos ovarianos, mas pode ser influenciada por vários fatores, como:

– Fatores socioeconômicos — Mulheres que têm longas jornadas de trabalho e exercem atividades estressantes têm mais chances de entrar na menopausa mais cedo.

– Paridade — Mulheres nulíparas têm menopausa mais precocemente, enquanto o aumento da paridade correlaciona-se à menopausa mais tardia (poupa folículos).

– Tabagismo —A idade da instalação da menopausa é antecipada de 12 a 18 meses, sendo explicada pela deficiência estrogênica causada diretamente pelo tabaco.

– Nutrição — Nutrição deficiente e baixo peso levam à ocorrência precoce da idade da menopausa

            O tratamento visa a remissão dos principais sintomas, a prevenção de eventos mórbidos (câncer, osteoporose, dislipidemias e eventos cardiovasculares) e a melhora da qualidade de vida (ânimo, humor, sono, energia, bem-estar, desempenho sexual, beleza).

            É preciso estimular uma dieta benéfica, com vegetais, frutas, leite desnatado, carnes magras, entre outros alimentos saudáveis; além disso, se faz necessária a ingestão de cálcio e vitamina D. Evitar o abuso de bebidas alcoólicas e o tabagismo e praticar atividade física regular também é importante.

            Diante de um caso de climatério difícil, evidentemente a terapia hormonal é a opção mais proeminente devido à sua conhecida eficácia. Entretanto, esta opção, apesar de sua importância, não é única e está associada a riscos e inseguranças por parte da paciente e de seu médico.

  Hoje, existem alternativas para as mulheres que optam por não usar os hormônios. A terapia não hormonal pode ser utilizada para alívio dos sintomas vasomotores, neuroendócrinos e neuropsíquicos, assim como no tratamento e na prevenção da osteoporose. Não obstante, infelizmente, os sintomas crônicos, como atrofia urogenital, atrofia da pele e diminuição da libido, não possuem alternativa terapêutica não-hormonal muito eficaz.

Antidepressivos

Os agentes da família dos inibidores seletivos de recaptação da serotonina e os inibidores de recaptação de serotonina e norepinefrina (SSRI/ SNRI) reduzem os fogachos de 50 a 60%.

Isoflavonas

Dieta rica em fitoestrogênios está associada ao aumento da qualidade de vida e melhora significante do quadro clínico da síndrome climatérica em alguns estudos, inclusive dos fogachos e suores noturnos.

Gabapentina

A gabapentina é um análogo do ácido gama-amino-butírico usado no tratamento de epilepsia, dor neurogênica e enxaqueca. É utilizada também para tratamento dos sintomas vasomotores no climatério; no entanto, seu mecanismo de ação é desconhecido.

Clonidina

A clonidina é uma droga alfa-adrenérgica de ação central, ori­ginalmente desenvolvida para tratamento da hipertensão arterial. Está sendo atualmente empregada no tratamento dos fogachos em pacientes com contraindicação para terapia hormonal. O sucesso do tratamento parece ser bem limitado.

Bisfosfonatos

O alendronato, o risedronato e o ibandronato apresentam eficácia comprovada para o tratamento da osteoporose. Esses fármacos conseguem inibir a reabsorção óssea, reduzindo a atividade osteoclástica, sem inibir a mineralização da matriz óssea formada. Assim, são bons redutores do risco de fraturas vertebrais e não vertebrais

Sobre o Autor:

Instagram: https://www.instagram.com/welberthfs/

Sou médico-estudante da Universidade Estadual de Montes Claros-MG (Unimontes), estou no 7º período, sou presidente da Liga Acadêmica de Clínica Médica do Hospital Universitário e presidente do RacioClin (Plataforma de Aperfeiçoamento do Raciocínio Clínico).