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Como diferenciar o novo coronavírus da gripe? | Colunistas

Como diferenciar o novo coronavírus da gripe? | Colunistas

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Tanto a covid-19 (infecção pelo coronavírus) quanto a gripe possuem os vírus como agentes etiológicos e são caracterizadas por manifestações clínicas semelhantes. Porém, essas patologias possuem algumas diferenças e é de extrema importância conhecê-las para que haja uma melhor compreensão do quadro clínico do paciente e, assim, podermos manejá-lo da melhor forma possível.

Neste texto, abordaremos as características das duas patologias em diversos aspectos clínicos.

Agentes patológicos da gripe comum e coronavírus

A gripe é uma doença respiratória aguda causada pelos vírus influenza A ou B que ocorre em surtos e epidemias em todo o mundo, principalmente durante o inverno.

A infecção por coronavírus ou a COVID-19 (que significa doença de coronavírus 2019) é designada pelo vírus coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2).

Período de Incubação do coronavírus

Acredita-se que o período de incubação do COVID-19 ocorre dentro de 14 dias após a exposição, com a maioria dos casos ocorrendo aproximadamente quatro a cinco dias após a exposição.

Já o período típico de incubação da gripe é de um a quatro dias (média de dois dias) e o tempo entre o início da doença entre os contatos domiciliares dos quais a transmissão ocorreu, é de três a quatro dias.

Formas de Contágio

A disseminação de pessoa a pessoa do COVID-19 parece ocorrer principalmente por gotículas respiratórias, semelhante à disseminação da gripe. Com a transmissão de gotículas, o vírus liberado nas secreções respiratórias quando uma pessoa tosse, espirra ou fala, podendo infectar outra pessoa se entrar em contato direto com a região de mucosa (olhos, nariz ou boca). A infecção também pode ocorrer se uma pessoa tocar uma superfície infectada e depois em uma dessas partes do corpo. Gotas normalmente não viajam mais de dois metros e não permanecem no ar; no entanto, em um experimento, o SARS-CoV-2 permaneceu viável em aerossóis sob condições experimentais por pelo menos três horas.

Em relação ao vírus influenza, a infecção pode ser transmitida através de espirros e tosse e acredita-se que seja por meio de gotículas grandes (> 5 mícrons) e aerossóis de partículas pequenas. A aquisição por meio de gotículas grandes de partículas requer contato próximo com um indivíduo infectado, uma vez que partículas grandes não permanecem suspensas no ar e viajam menos de 2 metros, enquanto que aerossóis de partículas pequenas podem viajar por distâncias maiores. O contato com superfícies que foram contaminadas por gotículas respiratórias também é outra fonte potencial de transmissão.

Manifestações Clínicas do coronavírus

Ainda não existem características clínicas específicas que possam distinguir de forma confiável o COVID-19 de outras infecções respiratórias, porém as mais comuns são: febre (99%), fadiga (70%), tosse seca (59%), anorexia (40%), mialgias (35%), dispnéia (31%) e produção de escarro (27%). Alguns pacientes com sintomas inicialmente leves podem progredir ao longo de uma semana. Estudos mostraram que a dispnéia se desenvolveu após um período de 5 a 8 dias desde o início dos sintomas, e a internação ocorreu após uma mediana de sete dias dos sintomas. Outros sintomas menos comuns incluem dor de cabeça, dor de garganta e rinorréia. Além dos sintomas respiratórios, sintomas gastrointestinais (por exemplo, náusea e diarréia) também foram relatados em alguns pacientes, porém são incomuns.

A infecção gripal começa caracteristicamente com o início abrupto de febre, dor de cabeça, mialgia e mal-estar, após um período de incubação de um a quatro dias (média de dois dias). A febre geralmente varia de 37,8 a 40,0° C, sendo geralmente maior em crianças do que em adultos. As doenças gastrointestinais, como vômitos e diarréia, geralmente não fazem parte das infecções por influenza em adultos, mas podem ocorrer em 10 a 20% das infecções por influenza em crianças. Pacientes idosos são particularmente propensos a apresentar sinais e sintomas sutis. Achados típicos como dor de garganta, mialgias e febre podem estar ausentes e sintomas gerais como anorexia, mal-estar, fraqueza e tontura podem predominar.

Infecções assintomáticas também foram descritas para ambas as doenças.

Complicações do coronavírus

O coronavírus possui três estágios de doença: Leve (sem pneumonia ou pneumonia leve) foi relatada em 81% dos casos; Doença grave (por exemplo, dispnéia, hipóxia ou envolvimento pulmonar >50% nas imagens em 24 a 48 horas) foi relatada em 14%; Doença crítica (por exemplo, com insuficiência respiratória, choque ou disfunção multiorgânica) foi relatada em 5%. A síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) é uma complicação importante em pacientes com doença grave. Em um estudo realizado em Wuhan-China, dos 138 pacientes avaliados, 20% desenvolveu SDRA após uma mediana de oito dias, e a ventilação mecânica foi implementada em 12,3%. Outras complicações incluem arritmias, lesão cardíaca aguda e choque. Em um outro estudo, estes foram relatados em 17,7 e 9% dos casos.

A complicação mais comum da influenza é a pneumonia que ocorre com maior frequência em certos grupos de pacientes com doenças crônicas subjacentes, classificados como de alto risco. Os tipos de pneumonia encontrados são classificados como pneumonia viral primária, pneumonia bacteriana secundária ou uma mistura de ambos. A gripe também pode gerar complicações no sistêma nervoso central (SNC).

Alterações de Imagem

A tomografia computadorizada (TC) de tórax em pacientes com COVID-19 geralmente demonstra opacificação em vidro fosco com ou sem anormalidades consolidadas, consistente com o quadro de pneumonia viral. As alterações encontradas na TC de tórax são mais comumente bilaterais, têm distribuição periférica e envolvem os lobos inferiores, achados menos frequentes incluem espessamento pleural, derrame pleural e linfadenopatia.

As manifestações radiográficas típicas da pneumonia primária por influenza incluem opacidades reticulares ou reticulonodulares bilaterais com ou sem consolidação sobreposta. Menos frequentemente, as radiografias mostram áreas focais de consolidação, principalmente nos lobos inferiores, sem opacidades reticulares ou reticulonodulares. A tomografia computadorizada de alta resolução pode mostrar consolidação multifocal perovascular ou subpleural e/ou opacidade em vidro fosco.

Alterações laboratoriais do coronavírus

Nos casos de infecção por coronavírus foram relatados leucopenia, leucocitose e linfopenia, embora a linfopenia pareça mais comum. Níveis elevados de desidrogenase de lactato e ferritina são comuns, e níveis elevados de aminotransferase também foram descritos. Na admissão, muitos pacientes com pneumonia apresentam níveis séricos normais de procalcitonina; no entanto, naqueles que necessitam de cuidados na UTI, é mais provável que estejam elevados.

As descobertas laboratoriais geralmente não são úteis no diagnóstico da gripe. A contagem de leucócitos é normal ou baixa no início da doença, mas pode se elevar mais tarde na doença. Contagens de glóbulos brancos >15.000 células/microL sugerem superinfecção bacteriana.

Tempo de recuperação do coronavírus

Segundo a OMS, o tempo de recuperação da infecção pelo COVID-19 parece ser de cerca de duas semanas para infecções leves e de três a seis semanas para doenças graves.

Os pacientes com gripe não complicada geralmente melhoram gradualmente de dois a cinco dias, embora a doença possa durar uma semana ou mais. Alguns pacientes apresentam sintomas persistentes de fraqueza ou fácil fatigabilidade, chamados de astenia pós-influenza, que duram várias semanas.

Confira o vídeo:

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