No processo de intubação orotraqueal, existem duas situações definidas pela American Society of Anesthesiology (ASA) como Via Aérea Difícil: a dificuldade de ventilar e a intubação difícil.
Na dificuldade de ventilar, considerando que a saturação de oxigênio do paciente antes da ventilação estava dentro dos limites da normalidade, um profissional treinado não é capaz de manter essa saturação acima de 90% utilizando a ventilação por máscara e oxigênio a 100%. Na intubação difícil, um profissional treinado precisa de mais de três tentativas de intubação sem sucesso, ou uma intubação que dura mais de dez minutos.
Mas, como profissional treinado, é possível prever essa condição?
A via aérea difícil pode ser prevista na avaliação pré-anestésica, por meio de anamnese e exame físico do paciente, ou durante a laringoscopia em si.
Estudos demonstraram que 5% dos pacientes têm dificuldade de ventilação, e 0,15% tem ventilação impossível, sendo relatado que 25% desses também apresentam intubação difícil. As investigações encontraram cinco preditores independentes de ventilação impossível:
- Alterações no pescoço confirmadas por radiografia;
- Sexo masculino;
- Apneia do sono: doença crônica, evolutiva, caracterizada pela obstrução parcial ou total das vias, causando paradas repetidas e temporárias da respiração enquanto a pessoa dorme;
- Mallampati III ou IV: visualização de estruturas com o paciente em posição sentada com abertura máxima da boca e protrusão máxima da língua (Figura 1);
- Presença de barba: impossibilidade de vedação da máscara.
Os preditores para a ventilação difícil, são definidos pelo mnemônico “MANSOO”:
- Vedação da Máscara (Mask seal)
- IdAde> 55 (Age>55)
- Sem deNtes (No teeth)
- PulmõeS rígidos (Stiff lungs)
- Obesidade (Obesity)
- Obstrução (Obstruction)
Para prever a intubação difícil em si, é utilizado o mnemônico “LEMON”, que utiliza características mensuráveis da anatomia do paciente como preditor. A cada aspecto presente soma-se um ponto, sendo que quanto maior a pontuação final.


(WHITTEN, 2018)
À laringoscopia também existem sinais de intubação difícil, segundo a escala de Cormack Lehane (Figura 3).

(MALLAMPATI et al. 1985)
Figura 1: Classe I: palato mole, fauce, úvula e pilares amigdalianos visíveis; Classe II: palato mole, fauce e úvula visíveis; Classe III: palato mole e base da úvula visíveis; Classe IV: palato mole totalmente não visível

(WHITTEN, 2018)
Figura 2: A: Abertura oral; B: Distância do mento à flexura cervical; C: Distância da flexura cervical à proeminência laríngea.

(COMARCK, 2010)
Figura 3: Grau I: glote bem visível; Grau II: somente a parte posterior da glote é visualizada; Grau III: somente a epiglote pode ser visualizada nenhuma porção da glote é visível; Grau IV: nem a epiglote nem a glote podem ser visualizadas.
Autor: Antônio Freitas, Estudante de Medicina
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