Coronavírus

Coquetel de anticorpos neutralizantes em pacientes não hospitalizados com COVID-19

Coquetel de anticorpos neutralizantes em pacientes não hospitalizados com COVID-19

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Neste post discutiremos um estudo realizado com o objetivo de testar o uso de coquetel de anticorpos neutralizantes em pacientes não hospitalizados com COVID-19.

Após a infecção pelo novo coronavírus, a maioria das pessoas desenvolve poucos ou nenhum sintoma, apesar da alta carga viral observada, e podem ser manejadas em um regime ambulatorial. 

Porém, em um número pequeno de pessoas, a doença se agrava, levando a hipóxia e necessidade de hospitalização.

Logo no início da pandemia, acreditava-se que a causa da hipóxia decorria da resposta inflamatória imune exacerbada do hospedeiro, o que motivou diversos estudos utilizando agentes imunomoduladores.

Dados mais recentes apontam contribuições das altas titulações de carga viral em pacientes hospitalizados, sugerindo que este dado possa ter um papel na fisiopatologia da doença. 

Como e por que o estudo foi realizado

Sendo assim, os pesquisadores buscaram utilizar um coquetel de anticorpos, denominado REGN-COV2, composto por 2 anticorpos neutralizantes contra o SARS-CoV-2.

A hipótese motivadora do estudo acredita que as complicações decorrentes da COVID-19 se relacionam com o aumento da carga viral, e que a redução da mesma poderia levar a desfechos positivos. 

O trabalho consistiu, portanto, de estudo de fase 1 – 3, duplo cego, envolvendo pacientes não hospitalizados. Os anticorpos utilizados eram anticorpos humanos, monoclonais, contra a proteína Spike do SARS-CoV-2. 

Os pacientes foram randomizados em 3 grupos (1:1:1), sendo um deles recebendo placebo, outro recebendo 2,4g do coquetel e o outro recebendo 8g do coquetel.

O perfil de imunidade dos pacientes foi previamente registrado, e os desfechos avaliados foram a carga viral no 1º e 7º dia e porcentagem de pacientes com consulta médica relacionada à COVID-19. A segurança foi avaliada em todos pacientes.

Resultados: anticorpos neutralizantes na COVID-19

O estudo foi composto de 275 pacientes. Os pacientes que receberam o coquetel experimentaram redução significativa da carga viral.

A resposta foi mais importante ainda naqueles cuja resposta imune basal não havia sido detectada, ou naqueles que possuíam maior carga viral de base.

Nestes pacientes o percentual de consultas relacionadas à COVID-19 foi de 6%, comparado à 15% no grupo placebo (diferença de -9 pontos percentuais, intervalo de confiança -29 a 11). 

Não houve diferença no percentual de pacientes com efeitos adversos entre o grupo placebo e o grupo tratado. 

Conclusão

Altas cargas virais têm sido associadas com risco aumentado de morte entre pacientes hospitalizados. Neste estudo, o aumento do clearence viral se correlacionou com melhores desfechos clínicos.

Além disso, as titulações alcançadas com os anticorpos neutralizantes foram mais do que 1.000 vezes daquelas alcançadas com plasma convalescente.

O coquetel REGN-COV2 também apresentou efeito rápido e substancial na redução da carga viral, com a maior parte acontecendo dentro de 48 horas. 

O estudo mostrou que pode haver benefícios no uso do coquetel como terapia anti-viral, especialmente naqueles cuja resposta imune contra o vírus está retardada.

Porém, os resultados completos da fase 3 deste ensaio são necessários para confirmar a hipótese. 

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Referências:

REGN-COV2, a Neutralizing Antibody Cocktail, in Outpatients with Covid-19 – NEJM