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Corticoide na COVID-19: estudo brasileiro não encontrou benefícios

Corticoide na COVID-19: estudo brasileiro não encontrou benefícios

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O debate sobre o uso de corticoide na COVID-19 continua, desta vez, um estudo brasileiro encontrou que não houve redução de mortalidade com o uso do medicamento.

O uso de corticoides foi bem visto pela comunidade científica desde a publicação de resultados preliminares do estudo RECOVERY, onde se demonstrou benefício da redução da mortalidade com uso de dexametasona durante 10 dias. O benefício foi visto principalmente para pacientes em ventilação mecânica.

Estudo brasileiro com corticoide na COVID-19

Agora, pesquisadores brasileiros realizaram estudo randomizado, controlado e duplo cego, buscando avaliar a eficácia do uso de metilprednisolona (MP) durante 5 dias de tratamento. O estudo falhou em demonstrar benefício de mortalidade em pacientes hospitalizados com COVID-19.

Um total de 416 pacientes foram inscritos no estudo brasileiro, e 393 completaram o follow-up. Os pacientes foram alocados no grupo MP (194 pacientes) ou no grupo placebo (199). Nenhum paciente recebeu Remdesivir, anti-IL-6 ou anti-IL-1.

O desfecho analisado foi mortalidade no dia 28. No grupo MP, a mortalidade no dia 28 foi de 37,1%, já no grupo placebo foi de 38,2%. Não houve diferença, entre os grupos, na mortalidade nos dias 7 e 14, no clearence viralou necessidade de ventilação mecânica no 7° dia.

A diferença de mortalidade foi significativamente diferente apenas no subgrupo de pacientes acima de 60 anos (46,6% versus 61,9%). Os pacientes tinham como comorbidades mais frequentes diabetes, hipertensão e uso abusivo de álcool.

O estudo brasileiro difere do RECOVERY na metodologia

Os achados do estudo contrastam com os do estudo RECOVERY. Mas há diferenças metodológicas marcantes entre eles e que precisam ser levadas em conta. Primeiro, o agente terapêutico estudado foi diferente, sendo dexametasona no RECOVERY, e metilprednisolona no estudo Brasileiro.

A duração do tratamento também foi maior no estudo RECOVERY, com duração de 10 dias, em contraste com os 5 dias de tratamento no estudo realizado aqui, que, por sinal, foi realizado de forma randomizada e controlada por placebo. Diferença marcante com relação ao RECOVERY, que foi do tipo open label e não controlado por placebo.

Conclusão: mantém-se o uso da dexametasona?

Estudos mais amplos se fazem ainda necessários para elucidar o dilema, mas, na diante da ausência de mais dados, há recomendação por parte dos especialistas em manter uso da dexametasona em pacientes hospitalizados por COVID-19 e em ventilação mecânica.

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