Coronavírus

COVID-19: do básico ao avançado

COVID-19: do básico ao avançado

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COVID-19: do básico ao avançado. Aprenda sobre o diagnóstico, manejo e principais mudanças na saúde mental causadas pela COVID-19.

Na suspeita de COVID-19, inicialmente é importante pensar em diagnósticos sindrômicos, para evitar erro diagnóstico.

  • Síndrome febril
    • Infecção do trato respiratório baixo
    • Infecção do trato respiratório alto
    • Traqueobronquite
  • Síndrome dispneica
    • Pneumonia
    • Insuficiência cardíaca
    • Embolia pulmonar

Manejo do paciente com COVID-19: do básico ao avançado

Se paciente com hipoxemia, doença crítica ou Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo, iniciar:

  • Oxigenoterapia;
  • Monitorização;
  • Acesso venoso.

Suplementação de O2

  • Evitar a suplementação excessiva de oxigênio, pois em alta concentração pode ser lesivo para os pulmões, além de ser um insumo de alto custo para o hospital.
  • Alvo: 92 a 96%
  • Em pacientes com DPOC: alvo entre 88 e 94%
Fonte: https://covidprotocols.org/chapters/treatments/

Exames séricos

Os exames que podem ser solicitados, a depender da gravidade do paciente, são: gasometria arterial, hemograma, coagulograma, ureia, creatinina, PCR, AST, ALT, ferritina, D-Dímero, DHL, Troponina, INR, Procalcitonina, eletrólitos.

Lembrar que são marcadores inespecíficos, para avaliação prognóstica e tomada de decisões.

Exames de imagem

A radiografia de tórax pode ser solicitada na admissão e, se necessário, para mudar conduta. No entanto, não é comum áreas em vidro fosco aparecerem na radiografia, já a consolidação é facilmente evidenciada.

A Tomografia de tórax sem contraste é um exame de imagem que auxilia na condução do paciente, apesar de não estar disponível em muitos serviços de pronto socorro. Esse exame é capaz de evidenciar áreas em vidro fosco, padrão típico encontrado em pacientes com COVID-19.

É importante solicitar TC tórax com contraste se suspeitar de evolução com fenômeno vascular.

Asteriscos evidenciam áreas em vidro fosco

Rosa M E, et al. COVID-19 findings identified in chest computed tomography: a pictorial essay. Einstein journal. 2020

Prescrição

Corticoides sistêmicos

  • Dexametasona 6mg EV ou VO 1x/dia por 10 dias
  • Hidrocortisona 50mg EV de 8 em 8 horas por 10 dias
  • Metilpredinisolona 15mg, EV 2x/dia por 10 dias
  • Prednisona 40mg VO 1x/dia por 10 dias

Indicação de corticoides: Pacientes graves, com insuficiência respiratória grave e/ou instabilidade hemodinâmica.

Profilaxia de Tromboembolismo venoso (TEV)

  • Para pacientes ambulatoriais, não é recomendada a profilaxia;
  • Para pacientes internados, não gravemente enfermos, é recomendada a dosagem padrão.

Dosagem padrão

Ajuste de peso de dosagem TEVCrCl ≥ 30mL / minCrCl <30mL / min(ou enoxaparina indisponível)
PadrãoEnoxaparina 40mg por diaHeparina 5000 unidades a cada 8hr
Obeso (≥120 kg ou IMC ≥ 35)Enoxaparina 40mg 2x/dia ou 0,5mg / kg diariamente (dose máxima de 100 mg diária)Heparina 7500 unidades a cada 8hr
Baixo peso corporal (<50kg )Enoxaparina 30mg por diaHeparina 5000 unidades 2 a 3x/dia
Fonte: https://covidprotocols.org/chapters/treatments/

Dosagem intermediária

  • Pacientes confirmados com COVID-19 e com doença crítica em qualquer momento durante a hospitalização;
  • Plaquetas> 25.000.
Ajuste de peso de dosagem TEVCrCl ≥ 30mL / minCrCl <30mL / min(ou enoxaparina indisponível)
PadrãoEnoxaparina 40mg, 2x/diaHeparina 7.500 unidades a cada 8 horas
Obeso (≥120 kg ou IMC ≥ 35)Enoxaparina 0,5mg / kg 2x/dia(dose máxima de 100 mg 2x/dia)Heparina 10.000 unidades a cada 8hr
Baixo peso corporal (<60kg) Enoxaparina 30mg, 2x/diaHeparina 7.500 unidades a cada 8hr
Fonte: https://covidprotocols.org/chapters/treatments/

Antibioticoterapia

O uso de Ceftriaxona e Azitromicina é controverso. Alguns estudos indicam nos pacientes com doença grave, outros não.

PCR em pacientes com COVID-19

Baseado no ACEP COVID-19 Field Guide, da American Heart Association (2020):

  • Use equipamento de proteção individual (EPI) antes de iniciar a RCP.
  • Minimize o número de médicos realizando ressuscitação; usar uma sala de pressão negativa sempre que possível; mantenha a porta da sala de reanimação fechada, se possível.
  • Pode usar um dispositivo mecânico, se houver recursos e experiência disponíveis, para realizar compressões torácicas em adultos e adolescentes que atendem aos requisitos mínimos de altura e peso.
  • Use um filtro de ar particulado de alta eficiência (HEPA) para ventilação com bolsa-máscara (BMV) e ventilação mecânica.
  • Enfatize a intubação precoce com maior chance de alcançar o sucesso na primeira passagem; usar videolaringoscopia se houver recursos e experiência disponíveis; pare as compressões torácicas enquanto a intubação é realizada.
  • Use uma via aérea supraglótica (ou bolsa-válvula-máscara com vedação hermética, técnica tenar para duas pessoas) se a intubação for retardadaevite taxa de ventilação ou pressão excessiva (ou seja, aperte a bolsa suavemente).
  • Evite esforços de reanimação prolongados: considere a mortalidade extremamente alta de pacientes adultos com COVID-19 em parada cardíaca e considere lapsos no controle de infecção e riscos associados durante emergências médicas de alto estresse.

PCR em paciente pronado

  • Comprimir o dorso entre T7 e T10 (100 a 120 compressões/min);
  • Pode desfibrilar no dorso;
  • Despronar assim que possível.

Ventilação mecânica

Fonte: https://covidprotocols.org/chapters/treatments/

Saúde mental na pandemia do COVID-19

Com a pandemia, surgiu o isolamento, medo do invisível, luto antecipatório (medo que talvez alguém morra do seu ciclo social), perda de referências (antes o celular limitava a comunicação. Agora ele é o principal meio de comunicação), mudança de rotina, insegurança financeira, aumento da pobreza, perda de controle (principalmente para profissionais de saúde) e dependência.

Com isso, houve uma piora global da saúde mental, gerando:

  • Ansiedade
  • Depressão
  • Transtorno de pânico
  • TOC (limpeza)
  • Abuso de substâncias
  • Transtornos alimentares
  • Transtornos do sono
  • TEPT (transtorno de estresse pós-traumático)

Saúde mental dos profissionais de saúde

  • Prevalência de depressão 3x maior que a população geral;
  • Menos de 12% procuram por tratamento;
  • Altos escores de burnout;
    • Esgotamento
    • Exaustão
    • Cinismo
    • Distanciamento afetivo
    • Sensação de falta de eficácia / síndrome do “impostor” / “charlatão”
    • Redução da capacidade empática, maior número de erros
    • Piora da qualidade de vida

Fatores de risco para desenvolvimento de transtornos mentais em profissionais de saúde

  • Alta competitividade
  • Maiores traços de perseverança / persistência
  • Idealização de sua capacidade curativa
  • Estilo de vida com altas cargas de trabalho
    • Menos tempo de atividade física
    • Menos meditação
    • Menos mudanças no estilo de vida
    • Menos tratamento psiquiátrico e acompanhamento psicoterápico
  • Contato com a morte
  • Baixa exposição à luz solar
  • Alimentação inadequada
  • Contato com colegas em esgotamento

O que fazer?

  • Informações com fontes fidedignas;
  • Evitar consumo desenfreado de informações;
  • Limites e potenciais;
  • Cotidiano saudável: comer, dormir, fazer exercícios, diversão;
  • Trocar experiências;
  • Pedir ajuda;
  • Cuidar do relacionamento com a equipe, reduzir conflitos;
  • Reconhecer outros que estejam em esgotamento;
  • Evitar abuso de substâncias: álcool, tabaco, cafeína e ilícitas;
  • Distanciamento é físico e não social (conversas mais individuais, com intimidade).

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