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A pandemia de COVID-19:
No dia 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi notificada pela China da ocorrência de um surto de pneumonia na metrópole de Wuhan, capital da província de Hubei, na China. Em janeiro de 2020, as primeiras análises sequenciais do vírus (SARS-CoV-2) foram anunciadas pelas autoridades chinesas e pela OMS. Ainda em janeiro de 2020, a OMS decretou uma Emergência em Saúde Pública de Interesse Internacional. Já em 26 de fevereiro de 2020, no estado de São Paulo, tivemos o primeiro caso identificado no Brasil.

Fonte: https://www.nationalgeographicbrasil.com/photography/2020/03/fotos-de-microscopio-eletronico-mostram-particulas-do-virus-sars-cov-2
Com os diversos estudos realizados, foi possível concluir que uma parcela da população se enquadra no grupo de risco. As pessoas idosas, diabéticas, hipertensas, obesas e com doenças cardiovasculares que são infectadas pelo vírus, possuem uma chance maior de progressão para formas graves e, consequentemente, aumento da letalidade.
Entendendo a Diabetes Mellitus (DM):
A diabetes é uma síndrome metabólica caracterizada pela presença de hiperglicemia (níveis elevados de açúcar/glicose no sangue). É dividida em três tipos principais:
- Diabetes tipo 1 (autoimune): as células produtoras de insulina no pâncreas são destruídas e a glicose não consegue ser transportada para as células. É necessário que haja administração de insulina com o objetivo de prevenção de cetoacidose, coma e morte;
- Diabetes tipo 2: as células perdem a capacidade de utilizar corretamente a insulina, dessa forma, a glicose não entra na célula e se acumula no sangue, gerando uma resistência à insulina. É preciso que ocorra administração de insulina com o objetivo de controle do quadro hiperglicêmico. Atinge principalmente adultos e idosos;
- Diabetes gestacional: hiperglicemia diagnosticada na gravidez, com intensidade variada.
Também existem outros tipos de diabetes, que ocorrem como resultado de:
- Defeitos genéticos da função das células beta;
- Defeitos genéticos da ação da insulina;
- Doenças do pâncreas exócrino;
- Endocrinopatias;
- Efeito colateral de medicamentos;
- Infecções e outras síndromes genéticas associadas a diabetes.
Fases da COVID-19:
Apesar de ainda estarem acontecendo diversas pesquisas sobre o assunto, as fases da COVID-19 parecem estar relacionadas com a intensidade da resposta imune. Quando ocorre uma resposta inflamatória adequada, os pacientes não progridem da fase I, com resolução da infecção. À medida que existe uma resposta imune exacerbada, a doença pode acabar evoluindo para as fases II e III.
- Fase I: forma leve da doença. Caracterizada pela presença de febre, tosse seca e fadiga;
- Fase II: forma grave da doença. Caracterizada pela ocorrência de dispneia, taquipneia, queda na saturação de oxigênio e infiltrado pulmonar ao raio X ou tomografia computadorizada de tórax;
- Fase III: casos críticos da doença. Sinais de choque circulatório, disfunção de diversos órgãos e falência respiratória.
Por que a diabetes é um fator de risco para COVID-19?
O sistema imunológico atua na defesa contra agentes infecciosos. Uma resposta inflamatória eficiente e equilibrada permite uma evolução autolimitada da doença. O aumento da mortalidade do coronavírus, em pacientes diabéticos, está associado com uma resposta imunitária desregulada.
Os níveis de biomarcadores inflamatórios possuem uma elevação significativamente maior em diabéticos, o que sugere que esse grupo acaba sendo mais suscetível à tempestade inflamatória, também conhecida como tempestade de citocina. As citocinas participam da comunicação entre as células e desempenham um papel importante na regulação do sistema imunológico, o que acaba tornando a tempestade de citocina um dos fatores fatais da infecção por COVID-19.
Além disso, a hiperglicemia pode gerar alterações no sistema imunológico dos diabéticos, que podem resultar em:
- Aumento da reatividade do sistema imunológico, que aumenta as chances de complicações pulmonares decorrentes da infecção pelo coronavírus;
- Estado de hipercoagulabilidade, que aumenta as chances de tromboembolismos nos pacientes acometidos pela COVID-19;
- Desequilíbrio metabólico, que reduz a resposta imune ao SARS-CoV-2.
Caso uma pessoa diabética seja contaminada por COVID-19, alguns cuidados precisam ser tomados, como:
- Garantia da hidratação adequada do paciente;
- Avaliação da presença ou não de cetonúria (corpos cetônicos na urina, como: acetona, ácidos diacético e beta-hidroxibutírico);
- Monitoração glicêmica com frequência;
- Controle da hiperglicemia deve ser realizado, preferencialmente, com insulina, evitando o uso de metformina e dos inibidores do cotransportador sódio-glicose 2 (SGLT2), como a canagliflozina, dapagliflozina e empagliflozina.
Medidas de prevenção contra a COVID-19:
Algumas das medidas que devem ser adotas na prevenção contra a COVID-19:
- Não compartilhar objetos de uso pessoal como talheres, pratos, copos, entre outros;
- Lavar as mãos com frequência até a altura dos punhos, com água e sabão. Caso isso não seja possível no local, as higienize com álcool em gel 70%;
- Evitar tocar nos olhos, boca e nariz;
- Usar máscara ao sair na rua;
- Manter distância de 2 metros entre pessoas em lugares públicos e de convívio social.

Fonte: https://coronavirus.saude.mg.gov.br
É preciso que a população compreenda a importância das medidas de prevenção do coronavírus, tendo em vista que elas visam evitar a superação da capacidade dos sistemas de saúde.
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.
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Referências:
Ministério, D.; Saúde. Cadernos de Atenção Básica, n. 16 Série A. Normas e Manuais Técnicos. 1ª edição. 2006.
MARQUES, Rui et al. Coronamellitus: Uma Pandemia Infecto-Metabólica.Medicina Interna, Lisboa, v. 27, n. 3, p. 33-37, July 2020.
MOREIRA, Rafael da Silveira. COVID-19: unidades de terapia intensiva, ventiladores mecânicos e perfis latentes de mortalidade associados à letalidade no Brasil.Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 36, n. 5, e00080020, 2020.
BRANDAO, Simone Cristina Soares et al. COVID-19 grave: entenda o papel da imunidade, do endotélio e da coagulação na prática clínica. J. vasc. bras., Porto Alegre, v. 19, e20200131, 2020.
TADEU, R. Por que os diabéticos fazem parte do grupo de risco da covid-19? Disponível em:
ANGHEBEM, Mauren Isfer et al. COVID-19 e Diabetes: a relação entre duas pandemias distintas – Revista RBAC. Disponível em:
REIS, Fábio. Coronavírus causa tempestade de citocina. Disponível em: