O avanço da variante britânica do novo coronavírus, conhecida como B.1.1.7, está preocupando as autoridades nos EUA devido ao alto grau de contaminação. Um estudo publicado na plataforma MedRxiv, ainda sem revisão por pares, aponta transmissão de 30% a 40% maior do que as mutações mais comuns, dobrando a cada semana e meia. O alerta é para que o país tome ações agora para evitar piores consequências. O artigo destaca ainda que a variante se tornou dominante no Reino Unido poucos meses depois de sua detecção e que países europeus, como Portugal e Irlanda, enfrentaram “ondas devastadoras” de COVID-19 logo após observarem a expansão da B.1.1.7.
“Os EUA estão em uma trajetória semelhante à de outros países onde a B.1.1.7 rapidamente se tornou a variante SARS-CoV-2 dominante. É quase certo que ela se torne a linhagem dominante em março de 2021”, aponta o estudo.
Para chegar às conclusões, os cientistas avaliaram meio milhão de amostras positivas de SARS-CoV-2 e sequenciaram 460 delas. Dessas, 45% eram da variante B.1.1.7, distribuídas por dez estados norte-americanos. Outros três sequenciamentos também identificaram a variante em amostras da Califórnia.
As estimativas dos pesquisadores apontaram que a variante seria responsável por cerca de 2% dos casos recentes de COVID-19 na Califórnia e aproximadamente 4,5% na Flórida. Com a média nacional entre 1 e 2%, se os cientistas estiverem corretos, são mais ou menos mil pessoas infectadas pela nova variante todos os dias nos Estados Unidos.
Mais contagioso
A mutação B.1.1.7 foi identificada em dezembro de 2020 no Reino Unido e já circula em mais de 80 países, segundo levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Embora não haja evidência de que ela provoque casos mais graves ou com maior índice de morte, estudos recentes já demonstraram que a variante pode ser até 70% mais contagiosa do que outras.
A boa notícia é que as vacinas de Oxford, Pfizer e Moderna, segundo os fabricantes, já se mostraram eficazes contra essa mutação. Em estudo ainda em andamento, o imunizante Oxford/AstraZeneca mostrou eficácia estimada de 75% contra a B.1.1.7.
Já a vacina da Pfizer apresentou bons resultados de eficácia contra a variante britânica, a da África do Sul e também do Brasil.
De olho nas mutações
Como resumiu uma reportagem do G1, além da B.1.1.7, outras duas variantes do SARS-CoV-2 estão sendo acompanhadas de perto pelos cientistas: 501Y.V2, encontrada na África do Sul, e P.1.,variante brasileira detectada em Manaus no início de janeiro.
As mutações N501Y, que ocorreu nas três variantes, e E484K, presente na sul-africana e na brasileira, também estão sendo monitoradas e preocupam os especialistas porque ocorrem na proteína S, localizada na coroa do vírus.
É essa proteína que se conecta com o receptor ACE2 das células humanas, principal porta de entrada para a infecção do novo coronavírus. Fizemos um post explicando como este receptor se comporta em relação ao SARS-CoV-2. Leia aqui.
*Com informações da Folha de S. Paulo