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Cuidados paliativos em pacientes oncológicos | Colunistas

Cuidados paliativos em pacientes oncológicos | Colunistas

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O que são cuidados paliativos?

Reconhecidas em 2006, as práticas de cuidados paliativos foram reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina como intervenções a pacientes em situações terminais, para casos em que o tratamento curativo de qualquer natureza já não surge mais efeito, e pacientes diagnosticados em estadiamentos mais terminais. Embora grande parte dos pacientes sejam oncológicos, os cuidados paliativos podem ser utilizados em quaisquer situações de terminalidade da vida, como doenças degenerativas neurológicas e crônicas e outras situações ameaçadoras à vida, sem possibilidade de cura. Essas terapias têm como principal objetivo trazer conforto e qualidade de vida ao paciente e à família, já que o processo de adoecimento não implica apenas na degeneração do paciente, mas também de todos os que o cercam.

Entende-se que os cuidados paliativos visam o alivio do sofrimento que vai além do físico, mas também do psicossocial e espiritual. Além de terapias que buscam o controle da dor (cerca de 75% dos pacientes oncológicos relatam dor intensa, considerada pela OMS uma emergência médica) e outros sintomas, é de extrema importância a introdução de cuidados psicológicos e espirituais, auxiliando no processo de passagem, conforme as diferentes crenças religiosas de cada paciente e seus familiares.

Tratando-se de um atendimento multidisciplinar, médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, todos os profissionais diretamente ligados ao processo biopsicossocial são fundamentais para proporcionar o melhor atendimento, visando conforto e qualidade de vida por meio do controle das condições clinicas do paciente.

Como classificar o estadiamento do paciente oncológico?  

Para entender quando os cuidados paliativos serão necessários, primeiro é preciso avaliar os estadiamentos do câncer de forma geral, tendo em vista que são fundamentais para o prognóstico da doença. Quanto pior o prognóstico, maiores as chances de nenhum tratamento surtir efeito quanto à cura e prolongação da vida.

Segundo o estadiamento utilizado pela American Joint Committee on Cancer (AJCC) e a União de Controle do Câncer (UICC), de forma geral, os canceres podem ser classificados de acordo com o Sistema TNM (informações sobre o tumor primário, disseminação pelos linfonodos mais próximos e presença de metástase, respectivamente).

  • TX, quando o tumor não pode ser avaliado;
  • T0, presença de carcinoma in situ;
  • T1 a T3 significam os graus de invasão local crescentes;
  • T4, presença de invasão além dos limites do órgão;

É importante ressaltar que os graus T1 a T4 dependem do comportamento da disseminação de cada tumor.

  • N0, ausência de metástase em linfonodos;
  • N1 a N3, de acordo com o número de cadeias de linfonodos acometidos, variando de acordo com a localização e tipo de tumor;
  • M0, ausência de metástase;
  • M1, quando a metástase está presente.

Com base nisso, pode-se classificar o tumor em seu estadiamento de uma forma que possibilite definir o prognóstico do câncer e suas opções de tratamento. Em estadiamentos com pior prognóstico (estágio IV, na presença de metástases, por exemplo), é necessária uma avaliação que busque um equilíbrio entre a resposta tumoral e o prolongamento da sobrevida, apresentando ao paciente todos os efeitos colaterais decorrentes do tratamento, na maioria das vezes, muito agressivo.

Quais são os tipos de terapias oferecidas?

Radioterapia paliativa

É o tratamento mais indicado para pacientes com: metástase óssea, aliviando a dor da fratura patológica; metástase cerebral, com significativo alivio de cefaleia, confusão, déficit motor e sensitivo; e também para casos de obstrução crônica, com casos persistentes de tosse.

Quimioterapia paliativa

Embora tenha sua implicação muito debatida, é muito utilizada com finalidade de regredir o progresso da massa tumoral com alterações metabólicas que levarão ao alivio de sintomas, sem visar a cura total, mas prolongando a vida do paciente com maior qualidade.

Hospices

“Casas para os que morrem” – embora muito utilizados como um lugar onde pacientes terminais escolhem terminar suas vidas com qualidade e dignidade, hospices não se se referem, necessariamente, a lugares físicos.

Anexo 1.  VAMOS FALAR DE CUIDADOS PALIATIVOS. Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 2014. Disponível em https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2015/05/vamos-falar-de-cuidados-paliativos-vers–o-online.pdf

Como apresentado no esquema acima, o conceito de hospice se refere mais aos cuidados que o paciente e os familiares receberão durante todo o processo de morte e luto, mais indicado a pacientes com estimativa de 6 meses de vida ou menos.

Quando designado um lugar, além do atendimento multidisciplinar, com toda a assistência e estrutura individualizados para cada paciente, este também pode escolher viver nesses lugares em vez dos hospitais. São locais que destoam do ambiente hospitalar pelos horários mais flexíveis de visitas, o paciente tem a autonomia de levar itens pessoais e alguns já permitem até mesmo animais de estimação.

Conclusão

Saber que a vida está chegando ao fim é um processo extremamente doloroso para o paciente e seus familiares e, a fim de confortar ambos os lados, os tratamentos paliativos entram para trazer qualidade de vida e dignidade no processo de morte e luto. Por meio de tratamentos multidisciplinares, os pacientes recebem todos os tratamentos para diminuir os sintomas quando não se cabe mais nenhum tratamento que vise a cura.

Autoria: Ana Clara Yuri

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