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Delirium: epidemiologia, etiologia e fisiopatologia da doença

Delirium: epidemiologia, etiologia e fisiopatologia da doença

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Delirium ou estado confusional agudo é uma forma de disfunção orgânica caracterizada por desorganização transitória e flutuante das funções cognitivas, provocado por alterações no metabolismo cerebral.

É caracterizado por um declínio relativamente agudo na cognição que flutua ao longo de horas ou dias com alteração no nível de consciência e distúrbios da orientação, memória, atenção, pensamento e comportamento.

A marca é um déficit de atenção, embora todos os domínios cognitivos estejam envolvidos de maneira variável. Os sintomas associados que podem estar presentes em alguns casos incluem ciclos alterados de sono-vigília, distúrbios de percepção, como alucinações ou delírios e alterações afetivas. Pode ainda ocorrer na forma hiperativa, hipoativa ou mista.

Conceito

SE LIGA NO CONCEITO! O delirium é definido como o início agudo de uma disfunção cerebral com mudança ou flutuação no estado mental inicial, falta de atenção e pensamento desorganizado ou um nível de consciência alterado.

Epidemiologia Delirium

É uma patologia muito comum, mas sua incidência relatada varia muito com os critérios utilizados para definir este distúrbio (DSM-5). As estimativas de delirium em pacientes hospitalizados variam de 18 a 64%, com maiores taxas relatadas para idosos e pacientes submetidos a cirurgia de quadril.

Os idosos na UTI apresentam taxas especialmente altas de delirium que se aproximam de 75%. É uma patologia que está presente em quase 50% dos pacientes não intubados, podendo a sua incidência chegar a 80% em pacientes sob ventilação mecânica.

A condição não é reconhecida em até um terço dos pacientes internados com delirium e o diagnóstico é especialmente problemático no ambiente da UTI, onde a disfunção cognitiva é muitas vezes difícil de ser avaliada em situações de doença sistêmica grave e sedação. O delirium na UTI deve ser visto como uma importante manifestação de disfunção orgânica.

Pacientes com um episódio de delirium intra-hospitalar têm uma taxa de mortalidade cinco vezes maior nos meses após sua doença, em comparação com pacientes hospitalizados não-delirados, pareados por idade. Dados recentes mostram que as taxas de mortalidade intra-hospitalar em pacientes delirantes variaram de 25 a 33%, com um aumento de 50% de mortalidade naquele internamento em relação ao paciente que não apresenta o distúrbio.

Fora do ambiente hospitalar agudo, o delirium ocorre em quase um quarto dos pacientes em casas de repouso e em 50 a 80% dos pacientes no final da vida. Essas estimativas enfatizam a alta frequência dessa síndrome cognitiva em pacientes idosos, uma população que deve crescer nas próximas décadas.

Etiologia e Fisiopatologia 

A fisiopatologia ainda não está completamente elucidada, mas o delirium parece ter origem em distúrbios generalizados em regiões corticais e subcorticais, em vez de uma causa neuroanatômica focal.

Anormalidades múltiplas de neurotransmissores, fatores pró-inflamatórios e genes específicos provavelmente desempenham um papel na patogênese do delirium. Deficiência de acetilcolina parece desempenhar um papel fundamental e a diminuição da atividade colinérgica pode estar envolvida em várias causas do delirium (até medicamentos com propriedades anticolinérgicas podem desencadear delirium).

Pacientes com demência são suscetíveis a episódios de delirium, e aqueles com patologia de Alzheimer e demência com corpos de Lewy ou demência da doença de Parkinson são conhecidos por terem um estado de deficiência colinérgica crônica devido a degeneração dos neurônios produtores de acetilcolina.

Outros neurotransmissores também podem estar envolvidos nesse distúrbio, como o aumento da dopamina que também pode levar ao delirium.

Mapa mental de delirium

 

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